■° Dois meses depois de descobrir a gestação – São Paulo °■
■° 3 meses e meio de gestação °■–Tudo pronto? -pergunta ao me ver puxar a mala escada abaixo. Passo a mão na barriga um pouco grandinha e confirmo sorrindo, a exatos dois meses eu descobri a gravidez o que foi uma grande surpresa para toda a família. E veio os exames para saber se estava tudo bem com minha saúde e a do bebê, estou com quase quatro meses o que prova que ele foi feito durante nossa lua de mel.–Filha deixa que eu levo isso. -escuto a voz e me sinto arrepiar a nuca, meus pais estão aqui desde que descobri a gravidez, assim que Juan ligou contando a notícia todos vieram para comemorar a ótima notícia. Eles me mimaram de toda maneira mesmo que algumas coisas tenham me deixado um pouco inquieta e agora estamos indo para a fazenda da família por que na ultima consulta a doutora disse que eu estou muito tensa.Quando veio a ideia relutei um pouco já que pode acontecer algum acidente por lá, um local isolado, sem médicos ou uma cidade por perto mas eles me garantiram que tudo ia dar certo e que se qualquer coisa ocorresse eles voltariam imediatamente para a cidade. Acabaram por me convencer ao me mostrarem as fotos do lugar que não tenho memórias de um dia já ter ido, apesar de haver muitas fotos minhas de biquíni com o Juan no local.Saio da casa e aceno para a vizinha que acena de volta, ela geralmente é bem calada mas sempre me cumprimenta quando passo com meu marido mesmo que ainda pareça desconfiada para com ele algumas vezes. Juan abre a porta do carro e sorrio agradecendo e entrando no mesmo, sinto um aperto no peito quando puxo o cinto de segurança e respiro fundo.–Se quiser pode dormir um pouco afinal ainda é cedo. -diz ao entrar no banco do motorista, confirmo engolindo em seco. Pelo vidro vejo a vizinha negando de leve e sorrindo triste enquanto vê o carro partir, fico sem entender o que a levou a agir assim e continuo encarando ate ela sumir de vista. Por um tempo seu rosto fica em minha mente mas após um tempo eu volto a mim e ignoro fechando meus olhos encostando meu corpo tenso no banco do carro, afinal essa viajem vai demorar pelo menos quatro horas.□ °■°□° ■Encaro a placa com o nome da fazenda assim que chegamos na entrada, sigo comendo o salgadinho que me deu vontade quando passamos em um posto a alguns quilômetros atrás, ultimamente toda comida que como tem gosto de remédio é só as frutas e legumes que parecem ter gosto bom. Hoje por um acaso senti vontade de comer esses salgadinhos e Juan acabou por comprar depois de muita insistência minha em relação a eles.–Olá, como estão? -a mulher de cabelos encaracolados me encara sem entender mas logo minha mãe sai com ela para algum canto e somem para dentro da propriedade. Olho em volta procurando o mesmo local que vi em uma das fotografias e encontro o banco debaixo da árvore grande e sinuosa, sorrio e caminho devagar para perto do local.Antes que possa chegar ao banco sinto alguém pegar em meu braço e me viro para olhar encontrando minha irmã sorrindo de orelha a orelha. Ela me puxa enquanto fala algo que não presto atenção, apenas queria me sentar naquele banco para ter certeza de que um dia já estive nesse mesmo lugar.–Beca? Ei, tá me ouvindo? -balanço a cabeça negando e ela ri parando em frente de uma porta. –Vamos para o rio, temos que nos trocar.–Não acho que tenha energia pra ir até o rio. -falo tentando me fazer de cansada mas a mesma apenas me ignora e j**a um biquíni em mim, suspiro começando a tirar a roupa para colocar a peça de roupa.–Sei que não gosta de roupas muito provocantes então peguei esse. -diz enquanto veste um maiô de costas trancadas em cor verde limão.–Não importa eu coloco uma toalha ou coisa assim. -falo sem interesse vestindo as peças de cor marrom claro, não me agrada ter meu corpo mostrando assim mas estamos em família o que demais pode acontecer.–Meninas a Danara preparou umas frutas e sucos para a gente levar. -minha mãe fala entrando e sinto minha cabeça doer me fazendo sentar na cama onde as roupas da minha irmã estão jogadas.‘–Dandara sempre preferiu os mais novos.–Isso é mentira. Eu não tenho preferências tão bobas.–Hahahahaha...’Parece uma lembrança antiga em algum lugar onde fazia muito frio pela manhã, ainda me sinto zonza quando sinto a mão de algum em meu rosto. Levanto o olhar encontrando o olhar desconhecido para mim, fecho os olhos piscando algumas vezes e respiro fundo. Isso já aconteceu algumas vezes antes, talvez por conta da gravidez eu esteja mais sensível.