Carla estava nervosa, tentando prestar atenção na colega de quarto, Sabrina, mas nada parecia certo. A roupa que usava a fazia sentir desconforto, como se estivesse vestindo uma versão de si mesma que não reconhecia.
— Você está linda, confie em mim. Eu sou experiente nessa área — insistiu Sabrina com um sorriso. — Sabrina, esta saia está muito curta. Não me sinto bem, nunca usei roupas assim — respondeu Carla, puxando a saia para baixo, na tentativa de cobrir mais as pernas. Sabrina suspirou, impaciente. — Você vai ter que se acostumar. Se quer ser uma acompanhante de luxo, não pode se vestir como uma freira, certo? Carla hesitou, sua voz trêmula. — Sabrina, acho que vou desistir. Eu não nasci para essa vida. — Já conversei com Madame Kiara e foi difícil convencer ela a te aceitar. A equipe está completa, e agora você quer desistir? Carla abaixou os olhos, sentindo o peso da situação. — Está bem, não tenho outra opção. De outra maneira, não vou conseguir levantar esse dinheiro. O canalha me deu apenas um mês… ou ele vai matar meu pai. Sabrina suavizou o tom, olhando para Carla com compaixão. — Sei que é difícil. Para mim também foi no começo. Mas logo você vai se acostumar, principalmente quando o dinheiro começar a entrar. Carla queria fugir, desistir de tudo, mas a imagem de seu pai sendo arrastado pelos bandidos, com os olhos cheios de tristeza e desespero, lhe dava forças para seguir adiante. — Está bem. Vamos lá, eu preciso conseguir. Sem mais palavras, as duas entraram no carro de Sabrina e seguiram rumo à casa de Madame Kiara. O pai de Carla, Joaquim , após a morte de sua esposa, havia sucumbido ao vício em bebidas e jogos. Eles já tinham perdido a casa, o carro, e agora ele estava prestes a perder a própria vida se a dívida de cinquenta mil reais não fosse quitada em um mês. Joaquim era a única família que Carla tinha. Ele havia sido um bom marido e um ótimo pai, mas a morte da esposa o mergulhara em uma depressão profunda, levando-o a buscar consolo nos piores lugares possíveis. Ao entrar na luxuosa mansão de Madame Kiara, Carla foi recebida por uma cena desconcertante. Várias mulheres estavam espalhadas pelo salão, vestidas de forma provocante, cada uma mais bonita que a outra. Antes que pudesse processar tudo, uma senhora de aproximadamente sessenta anos, elegantemente vestida, se aproximou com um olhar avaliador. — Sabrina, você não exagerou. Ela é muito bonita. Com certeza vai render um bom lucro — disse Madame Kiara, com um sorriso de aprovação. Sabrina apresentou Carla com uma reverência sutil. — Carla, esta é Madame Kiara, a mãe de todas nós aqui. Carla, ainda nervosa, respondeu baixinho: — Oi, Madame. Não sei se vou conseguir… mas eu preciso levantar cinquenta mil em um mês. Madame Kiara a olhou de cima a baixo e respondeu com confiança: — Com essa aparência de jovem inocente, você pode levantar o dobro. Mas, Sabrina, reforça esse batom dela. Está muito claro. — Também achei isso. Vou pegar um vermelho que vai ficar ótimo nela — disse Sabrina, saindo rapidamente para buscar o batom. Madame Kiara virou-se para as outras mulheres na sala. — Meninas, todas se preparem. Retoquem a maquiagem, teremos visitas importantes hoje. As mulheres começaram a murmurar entre si. Os homens que frequentavam a mansão de Madame Kiara já eram importantes, mas se ela estava fazendo tal comentário, quem vinha devia ser alguém realmente especial. Quando perguntaram quem seria, Madame Kiara, sempre misteriosa, respondeu: — Deixem de ser curiosas. Não vou dizer, é uma surpresa. Passados trinta minutos, a campainha tocou. As portas se abriram e, para a surpresa de todas, entrou Ronald, o famoso CEO da Belle Essenza, uma das maiores empresas de perfumaria e cosméticos do mundo. — Meninas, aguardem aqui. Vou atender o Sr. Ronald em meu