Parte 4...
Ele puxou o ar fundo fazendo uma careta e se afastou.
— Onde vai?— Para a cozinha - disse alto — Vou pegar algo para beber e lhe preparar um também. Você está pálida.Ele entrou na cozinha se sentindo pressionado. Que conversa esquisita era essa agora? Logo ela, sempre tão divertida, animada, solta. Ainda estavam juntos por causa disso.Cora não lhe cobrava nada como as anteriores, nem lhe pedia. Por isso mesmo ele gostava de mimá-la de vez em quando, lhe fazia surpresas, lhe dava presentes.Adorava ver como ela ficava feliz com pouca coisa, com gestos simples, mas que para ela representavam muito. Cora era diferente, tanto que ainda era virgem quando a conheceu e seu lado macho se fez presente no momento em que descobriu isso.Seu ego ficou maior quando descobriu que era seu primeiro amante. Não ligava para esse tipo de coisa, mas era bom uma vez na vida poder ensinar as delícias do sexo para alguém inexperiente como ela. E Cora é uma excelente aluna. Aprendeu e muito, nunca o recusa e o segue sem seu desejo de igual para igual.Por isso mesmo havia voltado mais cedo de sua última reunião, para vê-la e matar a saudade.Estava bem estressado nos últimos meses, ao descobrir que uma de suas empresas estava passando por uma situação adversa. Tinha passado as duas últimas semanas preparando um modo de pegar a pessoa que estava entregando os segredos de sua empresa para o concorrente.A pegaria, com certeza, uma hora ou outra e não teria pena. A pessoa vendia segredos que eram importantes e tinha percebido como isso era recorrente. Ou seja, era alguém de dentro. O que era ainda pior.Cora ter vindo com essa conversa o incomodou muito. Ela não era apegada como as outras, que queriam sempre falar em casamento. Não estava entendendo essa conversa esquisita agora, saída do nada. Falar em relacionamento? E o que eles tinham podia ser visto dessa forma? Talvez, dentro dos termos normais, porém ele não via dessa forma.Como disse a ela, foi apenas um encontro onde duas pessoas se deram bem. Está sendo muito bom. Os últimos meses ao seu lado eram ótimos, leves, divertidos, mas isso não era mesmo uma relação.De repente ela estava se sentindo sozinha. Ele vinha trabalhando muito e sempre que estavam juntos era focado apenas no sexo.Até conversavam, mas não estavam saindo tanto como no começo e talvez estivesse sendo errado em lhe dar pouca atenção fora da cama. Ela era uma garota carinhosa, amável e sempre estava pronta a lhe dar atenção quando queria.Talvez sua resposta tenha sido um tanto quanto rude. Poderia ter prestado atenção em seu desejo e não só no sexo.Quem sabe se fizessem uma viagem juntos, poderiam esquecer esse momento estranho e ela voltaria a ficar bem. Era isso. Ele tinha que ser mais carinhoso com ela, lhe dar mais atenção.Das últimas vezes em que viajaram, foi apenas para que participasse das reuniões e ela até mesmo lhe fez companhia, ficando na sala esperando enquanto resolvia tudo. Isso com certeza era algo chato, mas ela não reclamava e ficava ao seu lado.Abriu a geladeira e pegou a caixa de suco de laranja. Serviu um copo para ela e depois preparou um drinque mais forte para ele.Era engraçado pensar isso. Agora prestando atenção, ela foi a única amante que teve que chegou tão perto assim de seus negócios. Com certeza até mesmo algum dos acionistas deve ter percebido.Pegou os copos e foi para a sala. A chamou e esperou.Ia sentar no sofá. Queria lhe dar outra chance de conversar e explicar que eles estavam bem agora, não era preciso colocar pressão em cima sobre esse assunto de futuro. Era só deixar tudo correr e pronto.Algo lhe chamou a atenção. Deixou os copos em cima da mesa e se dirigiu até o pequeno sofá no hall de entrada do apartamento. Ao lado no tapete felpudo estavam os sapatos dela e sua bolsa estava pendurada no cabide de madeira, onde ele também deixava seu sobretudo.Franziu a testa e esticou a mão. A pequena bolsa creme estava aberta. Ele não tinha o costume de mexer nas coisas dela, mas sua curiosidade se atiçou agora, ao ver um papel para fora da bolsa.Pegou-a e abriu depressa. Até se surpreendeu.Dentro havia um pequeno celular, um modelo antigo que não era o que ele havia lhe dado de presente. Várias páginas com o logotipo de sua empresa. Foi tirando tudo de dentro.Um envelope pequeno. Abriu. Várias notas de dinheiro, em dólar, presos por um elástico. Uma quantia muito boa, por sinal.Seu coração disparou. Suas narinas se acenderam e seu senso de