(Ella)No dia seguinte, acordei mais tranquila. Algo dentro de mim dizia que as coisas iam se ajeitar, que estávamos no caminho certo. Ethan conversou muito comigo e abriu seu coração de um jeito que me desmontou por dentro. Ele também estava lidando com tudo isso, tentando ser forte por mim, por nós… e por nosso filho.Os olhos dele sobre mim… meu Deus. Era como se ele me enxergasse de verdade. Sem filtros, sem medo. Era amor puro, cru. Real. Nada no mundo poderia tirar aquilo de nós. Eu estava tão feliz. Feliz de saber que ele cuidou de tudo, inclusive da ida do meu pai. Papai estava ótimo, disse que o lugar era tranquilo, perto da praia, e que seria bom pra ele recomeçar. Ele me ligava quase todo dia, preocupado e ao mesmo tempo animado. E eu… eu me sentia mais leve.As coisas iam melhorar. Eu queria acreditar nisso. Queria que papai voltasse antes do nosso filho nascer. Queria que ele estivesse aqui nesse momento, pra ver o quanto as coisas estavam mudando. E além de tudo aquilo,
(Ethan)Os dias passaram como um borrão. E quando percebi, Bryce já estava aqui para buscar Ella.Eu colocava as últimas coisas dela no carro, enquanto ele me ajudava em silêncio. A cada bolsa guardada, parecia que eu empacotava um pedaço do meu coração.— O lugar pra onde vamos não tem sinal de celular — ele comentou, sem rodeios.Minha testa franziu na hora. Aquilo me incomodou. Um mundo sem notícias dela?— Mas tenho certeza que Dominique vai arrumar um jeito pra vocês se falarem — ele completou, percebendo minha expressão. — Ela é muito boa nisso.Assenti, tentando parecer mais calmo do que realmente estava. Meus olhos, no entanto, estavam nela.Ella se despedia das pessoas próximas. Recebia abraços, sorrisos, conselhos. Dália também se preparava para partir. Ela ficaria com um grupo de ômegas exilados de confiança, fora de comunidades organizadas, mas vivendo com conforto e segurança. Lá, poderia ter seu parto longe dos riscos e das sombras que ainda pairavam sobre nós.Ella fina
(Ella)A pele dele estava sobre meu colo. Eu a levei escondida, sem saber se Ethan tinha notado. Mas, sinceramente, não me importava. Eu precisava dela… do cheiro dele… de qualquer coisa que me fizesse sentir um pouco menos longe. Segurava com uma das mãos o colar que ele me deu, os dedos apertando com força como se isso me fizesse sentir mais firme.A aflição não era sobre para onde estávamos indo. Era por ele. Por Ethan. Pelos olhos que deixei pra trás. Pela forma como ele me olhou pela última vez. Como ele segurou minha cintura e encostou a testa na minha. Ele estava quebrado. E eu também.— Está com frio, minha Luna? — Liora perguntou, com cuidado.— Não. Só… estou meio enjoada de novo. — murmurei. — Não estamos chegando ainda?— Bryce disse que estamos quase lá. — ela respondeu com a voz baixa. — Mas o engraçado é que estamos aqui muitas horas e está me batendo um sono. — digo já sonolenta.E então, antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, vi o nevoeiro. Espesso e silenc
A noite estava pesada, carregada de um silêncio incomum para a floresta. Ethan sentia o ar denso ao seu redor, o cheiro de folhas úmidas e terra misturando-se com algo que ele não identificava, mas que lhe causava um incômodo profundo. Ele avançava devagar, seus sentidos alertas, cada passo ressoando no vazio do bosque como uma ameaça latente.Por mais que tivesse tentado se afastar dos corredores e rituais do conselho, a convocação daquela noite foi estranha e urgente. E Lucian, seu irmão, nunca se mostrou tão interessado nos costumes da alcatéia antes... Até agora. Mesmo assim, Ethan não poderia ignorar o chamado. Ele era o filho do alfa, o próximo líder, e sua ausência seria notada.Ao atravessar a clareira, ele encontrou o círculo reunido em silêncio absoluto. Lucian estava à frente, a expressão sombria e os olhos fixos em algo que os demais tentavam evitar olhar diretamente: o corpo de um dos anciões, caído e imóvel no centro do círculo, como uma sentença pronunciada antes mesmo