escritório e já retorno — disse Madame Kiara com um tom profissional. Ela e Ronald, acompanhados de seu assistente Jakson, entraram no escritório. Antes de fechar a porta, Ronald deu uma olhada rápida nas garotas no salão e sorriu. — Madame, realmente será difícil escolher. Você tem mulheres muito belas aqui, pelo que pude ver — disse Ronald com um sorriso malicioso. — Sim, mas tenho certeza de que alguma vai chamar sua atenção. Vamos conversar para entender o que você precisa e combinar o preço — respondeu Madame Kiara, conduzindo-o até a mesa. Enquanto Madame Kiara e Ronald conversavam no escritório, as mulheres no salão começaram a cochichar. — Eu não acredito! Ele é muito lindo e milionário! Com esse, eu fico até de graça! — disse Gerusa, empolgada. — Você é louca? Se eu for escolhida, vou tentar arrancar o máximo de dinheiro dele. Ele tem de sobra! — respondeu outra, rindo. Carla, cada vez mais nervosa, observava a empolgação ao seu redor. Cada minuto que passava, a sensação de ter feito a escolha errada aumentava. Mas agora, já estava ali. Não podia voltar atrás. Ela tinha certeza de que Ronald não a escolheria — as outras garotas eram muito bonitas, ele certamente nem notaria sua presença. No escritório, a conversa continuava. — Então você quer uma garota por tempo indeterminado? Achei que fosse apenas para um final de semana — disse Madame Kiara, surpreendida. — Vou precisar de uma que finja ser minha noiva e futura esposa — explicou Ronald. — Você as conhece melhor, pode me dizer quem desempenharia melhor esse papel de atriz. — Quem você precisa enganar? — perguntou Madame Kiara, curiosa. — Meu avô. Ele está no fim da vida e me disse que, se eu não me casar, vai deixar a empresa e toda a fortuna para meu primo. — E ele realmente seria capaz disso? Pelo que sei, sempre te tratou bem — disse Madame Kiara. — Sim, ele seria. Tem medo de que eu nunca me case e não deixe herdeiros. Está implacável dessa vez — Ronald respondeu, com um suspiro de frustração. — Bom, como será por um longo período, vou cobrar quinhentos mil — disse Madame Kiara, cruzando os braços. — Madame, isso é muito dinheiro. Não posso concordar com uma quantia tão alta — retrucou Ronald. — Não posso cobrar menos. É pegar ou largar — ela respondeu, firme. Ronald ponderou por um momento e, por fim, cedeu. — Está bem. Amanhã o dinheiro estará em sua conta. Agora vamos às garotas. Madame Kiara começou a mostrar fotos das mulheres em poses sensuais, algumas delas completamente nuas. Jakson, o assistente de Ronald, parecia maravilhado com as opções. — Chefe, difícil escolher. Todas são deliciosas e bonitas — disse Jakson, com um sorriso malicioso. — Sim, mas preciso de alguém inteligente o suficiente para convencer meu avô — respondeu Ronald. Madame Kiara, com um ar de decisão, apontou para uma foto. — Na minha opinião, a mais adequada para esse papel seria Gerusa. Ela é muito bonita e sabe lidar com situações complicadas. — Se você acha que ela é a mais adequada, escolho Gerusa então — disse Ronald, satisfeito com a escolha. Madame Kiara sorriu. — Ótimo, vamos lá conhecê-la. Eles saíram do escritório e voltaram para o salão, onde Gerusa já esperava ansiosa. Ronald e Jakson observaram a garota com aprovação, satisfeitos com a escolha que haviam feito. Carla, no fundo da sala, observava tudo em silêncio, ainda incerta sobre seu futuro, mas com uma sensação crescente de que havia escapado de algo muito maior do que podia imaginar.De repente, os olhos de Ronald se encontraram com os de Carla. Algo nela chamou sua atenção de imediato. Ele percebeu que aquela garota não estava entre as que Madame Kiara havia lhe apresentado anteriormente. Intrigado, Ronald começou a observá-la, o que fez Carla ficar envergonhada, corando visivelmente enquanto baixava o olhar. — Madame