segurança se ativou.Estava atônito. Não podia ser o que seus olhos viam. Cora era a traidora? Ela tinha entregado os dados e dicas sobre suas reuniões? Era o mostrava ali. Todo aquele dinheiro e os papéis de sua empresa com anotações. Um deles inclusive tinha datas de lançamentos de projetos que ele havia criado durante uma reunião. Ergueu a cabeça ficando ereto. E ela estava presente nesse dia, em um canto da sala.Sua garganta chegou a doer quando engoliu pesado a descoberta. Ele mesmo tinha trazido para sua casa a traidora.O velho golpe da distração por sexo. Se sentiu um idiota, cair nesse velho truque.E até mesmo a informação falsa que ele havia plantado na última reunião, cinco dias antes, estava ali. Escrito à mão, definindo os planos que ele tinha dado apenas para pegar o espião, que ele achava ser alguém da diretoria. Agora sabia que não.Ela, com seu jeitinho lindo, com seu rosto de menina e seu talento na cama, o fez ficar cego. Caiu como um patinho.Parte 5...Sentiu um gosto amargo na boca.E o pior disso foi que ele mesmo fez questão de que ela o acompanhasse. Cora estava trabalhando como assistente dele em sua empresa quando a conheceu.Logo de cara ficou encantado com ela e até estarem na cama não demorou muito. Ele ficou tão obcecado por ela que até lhe disse que parasse de trabalhar e se mudasse para seu apartamento, assim estariam sempre juntos. Claro que ela aceitou sem pensar e ainda ficou feliz.Burro. Ele a havia levado para onde queria.Recebeu a ligação de Taurus mais cedo, relatando que ela tinha sumido do centro médico e que ele a procurara por quase uma hora sem encontrá-la. Ela tinha desaparecido do local.Óbvio. Ela tinha usado essa desculpa para se encontrar com outra pessoa e lhe passar os planos, mas não deve ter tido tempo ou algo a atrapalhou. Os papéis ainda estavam ali.Ele tinha ficado aborrecido com Taurus por ter sido relapso e preocupado com ela por andar por aí sozinha. Sendo conhecida como sua amant
Parte 1...Quatro meses depois do ocorrido...— Deseja algo mais, senhor Kriotos?— Não, pode ir - respondeu seco.Ele não deveria, mas não tinha muita paciência mais para tratar com as pessoas. Andava rabugento, impaciente e até grosseiro às vezes. E a culpa era dele mesmo, ninguém tinha nada a ver com isso.Era até engraçado que estivesse assim, justo agora que teria uma reunião para decidir onde seria construída a nova filial da empresa para a criação de embarcações de alto luxo.Os negócios estavam indo muito melhor, depois que ele conseguiu descobrir quem era o espião que estava repassando seus projetos para a concorrente. Na verdade, uma espiã e que dormia ao seu lado na cama.Cora Borges.A garota de cabelo castanho, olhos castanhos claros que brilhavam quando olhavam para ele.Bateu a mão com força na mesa. Estava se desviando.Não tinha confessado aos irmãos porque não tinha mandado prender o tal espião. Eles não sabiam que era ela e nem que tinha fugido como uma covarde quan
Parte 2...Quando chegou ao hospital ele teve que provar que realmente era um conhecido dela e só poderia visitá-la se fossem parentes. A polícia ainda estava investigando o caso muito recente e o hospital seria o responsável por sua segurança física. Ele acabou mentindo e dizendo que era seu noivo e que eles haviam brigado, por isso ela tinha saído de casa, mas que ele nunca imaginou que algo assim teria lhe acontecido.O médico não lhe fez muitas perguntas pessoais, apenas o informou que seria enviado à polícia um aviso sobre sua visita e as condições em que se encontrava a paciente no momento de sua visita. O que ele concordou.Aproveitou e questionou o médico sobre sua saúde.— Fisicamente ela tem pequenos problemas que serão resolvidos facilmente. Está um pouco debilitada devido sua condição, sua gestação adiantada, mas já estamos administrando as vitaminas necessárias para sua reabilitação - explicou — Porém, a parte psicológica dela nos preocupa um pouco.— E por que? - franz
Parte 3...Ele entrou e a viu deitada. Seu coração pulou uma batida. Nunca imaginou que a veria dessa forma. Alguns aparelhos estavam ligados a ela, que dormia, o rosto virado de lado, a mão sobre a barriga.Ele nem conseguia acreditar no que estava à sua frente.Fechou a porta e ficou um instante parado, observando-a dormir. Seu rosto tinha marcas de arranhão e também em seus braços. Respirou fundo, se segurando para não tocá-la. Andou pelo quarto pensativo, sentindo uma coisa estranha no peito, uma sensação ruim, não sabia bem o que. Ela se mexeu devagar e ele foi para o lado dela.Colocou a mão sobre sua barriga alta. Era difícil de acreditar que ali dentro tinha uma criança. Um filho seu.Seria seu mesmo? Eram muitas dúvidas.Cora sentia algo quente em seu sonho, perdida na nuvem que escondia seus traumas. Mexeu a cabeça piscando os olhos, sem querer acordar realmente. Estava segura em seu sonho.Sentiu algo tocando sua mão, sua barriga. Se forçou a abrir os olhos, ainda um pouc
