Parte 1...De manhã quando acordou, Cora se sentia mais descansada. A cama era muito confortável e os lençóis cheirosos e macios.Dormiu tão bem que chegou a sonhar que Fellipe estava dormindo ao lado dela com a mão em sua barriga, a protegendo. Mas não deve ter sido isso. Ele ainda parecia um pouco distante dela.Não sabia se isso era por causa de seu problema, que ele não queria forçar sua mente ou se eles eram assim mesmo antes.Se fossem assim antes não seria nada bom. Como ela poderia ter aceitado seu pedido de casamento se eles tinham um relacionamento frio e até polido demais.Ele seria assim mesmo? Ficou pensando.— Venha comer um bom café da manhã - ele entrou no quarto e ela sentou na cama — Como se sente hoje?— Bem - disse baixinho.— Então vamos comer - alisou seu joelho — Está tudo pronto na cozinha. Guine deixou tudo como sempre.Ela franziu a testa.— Guine... Nossa empregada? Ela vem quatro vezes na semana para deixar tudo em ordem, faz compras, cozinha... Essas coisa
Parte 2...— Você sofreu um acidente, querida.— Foi um acidente de carro? - aumentou os olhos — É por isso que tenho essa cicatriz atrás, na cabeça? - tocou o local sentindo.— O médico disse que você não deve se forçar a recordar. As imagens e tudo mais irão voltar aos poucos, de acordo com sua recuperação. Se ficar forçando, vai acabar angustiada e vai sofrer mais.— Mas eu quero saber, Felipe - disse com voz chorosa.— Eu sei disso - ele levantou e foi até ela, segurando seus braços — Só que você vai ter que aprender a esperar.— Foi muito sério? Eu atropelei alguém?Ela cobriu a boca com a mão, ficando nervosa. Se ela tivesse matado alguém iria se sentir culpada para o resto da vida.— Não, você não atingiu ninguém.— Então, eu estava sozinha no carro? - sua voz se elevou — Eu saí sem você? Onde você estava?Ele percebeu que ela começava a perder o controle. Estava respirando rápido e segurando seus braços com força.— Calma, querida, calma - a abraçou.Fellipe sentiu um remorso
Parte 3...Ela ficou pensando que agora tinha que se cuidar para seu casamento com Fellipe e também para cuidar de seu filho que em breve estaria em seus braços. Faltava pouco tempo.Acabou pegando no sono, era o que precisava.Quando despertou não sabia que horas eram e foi até a sala. Encontrou Guine no corredor e lhe perguntou sobre Robin.— Ela está lá na cozinha. Estávamos conversando um pouco.Ela foi até lá. Robin bebia um suco de abacaxi que Guine havia feito, mas ela não quis. Não era muito de frutas cítrica. Parou e sorriu. Outra recordação. Isso era bom.Garantiu a Robin que não precisava de nada e que daria uma caminhada pelo apartamento para se mexer um pouco. Como era grande, poderia ir de um lado a outro devagar e mexer as pernas.Foi passando pelos cômodos. Depois de um tempo se sentiu estranha em estar ali. Era tudo muito bonito, mas era como se ela nunca tivesse morado ali mesmo. Era uma decoração muito masculina. Tudo caro, bonito, de bom gosto, mas não sentia um t
Parte 4...Suas mãos tremeram ao imaginar isso acontecendo com Cora, enquanto ele ficava aqui, continuando a vida como se ela não tivesse passado por ele e deixado um pouco de si.Meses o homem disse. Há quanto tempo ela teria sido levada e por quem? E para que sequestrar uma pessoa que não tinha nada?Quando ela saiu do apartamento após ele ter mandado, saiu sem levar nada, nem mesmo uma bolsa. Por isso esperou que voltasse depois de um tempo, ao menos para pegar o que deixou, mas isso nunca aconteceu.O investigador do caso disse que ela estava em choque. Arrombaram a porta do quarto e ela estava deitada em uma cama estreita, com o pulso amarrado em uma corrente, ligada a uma argola de ferro na parede.Fechou os olhos. O ódio que sentiu ao ouvir isso foi grande. Ficou tão transtornado que até perdeu a educação e xingou os homens, como se eles tivessem culpa, mas era apenas frustração.Não tinham prendido ninguém ainda. Os homens que estavam dentro da casa fugiram quando foi invadida
