Meu Destino é Você
Meu Destino é Você
Por: EDNA GARCIA
Capítulo 1

Carla estava nervosa, tentando prestar atenção na colega de quarto, Sabrina, mas nada parecia certo. A roupa que usava a fazia sentir desconforto, como se estivesse vestindo uma versão de si mesma que não reconhecia.

— Você está linda, confie em mim. Eu sou experiente nessa área — insistiu Sabrina com um sorriso.

— Sabrina, esta saia está muito curta. Não me sinto bem, nunca usei roupas assim — respondeu Carla, puxando a saia para baixo, na tentativa de cobrir mais as pernas.

Sabrina suspirou, impaciente.

— Você vai ter que se acostumar. Se quer ser uma acompanhante de luxo, não pode se vestir como uma freira, certo?

Carla hesitou, sua voz trêmula.

— Sabrina, acho que vou desistir. Eu não nasci para essa vida.

— Já conversei com Madame Kiara e foi difícil convencer ela a te aceitar. A equipe está completa, e agora você quer desistir?

Carla abaixou os olhos, sentindo o peso da situação.

— Está bem, não tenho outra opção. De outra maneira, não vou conseguir levantar esse dinheiro. O canalha me deu apenas um mês… ou ele vai matar meu pai.

Sabrina suavizou o tom, olhando para Carla com compaixão.

— Sei que é difícil. Para mim também foi no começo. Mas logo você vai se acostumar, principalmente quando o dinheiro começar a entrar.

Carla queria fugir, desistir de tudo, mas a imagem de seu pai sendo arrastado pelos bandidos, com os olhos cheios de tristeza e desespero, lhe dava forças para seguir adiante.

— Está bem. Vamos lá, eu preciso conseguir.

Sem mais palavras, as duas entraram no carro de Sabrina e seguiram rumo à casa de Madame Kiara.

O pai de Carla, Joaquim , após a morte de sua esposa, havia sucumbido ao vício em bebidas e jogos. Eles já tinham perdido a casa, o carro, e agora ele estava prestes a perder a própria vida se a dívida de cinquenta mil reais não fosse quitada em um mês. Joaquim era a única família que Carla tinha. Ele havia sido um bom marido e um ótimo pai, mas a morte da esposa o mergulhara em uma depressão profunda, levando-o a buscar consolo nos piores lugares possíveis.

Ao entrar na luxuosa mansão de Madame Kiara, Carla foi recebida por uma cena desconcertante. Várias mulheres estavam espalhadas pelo salão, vestidas de forma provocante, cada uma mais bonita que a outra. Antes que pudesse processar tudo, uma senhora de aproximadamente sessenta anos, elegantemente vestida, se aproximou com um olhar avaliador.

— Sabrina, você não exagerou. Ela é muito bonita. Com certeza vai render um bom lucro — disse Madame Kiara, com um sorriso de aprovação.

Sabrina apresentou Carla com uma reverência sutil.

— Carla, esta é Madame Kiara, a mãe de todas nós aqui.

Carla, ainda nervosa, respondeu baixinho:

— Oi, Madame. Não sei se vou conseguir… mas eu preciso levantar cinquenta mil em um mês.

Madame Kiara a olhou de cima a baixo e respondeu com confiança:

— Com essa aparência de jovem inocente, você pode levantar o dobro. Mas, Sabrina, reforça esse batom dela. Está muito claro.

— Também achei isso. Vou pegar um vermelho que vai ficar ótimo nela — disse Sabrina, saindo rapidamente para buscar o batom.

Madame Kiara virou-se para as outras mulheres na sala.

— Meninas, todas se preparem. Retoquem a maquiagem, teremos visitas importantes hoje.

As mulheres começaram a murmurar entre si. Os homens que frequentavam a mansão de Madame Kiara já eram importantes, mas se ela estava fazendo tal comentário, quem vinha devia ser alguém realmente especial. Quando perguntaram quem seria, Madame Kiara, sempre misteriosa, respondeu:

— Deixem de ser curiosas. Não vou dizer, é uma surpresa.