Parte 4...Se eram noivos, porque não havia mais alegria, mais emoção em sua voz? Ou ele seria assim realmente e apenas ela que não recordava? Se fosse o contrário ela estaria muito aliviada e feliz de vê-lo.Ela coçou a cabeça, intrigada, mas agora não tinha nada que a fizesse se recordar de como ele era, de como eles eram juntos. Ia fazer mais perguntas para tirar a dúvida, quando ele se inclinou e depositou um beijo de leve em sua boca.Foi bom, se sentiu aquecer. Ele ajeitou seu cabelo atrás da orelha e desceu a mão por seu pescoço. Seus rostos estavam bem próximos. Cora ficou mirando a boca dele.— Você vai poder fazer todas as perguntas que quiser depois - lhe deu um beijo na testa — Agora tem que descansar, o corpo e a mente. Eu vou falar com o médico e acertar tudo. Em pouco tempo já poderei te levar para casa, está bem? - ela concordou com a cabeça.A enfermeira bateu na porta e entrou, trazendo uma bandeja com um copinho com comprimidos coloridos e um copo maior com água. So
Parte 5...— Fillipe...Ele se inclinou e beijou sua mão de modo suave.— O que é, agápi mou.— Está vendo? Eu nem sei o que é isso o que você disse. — Não se preocupe - deu uma risadinha — É grego e nem todos conseguem entender.— Você é grego? - se admirou.— Sim. Nasci em Fira, capital de Santorini. Um ligar maravilhoso.— E eu, de onde sou?— Você é do Brasil - brincou com seus dedos — De uma cidade chamada Natal. E pelo pouco que vi, também é muito bonita.Ela franziu a testa. Eles eram estrangeiros então, de locais diferentes, mas estavam juntos. Como isso tinha acontecido.— Está pensando muito de novo, querida.Ela suspirou, inconformada.— Eu quero me lembrar - disse meio angustiada.— E vai lembrar. Só tem que dar tempo ao tempo e ter calma - ela o olhou séria — Eu sei, isso é muito difícil, mas pode fazer isso.— Tem muita coisa que eu quero saber... Preciso saber...— O médico já disse que você tem que relaxar para se cuidar e também pelo bebê - levantou —Não seja teimosa
Parte 1...Mais tarde Fellipe retornou ao quarto do hospital.Sentou na poltrona perto da janela e ficou observando enquanto ela dormia. Pensando em muitas coisas.Recordou da última noite em que a viu quando saiu fugida de seu apartamento e da descoberta dela ter sido uma vadia mentirosa que apenas usou seu interesse para roubar sua empresa, enganar a ele e a todos que faziam parte da empresa, que acabou tendo um prejuízo muito alto.Deu trabalho, mas ele resolveu tudo. Assim como resolveria com ela também. Dessa vez não a deixaria escapar. Não antes de conseguir o que ele queria.Seu filho.Ficou olhando enquanto ela dormia, tranquila. Sua respiração calma e leve. A barriga alta apoiada de lado em uma grande travesseiro, a perna dobrada. Estava em uma típica posição de grávida.E como ela tinha ficado grávida se tomavam as devidas precauções? Seria isso outra parte do plano dela de se aproveitar de sua posição de amante? Iria lhe cobrar depois que pagasse para ver o filho?Ele senti
Parte 2...Fellipe disse que eles moravam ali, em uma cobertura grande, mas até o momento ela não estava reconhecendo as lojas, as ruas, as praças. Era como se ela estivesse chegando na cidade agora.Estava achando tudo muito bonito organizado, mas não tinha a sensação de que ali era sua casa, seu lugar de moradia. Isso a deixou inquieta.Ele entrou em uma garagem grande, embaixo de um prédio muito bonito e moderno. A fachada era de concreto e vidro. Olhou para cima por um momento, esperando ter um sinal e nada. Continuava sem lembrar.Mordeu o lábio. Ele abriu a porta para que saísse e segurou sua mão. Entraram no saguão do prédio e passaram pela portaria. O homem que estava lá falou com ela, um tanto espantado. Isso a deixou curiosa.Por que ele se espantou ao vê-la?Fellipe a levou até o elevador. Se sentia um pouco tímida de estar ali com ele. Estava com uma barriga enorme e isso era estranho. A última vez que recordava de si mesma ela não tinha todo esse volume na frente e nem es