(Ethan)Aquelas palavras ressoavam em minha cabeça mais do que poderia imaginar. Eu me sentia tão confuso com tudo a minha volta, sentindo-me tão vulnerável, é como se meu animal interior tivesse medo, algo no qual jamais idealizei imaginar. Papai morreu a tanto pouco tempo, o ritual era na próxima lua vermelha. Como primogénito eu andei ao seu lado, preparando-me para me transformar no próximo alfa.Alcancei uma bagagem de mão e soquei violentamente um montante de dólares dentro dela. Eu não tinha muito tempo, o conselho já havia se decidido sobre meu exílio e até aquele momento eu não entendia como tudo aconteceu tão rápido.Passos se faziam presentes junto há um aroma inconfundível de frescor. Eu já sabia que se tratava de Dália. Ela entrou rapidamente e fechou a porta atrás de si. O olhar dela é de espanto e eu pude ouvir seus batimentos acelerados.— Amor eu não consegui chegar na reunião a tempo. O que seu irmão disse é verdade? — Ela choramingou e abraçou-me apertado.— Sim, Dá
(Ella)Eu sentia um frio horrendo e acordo assustada. Ainda está escuro lá fora e me lembrei que ainda estava no trailer do Jared. Ele tinha puxado a coberta toda para ele e estava deitado de costas para mim e o seu ronco não me deixava nem ao menos pensar direito.Rolei na cama e tentei puxar um pedaço da coberta para me aquecer, mas foi em vão, ele puxa novamente para si e resmunga algo aleatório. Me levanto e apanho uma blusa de frio, visto-a e me deito para tentar descansar um pouco.Não são nem seis horas e meu alarme desperta me fazendo dar um sobressalto da cama. Jared se levanta enraivecido e me fuzila com olhos ameaçadores.— Desliga essa merda, Ella. Toda vez que vem pra cá, essa porra me acorda antes da hora. — Ele se deita novamente e me encara.— Se quiser eu não venho mais. Foi você que me pediu para passar a noite com você. — Tiro a sua blusa de frio e começo a trocar minhas roupas.— Não foi isso que eu quis dizer. — Ele se aproxima e olha fixamente para meu corpo some
(Ella)Ao entrar para o hospital, o médico que está cuidado do quadro do meu pai, já está a minha espera no consultório. O Dr. Carter é um ótimo médico, mesmo eu atrasando alguns pagamentos, ele sempre soube compreender a minha situação.Entro no consultório, com o peso da ansiedade em cada passo. O cheiro de desinfetante me deixa levemente tonta e mesmo com a blusa de frio de Jared, ainda sinto o ar gelado do ar condicionado. A frieza do ambiente só aumenta a sensação de desesperança. O Dr. me recebe com um olhar grave e gesticula para eu me sentar. O que virá com certeza não será nada bom.— Então, Ella, fizemos os todos os exames necessários. O diagnóstico não é bom... — O doutor começa, tirando os óculos e olhando para mim olhar sério. Ele não precisa falar muito, eu já sei que são péssimas notícias.— O que ele tem doutor? — A ansiedade da minha voz é evidente. O médico hesita por um momento, antes de soltar as palavras que eu tanto temia.— Ele tem câncer nos pâncreas, Ella. Est
(Ethan)A noite estava fria, mas o ar estava limpo. Eu não costumava andar por aquele lado da cidade. Sempre havia evitado os bares do centro, o cheiro de álcool misturado ao perfume barato das mulheres e à fumaça de cigarro. Mas algo me fez parar naquela noite. O instinto, talvez. Ou a sensação de que algo estava prestes a acontecer, como se o universo estivesse preparando uma tempestade.Eu estava caminhando por uma rua vazia, os passos pesados, quando passei em frente ao bar. A porta estava entreaberta, e o som abafado de conversas e risadas escapava de dentro. Algo me puxou para lá. Não sabia o que exatamente, mas parecia certo, como se estivesse sendo guiado por algo além de mim mesmo.Eu posso ouvir tudo — até os passos ecoando contra o chão de madeira do bar, sua respiração irregular, o som suave da sua pulseira batendo contra o braço. Cada detalhe parece mais nítido, mais real. Sua voz, a maneira como ela responde ao patrão… é como se eu estivesse no centro de seu mundo, ouvind