Meu Mafioso Favorito
Meu Mafioso Favorito
Por: Mariana Dias
Capítulo 1

A sala era ampla, com teto abobadado e janelas altas que deixavam entrar a luz pálida do entardecer. Os móveis de madeira escura e os estofados de veludo denso conferiam um ar austero ao ambiente. O som firme das botas de couro ecoava pelas paredes enquanto um homem de figura imponente atravessava o espaço. Seus ombros largos e postura ereta transmitiam autoridade, mas havia algo na rigidez de seu semblante que sugeria preocupação.

Ao aproximar-se da mesa central, seus olhos — atentos, quase predatórios — notaram um envelope repousando sobre o tampo polido. Ele hesitou por um instante, os dedos robustos pairando no ar, antes de pegar a carta. O papel estava levemente amassado, como se alguém o tivesse manuseado repetidamente.

Com movimentos lentos, ele rompeu o lacre e desdobrou a folha. A caligrafia era delicada, familiar. Seu rosto, que até então permanecera estoico, começou a mudar à medida que lia as palavras. A mandíbula apertou-se; as sobrancelhas franziram. Então, inesperadamente, uma lágrima solitária deslizou por sua bochecha marcada pelo tempo.

— Minha pequenina... — murmurou, a voz rouca, quase um sussurro. A carta tremia levemente em suas mãos.

Por um momento, ele permaneceu imóvel, os olhos fixos na última linha da mensagem. A tristeza que lhe invadira os traços deu lugar a um brilho frio, um olhar de aço endurecido pela raiva contida. Ele dobrou a carta com cuidado, quase cerimonial, mas o gesto contrastava com o fervor crescente que irradiava de sua presença.

Ele respirou fundo, fechando os olhos brevemente, como se tentasse controlar o turbilhão que se formava dentro dele. Quando os abriu novamente, sua expressão era implacável.

— Cesare... — pronunciou, o nome saindo como uma sentença, carregado de um ódio profundo.

Sua mão, ainda segurando a carta, apertou-se em punho. O som do papel sendo amassado foi o único ruído na sala, agora mergulhada em uma tensão palpável. A figura imponente do homem virou-se, e ele caminhou para a porta com passos decididos. Alguma coisa estava prestes a acontecer — algo que mudaria tudo.

Rosalyne

O cheiro de terra molhada estava impregnado no ar. Embora ainda não estivesse realmente chovendo, eu sabia que aconteceria em breve, pois o dia havia escurecido tão de repente, e as nuvens estavam carregadas lá no céu.

Dei um suspiro, um pouco desanimada, e me levantei do sofá. Me alonguei e tentei reunir coragem para tomar uma ducha. Ao sair da sala, passei pelo corredor e parei ao escutar a campainha tocar. Me direcionei para a porta e olhei no olho mágico. Dei um sorriso ao perceber que era o entregador com as minhas encomendas.

Abri a porta e ele deu um sorriso simpático para mim.

— Boa tarde, Rosalyne. Essa são as encomendas para hoje. — ele me estendeu as encomendas.

— Boa tarde. Muito obrigada, senhor Paul. — o olhei agradecida e tive minha atenção para a sua caderneta.

Ele me fez assinar o recebimento e após isso nos despedimos. Iria fechar a porta assim que o vi descer, mas vi uma moça mais velha entrando no apartamento da frente. Se não me engano, ali mora um homem muito bonito. Achei curioso, mas logo fechei a porta e deixei a encomenda em cima da mesinha da cozinha.

Observando o tempo lá fora, eu precisava me apressar e tomar uma ducha, pois ainda tinha que fazer compras para o mercado.

Com isso em mente, tomei um banho rápido e prendi meus cabelos em um rabo de cavalo simples, deixando apenas a franja solta para dar um contraste. Satisfeita com o meu visual, que consistia em uma calça jeans, uma blusa listrada e uma jaqueta jeans , sai do apartamento já pensando mentalmente sobre a lista de coisas que eu deveria comprar.

Peguei um guarda-chuva antes de sair, pois, no pior dos casos, uma chuva forte começaria em breve. Porém, como o supermercado é realmente perto, não havia necessidade de usar carro e eu poderia voltar rapidamente.

Cantarolando baixinho, fiz meu caminho até o meu destino e peguei um carrinho de compras. Demorei mais do que eu pretendia, e assim que paguei as compras, uma chuva forte começou. Abri o guarda-chuvas e carreguei as compras com cuidado, enquanto observava pessoas correndo para lá e para cá.

Escutei um choro curioso e olhei para trás.

Um cachorrinho?

