Johnny não acreditava em Thabata. Não, aquela mulher rancorosa, louca, cheia de deboche no olhar e veneno na língua não era nada digno de crédito ou confiança. Mas Joshua também não. Não que ele fosse um homem ruim. Johnny sabia que as desculpas do outro dia haviam sido sinceras. Mas também estava totalmente ciente de que o sentimento por Emanuele, fosse qual fosse, não havia desaparecido. Por isso ele saiu correndo do apartamento de Amanda e Amora. Por isso ele dirigiu o mais rápido que podia, chegando no apartamento de Alexandra em meros minutos. Não porque Thabata havia mexido com a sua mente, mas porque sua namorada estava vulnerável, passando por maus bocados, e o único homem presente para acalmá-la no momento era justamente aquele que tinha negócios inacabados com ela. Suado e ligeiramente ofegante, o rapaz agora está encarando Joshua. A irmã dele está sentada no sofá, parecendo quase tão incrédula quanto ele. E Emanuele está ali, pálida, olhando fixamente tanto para ele
Emanuele fita a expressão plácida e ligeiramente esperançosa de Joshua, e por alguns segundos, um silêncio de perplexidade envolve a todos na casa. A moça abre a boca para responder, mas se atrapalha e não consegue pronunciar um mísero som.Joshua complementa a própria pergunta, dizendo baixinho:"Nós já convivemos durante um tempo, conhecemos os hábitos um do outro. E bom, agora que estaremos no meu próprio apartamento, teremos mais privacidade para conversar."A garota quase grita:"Mas conversar sobre o quê?! Não há nada pra gente conversar, e minha paciência sobre esse assunto está se esgotando.""Porque todo esse esforço pra negar que você sente algo por mim? Está óbvio pra todo mundo, até para o seu próprio namorado, e mesmo assim você insiste em dizer que não existe nada entre nós."Johnny intervém:"Emanuele fez sua escolha. Como o homem honrado que você diz ser, deveria apenas aceitar e deixá-la em paz."A frase é curta, mas o suficiente para desconcertar o homem mais velho,
Imediatamente, Joshua se põe à frente da porta aberta e a fecha. As mulheres, a maioria entre quarenta e sessenta anos, estão furiosas e gritando por justiça. Como o porteiro permitiu que elas entrassem no prédio?A que parecia ser a líder do motim, com seus cabelos loiros e pele enrugada, aponta com ódio para a porta de Alexandra e grita com o enorme homem parado na frente delas."A mulher que está lá dentro é uma assassina! Saia da frente ou enfrente as consequências!As outras mulheres atrás dela gritam em uníssono, apoiando-a. Joshua cruza os braços:"Vocês precisam sair daqui agora, antes que eu chame a polícia.""Polícia?! Nós somos as fiéis seguidoras da Igreja da Luz Divina, e não vamos sair daqui sem ver essa assassina atrás das grades!""Acredito que haja um equívoco acontecendo. A moça que vocês viram lá dentro não é quem vocês estão procurando."Uma das seguidoras reclama:"É claro que é! Nós a vimos!"A outra repete:"Saia da frente!"Joshua permanece impassível e não rec
Os dois policiais que se aproximam do grupo de velhinhas histéricas e sedentas por sangue são altos, sérios e aparentemente totalmente a par de quem é Emanuele, ou pelo menos, do que ela está sendo acusada.Depois de conversarem por bons quinze minutos com as idosas, elas finalmente desistem. Ao invés de pegarem o elevador, todas descem as escadas, ainda ao som de cantigas de protesto, resmungos e maldizeres. Joshua não sai de perto da porta até que tenha certeza que a última das velhinhas esteja bem longe. Suspirando, ele manda uma mensagem de texto pedindo para que Alexandra destranque a porta do apartamento.A mulher faz isso imediatamente, e quase ao mesmo tempo, os policiais vêm até eles."Onde está a garota que elas estavam querendo linchar?" Pergunta o mais velho deles.Emanuele quase se encolhe no sofá, mas ergue a mão timidamente para se identificar."Você já tem um advogado? O delegado deixou que ficasse em liberdade?"Joshua intervém."Ela já tem um advogado. E até onde me
