Os dias passaram de forma lenta para Ronald, que, apesar de seus esforços para se reaproximar de Carla, encontrava uma resistência inesperada. Carla, agora ciente de que Ingrid estava realmente grávida, sentia um peso moral que a impedia de aceitar a separação imediata entre Ronald e Ingrid. Mesmo que soubesse que o casamento deles nunca foi fundamentado no amor, não parecia justo, aos olhos de Carla, que Ronald a deixasse justamente agora que havia uma criança a caminho. Ronald, frustrado com a distância que Carla impunha entre eles, foi procurar conselhos com Hermínio. O avô, embora sempre tenha desprezado Ingrid, agora concordava com Carla. — Se esse filho for mesmo seu, seria imprudente qualquer movimento brusco agora. A separação pode acontecer, sim, mas de forma mais controlada, depois que a criança nascer. Assim você faz o teste de paternidade e, se não for seu, tudo se resolve de maneira amigável. Entre vocês dois, nunca houve amor de verdade, e isso facilita. Ronald ouviu
Ingrid entrou no hotel luxuoso com o coração acelerado, pensando em como aquela reunião poderia mudar completamente sua vida. Ao se aproximar da recepção, foi recebida por uma recepcionista bem-vestida, que informou que o Sr. Santiago Bruner, hospedado na suíte principal, já havia sido notificado de sua chegada. Aguardando na recepção, Ingrid começou a imaginar quem era esse homem misterioso que estava disposto a pagar uma fortuna pelo bebê que ela carregava. Não demorou muito até que ela o visse. Santiago Bruner desceu rapidamente pela escadaria principal, sua presença imponente chamando a atenção de todos ao redor. Ele era alto, de traços fortes e elegantes, e vestia um terno perfeitamente alinhado. Seus olhos eram profundos e transmitiam uma mistura de tristeza e determinação. Ao chegar perto de Ingrid, ele a surpreendeu com um gesto inesperado: segurou sua mão suavemente e, em um gesto de pura gentileza, beijou-a delicadamente. Ingrid ficou surpresa, quase sem palavras, enquanto
Ingrid saiu do hotel decidida. Era hora de resolver de uma vez por todas. Ela não queria prolongar aquilo e, muito menos, continuar alimentando mentiras. Foi direto à Belle Essenza, o local onde sabia que encontraria Ronald. Ao chegar, viu a surpresa estampada no rosto dele. — Ingrid, o que você faz aqui? — Ronald perguntou, fechando o notebook e levantando-se de sua cadeira. — Vim conversar com você, — disse Ingrid, com um tom firme, mas um tanto hesitante. Ronald ficou em silêncio, esperando que ela continuasse. Ingrid respirou fundo, sentindo o peso do que estava prestes a fazer. — Eu não quero continuar vivendo uma vida baseada em mentiras. Eu preciso te contar a verdade sobre tudo. Sobre minha gravidez, a inseminação... e... — Ingrid fez uma pausa, sentindo o estômago revirar. — Eu coloquei sonífero no seu chá naquela noite, Ronald. Queria que você acreditasse que tínhamos dormido juntos, mas isso nunca aconteceu. O silêncio que se seguiu foi esmagador. Ronald apenas a encar
O dia do embarque para a Itália havia chegado. Ingrid estava de pé diante de seus pais, Judite e Gustavo com as malas ao lado. O divórcio com Ronald finalmente estava concluído, e agora ela seguia em frente, com uma nova vida ao lado de Santiago, o homem que havia prometido transformá-la em uma verdadeira rainha. — Então, é isso, — disse Ingrid, respirando fundo. — Vou para a Itália hoje mesmo. Judite a observava com uma mistura de orgulho e preocupação. — Tem certeza de que está fazendo a coisa certa, filha? — perguntou, tocando suavemente o braço de Ingrid. — Você mal conhece Santiago. — Eu sei, mãe, — Ingrid respondeu com um tom calmo, mas determinado. — Mas ele tem sido incrível. Além disso, não tenho mais nada que me prenda aqui. Gustavo que se mantinha em silêncio até então, deu um passo à frente e puxou Ingrid para um abraço. — Só queremos que você seja feliz, minha filha. — Ele a apertou mais forte. — Cuide-se, e saiba que estaremos sempre aqui se precisar. Ingrid se de
