Fernando
Os meus olhos estão fixados no rotineiro espelho de teto do motel, através do seu reflexo vejo o meu corpo completamente nu e ao meu lado há uma mulher que obviamente também está despida.
Confesso que não sei exatamente como vim parar nesse motel com essa mulher, a última coisa que me lembro é de estar em um barzinho com alguns amigos e já esta um pouco "alto", depois disso não me lembro de absolutamente nada, mas pelo visto a minha noite foi boa, boa não, ótima!
Tirei os meus olhos daquela mulher e me virei com cuidado na cama pegando meu celular no criado. São exatamente nove horas nesse exato momento, então estou tranquilo... Meu plantão só começa após o almoço hoje, então posso ir pra casa, tomar um banho e comer algo.
Levantei-me da cama ao ver que já havia dado minha hora e saí catando minhas peças roupas que estava jogadas pelo chão do quarto e em seguida fui para o banheiro e ali mesmo me troquei.
Ao voltar para o quarto parei ao lado da cama e analisei a minha companheira da noite. Não faço ideia de quem ela é, mas ela é é uma jovem extremamente atraente, isso é algo que não dá pra negar... A sua pele é morena, o seu corpo é voluptuoso e cheio de curvas e os seus cabelos são lidos e negros como os de uma índia.
Decidi que é melhor pra nós dois que ela não me veja saindo,então caminhei devagar até a mesa do quarto e quando fui abrir minha carteira para pegar um dinheiro para o seu táxi uma voz feminina soou.
- Você já está de pé? Mas está tão cedo gato, volta pra cama.- pude ouvi-la falar com sua voz sonolenta.
Pelo visto meu plano desceu por água a baixo... Que maravilha!
Acho que terei que ser sincero e direto.
- Eu tenho que trabalhar, já perdi tempo demais aqui, mas fique tranquila. A conta já está paga e deixei o dinheiro do táxi no criado.- Respondi rápido enquanto pegava minha pasta e me preparava para ir.
Antes que eu conseguisse sair pela porta ela pulou da cama e veio praticamente correndo em minha direção... O que ela quer? Que saco!
- Você esqueceu de deixar seu telefone.-
Aquela mulher insistiu.Confesso que não me lembro muito como foi nossa noite, mas só pelo seu jeito meloso sei que não quero vê-la nunca mais.
Deixo uma risada irônica escapar, passo as mãos pelos cabelos em um gesto de nervosismo e balanço a cabeça negando.
- Acho melhor não... Já aconteceu tudo que tinha de acontecer.- Fui franco.
A mulher me fitou como se estivesse acabado de receber uma péssima notícia e isso me fez sentir vontade de rir da sua cara.
- Como assim? Espera aí! Eu não sou mulher de uma noite não. Me respeita!- Ela gritou transtornada.
O que essa mulher está querendo de mim? Tenho certeza que não prometi nada a ela, então acho bom que ela não me venha com cobranças infundadas.
- Minha querida, eu não sou um homem de romances. E nós já fizemos tudo que tínhamos que fazer, então não há mais motivos para nós encontrarmos.- a respondi.
Os olhos daquela mulher ficaram em chamas ao me ouvir falar e pude sentir que há qualquer momento ela iria pular sobre mim e me agredir.
- Seu cafajestes de merda! Eu quero que você se foda... Tomara que você fique broxa e que esse seu pau não suba nunca mais... Canalha!- ela me rogou uma praga.
Que mulher maluca!
Muitas mulheres já me jogaram pragas, mas nunca ouvi nada assim e confesso que isso me fez rir.
Não precisei ouvir mais nada, apenas peguei meus pertences e saí dali sem olhar para trás.
.
..O caminho do motel até minha casa durou por cerca de quinze minutos... Atualmente eu moro em uma cobertura no centro da cidade. O meu prédio é bem tranquilo e eu
gosto disso, não tenho mais cabeça para a energia dos jovens, tudo que eu quero é trabalhar em paz.A porta do elevador abriu- se dando visão a minha sala de estar e a primeira coisa que vi foi a Pamela jogada em meu sofá.
- O que você está fazendo aqui?- Foi tudo que disse.
- Eu te liguei um milhão de vezes. Por que não me atendeu?- Ela veio atrás de mim.
Hoje não estou com a minina paciência para Dr, estou de saco cheio.
Pâmela é... Bom, nós temos um relacionamento moderno. A gente transa, mas não temos um rótulo. Eu chamo de relacionamento aberto.
Eu não teria um relacionamento sério com a Pâmela, mas não quero deixar de foder com ela.