Johnny avisou a Joshua, mais de uma vez naquela tarde, que sua paciência estava por um fio. Ou seja, propositalmente ele ignorou as advertências do rapaz, fosse por ignorância ou até mesmo arrogância.Tudo o que ele queria fazer era socar o rosto do homem, gritar umas verdades na cara dele, segurar na mão da namorada e sair do apartamento de Alexandra.Mas Emanuele estava frágil demais, abalada demais. E uma briga num momento como aquele poderia colocar tudo a perder.Respirando fundo, o homem que perdeu sua melhor amiga no passado, mas estava agora tentando se redimir com a chance que o destino lhe enviou, diz o mais calmamente possível:"Joshua, acho que isso é ultrapassar todos os limites."Ele o ignora. Johnny insiste:"Nessa situação, com tudo o que está acontecendo, você ainda acha que pressionar Emanuele é uma boa ideia? Você está sendo egoísta, para dizer o mínimo."Talvez ainda houvesse algum resquício de consciência no cérebro tomado pela paixão de Joshua, já que os olhos de
Andrew toca a campainha do apartamento das gêmeas, e quase cai para trás quando Amanda grita cheia de raiva na voz:"Vá embora daqui!!!!"O rapaz responde:"Eita, mas qual é a necessidade dessa agressividade? Foi por causa do pudim de pão que eu comi sem avisar?! Eu posso pagar por aquele pudim!"O som do molho de chaves e a tranca sendo aberta interrompe o pequeno drama do garota piadista. Amanda franze o cenho ao abrir apenas uma pequena fresta da porta."Entra logo."Depois de dar um puxão no braço dele, Andrew finalmente está do lado de dentro. Amora está sentada na poltrona mexendo no laptop enquanto Amanda tranca a porta mais uma vez."É sério, viu, gente?" Ele diz. "Não vou pagar apenas pelo pudim de pão, mas também pelas uvas, pelo cacho de bananas, pelo suco de laranja, pelo bolo de-""Calado, Andrew. Isso não tem nada a ver com as coisas que você come.""Não?""Não." Amora murmura enquanto continua concentrada no que está fazendo. "Até porque nós sabemos há anos que é você."
Joshua não era um canalha.Não que alguém tivesse sequer chegado perto de dizer aquilo a ele, mas sua mente implacável o tempo todo deixava implícito que sim, ele era.Emanuele ficou sob sua hospedagem durante um certo tempo. Ele quase tirou a virgindade da moça, e só se conteve porque pensou nas consequências, no que aquilo poderia trazer tanto para ela quanto para ele.E agora que a moça de pele bronzeada e olhos cintilantes estava de fato namorando, tudo o que Joshua queria era se assegurar de que o sentimento dela ainda existia.Sim, era canalhice. E das grandes. Mas o que ele poderia fazer a respeito?Enquanto Joshua encarava a moça, do lado de fora do quarto mas ainda perto da porta, o mesmo pensava que talvez aquele último ato de estupidez, deliberadamente ficar longe de Emanuele, houvesse sido o principal motivo para que ela escolhesse aceitar o pedido de namoro de Johnny.Qualquer homem mais honrado teria imediatamente desistido de mais alguma tentativa, respeitando a escolha
Alexandra não pareceu irritada ou zangada ao adentrar o corredor e dizer em voz alta:"Ninguém vai bater em ninguém aqui. Já tive estresse o suficiente para um dia só."A autoridade da voz dela é inegável e irresistível. Johnny imediatamente se desculpa, mas olha feio para Joshua, que coloca as mãos nos bolsos inocentemente.Emanuele respira fundo e entra no quarto. Havia poucas roupas para serem arrumadas. Era tão estranho ter que fazer as malas de novo... Joshua aproveita a deixa para sair. Ele se despede de todos com um breve gesto do queixo. O olhar do homem é profundo, e é óbvio que ele ainda tinha muitas coisas para dizer.Johnny começa a ajudar a garota com as malas e diz:"Acho que ele não vai mesmo te deixar em paz.""Alguma hora ele desiste.""Se ele não desistiu até agora, mesmo depois de tudo o que ouviu de você, não vai fazê-lo tão cedo."Ela não queria concordar, mas também não tinha coragem de discordar. Joshua estava extremamente determinado a conquistá-la, e Emanuele