Kiara, podemos voltar ao seu escritório? Esqueci de mencionar algo — Ronald disse, sem tirar os olhos de Carla. — Claro! Vamos — respondeu Kiara, guiando-o de volta ao escritório. Assim que se sentaram, Ronald foi direto ao ponto. — Madame, quem é aquela garota de blusa azul? Ela não estava nas fotos que você me mostrou. Madame Kiara sorriu, compreendendo imediatamente sobre quem ele falava. — Ah, você deve estar falando de Carla. Ela chegou hoje. Ainda não tive tempo de tirar fotos dela para o catálogo. Ronald, sem hesitar, respondeu de forma decidida: — Então eu escolho ela. Madame Kiara arqueou as sobrancelhas, surpresa. K — Está certo
Zefa foi até seu quarto e pegou um pijama e um vestido simples. Como Carla era magra, ela tinha certeza de que serviriam. Ao retornar, entregou as peças a Carla. — Trouxe este pijama e este vestido. Ambos estão sem uso. Se servir, pode usá-los — disse Zefa, gentilmente. — Que vestido bonito! Acredito que vai servir sim. Obrigada, mais uma vez — respondeu Carla, sorrindo. Zefa, com um pouco de hesitação, continuou: — Desculpe a intromissão, mas seu nome é Carla, não é? Nesse momento, Ronald desceu e se dirigiu à mesa de jantar. Ao sentar, percebeu que Carla também estava descendo, agora vestida com algo diferente. Ele estranhou, lembrando-se de que ela havia dito que não tinha trazido roupas. — Você disse que não trouxe roupas — ele comentou, curioso. — Sua amável governanta me emprestou este vestido. Amanhã, quando eu for comprar roupas, pretendo comprar algo para devolver a ela. Ronald sorriu, achando a situação engraçada. — Um vestido da Zefa? Até que ficou bem em você — br
Ronald já estava impaciente esperando por Carla. — Desculpa se me atrasei! — Precisamos ir mesmo ás compras, antes que você esvazie o guarda roupas de Zefa. — Ele fez este comentário, novamente com um sorriso, deixando Carla envergonhada. — Zefa insistiu, disse que o vestido não iria ficar bem para eu ir ao shopping. — Ela tem razão, mais você ficou muito bem, com essa roupa, agora vamos tenho que passar antes no meu escritório. Ronald chegou à Belle Essenza, a empresa que ele orgulhosamente liderava, acompanhado por Carla. Ele havia pedido à Carla para fingir ser sua noiva como parte de um plano para uma estratégia de enganar seu avô, e este seria um bom começo, começando a aparecer na empresa juntamente com Carla. Ao descerem do carro, Carla ficou impressionada com o tamanho e o luxo do prédio, demonstrando reconhecimento e admiração pelo ambiente. — Sua interpretação como atriz, começa agora, pois aqui você vai começar tentar convencer a todos que estamos noivos e apaixonado
Depois de deixarem a empresa Belle Essenza, Ronald levou Carla para o shopping, determinado a transformá-la em uma mulher elegante e refinada, uma figura que pudesse passar facilmente como sua falsa noiva. Enquanto percorriam as lojas, Ronald instruía Carla sobre as escolhas de roupas, sapatos e acessórios que deveriam adquirir para criar a imagem da perfeita noiva. — Ronald, não precisa tanto exagero, não vou conseguir usar todas estas roupas. — Por favor esquece o dinheiro, quero que você compra belas roupas, tem que estar realmente transformada. Carla, apesar de achar exagerado tentou fazer a vontade de Ronald, escolhendo cuidadosamente as peças de seu novo guarda-roupa, ciente da importância dessa transformação para o papel que estava prestes a representar. Ela comprou roupas contemporâneas, vestidos elegantes, sapatos sofisticados e acessórios que realçavam sua beleza natural, dando início à metamorfose que a transformaria na noiva de Ronald. O próximo passo, contudo, era con
