CAPITULO 3

A aula passou rápido depois da minha "pequena" discussão com a professora e durante todas as aulas pude sentir olhares de reprovações sobre mim, mas quer saber? Eu não ligo mais pra isso.

Assim que o professor deu o último aviso todos os alunos se levantaram, e eu como não sou boba fiz exatamente o mesmo.

- o que você acha do trabalhos que o Patrício passou?- ela pergunta enquanto andávamos pelo corredor.

A encarei pensativa e acenei com a cabeça. Já havia dado início a esse trabalho há um tempinho.

- É complexo, mas é assunto um tanto quanto interessante.- Respondi.

- Ahh, pois eu achei bem difícil.- Ela disse tirando uma risada de mim.

- Mas está tudo nas matérias que ele passou, você vai tirar de letra.

Eloisa me olhou de lado sem me dar muito crédito e balançou a cabeça sem fé alguma e aquilo me fez gargalhar.

- É vamos ver... Eu já vou indo pra casa.

Vou tentar dar início a esse trabalho antes que minha cabeça exploda.- Ela falou me fazendo rir.

Logo nos despedimos e ela seguiu para sua casa e eu para o meu trabalho.

Trabalho em uma espécie de pub que é bem pertinho da minha faculdade, então vou sempre a pé.

Não demorei nem dez minutos para chegar no trabalho e ao chegar a primeira coisa que fiz foi me vestir e me colocar a postos para servir as mesas.

- Sua inútil... Aquela mesa está cheia de clientes e você está aqui atoa. Vá servi-los agora!- Meu chefe sussurrou de forma ríspida em meu ouvido e eu decidi obedecer, afinal eu tenho contas a pagar.

Enquanto caminhava até aquela mesa reconheci um certo olhar sobre mim, mas de onde? Eu não consigo me lembrar, mas sei que esse olhar me causa arrepios.

- Boa tarde! Vocês estão prontos para fazer o pedido?- Os atendi dando o meu máximo para ser gentil.

Um homem de pele negra trouxe seus olhos de encontro ao meus e sorriu de forma fria fazendo minha espinha gelar.É ele, foi ele... Foi ele que acabou com minha vida quando eu ainda era uma adolescente, uma menina.

- O que você me sugere, meu bem?- Ele falou enquanto me ficava sorrindo e eu

parei de sentir minhas pernas.

Meu corpo ficou mole como uma gelatina, eu perdi as forças da minha mão e senti tudo começar a rodar.

- Hey, está tudo bem?- Uma voz firme veio de encontro a minha eu pude sentir braços fortes me amparando.

A última coisa que eu vi foram olhos verdes marcantes sobre mim e no segundo seguinte tudo escureceu.

.

.

.

Sinto meu corpo preso em uma inércia, não consigo me mover, mas consigo ouvir vozes próximas a mim.

- Ela vai ficar bem? Já faz um tempo que ela está desmaiada.- Aquela voz máscula, mas suave invadiu meus ouvidos.

- Ela ficará bem... Ela só passou por um ataque de pânico.- Pude ouvir outra voz, mas essa eu não reconheci.

Aonde é que eu estou? Quem são essas pessoas? Eu quero sair daqui.

Aquele homem deve estar aqui e ele vai  me machucar... Ele vai me machucar mais uma vez.

Eu me forcei lá no fundo da minha alma e naquele momento consegui abrir os olhos e me senti apavorada ao me ver dentro de um quarto de hospital com um médica, acredito eu, e aquele homem que me segurou, que é totalmente desconhecido por mim.

- Tá vendo?! Ela acordou. Como você está se sentindo?- A médica veio até mim com um sorriso meigo no rosto.

Tentei me levantar me sentindo totalmente indefesa, mas aqueles acessos me pararam. Eu só quero ir embora daqui, é só o que eu quero.

- Está tudo bem, fica calma.Nós estamos cuidando de você. Eu vou chamar o doutor Fábio para conversar com você...- A médica falou tentando me tranquilizar, mas ao me ver sozinha com aquele homem fiquei ainda mais amedrontada.

- Está tudo bem? Eu sei que a gente não se conhece, mas eu não podia te deixar passando mal lá no bar e seu patrão não queria te trazer.- ele se explicou, mas mesmo assim não me senti nenhum pouco confortável com sua presença.

Cadê aquele maldito que estava com ele? Será que ele também está aqui? Eu oro á Deus que não. Eu acho que ele não se lembra de mim, mas se ele se lembrar ele vai me matar. Eu não sei nem o porquê dele não ter me matado aquele dia. Ele já tinha tirado tudo de mim mesmo... Não sei porque ele não me matou.

- O seu ami...go também está aqui?- O questionei gaguejando enquanto olhava para os lados me sentindo acuada.

- O Matias? Não, ele tinha trabalho a fazer. Ele é um homem muito atarefado.

Suspirei aliviada ao ouvir sua resposta e no mesmo momento meu corpo se acalmou. Sei que não estou cem por cento segura, mas só de não tê-lo por perto me sinto um pouco mais segura.