Passados trinta minutos, a campainha tocou. As portas se abriram e, para a surpresa de todas, entrou Ronald, o famoso CEO da Belle Essenza, uma das maiores empresas de perfumaria e cosméticos do mundo.

— Meninas, aguardem aqui. Vou atender o Sr. Ronald em meu escritório e já retorno — disse Madame Kiara com um tom profissional.

Ela e Ronald, acompanhados de seu assistente Jakson, entraram no escritório. Antes de fechar a porta, Ronald deu uma olhada rápida nas garotas no salão e sorriu.

— Madame, realmente será difícil escolher. Você tem mulheres muito belas aqui, pelo que pude ver — disse Ronald com um sorriso malicioso.

— Sim, mas tenho certeza de que alguma vai chamar sua atenção. Vamos conversar para entender o que você precisa e combinar o preço — respondeu Madame Kiara, conduzindo-o até a mesa.

Enquanto Madame Kiara e Ronald conversavam no escritório, as mulheres no salão começaram a cochichar.

— Eu não acredito! Ele é muito lindo e milionário! Com esse, eu fico até de graça! — disse Gerusa, empolgada.

— Você é louca? Se eu for escolhida, vou tentar arrancar o máximo de dinheiro dele. Ele tem de sobra! — respondeu outra, rindo.

Carla, cada vez mais nervosa, observava a empolgação ao seu redor. Cada minuto que passava, a sensação de ter feito a escolha errada aumentava. Mas agora, já estava ali. Não podia voltar atrás. Ela tinha certeza de que Ronald não a escolheria — as outras garotas eram muito bonitas, ele certamente nem notaria sua presença.

No escritório, a conversa continuava.

— Então você quer uma garota por tempo indeterminado? Achei que fosse apenas para um final de semana — disse Madame Kiara, surpreendida.

— Vou precisar de uma que finja ser minha noiva e futura esposa — explicou Ronald. — Você as conhece melhor, pode me dizer quem desempenharia melhor esse papel de atriz.

— Quem você precisa enganar? — perguntou Madame Kiara, curiosa.

— Meu avô. Ele está no fim da vida e me disse que, se eu não me casar, vai deixar a empresa e toda a fortuna para meu primo.

— E ele realmente seria capaz disso? Pelo que sei, sempre te tratou bem — disse Madame Kiara.

— Sim, ele seria. Tem medo de que eu nunca me case e não deixe herdeiros. Está implacável dessa vez — Ronald respondeu, com um suspiro de frustração.

— Bom, como será por um longo período, vou cobrar quinhentos mil — disse Madame Kiara, cruzando os braços.

— Madame, isso é muito dinheiro. Não posso concordar com uma quantia tão alta — retrucou Ronald.

— Não posso cobrar menos. É pegar ou largar — ela respondeu, firme.

Ronald ponderou por um momento e, por fim, cedeu.

— Está bem. Amanhã o dinheiro estará em sua conta. Agora vamos às garotas.

Madame Kiara começou a mostrar fotos das mulheres em poses sensuais, algumas delas completamente nuas. Jakson, o assistente de Ronald, parecia maravilhado com as opções.

— Chefe, difícil escolher. Todas são deliciosas e bonitas — disse Jakson, com um sorriso malicioso.

— Sim, mas preciso de alguém inteligente o suficiente para convencer meu avô — respondeu Ronald.

Madame Kiara, com um ar de decisão, apontou para uma foto.

— Na minha opinião, a mais adequada para esse papel seria Gerusa. Ela é muito bonita e sabe lidar com situações complicadas.

— Se você acha que ela é a mais adequada, escolho Gerusa então — disse Ronald, satisfeito com a escolha.

Madame Kiara sorriu.

— Ótimo, vamos lá conhecê-la.

Eles saíram do escritório e voltaram para o salão, onde Gerusa já esperava ansiosa. Ronald e Jakson observaram a garota com aprovação, satisfeitos com a escolha que haviam feito.

Carla, no fundo da sala, observava tudo em silêncio, ainda incerta sobre seu futuro, mas com uma sensação crescente de que havia escapado de algo muito maior do que podia imaginar.

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