Na manhã seguinte, depois daquele dia que pareceu ridiculamente longo, Rosely sentou-se na varanda, acompanhada de seu gatinho, para ler as notícias de sua terra. Por mais que estivesse longe, ainda ficava curiosa em saber como as coisas estavam se desenrolando.
Contudo, o que chamou sua atenção, na verdade, foi uma notícia de um reino “amigo”, do seu, que ficava mais ao norte: o rei havia falecido e a sucessão seguia para o marido da princesa que, estranhamente, havia abdicado do trono.
Foi tirada de seus devaneios quando notou Charlotte retornando da macieira, com uma cesta cheia de maçãs bem apetitosas. Observou a presença que novamente a acompanhava e se perguntou qual o motivo para ter sumido de repente.
E como se res
A seu ver, aquele não era um motivo para ir àquele baile totalmente descabido.Mal colocaram os pés no salão e já se sentiu intimidada com os olhares que pareciam querer consumi-los. Era incômodo, mesmo não sendo tão grave quanto um lobisomem à solta. Sem contar os ânimos aflorando no norte, como se uma guerra civil fosse se desenrolar a qualquer momento.Foi tirada de seus devaneios ao sentir uma respiração quente rente ao seu ouvido, e então, virou-se, apenas o suficiente para encará-lo por cima do ombro.Era um alívio estar acompanhada.– Não se preocupe – ele sussurrou, e lhe lançou um curto sorriso enquanto pegava uma ta&
No fim, nem sequer descobriu o que Joshua queria com aquele baile.Na manhã seguinte, Rosely acordou ouvindo os sons como se estivessem vindo de dentro de uma caverna, baixos e abafados. Sentou-se na cama, ainda com a visão um tanto embaçada, se perguntando como havia chegado ali e quando sentiu a garganta seca, levantou-se e foi até a cozinha. Encheu um grande copo de água e enquanto bebia, ouviu passos às suas costas. Virou-se e se deparou com Charlotte e Eleonore, ambas olhando-a com um semblante misto de preocupação e alívio.– Senhora – Charlotte foi a primeira a se pronunciar. – Que bom que a senhora acordou.– Acordei? – Rosely perguntou um tanto confusa. – Por quanto tempo dormi?
“Vocês têm 180 dias para encontrar todos os itens”, Carolle dissera.E novamente se viram dentro de um barco. Dias e mais dias vendo apenas água. Então, qual foi o alívio no rosto de Rosely quando finalmente desembarcaram no porto. A curiosidade em seu rosto era palpável, nunca havia visto pessoas com características tão diferentes: peles amorenadas e somente seus olhos, em sua maioria claros, eram visíveis sob o tecido dos lenços que cobriam seus corpos. – Deveria fazer o mesmo – Eslen sussurrou, surgindo de repente com um lenço preto, usando-o para cobrir os cabelos dela. – Sei que não gosta de receber ordens, mas devemos respeitar a cultura local.
O dia seguinte foi um tormento. Todos na vila pareciam apavorados, alguns rezavam, outros juntaram-se aos caçadores na procura pelo covil da criatura e, dessa vez, Eslen não impediu a inglesa de seguí-los. Foram para longe, quase chegando ao deserto, onde havia poucas cavernas, quase camufladas pelo sol escaldante.Uma delas chamou sua atenção, era maior que as outras e logo, a adentraram, já podendo sentir o cheiro forte de decomposição. Tão forte que quase os fez vomitar.– Ele guarda corpos aqui? – Rosely questionou, enojada, usando o lenço para cobrir seu rosto.– Disso, não fiquei sabendo – Eslen resmungou, mais para si do que para ela e então, seus olhos se estreitaram ao ver partes de corpos que s
Foram dois dias de festejo e toda a vila se juntou para ajudar, ovinos inteiros eram assados em fogueiras na praça e comidas deliciosas eram compartilhadas entre os moradores. Comeram, beberam e se divertiram em meio à música e danças ao som de tambores.Na manhã seguinte, abastecidos, retornaram para a loja de especiarias onde o homem parecia particularmente satisfeito em vê-los – a verdade era que aquela era sua vila natal –, e no fim, perceberam que não era tão ganancioso quanto havia deixado transparecer no primeiro encontro.– Então, para onde vamos agora? – Rosely indagou fitando a pequena recompensa.– Ainda faltam quatro ingredientes – Eslen explicou, olhando ao redor. Depois de uma curta viagem de barco desembarcaram no porto, onde receberam as cartas vindas da fazenda. Eram notícias comuns, como a contabilidade e coisas desse tipo, porém, o que realmente chamou sua atenção, foi uma carta enviada por sua mãe. A abriu, prendendo a respiração e leu sobre seu descontentamento por preferir o castigo ao invés do casamento, mas o que fez seu estômago embrulhar, na verdade, foi saber que aquele homem queria vê-la.“Isso jamais irá acontecer”, ela pensou consigo mesma, amassando a carta.– O que está fazendo aí, resmungando sozinha? – Eslen perguntou, surgindo de repente por suas costas, assustando-a.– N-nada! – ela gaguejou num murmúrio, tentando esc28 A menina
Rosely piscou algumas vezes, encarando os vastos jardins que se estendiam à sua frente, nem conseguia acreditar em como havia simplesmente ido parar no castelo. Ouviu uma voz ao seu lado, e depois de alguns segundos, virou-se, notando que era o príncipe. – Vejo que está encantada com o jardim – ele disse com um grande sorriso, seus olhos percorrendo o corpo dela. – Fico feliz que tenha gostado.– Bem… é lindo, de fato – ela murmurou, um tanto lentamente.Enquanto caminhavam juntos, tentou retribuir o sorriso dele, mas só conseguia pensar em ser resgatada dali o mais rápido possível. Nem sequer estava prestando atenção direito ao que ele dizia, sobre seus antepassados, que haviam construído aquele palácio. Mas, ficou totalmente alerta quando ele quase a prensou contra o m
Mesmo dentro das paredes do castelo, era possível ouvir a música e os festejos que se agitavam do lado de fora. Rosely sentiu seu corpo sendo puxado em direção à enorme varanda, fitou o príncipe de soslaio, xingando-o mentalmente, mesmo que por fora fingisse um sorriso, e viu a multidão que os encarava.– Querido povo – anunciou Elandis, segurando os ombros dela, como se quisesse mantê-la perto de si. – Esta é a salvadora da sua princesa, e será minha futura esposa.E seguido de suas palavras soou uma grande salva de palmas, o povo feliz com aquela união absurda, o que fez a inglesa chegar à conclusão de que estava em terras de loucos. Ainda assim, forçou um sorriso e fez questão de pisar no pé do príncipe antes de retornar ao salão, onde os nobres do reino os aguardavam.Imediatamente foi bombardeada pelos ol