4. Papa

TOBIAS BERNSTORFF

“Atenção senhores passageiros acabamos de pousar no aeroporto internacional de Berlim, sejam todos bem-vindos, de forma ordeira idosos e mulheres com crianças desembarcam primeiro, boa estadia”

Assim que meus ouvidos alcançam a voz melodiosa do piloto, me espanto de rompante, bato os cílios com repetidas vezes tentando enxergar melhor. Olho para o lado e não a vejo, ao me levantar avisto um caderninho com a capa colorida e uma mariposa nela, penso ser um diário, me curvo de modo a tê-lo nas mãos e assim confirmo ser mesmo um diário.

— Desculpe, senhorita — grito assim que meus olhos a enxergam próximo a saída do avião.

— Senhor, por favor, entre para a fila — ordena uma das aeromoças que ajuda os passageiros a saírem ordenadamente.

— Por favor eu preciso, falar com a senhorita que acabou de descer é urgente, eu... — interrompo minha fala assim que me dou conta de que não adianta pelo olhar que ela me lança. — Tudo bem, eu espero já falta pouco.

Olho em volta do aeroporto, procurando-a em cada rosto, mas não a vejo.

"Maldição o que eu faço agora?"

— Tob o que foi, está tudo bem? O que está procurando? — pergunta Harry confuso, surgindo atrás de mim.

"Estou procurando pelo meu futuro amor"

— Ah sim claro, eu só... — faço uma pausa, pensando em algo melhor para dizer e fugir dos seus questionamentos. — Vem cá tive imensas saudades tuas, como estás? — Abraço-o forte e dou palmadinhas em suas costas antes de solta-lo.

— O que é isso? — me recebi o diário e observa-o curioso. — Tu sabes que a Astrid não é o tipo de adolescente que escreve diário!?

— Serio? — faço uma expressão confusão — convivo com ela a desaseis anos, como eu não sabia disso?! — Ironizo e Harry solta um riso sem graça.

— Engraçadinho, vamos logo que sua família está esperando ansiosa.

— Como está a minha menina? — pergunto evidenciando a angústia de ter ficado tanto tempo longe dela.

— Ela está ótima e morrendo de saudades. Ela não desgrudava de mim, o olhar dela parecia que sabia que eu vinha buscar-te e queria vir junto. Estava agitada quando a deixei — meu amigo dá um riso anasalado fazendo uma pausa, b**e os cílios com força, fazendo as lagrimas que se formavam em seus olhos azuis como o mar desaparecerem.

— Eu sinto como se tivesse ficado anos longe dela, essa foi a parte mais difícil dessa viagem não poder leva-la comigo — inspiro e expiro lentamente e acabo por me perder em pensamentos.

Ficamos em silencio por vários minutos, é uma cena que fazemos sempre, nós conversamos e nos entendemos até em silêncio. Sem dizer nada Harry aponta com a cabeça para o diário em minhas mãos, me fazendo quebrar o silêncio, mas antes que eu possa responder, somos interrompidos pelo toque do meu aparelho telefônico.

— Onde vocês estão? Porque demoram tanto? Aconteceu alguma coisa? A Sophie está sentada lá no alpendre e não aceita de jeito nenhum entrar em casa, está esperando por você — informa Herman aflito do outro lado da linha.

— Ei, maninho respira, está tudo bem. Já estamos chegando, e se me atrasei a culpa é do Harry — dou um sorriso traquino, e olho para o meu melhor amigo, que apenas faz uma careta. — Estaremos aí em vinte minutos.

Desligo o telefone e não consigo ser indiferente a expressão estranha que meu amigo tem agora, me pergunto se terá alguma coisa haver com a conversa de a pouco com a Herman o telefone estava na viva voz. Mas não, é algo mais grave que o preocupa.

— Então, quando pretendes me dizer o que se passa? — pergunto diretamente e ele me olha de soslaio. — Nem adianta negar que não se passa nada, porque comigo isso não resulta.

