Capítulo Um - 2

Parte 2...

Quando chegou ao hospital ele teve que provar que realmente era  um conhecido dela e só poderia visitá-la se fossem parentes. 

A polícia ainda estava investigando o caso muito recente e o hospital seria o responsável por sua segurança física. Ele acabou mentindo e dizendo que era seu noivo e que eles haviam brigado, por isso ela tinha saído de casa, mas que ele nunca imaginou que algo assim teria lhe acontecido.

O médico não lhe fez muitas perguntas pessoais, apenas o informou que seria enviado à polícia um aviso sobre sua visita e as condições em que se encontrava a paciente no momento de sua visita. O que ele concordou.

Aproveitou e questionou o médico sobre sua saúde.

— Fisicamente ela tem pequenos problemas que serão resolvidos facilmente. Está um pouco debilitada devido sua condição, sua gestação adiantada, mas já estamos administrando as vitaminas necessárias para sua reabilitação - explicou — Porém, a parte psicológica dela nos preocupa um pouco.

— E por que? - franziu a testa preocupado.

— Nossa equipe de terapeutas fez alguns testes com ela, após percebermos que não conseguia raciocinar corretamente - gesticulou — Como a data exata em que estamos... Sua idade... Essas coisas.

— O que? - coçou o queixo em dúvida — Como assim?

— Bem, ela nem mesmo sabia seu nome - fez um gesto com a boca, balançando a cabeça — Nós lhe falamos e ela esqueceu. Voltamos a repetir por outras vezes, até que ela pegou com segurança.

— Mas eu ouvi a repórter a chamar por seu nome correto.

— Bem, isso eu não sei lhe informar, o senhor terá que falar com a polícia para mais detalhes - espalmou as mãos sobre a mesa — O que precisa saber, é que ela não pode ser contrariada, sofrer mais pressão por um tempo, até que seu organismo vá se recuperando e ela volte a ter sua memória como antes.

Fellipe não sabia se compreendia bem. Como pode uma pessoa esquecer quem é? Apenas assim, por ter se contrariado, ficar estressada?

— Eu não sei se entendo isso, porque sei que ela foi sequestrada... O senhor quer dizer que ela foi maltratada, que sofreu abusos?

Só de pensar isso sua mente ficava cheia de arrependimento.

— Bem... Abusos físicos realmente não temos comprovação. Ela tem sim algumas escoriações pelo corpo, também tem um dedo quebrado que não foi curado do modo certo - Fellipe arregalou os olhos — Calma - o médico ergueu a mão — Seu filho está bem, os exames comprovam isso.

— Sim, mas e ela... Eles então a machucaram?

— Como o senhor mesmo disse, vocês brigaram e ela saiu - bateu a caneta na mesa — Isso já condiz com um estresse emocional, ainda mais  na condição em que ela estava - olhou meio de banda para ele.

— Eu... Não sabia que ela estava grávida quando ocorreu nossa briga - disse de modo pesado — Se soubesse não teria brigado... Da forma como brigamos...

— Entendo... A briga, o sequestro e tudo mais que pode ter ocorrido durante esse tempo, podem ter sido uma carga muito grande para o lado emocional dela. Além disso, ela tem uma cicatriz atrás da cabeça, o que indica uma queda. Não sabemos como ocorreu, mas pode ter relação com a perda da memória, o que não quer dizer que seja permanente.

Ele passou a mão pelo cabelo. Estava nervoso e ansioso para ver Cora novamente depois de tudo.

— Ela não lembra de nada mesmo... Nem do que aconteceu?

— Não - balançou a cabeça — Seu cérebro estava levemente inchado, por causa de uma pancada, ao que parece. Mas já demos o tratamento adequado, ela repousou e o último teste indicou que o inchaço diminuiu.

Apesar de tudo, de toda raiva que sentiu dela, ele não conseguia odiá-la, pelo menos não agora em que se encontrava nessa posição tão difícil e frágil, vulnerável demais.

— Eu quero vê-la.

— Vou chamar uma enfermeira para que o leve até o quarto onde ela está descansando - chamou a enfermeira pelo interfone. Lavantou e apertou sua mão — Tenha calma com ela, não lhe diga coisas que podem pressionar sua mente. Vá devagar, contando pequenos detalhes da vida de vocês juntos... Algo que seja bom, divertido... Ela vai aos poucos se recordando, mas não sabemos quando vai recuperar a memória... Se é que vai.

Fillipe apertou os lábios, preocupado. Isso não deveria ter acontecido, mas como poderia saber? E ainda tinha muita coisa por trás disso.

A enfermeira chegou e ele a seguiu. Pararam em frente à porta de um quarto e a mulher falou com ele.

— Ainda bem que o senhor a achou - tocou sua mão — Ela está muito frágil e seu peso deveria ser mais de acordo com sua gestação. 

— Eu vou ter cuidado - disse baixo — Não tenho intenção de causar mais dano a ela.

A mulher concordou com a cabeça e abriu a porta devagar.

— Não comente agora sobre o sequestro, por causa da criança, para que não tenha um surto ou algo assim - abriu mais a porta e o deixou passar — Voltarei depois.

Autora Ninha Cardoso

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