–Rebeca está tudo bem? -a voz de Juan me causa um embrulho no estômago e sinto vontade de vomitar. Levo a mão até a boca e abro os olhos confirmando antes de falar qualquer coisa.–É só o enjoo da gravidez com uma leve tontura. -minto para não preocupa-los.–Vou pedir que Danara prepare um chá para enjoos. -confirmo e ela sai puxando minha irmã junto, Juan permanece ao meu lado e quando elas saem ele se senta ao meu lado.–Se quiser pode ficar aqui e dormir um pouco. -diz e franzo as sobrancelhas, ele ainda quer ir ao rio enquanto passo mal? Por esses dois meses tudo tem sido um mar de rosas mas parece que acabou. Suspiro confirmando e o mesmo me da um beijo na testa e sai me deixando sozinha no quarto, encaro a porta fechada por um tempo antes de deitar na cama de costas mesmo por cima das roupas.–O que diabos foi isso? -me pergunto enquanto relembro da cena borrada em minhas memorias. Não parecia em nada com clima que essa ‘família’ passa para mim. Parecia muito mais acolhedor e cheio de amor, apenas aquela cena me fez sentir tão sozinha mesmo que Juan e minha família esteja aqui.–Acho que somos só nós dois por agora bebê.■° ■° ■° ■° ■° ■° ■°■° Dois meses depois – São Paulo °■■° 5 meses de gestação °■Respiro fundo encostando minhas costas na parede fria do quarto de hospital, acabei de descobrir o sexo do bebê e estou muito feliz. Pena que Juan está em uma viajem de negócios e só chega pela tarde de hoje, ele vai ficar animado ao saber que é um menino. Seguro a vontade de chorar assim que passo a mão pela barriga já redondinha apesar de não estar tão grande quanto achei que estaria, deve ser porque ultimamente tenho meu estômago tem rejeitado algumas comidas.Pego minha bolsa que está na cadeira do consultório e coloco a foto do ultrassom, sorrio feliz quando saio da sala e vou em direção a saída. Sinto uma mão segurar meu braço e me viro encontrando um homem que nunca vi, ele esboça surpresa ao me ver. Nos encaramos e espero que ele diga algo enquanto nos encaramos nos olhos, mas parece que não sabe bem o que dizer.Observo-o de cima a baixo, tem pernas e braços longos, ele é bem esguio e pa
■° Um mês depois – São Paulo °■■° 6 meses de gestação °■Minha memória está cada vez mais bagunçada, flashs de memória vem de hora em outra e as vezes vem em forma de sonhos ou pesadelos, o que fazem das minhas noites agitadas. Engulo em seco e jogo os pés para fora da cama levando a mão ao meu cordão e respiro devagar tentando me acalmar após o pesadelo em volto em chamas que acabei de ter, meu corpo está pesado por conta da barriga já grande e sinto vontade de comer abóboras doces mas está de madrugada agora.–Rebecca? Tudo bem? -sua voz me faz arrepiar, seguro forte o lençol para não sair correndo agora mesmo para algum lugar distante onde ele não esteja presente.–Sim, só preciso ir ao banheiro. -minto e me levanto da cama devagar apoiando a mão nas costas porque assim é mais fácil. –Volte a dormir, eu volto logo.–Tudo bem, mas cuidado nas escadas. -fala e se vira voltando a dormir, calço meus sapatos de pantufa e vou em direção ao primeiro andar
■° 5 Anos Antes – Algum lugar da Itália °■Um homem de sobretudo entra em um café e disfarçadamente procura por alguém, ele logo percebe sua cliente pelo grande casaco de pele que ela citou em sua mensagem anterior. Ele sempre está fazendo serviços para essas senhoras ricas e de alta sociedade que mal sabem usar o dinheiro que tem. Ele faz serviços desde os mais bobos como espionagem, ou até mesmo os mais ousados como assassinatos.–Olá, eu sou Lucian. Ao seu dispor madame. ‐ele parece capaz sempre que usa esse nome e as senhoras acham um charme, mas apenas faz isso pelo dinheiro que ira receber. Seus olhos escondidos atrás dos óculos são como os de uma raposa atrás de sua presa, ele puxa a cadeira se sentando em sua frente esperando uma resposta que vem de maneira rude.–Não me importa o seu nome, apenas quero que se livre dessa mulher. -a foto é jogada sob a mesa e o mesmo avalia bem antes de sorrir em escárnio levantando o olhar para a mulher bem vestida em s