- Eu não lembro de ter te dado permissão para invadir minha casa.- Falei indo em direção ao meu quarto e pude ouvir seus passos atrás de mim.
- Aposto que você estava transando com uma e outra por aí.- Ela falou me tirando do sério.
O que ela tem com isso? Eu fico com quem eu quiser, eu não tenho compromisso nem com ela e nem com ninguém.
- Isso não te diz respeito, assim como sua vida não me diz. Agora não me enche, estou cansado.
- Cada dia que passa você fica mais frio... Eu só queria um pouco de atenção.- Ela falou chorosa.
Me virei em direção a ela e não consegui segurar o riso.
- Você quase me fez acreditar nisso. pena que eu sou tão pilantra quanto você.- A adverti.
O que Pâmela e eu sentimos pelo outro é recíproco, ela me dá o que eu quero e eu dou a ela o que ela quer.Ela não gosta de mim, ela gosta do que eu proporciono a ela e eu não gosto dela, gosto do que ela me dá. Assim vamos nos entendendo... Então as palavras dela não me comovem nem um pouquinho, porque sei que assim como eu, ela não vale nada.
Eu não quero compromisso com ninguém e deixo isso claro... Não quero me casar, ter filhos e nem viver nada dessa merda convencional, porque sei que essa merda não é verdadeira.
Dei um jeito de me livrar da Pâmela e me troquei para a fazer meus exercícios diários. Academia é uma das coisas que me acalma.
Fiz meus exercícios na academia do prédio e entrei no elevador para me aprontar para ir para a delegacia, tenho passado bastante tempo no trabalho ultimamente porque está havendo uma grande investigação sobre um caso de abusos sexuais e isso tem me deixando muito atarefado... Eu já lidei com muitos casos no decorrer da minha carreira como delegado, mas o que mais me deixou com nojo foi esse caso. Eu não sou o cara mais correto do mundo, mas quando uma mulher diz não é NÃO.
- Segura a porta pra mim.- Uma vós feminina invadiu meus pensamentos.
Segurei a porta do elevador e no segundo seguinte uma mulher, e que mulher, entrou no elevador.
- Obrigada. É Eduardo, né?- Ela perguntou.
Apenas acenei com a cabeça.
- Obrigada!- ela agradeceu.
Apenas a observei pelo espelho do elevador e pude ver seus olhos sobre mim.
Quando a porta do elevador se abriu ela me olhou de lado e sorriu maliciosamente... Ela está com segundas intenções.
- Eu moro no AP 302, me faça uma visita quando puder.- Ela falou de forma sexy e saiu rapidamente.
Eu com certeza me lembrarei disso, mas terei que deixar para outro dia. Até porque o dever me chama.
Me aprontei para dar início ao meu
trabalho rapidamente e saí em direção agaragem já fardado e com minha arma presa em meu coldre... Hoje o dia será longo.Antes de ir para a delegacia eu e meu superior temos uma pequena reunião para tratar sobre um caso sério que está nos deixando aflitos.
Há um caso de investigação de abusos dentro da própria corporação policial e eu mal posso esperar para colocar a mão no desgraçado que faz isso, será um prazer acabar com ele.
Dirigi até uma espécie de pub e estacionei alí adentrando para o mesmo... Todos os membros da corporação já se encontravam lá, então me juntei a eles.
-... Esse caso é muito estranho, todas as vítimas descrevem esse abusador de forma diferente. Elas só podem estar mentindo.- Falei enquanto analisava aquelas fotos.
Eu entendo o lado dessas garotas,
são apenas meninas que sofreram namão de um grande parente da polícia.Elas devem se sentir amedrontadas e coagidas, mas elas não precisam de sentir assim.- É, se continuar assim nos teremos que arquivar o caso.- Matias, meu superior falou enquanto suspirava cansado.
- Não, vamos dar mais um tempo a elas.
Ainda há esperança...- Falei em esperança.Levantei a cabeça e me deparei com uma moça parada de frente para nós.
Uma moça muito bonita, de uma beleza simples e desconhecida por mim. Ela tem olhos grandes, pele escura e cabelos grandes e volumosos. Seu corpo é como o de uma deusa africana, eu nunca vi algo assim, nunca.
- Boa tarde! Vocês estão prontos para fazer o pedido?- Ela nós questionou com uma voz melodiosa, mas cansada e eu pude ver que ela não estava nada nem.
- O que você me sugere, meu bem?- Ele falou enquanto me ficava sorrindo e eu parei de sentir minhas pernas.
