Capítulo 3

Zefa foi até seu quarto e pegou um pijama e um vestido simples. Como Carla era magra, ela tinha certeza de que serviriam. Ao retornar, entregou as peças a Carla.

— Trouxe este pijama e este vestido. Ambos estão sem uso. Se servir, pode usá-los — disse Zefa, gentilmente.

— Que vestido bonito! Acredito que vai servir sim. Obrigada, mais uma vez — respondeu Carla, sorrindo.

Zefa, com um pouco de hesitação, continuou:

— Desculpe a intromissão, mas seu nome é Carla, não é?

Nesse momento, Ronald desceu e se dirigiu à mesa de jantar. Ao sentar, percebeu que Carla também estava descendo, agora vestida com algo diferente. Ele estranhou, lembrando-se de que ela havia dito que não tinha trazido roupas.

— Você disse que não trouxe roupas — ele comentou, curioso.

— Sua amável governanta me emprestou este vestido. Amanhã, quando eu for comprar roupas, pretendo comprar algo para devolver a ela.

Ronald sorriu, achando a situação engraçada.

— Um vestido da Zefa? Até que ficou bem em você — brincou ele, imaginando Carla, uma mulher jovem e elegante, vestida com algo que pertencia à governanta bem mais velha.

Zefa, ouvindo a conversa, sorriu também.

— Não ficou tão ruim assim, Carla. E não se preocupe, não precisa comprar outro — comentou, enquanto se afastava para a cozinha.

Ronald então olhou para Carla, com uma expressão mais séria:

— Carla, sente-se. Precisamos conversar.

Zefa saiu discretamente, deixando os dois a sós.

— Sim, Ronald. Acredito que temos que esclarecer algumas coisas. Ainda não entendo o que você realmente quer de mim. Por que pagou um preço tão alto para me trazer aqui? — perguntou Carla, olhando diretamente nos olhos dele.

Ronald suspirou.

— De fato, foi um preço alto. Mas, se você fizer valer a pena, tudo bem — respondeu, com franqueza.

— O que exatamente você quer de mim? — insistiu Carla.

— Preciso que você se passe por minha noiva, minha futura esposa, na frente do meu avô. Ele exige que eu me case, ou então vai me deserdar, passando a empresa para o meu primo.

Carla parecia surpresa, mas também preocupada.

— E você acha que ele vai acreditar? Não vai perceber que é uma farsa?

— Isso depende de suas habilidades de atriz. Se você desempenhar bem o papel, ele vai acreditar.

— E por quanto tempo terei que fingir? — perguntou Carla, já imaginando os desafios.

— Deixei claro para Madame Kiara que seria por tempo indeterminado. Mas vamos fazer o seguinte: se passar de seis meses, eu lhe pago mais uma boa quantia. Está bem?

Carla assentiu, pensativa.

— Quando irei conhecer seu avô?

— Ele virá almoçar aqui no domingo, como de costume. É nossa tradição almoçarmos juntos aos domingos.

— Certo. Vou me preparar e fazer o possível para convencê-lo de que estamos juntos.

Depois do jantar, Ronald se sentou no sofá para assistir ao telejornal, enquanto Carla foi até a cozinha ajudar Zefa com a louça.

— Carla, pode deixar que eu faço isso. Onde já se viu, visitas lavando a louça — disse Zefa, surpresa.

— Eu ajudo com prazer, Zefa. Assim terminamos mais rápido e você pode descansar.

Em poucos minutos, a cozinha estava impecável, e Zefa, grata, sugeriu:

— Agora sente-se. Vou preparar um chá para nós. Ronald gosta de tomar chá antes de dormir.

As duas começaram a conversar. Carla estava exausta, mas esperava que Ronald desse permissão para ela subir ao quarto.

— Senhor, posso ir para o quarto agora? — perguntou ela, cautelosa.

— Sim, Carla. Fique à vontade. Eu subo em breve — respondeu Ronald.

Carla subiu as escadas, nervosa. Pensou que ele poderia querer dormir com ela. "O que eu faço agora? Ainda sou virgem... Ele deve pensar que sou uma garota de programa. Será que ele vai ser rude comigo?"

Apesar de suas preocupações, o cansaço tomou conta, e ela acabou adormecendo na cama macia. Mais tarde, foi acordada por Zefa.

— Zefa! Que vergonha! Perdi a hora. Já deve ser muito tarde — disse Carla, alarmada.

— Não se preocupe, querida. Vim trazer este conjunto de roupas. É da minha filha, mas sei que vai servir em você. O patrão pediu para avisar que daqui a uma hora vocês irão ao shopping.

— Zefa, você é muito gentil. Obrigada, mas não precisava. Eu ia com este vestido mesmo.

— Esse vestido é mais para uma senhora como eu. Você é jovem, deve se vestir de acordo com sua idade — respondeu Zefa, sorrindo.

— Obrigada, Zefa! — Carla disse, sinceramente grata.

— Eu fiquei com um pouco de vergonha de oferecer algo usado, mas você me parece tão humilde... Imaginei que não se importaria.

— Claro que não, Zefa. Não só pareço humilde, eu sou. Venho de uma origem simples e não estou acostumada com esse luxo, embora eu esteja gostando. Nunca dormi em uma cama tão macia como essa.

Zefa a observou com carinho.

— Não sei exatamente qual é seu relacionamento com meu Ronald, mas gostaria de ver vocês juntos. Você parece ser uma boa moça.

— Zefa, eu não posso te contar muito. Não é por falta de confiança, mas um dia você vai entender o tipo de envolvimento que tenho com seu Ronald.

— Eu chamo ele de "meu Ronald" porque o vi nascer e cuido dele desde bebê.

Carla sorriu, mas logo se apressou.

— Agora eu preciso me trocar e tomar um banho, se não vou me atrasar.

— Sim, querida. O patrão não gosta de esperar — disse Zefa, rindo.

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