Os hormônios de Emanuele fervem tanto por debaixo de sua pele que ela tem medo de entrar em ebulição.Ela arfou, sentindo o peso do pedido de Johnny. Perder a virgindade. Permitir que ele, que agora era seu namorado, fosse o primeiro homem dela.Envergonhada, a moça se lembra que o primeiro contato sexual que teve não foi com Johnny, e sim Joshua, quando ele a masturbou. Claro que a moça jamais diria isso, mesmo depois da pequena conversinha sobre sinceridade que acabaram de ter.Uma coisa era ser sincera, outra era perder completamente o discernimento das coisas.Ali de pé, ainda vestido porém doido para ficar nu, Johnny olhava para ela com uma espécie de fome, de vontade urgente e insaciável. Ela também queria, é claro, mas tinha medo. Será que iria doer? Será que se arrependeria?Sua mãe sempre a chamava de "vagabunda" quando podia, principalmente depois que a jovem tingiu o cabelo de vermelho. Inconscientemente, ela tinha muito medo de ser mal vista ou julgada. Romper aquela linha
Quando acabaram, os dois permaneceram deitados um ao lado do outro. Os braços de Johnny permaneceram agarrados ao tronco de Emanuele, que respirava fundo, ainda absorvendo tudo aquilo que acabou de acontecer.Ele disse que a amava. E ela disse que o amava também.E não era mentira.Mesmo que houvesse algum traço de confusão em seus sentimentos pelo antigo colega de quarto, era evidente que o sentimento era menor, talvez mais sutil. Joshua jamais namoraria com ela, jamais faria aquelas promessas tão doces.Até porque ele estava perdido demais na própria amargura para cuidar de alguém."Como está se sentindo?" Depois de alguns segundos de contemplação silenciosa, Johnny finalmente diz algo.Aquela era uma pergunta e tanto. Emanuele nem sabe como começar a responder, mas ela tenta:"Parece que... O mundo que eu conheço, ou o que conhecia antes disso... Mudou completamente."Ele dá um beijo na testa dela, deixando que a moça continue sua linha de raciocínio."Sempre li nas histórias como
Emanuele está tão envergonhada, tão chocada e assustada que nem consegue formular uma frase.Aos poucos, ela vai tentando ligar a lógica com aquilo tudo: Joshua morava no mesmo apartamento de Johnny, talvez até mesmo no mesmo andar (azar total!). Será que ele foi até lá para falar com ele? Sim, eles já haviam se acertado depois do infeliz episódio da briga, mas não deixava de ser esquisito.A voz da moça soou ligeiramente aguda quando ela perguntou:"O que você está fazendo aqui?"Boquiaberto, Joshua respondeu:"Eu vim falar com o meu vizinho. E o que você está fazendo aqui?"Então os olhos do homem se detém nos detalhes: nas bochechas ligeiramente coradas, o cabelo bagunçado e mal-disfarçado num coque frouxo... E a camisa é obviamente grande demais para o corpo, com falta de adornos femininos. Ou seja, uma camisa de Johnny.Emanuele percebe a linha de raciocínio sendo formada, mas também não consegue admitir a verdade. Ela coloca uma das mãos na cintura, tentando em vão ser inclement
Johnny pede licença para entrar, apoiando a sacola no balcão da cozinha. Então olha para Joshua:"Vai ficar parado aí? Entra."O homem obedece, fechando a porta atrás de si. Até então, nem ele nem Emanuele sequer tentaram explicar o que estava acontecendo. A moça ainda permanecia vermelha, absolutamente infeliz e desejando se transformar numa formiga e sair dali.Johnny não parece irritado ou chateado. Ele começa a cozinhar bacon com ovos, enquanto Emanuele e Johnny se sentam à mesa, mas não do lado um do outro."Bem..." Começa Joshua. "Vim aqui falar com você e dei de cara com a Emanuele. Confesso que fiquei um pouco surpreso.""É mesmo?" Pergunta Johnny, ainda ocupado com os preparativos do café da manhã."Sim, mas foi só num primeiro momento. Começamos a jogar conversa fora no instante que você chegou."O anfitrião coloca três pratos rasos em cima da mesa, e logo em seguida, três xícaras. Emanuele encosta no nariz quase curado, e Joshua pergunta:"Ainda falta muito pra você tirar e
