Capítulo Um - 4

Parte 4...

Se eram noivos, porque não havia mais alegria, mais emoção em sua voz? Ou ele seria assim realmente e apenas ela que não recordava? Se fosse o contrário ela estaria muito aliviada e feliz de vê-lo.

Ela coçou a cabeça, intrigada, mas agora não tinha nada que a fizesse se recordar de como ele era, de como eles eram juntos. Ia fazer mais perguntas para tirar a dúvida, quando ele se inclinou e depositou um beijo de leve em sua boca.

Foi bom, se sentiu aquecer. Ele ajeitou seu cabelo atrás da orelha e desceu a mão por seu pescoço. Seus rostos estavam bem próximos. Cora ficou mirando a boca dele.

— Você vai poder fazer todas as perguntas que quiser depois - lhe deu um beijo na testa — Agora tem que descansar, o corpo e a mente. Eu vou falar com o médico e acertar tudo. Em pouco tempo já poderei te levar para casa, está bem? - ela concordou com a cabeça.

A enfermeira bateu na porta e entrou, trazendo uma bandeja com um copinho com comprimidos coloridos e um copo maior com água. Sorriu ao ver que estava sentada.

— Ah, que bom. Eu trouxe algumas vitaminas que precisa tomar - colocou a bandeja ao lado — Está bem agora que seu noivo está aqui?

Ela deu um sorriso pequeno, olhando para Fillipe.

— Eu vou adiantar o que posso para nossa viagem, está bem? 

Ela fez que sim e ele saiu, fechando a porta.

Apesar da presença da enfermeira, ela deixou que as lágrimas corressem livres. Precisava desse alívio.

— Ei, não chore - a mulher tocou sua mão — Tudo já começa a se resolver. Logo vai estar em casa com seu noivo, seu bebê está bem.

— Mas eu me sinto mal... - disse chorosa — Quase não tenho lembranças, não sabia nem o meu nome... - secou o rosto — Não sei o que vai me acontecer amanhã...

— Ah, meu bem... Não fique assim - a confortou — A vida tem muita coisa para se viver. Você é jovem, é bonita e logo será mãe. O que aconteceu ficará esquecido.

— Você não sabe o que houve comigo? - fungou.

— Não, querida, eu não sei. Eu apenas fui indicada como sua enfermeira e pretendo que você fique bem até sair daqui e se recupere.

Cora estava insegura sobre o futuro. Não sabia de nada até abrir os olhos e agora havia um homem que se dizia ser o pai de seu filho, do qual ela nada sabia. Teria que deixar o hospital com ele.

— Sua condição pode lhe causar medo, eu sei, mas pense no lado positivo. Você irá para a segurança de sua casa, ao lado do homem que a ama. Isso é muito bom.

É, poderia ser, ela pensou. Se pelo menos ela recordasse de algo sobre ele e se sentisse que havia uma emoção forte por trás dele, mas parecia apenas estar cumprindo um protocolo.

***************

Depois que a enfermeira saiu, ela voltou a dormir. Teve sonhos agitados, mas depois foi relaxando. Quando acordou foi com a mão da enfermeira em seu ombro, a despertando para que comesse algo.

— Não quero comer - respondeu baixo.

— Não quer, mas vai - ela sorriu apontando o dedo — Me dê aqui esse braço. Vou medir sua pressão. Depois, vai comer.

Ela fez que não com a cabeça e sentou devagar. A enfermeira colocou o aparelho em seu braço e fez as medidas. Puxou o carrinho com a comida e colocou a lado da cama, mas ela fez uma cara de cansaço.

— Não estou com fome - insistiu.

— Pode deixar a bandeja aí que ela vai comer.

Ela se assustou ao ouvir a voz dele. Não tinha reparado que ele estava do outro lado, encostado à parede, a observando.

— Olha que bom - a enfermeira sorriu — Seu noivo vai lhe dar o jantar. Agora pode comer tudinho - piscou o olho e saiu.

Fellipe pegou a cadeira e colocou ao lado dela na cama. Segurou sua mão em cima da grade de proteção.

— Pode comer sozinha ou eu posso te dar na boca - ele fez uma brincadeira de leve.

— Eu não quero comer - ela suspirou e puxou a mão.

— Minha presença incomoda você, é isso?

Ela voltou a olhá-lo. E como poderia não incomodar?

Sua vida estava uma bagunça e uma muito confusa, às escuras. Não sabia de nada, nem sobre ele. E se eram noivos, isso indicava que estavam apaixonados. 

Tanto que fizeram até um filho. Ficou corada ao pensar. Como ele seria na cama? Tinha um jeito altivo. Talvez ele fosse o dominante na hora de fazerem amor. Ficou mais vermelha.

— Eu não sei o que pensar - mordeu o lábio preocupada — Não entenda mal... Só que eu não sei quem você é de verdade.

— É compreensível nas atuais circunstâncias - deu de ombro — E eu assusto você, se sente pressionada?

Ela queria dizer que sentia medo de tudo agora. Sua vida estava um livro aberto, porém as palavras estavam perdidas. Não sabia qual a sua história, nem qual seria o final.

— Não é só você - mexeu o ombro olhando para as mãos — É tudo. Como eu vim parar aqui? - gesticulou — E como fiquei grávida?

Ele ergueu uma sobrancelha de modo irônico.

— Acho que isso é fácil de saber.

— Estou falando sério - enrolou a ponta do lençol — Eu estou com medo de verdade e nem sei o motivo - se recostou na cama.

Ele sabia que não seria fácil.

— Entendo o que sente, querida - pegou sua mão e trançou os dedos — No momento eu sou apenas um estranho para você, não sabe nada de mim e isso quer dizer que terei que conquistar você de novo - sorriu — De leve, como fiz antes.

Ela suspirou. Seria mesmo isso?

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