— Agora não por favor, não vamos estragar esse dia — olho-o por alguns segundos e acabo assentindo.

***

Bem-vindo a cidade de Prenzlauer, lê-se na placa à beira da estrada. A cidade está mais agitada e linda, aqui quase todos os moradores se conhecem e vejo rostos bem conhecidos entre a multidão, uns com cesta, outros com sacos de compra. Minha nana está do outro lado da rua abarrotada em compras sendo ajudada por Louis o comerciante e o nosso motorista Juan Carlos.

" Porque pararam o carro tão distante?"

— Harry o que se passa?

— Tobias eu disse que hoje não por favor não insista — retruca certo de que me referia ao assunto que o preocupa.

Não, eu pergunto porque a cidade está tão agitada — digo apontando para qualquer coisa na rua.

— Ah isso, você realmente esqueceu que dia é hoje? Não brinca — me olhar com dúvida e abana a cabeça em negativa. — Você nunca se esquece de nada importante e queres me convencer que esqueceste justo desse dia? Ah Tobias, voltaste mais engraçadinho ainda.

Harry é do tipo que te deixa chegar sozinho as resposta e conclusões sobre alguma coisa, esse é o seu jeito de ensino, como professor isso resulta com seus alunos, comigo só me deixa irritado e ele sabe disso.

Apoio o braço direito no abdômen e o cotovelo do outro sobre a mão e, dou pequenas batidinha com os dois dedos na lateral da testa. Franzo o cenho, tentando me lembrar da bendita data. Eu realmente nunca me esqueço de assuntos importantes, mas talvez o facto das responsabilidades terem aumentado da noite para o dia, ter me tornado pai de repente, justifiquem esses esquecimentos recorrentes.

Paramos o carro perto da Nana e de Louis, eles estão carregando as sacolas por isso não dão conta de nós. Desço do carro de supetão vou por trás dela e cubro os seus olhos com as duas mãos. Quando Louis dá conta de mim, o peço abanando a cabeça em negativa para que não diga nada.

— Quem é? Louis o que se passa? Onde estás? — percorre suas mãos sobre as minhas.

— Nancy, você precisa adivinha quem é — diz sorrindo.

— Nós já demoramos mais do que devíamos, a senhora Heidi vai ficar muito brava e eu vou dizer a ela que você nos fez atrasar — Louis se ri despreocupado.

— Então você precisa adivinha logo quem eu sou, Nana — digo por fim me dando conta depois que me denunciei.

— Tobias meu filho é você?! — Nana se vira e me puxa para um abraço forte. — Como você está meu menino? Olha só para você..., — me afasta um pouco e me olha de baixo para cima. — Está tão magro ­­— volta a me abraçar desta vez mais forte ainda.

— Nana, estás me sufocando — ela me solta assustada e eu finjo uma tosse.

— Oi senhor Tobias, — me cumprimenta o mais velho grisalho estendendo a mão.

— Louis que é isso?! Vem cá me dá um abraço.

***

Estamos entrando agora na imensa propriedade dos Muller Bernstorf uma aérea que concilia duas residências a mansão de três andares doze quartos e seis casas de banhos. E a casa de T4 onde reside os funcionários interno da propriedade.

Temos também uma grande fazenda de legumes e um pomar com variedades de frutos tudo foi projetada pelo meu avô a cem anos.

Nem dou conta quando Harry para o carro no meio caminho para que eu desça, o estacionamento fica no lado oposto da casa. Caminho a passos largos ao encontro da minha menina que ainda me espera no alpendre, ela não me vê e por incrível que pareça ninguém ainda deu pela minha presença, está tudo silencioso.

O que está família está aprontando.

— “PAPA” — grita Sophie com sua pequena voz quase inaudível, tentando ficar em pé.

— Meu Deus, você me chamou de papa.

Seguro-a ao colo surpreso e ao mesmo tempo feliz, lágrimas molhando meu largo sorriso, ela passa sua mãozinha em meu rosto, limpa-as e me abraça.

