Charlotte acordou cedo naquela manhã, caminhou pela casa com uma expressão de confusão, principalmente ao ver as manchas vermelhas no chão. Havia praticamente apagado em sua cama na noite anterior, então, não fazia ideia do que havia acontecido.
Mas tentou não pensar nisso, pois enfim, era seu dia de folga e por isso, continuou se preparando para sair. Tendo cuidado para não fazer barulho, segurou seus sapatos na mão e caminhou pelo corredor, passando pelos quartos de hóspedes, foi quando se surpreendeu ao dar de cara com Eslen sem camisa. A moça corou violentamente ao vê-lo e então, apressou o passo, fugindo enquanto escondia o rosto entre as mãos.
Mal colocou os pés na varanda, e pôde ver suas amigas acenando na estrada, já esperando-a. Sorriu, acenando de volta e correu para encontrá-las.
– Que cara é essa? – Jul
Rosely nem sequer queria pensar no que passava pela cabeça de Charlotte depois de ver aquele homem que, para piorar, amanheceu o dia sem camisa em sua casa. Havia sido uma situação tão desconcertante que até esqueceu por um momento sobre a banshee, mas logo, isso retornou aos seus pensamentos quando, subitamente, o clima mudou e uma chuva fina começou a cair, como um cortejo fúnebre.Parecia inverno, mesmo que ainda fosse o início do outono.– O que acontecerá hoje? – Eslen perguntou assim que a viu na sala.– Não sei – ela respondeu, genuinamente surpresa e então, notou do que ele falava.Os trabalhadores da fazenda pareciam agitados, vestiam roupas brancas e
Deixaram a fazenda ao cair da noite. Adentrando a floresta sombria, tendo como iluminação somente as lamparinas. Rosely fez um grande esforço para não dormir, o que, de fato, não aconteceu, principalmente depois que percebeu que um vulto passava por eles, sempre reaparecendo, e na terceira vez, conseguia ver o que realmente era.Era uma mulher, vestida num longo vestido branco, esvoaçante, assim como seus cabelos pretos como a noite.– Siga em frente! – Eslen praticamente gritou para o cocheiro, que não parava de olhar para a mulher.Algo parecia ser sussurrado pelo vento, que inicialmente não conseguiam reconhecer, mas que logo foi entendido como “me leve para casa”, em palavras sussurradas numa voz feminina.<
Enfim, a xamã aceitou encontrar Rosely.Parou em frente à mulher por longos minutos, como se pudesse ver através de seu corpo com seus olhos cinzentos e então, com um gesto, pediu que a seguisse para a sala nos fundos, atravessando antes um corredor escuro.Era um ambiente pequeno, com estantes cobrindo as paredes ao redor – cheias de livros e poções –, e ao centro, uma pequena piscina rústica, revestida de azulejos e com degraus que iam até o fundo.– Entre na piscina – sussurrou a xamã, apontando o local com seu dedo enrugado.Rosely não questionou, retirou seus sapatos e segurou o vestido de tecido negro, descendo lentamente os degraus até a &
Nada tão ruim que não possa piorar…Na manhã seguinte, Rosely acordou com a notícia de que um barco havia se chocado contra as rochas ao redor da ilha. Ergueu a cabeça, tentando enxergar o horizonte e com surpresa percebeu que realmente o farol não estava com sua costumeira luz acesa. Calçou suas botas de chuva e alcançou os homens enquanto se preparavam para subir na charrete.– Qual o plano? – perguntou, chamando a atenção deles.– A senhora fica aqui – Millan disse exasperado ao vê-la.– Penso o contrário – ela retrucou com uma expressão séria enquanto colocava as mãos na cintura. – É você quem prec
À noite, quando retornou para a fazenda, Roseley tinha em seu rosto um sorriso que não conseguia esconder. Subiu as escadas, carregando o gatinho que olhava tudo com seus grandes olhos amarelos e curiosos. Estava tão distraída com aquilo que até ignorou os constantes barulhos da casa, e teria dormido tranquilamente se não tivesse ouvido um alvoroço durante a noite.Deixou a cama, enrolando-se num robe e caminhou pelos corredores enquanto procurava pela fonte daqueles barulhos, parando num passo quando percebeu que, aos poucos, eles se transformavam em sussurros.– Você precisa ir para casa – sussurrava a voz de Charlotte, num tom de exasperação. – Vai me colocar em problemas.– Sério? – outra voz feminina perguntou em tom ofendido. – Eu preciso da sua ajuda e é isso que você t
Tendo o endereço, prepararam-se para uma nova empreitada.Contudo, durante o caminho, se deram conta de que precisavam acumular mais informação e isso, só conseguiriam consultando os arquivos na prefeitura. Ao chegarem, foram recebidos por uma senhora miúda, com expressão mal-humorada, parecia incomodada com tantas perguntas, e no fim, apenas os deixou no segundo andar, entre dezenas de prateleiras cheias de arquivos antigos e empoeirados.Começaram pelos registros de óbito, mas logo perceberam que, na verdade, os casos daquelas moças estavam nos arquivos de desaparecimento, como casos nunca solucionados.– Os corpos nunca foram encontrados – Eslen comentou enquanto seus olhos deslizavam pelas informações nos papeis amarel
Na manhã seguinte, depois daquele dia que pareceu ridiculamente longo, Rosely sentou-se na varanda, acompanhada de seu gatinho, para ler as notícias de sua terra. Por mais que estivesse longe, ainda ficava curiosa em saber como as coisas estavam se desenrolando.Contudo, o que chamou sua atenção, na verdade, foi uma notícia de um reino “amigo”, do seu, que ficava mais ao norte: o rei havia falecido e a sucessão seguia para o marido da princesa que, estranhamente, havia abdicado do trono.Foi tirada de seus devaneios quando notou Charlotte retornando da macieira, com uma cesta cheia de maçãs bem apetitosas. Observou a presença que novamente a acompanhava e se perguntou qual o motivo para ter sumido de repente.E como se res
A seu ver, aquele não era um motivo para ir àquele baile totalmente descabido.Mal colocaram os pés no salão e já se sentiu intimidada com os olhares que pareciam querer consumi-los. Era incômodo, mesmo não sendo tão grave quanto um lobisomem à solta. Sem contar os ânimos aflorando no norte, como se uma guerra civil fosse se desenrolar a qualquer momento.Foi tirada de seus devaneios ao sentir uma respiração quente rente ao seu ouvido, e então, virou-se, apenas o suficiente para encará-lo por cima do ombro.Era um alívio estar acompanhada.– Não se preocupe – ele sussurrou, e lhe lançou um curto sorriso enquanto pegava uma ta&