Parte 5...Ele sentiu que estava magoada. Era de se esperar.— Não é desse jeito, Cora.Ela o olhou e deu uma risadinha.— Nossa, imagine se fosse - riu de novo — Este quarto não é o seu, o que é esquisito já que somos noivos... Não tem nenhuma foto de nós dois pela casa toda... Você é frio e distante o tempo todo... - inclinou a cabeça erguendo a sobrancelha de novo — Bem estranho... Me deu o maior susto quando me viu mexendo no computador - abriu as mãos — Por acaso eu fiquei grávida como? Fazendo um procedimento médico?— Cora...— Só pode ser - deu de ombros — Porque você e eu temos vidas separadas, disso eu sei - ergueu a mão — Tem algo bem esquisito e você não quer me falar.Ela estava se exasperando e ele não queria isso. Pegou sua mão.— Não tem outro jeito, Fellipe. Eu posso até estar estragada na mente - gesticulou cutucando a testa — Mas eu me lembro que precisa ter contato entre homem e mulher para ficar grávida, só que comigo parece que foi diferente - puxou a mão com for
Parte 6...E havia uma briga interna entre sua mente e seu corpo. Quando ela gemeu baixinho contra sua boca, ele sentiu algo bom que aqueceu seu coração. Suas mãos em seu cabelo lhe davam um prazer suave, carinhoso. Cora conseguia chegar a ele muito rápido.— Está vendo? - disse meio arrogante — Seu corpo recorda do meu, agápi mou.Ela abriu os olhos. O rosto dele estava diferente, parecia contente. Ficou sem saber o que fazer e soltou uma bobagem.— Não tenho roupa de grávida, porque não? - ele franziu os olhos — Você não gostava ou eu não comprei mesmo? Ou eu não morava aqui? Você me acha feia barriguda?— Você sempre ficou bonita com tudo, não importa o tipo de roupa - riu porque ela não parava de falar — E eu não entendo nada de roupas femininas, a não ser que são muito bonitas. Você decidiu trocar tudo, comprar coisas novas - mentiu.— E então eu tive o acidente?Ele fez que sim. Não iria lhe dizer que nem sabia da gravidez.— Ok... - suspirou — Desculpe ter lhe dado tanto trab
Parte 1...Fellipe entrou em contato com a equipe médica que a atendeu e fez perguntas sobre seu estado, com relação a uma viagem tão longa. Mesmo em seu jato particular, até seu destino final seriam mais de dez horas de voo e ainda teriam depois que pegar uma lancha.O médico pediu que a levasse de volta para fazer outros exames e comprovar sua boa saúde.Ela questonou o porquê de tantos seguranças com eles e Fellipe explicou que sempre tinha sido assim. O que não era verdade. Geralmente ela saía apenas com Taurus ou no máximo mais dois seguranças.Durante o exame ela ficou com vergonha de tantas perguntas que ele fazia ao médico, inclusive sobre sexo nesse ponto da gestação. Chegou a ficar sem jeito e vermelha pela pergunta.Fellipe fingiu não sentir o beliscão que ela lhe deu por baixo da mesa e continuou a perguntar.Depois de alguns exames, o médico disse que também seria bom fazer uma última ultrassonografia para ver como estava o desenvolvimento do bebê. E poderiam aproveitar p
Parte 2...Quando ela entrou no jato teve outra visão do que poderia ser seu passado. Ela parou e olhou para dentro. Fellipe segurou seu ombro.— Tudo bem, agápi mou?Ela se viu ali, rindo e sendo abraçada por trás por Fellipe. Eles foram se beijando até uma das poltronas grandes e fofas e ele sentou, a colocando no colo e voltaram a se beijar.Só pararam quando a comissária de bordo veio avisar que iriam decolar, então ela sentou na poltrona em frente. Tocou a testa e ele notou.— Uma lembrança?— Sim - foi andando e sentou em uma poltrona.— Está vendo? O médico está certo. Vai recordar aos poucos.A comissária passou e falou com ela, muito educada. Cora perguntou se já a conhecia de antes, mas essa era outra. Depois ela viu os guarda-costas entrarem e irem para as poltronas do fundo. Se inclinou para ele.— Fellipe, por que tanta gente sempre atrás de você?— Eles cuidam de nossa segurança. Eu sou muito rico e muito conhecido - explicou — Tem muita gente louca por aí que pode quer