Assim que o Matias fechou a boca aquela mulher decaiu na minha frente e só deu tempo de apara-la em meus braços.
- Hey, você está bem?- Falei enquanto a segurava.
No minuto seguinte ela desmaiou e eu fiquei perdido em tê-la alí em meus braços, mas eu sinto que eu tenho que ajudá-la. Algo me diz que eu tenho que cuidar dessa mulher.
CamillaMeu corpo está paralisado nesse momento, não consigo mover nem os meus dedos, nãoconsigo ouvir o que "eles" dizem e não consigo falar uma palavra se quer, mas sei exatamente onde estou.Mais uma vez estou presa naquela mata, aqueles malditos estão ao meu redor me olhando feito lobos famintos e tenho certeza que me atacarão a qualquer momento.Eu tentei correr, gritar e pedir ajuda de qualquer forma, mas ninguém ouviu meu pedido de socorro, ninguém, e mais uma vez eles me atacaram fazendo o meu corpo doer e minha alma sangrar.Aquele desespero tomou conta de mim mais uma vez e ter todos eles tomando meu corpo mais uma vez me fez entrar em pânico e surtar.- Socorro, por favor socorro!- gritei enquanto debatia o meu corpo com a intenção de afasta-los de mim.Me debatia quando senti braços magros, mãos familiares e um cheiro doce bem perto de mim e mesmo estando em meio a uma "guerra" pude sentir meu corpo se acalmando.- Minha filha? Se acalma, é sua mãe... Sou eu!- a voz de mi
A aula passou rápido depois da minha "pequena" discussão com a professora e durante todas as aulas pude sentir olhares de reprovações sobre mim, mas quer saber? Eu não ligo mais pra isso.Assim que o professor deu o último aviso todos os alunos se levantaram, e eu como não sou boba fiz exatamente o mesmo.- o que você acha do trabalhos que o Patrício passou?- ela pergunta enquanto andávamos pelo corredor.A encarei pensativa e acenei com a cabeça. Já havia dado início a esse trabalho há um tempinho.- É complexo, mas é assunto um tanto quanto interessante.- Respondi.- Ahh, pois eu achei bem difícil.- Ela disse tirando uma risada de mim.- Mas está tudo nas matérias que ele passou, você vai tirar de letra.Eloisa me olhou de lado sem me dar muito crédito e balançou a cabeça sem fé alguma e aquilo me fez gargalhar.- É vamos ver... Eu já vou indo pra casa.Vou tentar dar início a esse trabalho antes que minha cabeça exploda.- Ela falou me fazendo rir.Logo nos despedimos e ela seguiu p
FernandoEu tenho andado tão pensativo esses dias que mal tenho conseguido focar minha cabeça no trabalho. Desde o incidente com aquela garçonete Macchiato eu não consigo pensar em outra coisa.Tem algo naquela garota que me intriga muito... Há algo nos olhos dela que me fazem perder a noção do tempo e eu vou descobrir exatamente o que é.- Doutor Ávila, os relatórios.- Helena, minha secretária avisou ao entrar na minha sala.Meus pensamentos se dispersaram e eu apenas acenei com a cabeça em forma de resposta... Helena ia saindo da sala, mas chamei por ela interrompendo seus passos.- Helena, aquele caso Madeline?- A questionei.- Até o momento nenhuma, senhor. Inclusive as vítimas estão retirando as queixas, creio que estão sofrendo algum tipo de represálias, o que dificulta muito o nosso trabalho.- Ela respondeu.- Okay. Qualquer novidade pode entrar em contato comigo.- A avisei.O caso Madeleine tem sido muito complexo. Há algum tempo atrás uma jovem veio até às autoridades denunci
CamillaJá faz um tempo que a noite caiu.Incrivelmente o movimento da cafeteria está bem calmo, mesmo sendo uma sexta feira a noite, o que não é nada normal.- Se bem que o Alessandro podia liberar a gente mais cedo hoje, né? Não tem nem alma penada entrando aqui.- Maria Luiza, minha colega de trabalho, comentou me fazendo rir.O que ela disse realmente é um fato, faz mais de meia hora que o salão está vazio, mas não há possibilidade daquele velho nós liberar mais cedo. Esse lugar não vai parar nem no dia da morte dele.- Mais fácil a rainha Elizabete aparecer aqui e me dizer que eu sou a neta perdida dela.- Falei sendo irônica, nem tanto.Não deu dois segundos que estávamos conversando e o Alessandro saiu da sua salinha nós repreendendo, pra variar."Que homem insuportável"- Meu subcomandante gritou.- O que as duas estão fazendo paradas aí? Tem muito trabalho a se fazer.- Ele gritou conosco como sempre.O Alessandro é aquele típico patrão que adora humilhar os funcionários. Parec