Fui até ele preocupada. O pequeno animal tremia de frio e chorava, em um cantinho coberto pelo teto de uma loja. Descendo o olhar sobre sua coleira, ficou claro que ele tinha um dono. Mas, no momento, eu não via sinal de ninguém vindo o resgatar.

— Pobrezinho... — me agachei próxima a ele e estendi a minha mão.

Apesar de ser medroso, o cachorro lentamente se aproximou e passou a cheirar a minha mão. Ele então lambeu a palma de minha mão e vi isso como um sinal positivo.

— Pequenino, não vejo o seu dono, então espero que não se importe... — o peguei com cuidado e ele ficou quietinho. — Irei te levar para casa comigo. Mas eu prometo que vamos tentar achar o seu dono.

O cachorro latiu como se entendesse o que eu dizia e eu dei uma risada assoprada.

Me apressei com ele em mãos e caminhei até a entrada do meu prédio. Abri o portão e o fechei com cuidado.

Durante o caminho até o elevador, percebi que ele era familiarizado com o lugar, pois estava bastante tranquilo. Será que o dono mora nesse prédio também? Não descartaria essa possibildade.

Chegando em meu andar, caminhei até a porta de meu apartamento. Deixei minha sombrinha bem na minha porta para secar. Abri a porta e, ao entrar, fechei a porta com os pés e coloquei as compras na mesinha da cozinha.

Fui até o banheiro ainda com o cachorrinho em mãos e o coloquei em cima da pia.

— Não parece que se molhou muito, mas... — o olhei pensativa.

Eu deveria secar esse pequenino com o meu secador.

O cachorro tombou a cabeça e estava com a língua para fora. Que fofura!

— Espero que você... — franzi o cenho e tentei ler seu nome na coleira. — Nicolau? — disse divertida.

O cachorro latiu e abanou o rabo. Então seu nome era Nicolau...

— Nicolau, espero que você não tenha medo de secador...

Assim que peguei o secador, Nicolau se sentou e ficou quietinho. Fiquei surpresa, pois a cachorrinha do meu irmão entra em um desespero sempre que vê o secador. Mas parece que Nicolau não tem medo algum.

Consegui secar ele sem qualquer dificuldade, e o cachorro estava tão a vontade que até se deitou enquanto eu o secava.

O coloquei no chão satisfeita e o obsevei começar a cheirar cada canto da casa. Enquanto ele fazia isso, fui até a cozinha e comecei a guardar as compras do mês. Não comprei exatamente tudo o que eu precisava, caso contrário, não conseguiria carregar tudo sozinha. Mas comprei o suficiente hoje e iria comprar o resto amanhã.

Vez ou outra eu via Nicolau correndo por ai e dava risada. Isso me lembrou que meu irmão sempre me diz que eu deveria arrumar um cachorro para me fazer companhia. Bom, ele tinha razão e eu sentiria isso ainda mais agora que estou nas minhas férias.

Dispensando esses pensamentos, terminei de guardar as compras e já comecei a preparar o jantar. Estava pensando em dar uma voltinha com Nicolau depois disso. Quem sabe não damos de cara com seu dono?

O cardápio de hoje seria macarronada com bastante carne e bacon. Mas antes disso, deixei água num potinho que a cachorra do meu irmão costuma usar quando vem aqui em casa e disponibilizei água para Nicolau.

Ele bebeu tanta água que fiquei assustada. Devia estar com sede desde que chegamos.

Quando ele começou a sentir o cheiro da comida que eu preparava, se sentou na cozinha e ficou me observando fixamente. Esse cachorro é simplesmente uma graça.

— Você não pode comer isso, Nicolau. — brinquei e o cachorro se deitou, mas continuou olhando fixo para mim.

Balancei a cabeça negativamente e terminei de preparar o macarrão. Enquanto deixava esfriar, peguei Nicolau no colo e observei la fora: ainda chovia bastante.

— Vamos dar uma volta por aí? Vai que seu dono aparece. — disse numa voz doce para o cachorro e ele abanou o rabinho de felicidade.

Dei um sorriso e caminhei com ele nas mãos até a porta. Coloquei minha senha e assim que abri, dei de cara com o homem que morava no apartamento da frente. Ele parecia arrumado para sair e levava uma mini capa de chuva em uma das mãos. Era um vizinho que o vi poucas vezes, pois me mudei recentemente, mas poderia afirmar com firmeza de que era o homem mais bonito desse prédio. Cabelos pretos medianos e lisos, olhos cor âmbar e traços tão bonitos de rosto. Não bastasse isso, ele é muito alto e parece ter um corpo atlético. Só por sua aparência, eu já conseguia concluir que sua alimentação é muito saudável.

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