Emanuele olha para Johnny, esperando repreensão, choque, angústia ou qualquer coisa mais ou menos parecida com isso. Bom, há surpresa nos olhos dele, isso é fato. Mas seu tom de voz não muda quando ele pergunta: "É mesmo?" A moça está morta de vergonha, mas prossegue com a explicação: "Ele me tocou. Apenas uma vez. E depois nós nunca mais voltamos a falar do assunto... Então eu não dei muita importância pra isso. Mas... Acho que deveria ter te contado de qualquer forma. Mas fiquei com medo. Me desculpa." O rapaz suspira fundo e olha para as paredes do próprio lar. Então finalmente fala: "Está tudo bem." "O quê?" "Está tudo bem. Eu não tô irritado com isso." "Eu não entendo. No hospital você ficou tão triste quando eu contei sobre o beijo." "Foi diferente." "Por quê?" "Bem, até então eu tinha apenas uma suspeita que acontecia algo entre vocês. E o que me chateou foi você não ter contado mesmo com a confiança que se estabeleceu entre a gente. Me senti um pouco traído nesse as
A primeira coisa que Emanuele repara é na aparência física de Thabata. Ela não parece avariada; na verdade está inteira. Não há manchas em sua pele ou sequer uma cicatriz para atestar a veracidade da surra que levou da própria. A expressão dela é neutra enquanto gesticula e conversa com Joshua, que está de braços cruzados.A ex-ruiva decide que vai se aproximar de qualquer jeito. Se Thabata queria caluniá-la ou coisa assim, iria se ver com ela!Assim que nota a presença da garota, Joshua arregala os olhos."Ah, oi!""Oi. Posso fazer parte desta conversa?"Thabata parece estar dividida entre golpear o nariz quase curado de Emanuele e sair correndo o mais rápido que pode."Pode sim", responde Joshua, rindo de nervoso. "Embora eu não veja como você poderia falar sobre a coleção de miniaturas de tubarão que Thabata comprou. Conta pra ela.""Nossa, são lindas", a loira mente descaradamente enquanto olha de cima a baixo para Emanuele."Sei o que estão fazendo, e não vai funcionar."O sorris
Depois de esbofetear a bochecha de Joshua, o que causou uma grande comoção entre os que assistiam incrédulos a briga, Emanuele saiu correndo.Não de volta para o apartamento de Johnny, tampouco para o próprio, mas para um lugar longe, desconhecido e vazio, se é que conseguiria encontrar algo do tipo naquela cidade tão populosa e agitada.Sim, ela sabia que estava com raiva. Sabia que tinha errado a dose quando disse a Joshua que ele permanecia no papel de vítima por opção, provavelmente soando como Alexandra.Embora parte de seu cérebro apontasse que a reação de Joshua ao chamá-la de covarde e inútil não fosse por si só o que ele realmente achava, mas sim uma resposta ao ataque verbal da própria Emanuele, a garota sentia a verdade cruel a atingindo como uma flecha certeira no coração.Ver Thabata ali, falando tão tranquilamente com Joshua, desregulou qualquer chance que a moça tinha de não perder o controle. E como ele tinha caído naquele papo esdrúxulo de mudança? Será que se Emanuel
Emanuele sente as mãos tremerem e suarem instantaneamente. "O quê?!"A mulher de saia comprida e camiseta fechada está tão pálida que poderia ser confundida com uma estátua. Ela grita mais uma vez:"É sim! Você matou a pobre dona Margareth!"Ao ouvir o nome maldito, Emanuele quase grita de frustração e ódio, mas a confusão é sensação de agonia é muito maior. Carlos intervém:"O que está acontecendo aqui?"A moça desconhecida franze a sobrancelha para o rapaz, explicando:"Há alguns meses atrás, a filha da dona Margareth foi embora para sempre de Porto Feliz! Ela abandonou a pobre velhinha dentro de casa, sem ninguém para cuidar dela... Até que semana retrasada ela voltou para fazer o que não conseguiu no dia em que partiu, matar a própria mãe!"Aquela história era tão absurda, tão delirante e cheia de furos que tudo o que Emanuele conseguiu verbalizar foi:"Você por acaso escuta as coisas que você fala?"A mulher se assusta com o tom da garota, segurando a bíblia como se fosse um esc