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CAPÍTULO 02 - HEROS GREEN

A tensão no escritório é quase insuportável, como se o ar estivesse carregado de uma eletricidade silenciosa, pronta para explodir a qualquer momento. Luther continua a andar de um lado para o outro, seus passos pesados ecoando no chão de madeira escura. Seus olhos estão distantes, mas há algo neles que me preocupa — uma centelha de obsessão, de desespero. Ele está lutando contra algo que eu não consigo ver, algo que só ele conhece. E Feyra, essa garota que trouxemos para cá, parece o catalisador de tudo isso.

Zedekiah permanece imóvel, seu rosto impassível, como sempre. Ele é como uma estátua, frio e calculista, mas hoje até ele parece sentir o peso da situação. Suas palavras são precisas, como sempre, mas há uma hesitação sutil em sua voz quando menciona Feyra. Ele sabe que isso é diferente. Ele sabe que isso pode ser perigoso.

— Feyra Yelena Smirnov — ele repete, como se o nome tivesse um significado maior do que qualquer um de nós poderia entender. — Filha de Mackenzie Ekaterina Smirnov. A mãe dela tem conexões, mas nada que sugira um envolvimento direto com a Bratva. Pelo menos, não ainda.

Observo Luther enquanto Zedekiah fala. Seus olhos se fixam em mim por um momento, e eu vejo algo nele que não via há muito tempo: uma mistura de dor e esperança. Ele está se agarrando a Feyra como se ela fosse uma tábua de salvação, uma chance de redenção. Mas sei que isso é ilusão. Alicia está morta, e nada vai trazê-la de volta. Feyra não é Alicia, e tentar transformá-la nela só vai destruir todos nós.

— Luther — digo, minha voz firme, tentando trazê-lo de volta à realidade. — Ela não é Alicia. Você precisa entender isso.

Ele para de andar e olha para mim, seus olhos brilhando com uma mistura de raiva e dor.

— Sei disso — ele responde, sua voz rouca. — Mas ela… ela pode ser uma chance. Uma chance de fazer as coisas direito desta vez.

Eu suspiro, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros. Luther é meu irmão, e eu o amo, mas ele está se perdendo. E se ele continuar assim, vai nos arrastar para o abismo junto com ele.

— Zedekiah — digo, voltando minha atenção para ele. — Coloque mais homens de olho na mãe dela. Se ela souber de algo, se ela for uma ameaça… lidamos com isso. Rapidamente.

Zedekiah acena com a cabeça, seu rosto impassível como sempre. Ele não questiona, não hesita. Ele sabe o que precisa ser feito.

— E Feyra? — ele pergunta, sua voz calma, mas carregada de significado.

Olho para Luther novamente. Ele está parado agora, seus olhos fixos em mim, esperando minha decisão. Sinto o peso do que estou prestes a dizer, mas sei não haver outra escolha.

— Nós a testamos — digo, minha voz firme. — Descobrimos o que ela sabe, o que ela quer. E se ela for uma ameaça… lidamos com isso também.

Luther abre a boca para protestar, mas levanto a mão, silenciando-o.

— Não há outra escolha, Luther — digo, minha voz suave, mas implacável. — Nós não podemos nos dar ao luxo de cometer erros. Não agora.

Ele olha para mim por um momento, seus olhos cheios de conflito, mas finalmente ele acena com a cabeça, cedendo. Ele sabe que estou certo, mesmo que ele não queira admitir.

— Zedekiah — digo, voltando minha atenção para ele novamente. — Prepare tudo. Visitamos Feyra amanhã. E esteja pronto para qualquer coisa.

Zedekiah acena com a cabeça novamente, e eu posso ver as engrenagens girando em sua mente, já calculando os próximos passos. Ele é eficiente, eu lhe dou isso. Mas mesmo ele não pode prever o que vai acontecer quando confrontarmos Feyra.

Olho para Luther mais uma vez e vejo a dor em seus olhos. Ele está lutando contra algo que eu não consigo entender, algo que só ele pode enfrentar. Mas sei que, não importa o que aconteça, eu estarei lá para ele. Ele é meu irmão, e eu não vou deixá-lo cair.

Mas também não vou deixar que ele nos destrua.

A noite está quieta lá fora, mas a tempestade está se formando em nós. E quando ela chegar, nós precisamos estar prontos. Prontos para enfrentar o que vier, não importa o quão sombrio seja.

Porque no nosso mundo, não há espaço para erros. E eu não vou permitir que Feyra, ou qualquer outra pessoa, seja o nosso fim.

A noite se arrasta lentamente, e o silêncio se instala no escritório, pesado e opressor. Lá fora, a cidade continua a pulsar com sua própria vida, indiferente aos conflitos internos que enfrentamos aqui dentro. Olho pela janela, as luzes da cidade piscando como estrelas distantes, e me pergunto como chegamos a esse ponto.

Luther permanece em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos. Seus olhos estão fixos em um ponto distante, mas sei que sua mente está trabalhando furiosamente, tentando encontrar uma maneira de salvar Feyra e, talvez, salvar a si no processo. Ele sempre foi assim, impulsivo e teimoso, mas com um coração que, por trás de toda a dureza, ainda se importa profundamente.

Zedekiah, por outro lado, é uma presença constante e imperturbável. Ele é o tipo de pessoa que nunca se deixa abalar, não importa o que aconteça. Sua lealdade é inquestionável, mas às vezes eu me pergunto o que realmente se passa por trás de seu olhar frio e calculista.

Amanhã, quando visitarmos Feyra, tudo pode mudar. Ela não é somente uma garota apanhada no meio de nosso mundo turbulento; ela é uma peça-chave, um enigma que precisamos decifrar. E cada um de nós terá que confrontar seus próprios demônios para descobrir a verdade sobre ela e sobre nós mesmos.

Enquanto me preparo para deixar o escritório, a sensação de inquietação não me abandona. Sei que estamos à beira de algo monumental, algo que pode redefinir tudo o que conhecemos. E, no fundo, talvez seja isso que todos tememos: o desconhecido, a mudança, o confronto com aquilo que evitamos por tanto tempo.

Mas, por agora, somente posso esperar que, quando a manhã chegar, estejamos prontos para enfrentar Feyra e tudo o que ela representa. Porque, no fim, o que está em jogo não é somente nosso destino, mas o próprio equilíbrio do nosso mundo. E eu não posso permitir que ele desmorone. Não agora. Não depois de tudo pelo qual passamos.

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