— Harry a Sophie me chamou de papa — informo assim que ele se aproxima de nós.

— Sim meu amigo, estou muito feliz por você, eu... — ele faz uma pausa e limpa com o dorso da mão as lágrimas que se forma em seu globo ocular. — Oi Sophie, você pode dizer Tio Harry?

— Vá lá meu amigo, agora está a pedir demais, vamos entrar. Porque ninguém veio ao meu encontro?! Minha filha o que seus avos e seus tios estão aprontando? Diz para o papai — olho para o meu amigo aguardando uma resposta, Sophie sorri e b**e palminhas, e diz “papa” repetidas vezes.

— Surpresaaaaaaa — todos gritam em uníssono assim que entramos.

— Maninho você pode fingir que está surpreso?! — Astrid se pronuncia ao se aproximar e me envolve em um abraço.

Não é fácil me pegar de surpresa, sou bem observador e isso, é um obstáculo para esse tipo de coisa, ninguém consegue me surpreender. Entendo a desilusão da minha irmã

— Minha irmãzinha preferida, como você está? Eu tive imersas saudades tuas, minha filha vai para o colo da sua tia — peço, entregando-a a ela, mas ela se recursa.

— Papa ­— diz ao me abraçar com seus braços curtinho e pousa a cabeça loira em meu peito.

— Tudo bem minha menina, mãe, pai vocês ouviram a Sophie me chamou papa — digo me aproximando deles, e abraçou-os com o ela ao colo.

— Meu filho — mamãe acaricia meu rosto e papai apenas nos observa chorando aguardando sua vez. — Parece que ela aguardou você chegar para que não perdesses esse momento único, o dia que o filho nos chama de pai ou mamãe é o dia em que nos tornamos oficialmente pais, eu... — faz uma pausa ponderando no que vai dizer a seguir. — Eu daria tudo para que este momento fosse vivido por seu irmão.

— Eu também, mãe, essa é parte difícil de ser chamado de papa pela filha do meu irmão. Me sinto um impostor, me lembro claramente quando o patinho feio deu a notícia da gravidez da Christie.

"— Simon entra no meu escritório num flash como se estivesse sendo perseguido, para perto a minha secretária em silêncio com a mão no peito tentando regular a respiração.

— Ei Toto, sabe quem vai ser Tio? — indaga retoricamente segundos depois.

— Simon não entra assim de novo na minha sala está bem? E não me chames de toto — repreendo-o. — diz logo, quem será tio?

— Christie acaba de me ligar, ela disse que teve um mal-estar e...

— E eu serei o mais jovem e belo tio da cidade — intercepto sua palavra.

— Porque você faz sempre isso? — arrufa.

— Vem cá me dá um abraço, você será um ótimo pai, parabéns, estou muito exultante que noticia ímpar.

Já estamos no hospital, aguardando outras informações, tudo que sabemos é que ela e o bebé estão bem, mas tem alguma coisa que o médico não contam. Pediram uma variedade de exames e evitam falar antes dos resultados. Meu irmão não para quieto, o médico como é amigo da família minha mãe tenta saber com ele mais informações e meu pai manter a postura firme inabalável, olhando para um ponto absorto.

— Pai, — abraço-o sem dizer nada.

— Eu sinto que tem alguma coisa errada meu filho, foi o mesmo com sua mãe quando esteve gravida dos dois... eu não posso ver meu filho passar pelo mesmo sofrimento — senta-se e apoia a cabeça nas mãos, enquanto isso Siena acalma o meu irmão.

— Não é o senhor que diz, nada está dito até que se diga e nada está feito até que se faça? Então vamos esperar que os médicos digam alguma coisa, e o Heinrich com certeza está fazendo tudo que pode para que tenhamos boas notícias..."

Deolie_m

Oi, obrigada por ler essa obra que tanto amo. Não se esqueça de seguir para não perder as próxima.

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