Será que esse homem não vai embora? Ele já me trouxe para o hospital, não há mais nada para ele fazer por aqui... Ou será que ele está junto com esse Matias? É uma possibilidade.

- Seu nome é Camila, certo?- Ele se aproximou de mim se sentando na poltrona que há ao lado da minha "cama".

Franzi a sobrancelha ao ouvir sua pergunta e o olhei surpresa.

- Como você sabe meu nome?

- Eu tive que olhar seus documentos.Não podia dar entrada no hospital sem seus dados... O meu nome é Fernando, eu sou delegado federal. Você não precisa ter medo de mim, eu só quero te ajudar.- Ele logo se explicou.

Ele não faz ideia, mas sua profissão não me deixa nenhum pouco segura. Aliás, ela me trás medo, muito medo. Até porque foi um homem da mesma profissão que ele que me atacou quando eu ainda era uma menina e não sabia nada da vida... Então não, eu não me sinto segura com ele aqui.

- Você pode ir embora, eu vou ligar para minha mãe vim me fazer companhia... Você deve ter muito trabalho a fazer.- O respondi sem rodeios.

O Fernando me olhou de um jeito estranho e cerrou os olhos parecendo estar confuso. Qual o problema dele?

- É impresso minha ou você tem algo a esconder? Primeiro você passa mal ao ver dois homens da lei e agora fica tentando me afastar daqui.- Ele falou enquanto me olhava desconfiado.

O que ele está pensando? Eu não tenho nada preso na justiça, eu apenas tenho medo por tudo que me aconteceu.

Eu não quero estar com um policial por

perto, porque se esse Matias não me matou aquele dia, ele vai me matar assim que descobrir quem eu sou e o risco que ele corre.

- Eu não tenho nada a esconder. Apenas não te conheço, então não me sinto confortável em te ter aqui.- Fui franca.

- Você é muito mal agradecida. Se não fosse eu você estaria jogada na cozinha daquele bar imundo. Eu te salvei daquela crise.- Ele se vangloriou.

- Quer que eu te agradeça por isso?- Fui sarcástica.

Fernando estava pronto para me dar uma boa resposta, mas no segundo seguinte minha mãe adentrou pela porta do quarto do hospital vindo correndo até mim.

- Minha menina! Que bom que está tudo bem com você... Eu fiquei com tanto medo quando me ligaram.- Ela falou enquanto segurava meu rosto aflita.

- Está tudo bem, mãe. Eu estou bem, foi apenas um susto.- Tentei deixa-la mais tranquila.

Ela se sentou ao meu lado na cama e me abraçou bem forte.

- Deve ter sido por causa daquele pesadelo que você teve... Eu já te falei pra buscar pela ajuda de um profissional. Ninguém pode viver assim, Camila. Você tem algo dentro de si, que eu não sei o que é, mas você precisa se curar disso.- Ela falou e eu pude ouvir preocupação em sua voz.

Eu sei que eu já devia ter superado tudo que eu passei, mas não é fácil. Eu ainda me lembro do cheiro gosto daquele homem, do cheiro dele e da sua voz... Eu ainda sinto nojo de mim. As vezes eu queria apenas esquecer tudo isso, mas é tão difícil.

- Bom, eu vou deixar vocês a sós.- Fernando falou se levantando da poltrona e saindo e nos deixando sozinhas no quarto.

Tomara que ele vá embora e eu não tenho que vê-lo nunca mais. Se Deus quiser!

- Esse rapaz foi muito bem com você. Foi ele que me ligou me avisando. Pelo carrasco do seu chefe você ficava jogada no passeio do bar.- Minha falou.

É, de uma certa forma ele foi gentil, mas ainda assim quero distância dele.

Eu acabei passando toda a tarde no hospital tomando algumas medições e passando por alguns exames, e no fim só fui liberada ao por do sol... Eu deixei o meu quarto de hospital com minha mãe ao meu lado e quando já estava quase saindo pela porta do hospital pude ouvir alguém me chamar.

- Camila... Eu levo vocês em casa.

O que esse homem está fazendo aqui até agora? Ahh, que pé no saco.

- Não precisa. Nós vamos pegar um táxi ali na frente, mas obrigada.- Logo o respondi.

- Que falta de educação, Camila. O moço te trouxe para o hospital e ficou esperando durante a tarde toda. Obrigada Senhor Fernando, nós vamos aceitar essa gentileza sim.- Minha mãe falou por mim.

Que saco! Pelo visto terei que aguentar a presença desse homem por mais algum tempo... Mal posso esperar para chegar em casa.

Fernando assentiu com a cabeça e nós guiou até o carro. Nós duas sentamos no banco de trás e ele logo começou a conduzir o mesmo.

Levantei a cabeça olhando para frente e meus olhos se cruzaram com os dele pelo retrovisor do carro e não sei porque, mas me deu um frio na barriga ao sentir seus olhos sobre mim... E eu nunca senti isso antes, em toda minha vida.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo