Nihara Vitti À medida que nos aproximamos da propriedade, somos recebidos por uma visão de tirar o fôlego. O caminho sinuoso que leva à vivenda é ladeado por uma profusão de árvores altas e frondosas, cujas folhas se movem suavemente ao vento, criando padrões de luz e sombra no chão. Ao chegarem à entrada principal, somos saudados por um portão de ferro forjado adornado com delicadas flores entrelaçadas, que se abrem para revelar os jardins espetaculares além. Uma brisa suave carrega o perfume das flores, enchendo o ar com uma fragrância doce e envolvente. A vivenda, imponente e graciosa, emerge majestosamente no centro dos jardins, suas paredes de pedra banhadas pela luz do sol. À sua volta, os jardins esverdeados se estendem até onde os olhos podem ver, repletos de uma miríade de cores e aromas que encantam os sentidos. Um anexo moderno, contrastando com a arquitetura clássica da casa principal, chama a atenção com suas linhas limpas e design contemporâneo. Apesar do
Nihara Vitti Estamos longe para sermos ouvidos, mas perto para sermos visto, com os braços cruzados na frente do corpo paro bem de frente ao homem, encarando-o, o peito batendo num ritmo, ofegante. — Por que você está aqui, Bráulio? Por que agora? — Por mais esforço que faça, minha voz ainda sai tremula. Bráulio suspira, seus olhos refletindo um misto de arrependimento e carinho. — Eu não podia deixar você se casar sem dizer o quanto sinto muito — ele diz. — Eu fui um tolo, Nihara. E eu sei que não mereço seu perdão, mas eu precisava que você ouvisse isso de mim. Sinto as emoções borbulharem dentro de mim, eu juro que não espera por isso, nunca pensei que ele seria capaz de aparecer aqui, desse jeito, perecendo vulnerável, o olhar arrependido. Impedindo que as lágrimas caiam e borrem meu rosto, ainda assim não fazendo questão de disfarçar a mágoa que ainda sinto, digo num sussurro: — Você partiu meu coração, Bráulio. Como você acha que eu deveria me senti
O dia era vinte de novembro de dois mil e vinte e um. Os raios do pôr do sol pouco intenso refletiam nas nuvens, dando uma beleza extraordinária ao céu. Combinando com a decoração em tons amarelo torrado minha cor e preto a cor favorita de Bráulio, o que deixavam o ambiente ainda mais sereno e lindo. O jardim em volta do altar, tinha duas arvores frondosas plantadas estrategicamente onde estavam, as raízes sobressaiam do subsolo e entrelaçavam-se umas nas outras, estava tudo tão lindo. Da janela vidrada do quarto presenciava o entusiasmo a determinação e o empenho com que todos trabalhavam para que tudo saísse como planejado, quem recepcionava os convidados era a minha tia Victoria e minha mãe, essa eu já não via fazia algum tempinho. — Então meu bem, estás pronta? — Perguntou mamãe minutos depois adentrando no quarto, com os olhos brilhando, caminhou até a mim. — Você está parecendo uma princesa minha filha — disse ao me afastar e me fazer dar uma volta. — Estava pensando em você
Oito meses se passaram, e as cicatrizes ainda doem como se tudo tivesse acontecido a poucos dias. Meu quarto se tornou meu habitat natural, tenho passado mais tempo nele depois que saiu do trabalho.Uns canalizam sua dor na bebida, em festas e namoros descompromissados, mais eu?! Eu me isolei de tudo e de todos, mergulhei profundamente nos livros de romances com finais felizes, para ameniza minha dor.Pois, que o meu final feliz já era, apesar de agora apenas acreditar que o amor, os finais felizes só existam mesmo nos livros e, um deles me ensinou que uma mudança de ambiente pode ajudar a superar e cicatrizar as feridas do coração.Pego o telefone na cabeceira da cama, absorvo o ar com veemência e o libero morosamente antes de buscar pelo número de Léah, minha irmã que vive na Alemanha a sete anos.— Oi, Léah como você está? — Indago assim que ela atende o telefone.— Oi mana, estou óptima e você como tens passado? — Questiona ela com um tom de voz preocupado.— Ah, mais ou menos, te
Se Braúlio não fosse um manipulador e mentiroso compulsivo diria que saber da minha viagem não lhe caiu bem pelo tom de voz melancólico ao telefone. — O que acontece na minha vida, já não te diz respeito, só me deixe em paz por favor — peço deixando claro á magoada que ainda sinto. — Sua vida ainda me diz respeito porque você é a mulher que eu amo, eu preciso que me perdoes, aquilo não significou nada foi um deslize depois da briga que tivemos eu fiquei mal bebi demais e...., — faz uma pausa. — Nos dê mais uma chance. Por um segundo deixo de ouvi-lo distraída olhando para um ponto vazio, volto a mim, olho para minha foto na parede, e novamente minha mente vagueia em pensamentos, porque ainda tenho o número de Bráulio gravado, porque ainda lhe dou tempo? — Meu bem, Niah está aí? — Escuta aqui, você fez a sua escolha — grito — você fodeu com outra enquanto estava comigo, e, como uma tola ainda fui até você para ouvir suas explicações — faço aspas no ar —, e te encontro transand
Estou agora organizando as últimas coisas e certificar-me de que não esqueço nada. Despeço-me do meu quarto amarelo e azul-escuro, que por anos foi meu refúgio, meu lugar preferido. Aqui passei muitos momentos bons, nos divertimos, choramos, fofocamos, traçamos os melhores planos de vida, uns deram certo, outros não, mas sempre soubemos o que queríamos e lutamos por isso.Depois que saímos da esquadra de polícia, onde fizemos uma denúncia por estupro contra Braúlio, contei a Nilza que está de viagem marcada para fora do País. Ela ficou muito triste, “justo agora que fizemos as pazes você vai se mudar para longe” ela reclamou quase chorando. Mas no fim ela entendeu que é necessário que eu faça isso.O meu relógio de pulso marca vinte horas, apresso-me para chegar ao aeroporto cedo, apesar da nossa casa ficar quarenta minutos de lá. Meu voou partirá as vinte e duas horas, e ainda tenho que fazer o ‘registo de embarque’, não consegui fazer ‘online’, a minha família também já está se apron
TOBIAS BERNSTORFF “Atenção senhores passageiros acabamos de pousar no aeroporto internacional de Berlim, sejam todos bem-vindos, de forma ordeira idosos e mulheres com crianças desembarcam primeiro, boa estadia” Assim que meus ouvidos alcançam a voz melodiosa do piloto, me espanto de rompante, bato os cílios com repetidas vezes tentando enxergar melhor. Olho para o lado e não a vejo, ao me levantar avisto um caderninho com a capa colorida e uma mariposa nela, penso ser um diário, me curvo de modo a tê-lo nas mãos e assim confirmo ser mesmo um diário. — Desculpe, senhorita — grito assim que meus olhos a enxergam próximo a saída do avião. — Senhor, por favor, entre para a fila — ordena uma das aeromoças que ajuda os passageiros a saírem ordenadamente. — Por favor eu preciso, falar com a senhorita que acabou de descer é urgente, eu... — interrompo minha fala assim que me dou conta de que não adianta pelo olhar que ela me lança. — Tudo bem, eu espero já falta pouco. Olho em volta do
Desvio destes pensamentos, quando meus ouvidos alcançam a voz aveludada do meu pai. — Meu filho você não é um impostor, não diga isso nunca mais, o que aconteceu não foi culpa sua e você está sendo ótimo no cumprimento da promessa feita a seu irmão, ele teria muito orgulho de você. — É maninho o pai tem razão, pare de pensar nisso — Herman se aproxima e logo a seguir Astrid quando damos por nós estamos todos entrelaçados num abraço caloroso e demorado. — Pronto, deixem o Tobias subir para o seu quarto e descansar, ele está cansado da viagem. Meu filho vai tomar um bom banho descansa, são agora treze horas durma um pouco, o evento começará apenas as dezoito horas. Mamãe recebi a Sophie que esperneia até aceitar ir para o seu colo, ou melhor foi obrigada, me senti mal por isso, mas estou realmente muito cansado e preciso de algumas horas de sono.Desperto duas horas antes do evento, espreito pela vidraça e noto um jardim reluzente com luzes indicando a direção até a entr