Carla organizou toda a roupa no armário, ficou por um bom tempo sonhando vestida com cada vestido lindo daqueles. Carla agora começou a pensar em seu pai, tinha que conversar com Ronald para deixar ela sair e ir tentar resgatar seu pai. Na hora do almoço ela PC falar com ele. — Ronald, você já conhece minha história, sabe que eu estou fazendo tudo isso, para poder ajudar meu pai, eu gostaria que você me liberasse para ir tentar tirar ele das mãos daqueles bandidos. — Carla, fica calma já estou cuidando do seu pai, jamais eu poderia deixar você se envolver com esse tipo de pessoas, ainda mais agora que está se passando por minha noiva. — Mais eu quero tanto saber como ele está, estou muito preocupada com ele. — Seu pai está bem, confia em mim, meu assistente está trabalhando nisso, uma hora dessas já deve ter resgatado seu pai, logo você poderá encontrar com ele. — Mais como, eu tenho que pagar os cinquenta mil para liberta-lo. — Não se preocupe com isso agora, a única coisa qu
Carla estava muito feliz ao ver a felicidade do pai. Ao voltar para casa, ela e Jakson vieram conversando no caminho de volta. — Jakson, eu estou tão feliz, ver meu pai assim tão bem, poder voltar para faculdade, tenho medo de acordar e ver que tudo não passou de um sonho. — Eu também estou feliz por você e seu pai. Carla sentiu uma vontade imensa de agradecer Ronald, tudo que está acontecendo na vida dela. Ela é muito grata a ele e também a Sabrina que insistiu para que ela fosse a casa de Madame Kiara. Jakson deixou agora Carla em casa e retornou a empresa — Chefe, missão cumprida, corri contra o tempo mais sua noiva já está novamente na faculdade, e seu sogro dono de uma padaria, e pelo que pude ver o velho realmente faz pães e bolo maravilhosos. — Jakson eu admiro muito essa sua capacidade de resolver os problemas com tanta facilidade, ontem meu sogro era um alcoólatra e viciado em jogo, hoje ele é um dono de padaria, muito obrigado mesmo. — Chefe você acha que o velho
Carla e Ronald jantaram em silêncio. Carla estava nervosa, pois aquela seria a primeira noite dela com um homem.Após o jantar eles sentaram na sala, pois Ronald gostava de assistir o telejornal.Assim que acabou o programa Ronald desligou o televisor.— Posso te beijar novamente?— Perguntou, Ronald acariciando o rosto de Carla.Sem dar a resposta, Carla se aproximou de Ronald, e o beijo foi muito intenso, não percebendo Zefa entrando com as duas xícaras de chá. Carla que percebeu primeiro, afastou de Ronald, um pouco envergonhada.— Me desculpem, não queria atrapalhar esta cena encantadora, mais só vou deixar o chá aqui.— Não atrapalha não Zefa, obrigado pelo chá, vamos terminar esta cena no meu quarto.— Ronald, respeita a Zefa, e para de me deixar envergonhada.— Carla eu já estou acostumada com este menino, mais fico feliz em ver que vocês estão se acertando, aproveitem mesmo, o amor é lindo.Eles pegaram as xícaras de chá, e após beber o chá, Ronald levantou_se e estendeu as
Ronald ficou feliz em saber do avô, que sua tia e primo não viriam para o almoço. Ele não iria suportar os comentários de sua tia em relação a Carla. Carla ouviu vozes, com certeza era Ronald e o avô. Ela que ainda estava no jardim, resolveu entrar para finalmente conhecer Hermínio. — Bom dia! Senhor Hermínio é um prazer conhecer o senhor! — Bom dia! Hermínio foi muito seco, deixando tanto Carla sem jeito, como Ronald sem graça também. Mesmo que Carla estivesse fazendo o seu melhor, Hermínio não mostrou nenhum entusiasmo em saber que o neto estava noivo. O almoço foi servido, todos comeram em silêncio. — Vovô eu estou achando o senhor muito estranho, aconteceu alguma coisa. — Bom eu deixei para falar depois do almoço, pois eu não queria desperdiçar este maravilhoso almoço, mais agora acho que já posso falar. — Vovô o senhor está me deixando preocupado. — E você meu neto, me deixou decepcionado, jamais poderia esperar tal atitude vinda de você. — Vovô, o que eu fiz para q