■° 6 meses e meio de Gestação °■–Eu sei que você estava animado para essa consulta mas vou me sair bem sozinha. -digo sorrindo para Juan que me olha de forma frustrada. Ao que parece algo aconteceu e ele não vai conseguir me acompanhar na consulta semanal de hoje, na verdade isso era o que eu queria, assim posso dar um jeito de ver aquele pen-drive em algum lugar.–Tem certeza que vai ficar bem sozinha? -pergunta pela segunda vez e confirmo entrando no taxi, agora eu sei que isso é só fachada, mas mesmo assim quero acreditar que pelo menos alguma coisa é real nas suas ações.–Eu vou e volto num piscar de olhos, você nem vai notar. -digo e ele confirma fechando a porta do taxi. Assim que o motorista da partida e nos afastamos de Juan sinto um certo alívio por finalmente estar um pouco só.–Seu marido parece bem atencioso. -diz o taxista tentando puxar assunto.–Ele é bem carinhoso mesmo. -falo sorrindo e acariciando a barriga grande, sinto um amargor n
■° 6 meses e meio de Gestação °■Sinto o chute forte em minha barriga, o bebê parece jogar futebol dentro de mim e sou obrigada a me sentar no banco da praça em frente ao hospital. Fecho os olhos com as imagens ainda frescas na minha memória, preciso ir verificar isso o quanto antes. Engulo em seco ao sentir uma mão em meu braço e abro os olhos assustada, o rosto da senhora gentil de sempre aparece e sinto um certo alívio.–Oh querida não devia dormir aqui. -diz com sua voz doce e sorrio para ela, sinto meu coração bater feito louco. Respiro fundo tentando não me deixar transparecer o nervoso que sinto.–Estou apenas descansando as pernas senhora. -respondo acariciando a barriga grande.–De longe parecia um pouco nervosa. Está tudo bem querida? -pergunta se sentando ao meu lado ainda com a mão em meu braço.–Talvez não tanto. -respondo me encolhendo no lugar, seu toque é tão gentil que meus olhos enchem de lágrimas.–O que aconteceu? Precisa de aj
■° 6 meses e meio de Gestação °■Sinto algo desconfortável perto do nariz o cheiro é bem forte e abro os olhos tentando me localizar. A luz está alta e o cheiro ainda persiste em ficar na porta do meu nariz, levo a mão ao local e não há nada.–Acordada querida? -viro a cabeça encontrando a senhora que encontro no parque, tento me sentar e a mesma vem me ajudar. Minha garganta está seca e quando vou pedir por um copo de água há um em minha frente, pego o mesmo bebendo o conteúdo rápido.–Ela parece um pouco pálida vou pedir para a Fabi lhe trazer algo bom pata grávidas. -viro o olhar minimamente encontrando o homem grande ele apenas sai do lugar que parece um quarto em seguida.–Como se sente? Tem dor em algum lugar? -nego com a cabeça e levo a mão a barriga, parece que está tudo bem. –Você não chegou a cair no chão meu neto te pegou antes disso e lhe trouxemos aqui.–Desculpe o incomodo, agradecerei a ele depois. -falo me sentindo envergonhada. –Acho qu
■° 6 meses e meio de Gestação °■Faz alguns dias que a família Harper vem me ajudando em tudo que preciso é minhas memorias parecem estar voltando aos poucos como em um filme sendo gravado, mas apenas memórias da infância e de minha família, não há nada que me faça lembrar como perdi minhas memorias.–Olá, como se sente hoje? -viro o rosto encarando a médica particular que tem me atendido desde que contei minha história a senhora Eliza. Seu nome é Natasha, mas ela mesma diz que é falso para que sua família não saiba onde encontrá-la. Mais uma mulher de história infeliz que foi acolhida nessa enorme família.–Bem, apenas dores de cabeça e uma tontura. -falo sorrindo acariciando a barriga enquanto me preparo para levantar da cadeira próxima da janela, eu amo essa vista que tenho daqui.–Isso é normal para uma pessoa com perda de memória, talvez as dores de cabeça e tontura sejam por lapsos de memórias. -diz e vem até mim medir minha pressão, pelo que descobri
■° 6 meses e meio de Gestação °■ ‘–Hahahah, para mamãe. Para. -a garotinha loira ri desesperadamente enquanto faço cócegas em sua barriga. –Então não vai mais fazer travessuras? -pergunto enquanto semicerro os olhos em sua direção. –Não irei fazer travessuras. -diz dando uma risada gostosa. –Então que tal me ajudar a enfeitar os cupcakes? -pergunto sorrindo enquanto ajudo a mesma a se levantar do sofá azul claro com estampas florais. –SIM! -grita alto e dou risada.’ □°■°□°■ –Eles não correm mais riscos. Então já podem ficar despreocupadas. -a voz parece estar bem próxima a mim. –Foi algo que fizemos? Talvez por ter ficado muito tempo em pé. -quem são essas pessoas? Porque parecem tão preocupadas? Quero abrir os olhos. –Não foi nada disso. Ela estava tomando algum medicamento que estava forçando seu corpo a trabalhar de forma lenta mas quando parou de tomar o corpo voltou a funcionar normalmente e isso pode ter causado o sangra