O grande dia finalmente havia chegado. A mansão de Ronald estava em plena movimentação desde as primeiras horas da manhã. A equipe de decoração transformou o amplo jardim em um cenário de sonho: flores brancas e lilases formavam arcos e adornos por toda a extensão, e as cadeiras, delicadamente enfileiradas, aguardavam os convidados sob um céu azul perfeito. O murmúrio das pessoas, que se acomodavam aos poucos, era misturado com o som suave de um quarteto de cordas que tocava uma melodia suave. Carla, em seu quarto, estava sendo preparada. Seu vestido era deslumbrante, uma mistura de renda e seda, com um véu que descia graciosamente sobre os ombros, quase tocando o chão. Ela estava radiante, naquele momento, o foco estava no presente, em Davi e na família que estavam formando junutos. Joaquim, seu pai, entrou no quarto para buscá-la, vestido com um elegante terno cinza. Ele estava visivelmente emocionado. — Você está linda, minha filha. Estou muito orgulhoso de você. Carla sorriu co
Carla estava nervosa, tentando prestar atenção na colega de quarto, Sabrina, mas nada parecia certo. A roupa que usava a fazia sentir desconforto, como se estivesse vestindo uma versão de si mesma que não reconhecia. — Você está linda, confie em mim. Eu sou experiente nessa área — insistiu Sabrina com um sorriso. — Sabrina, esta saia está muito curta. Não me sinto bem, nunca usei roupas assim — respondeu Carla, puxando a saia para baixo, na tentativa de cobrir mais as pernas. Sabrina suspirou, impaciente. — Você vai ter que se acostumar. Se quer ser uma acompanhante de luxo, não pode se vestir como uma freira, certo? Carla hesitou, sua voz trêmula. — Sabrina, acho que vou desistir. Eu não nasci para essa vida. — Já conversei com Madame Kiara e foi difícil convencer ela a te aceitar. A equipe está completa, e agora você quer desistir? Carla abaixou os olhos, sentindo o peso da situação. — Está bem, não tenho outra opção. De outra maneira, não vou conseguir levantar esse dinhei
De repente, os olhos de Ronald se encontraram com os de Carla. Algo nela chamou sua atenção de imediato. Ele percebeu que aquela garota não estava entre as que Madame Kiara havia lhe apresentado anteriormente. Intrigado, Ronald começou a observá-la, o que fez Carla ficar envergonhada, corando visivelmente enquanto baixava o olhar. — Madame Kiara, podemos voltar ao seu escritório? Esqueci de mencionar algo — Ronald disse, sem tirar os olhos de Carla. — Claro! Vamos — respondeu Kiara, guiando-o de volta ao escritório. Assim que se sentaram, Ronald foi direto ao ponto. — Madame, quem é aquela garota de blusa azul? Ela não estava nas fotos que você me mostrou. Madame Kiara sorriu, compreendendo imediatamente sobre quem ele falava. — Ah, você deve estar falando de Carla. Ela chegou hoje. Ainda não tive tempo de tirar fotos dela para o catálogo. Ronald, sem hesitar, respondeu de forma decidida: — Então eu escolho ela. Madame Kiara arqueou as sobrancelhas, surpresa. K — Está certo
Zefa foi até seu quarto e pegou um pijama e um vestido simples. Como Carla era magra, ela tinha certeza de que serviriam. Ao retornar, entregou as peças a Carla. — Trouxe este pijama e este vestido. Ambos estão sem uso. Se servir, pode usá-los — disse Zefa, gentilmente. — Que vestido bonito! Acredito que vai servir sim. Obrigada, mais uma vez — respondeu Carla, sorrindo. Zefa, com um pouco de hesitação, continuou: — Desculpe a intromissão, mas seu nome é Carla, não é? Nesse momento, Ronald desceu e se dirigiu à mesa de jantar. Ao sentar, percebeu que Carla também estava descendo, agora vestida com algo diferente. Ele estranhou, lembrando-se de que ela havia dito que não tinha trazido roupas. — Você disse que não trouxe roupas — ele comentou, curioso. — Sua amável governanta me emprestou este vestido. Amanhã, quando eu for comprar roupas, pretendo comprar algo para devolver a ela. Ronald sorriu, achando a situação engraçada. — Um vestido da Zefa? Até que ficou bem em você — br