Fernando Ouço o som do mar correndo agitado, vejo as pessoas sentadas na área clara da praia e sinto uma brisa leve tocando meu rosto.Nesse exato momento me encontro na sacada da minha cobertura fumando um cigarro pra me acalmar, mas ainda assim sinto um turbilhão de pensamento dentro da minha cabeça... Me sinto atordoado.- Doutor Castro, sua mãe está te ligando.- Maria, minha empregada avisou chegando na porta da sacada.- Diga que eu estou trabalhando.Não quero falar com ninguém hoje.- Avisei e ela prontamente concordou me deixando a sós novamente.A minha relação com a minha família é muito complicada e perturbada... Eu nasci em um lar muito pobre, precário e cheio de violência. Meus genitores são usuários de entorpecentes, eles usavam todo tipo de drogas e isso afetou muito minha infância.Eu cresci vendo meus "pais" acabarem com as vidas deles e consequentemente com as nossas vidas... Era muito difícil viver em uma casa de dois cômodos, apanhar todos os dias e nem ter o que
CamilaA voz do meu professor está ecoando lá no fundo do meu consciente, mas não consigo entender e muito menos filtrar nada do que ele está dizendo... Minha mente está longe, bem longe nesse momento.Eu realmente não sei por que, mas eu não consigo tirar aquele delegadinho babaca da minha cabeça... Eu passei minha vida toda tendo pavor de qualquer homem envolvido com a polícia devido ao que me aconteceu, mas com ele é tão diferente, mesmo sem ao menos conhece-lo eu não sinto medo dele.Ainda assim eu insisto em afasta-lo de mim. Eu não confio em homem nenhum e sei que um homem como ele não iria querer nada sério comigo... Apenas se divertir, então é melhor mantê-lo distante.- Amiga, você está prestando atenção na aula?- A voz da Eloísa me fez despertar.Virei-me em direção a ela, balancei a cabeça e forcei um leve sorriso.- Tô... Tô sim!- menti.Ando tão distraída ultimamente que não consigo me concentrar em nada... Tudo por culpa daquele maldito delegado, mas isso vai acabar. Vou
FernandoEu sempre fui a pessoa mais racional do mundo... Aliás, quando se trabalha para a polícia você PRECISA ser racional. Não tem essa história de agir com os sentimentos ou o coração, você age com a cabeça e com os seus extintos... Não sei o que bem o que tem acontecido comigo, mas ultimamente não tenho sido assim.- Solta o braço dela agora ou eu não me respondo por mim.- Eu falei os olhos fixos sobre aquele babaca.Já faz um tempo que venho frequentando esse "bar" que a Camila é garçonete e já deu pra reparar que esse imbecil do chefe dela é um grande babaca. Ele trata todas as suas funcionárias feito animais e isso é nojento.Eu sei que eu não deveria intervir no meio de um assunto deles, mas não vou deixa -lo maltratar a Camila e nenhuma das outras garotas dessa forma... Mas não vou mesmo.Aquele velho imbecil me fitou com irá no olhar, ele exitou, mas não a soltou.- Eu vou contar até três!- Fui firme.Acho que aquele babaca pensou bem, pois no segundo seguinte ele soltou a
CamilaAinda não consigo acreditar que aceitei trabalhar na casa daquele tal de Fernando.Não sei o que deu nele pra me fazer essa proposta e muito menos o que deu em mim para aceitar... Sei lá, a gente mal se conhece e de repente começa a se cruzar toda hora.Parece até uma coisa do destino."Camila, não seja bobinha!"- Meu subconsciente me alertou.Eu não quero ficar pensando muito nesse Fernando, não quero que ele fique por aqui rondando meus pensamentos... Dizem que quanto mais longe da cabeça, mais longe da mente.- Aí Camila, esse moço foi tão bom com você. Você tem que ser muito grata a ele.- A voz de minha mãe soou atrás de mim.A minha mãe ao menos conhece o Fernando, mas ela o idólatra como se o conhecesse. Agora então, depois dele me ofertar essa oportunidade de emprego. É Deus no céu e o Fernando na terra!- É mãe, ele realmente foi muito gentil. Agora eu quero ver o que ele está querendo por trás dessa proposta...- Falei pensativa.- Aí Camila, para de desconfiar das pesso