Quero que fique claro: as aparências enganam. Ela não tem 17 anos, e a verdade vai muito além disso. No entanto, não posso me alongar muito para não entregar spoilers. A única maneira de descobrir os segredos que cercam essa história é continuar lendo. A verdade está lá, esperando para ser revelada
Sobressalto com o toque inesperado na maçã do meu rosto. O coração acelera ao reconhecer o moreno de cabelos castanhos caídos no rosto, o que me olhava de uma forma estranha no beco. Sua expressão é uma mistura de preocupação e algo mais sombrio.— O que você está fazendo? — Minha voz sai em um sussurro, trêmulo e insegura, enquanto vejo sua mão se afastar lentamente, como se estivesse se afastando de um incêndio.
Tivemos que trazer Feyra conosco para a sede da Ndrangheta. Agora que ela deixou o porão, acho que não seria sensato deixá-la sozinha em nossa casa, cercada por soldados que, apesar de serem leais, ainda não me transmitem total confiança para que ela possa andar livremente pelo local.O ar pesado do escritório exala o odor doce do tabaco e o aroma pungente do couro envelhecido, enquanto a luz amarelada das lâmpadas cria sombras sinistras nas paredes, como se o próprio ambiente estivesse atento aos desígnios que se desenrolam.Estou imerso em uma reunião com um empresário do setor de importação, alguém de quem precisamos aproveitar os contatos; sua voz ecoa pelo alto-falante, mas minha cabeça gira em direção a Feyra, que rasteja pelo escritório, seus olhos escaneando os detalhes, a curiosidade exibindo um misto de temor e fascínio.Luther saiu há meia hora, encarregado de lidar com um problema no nosso bar mais problemático, acompanhado de nossos guardas, Jake e Charles. Dois cães de g
Estamos saindo da sede em um mesmo carro, o espaço apertado ecoando a tensão que se acumula entre nós. O veículo, um sedã negro imponente, é o símbolo do nosso poder e da nossa missão, enquanto os sons da cidade se dissolvem em um rugido distante, dando lugar ao silêncio pesado de uma expectativa mortal. Geralmente seguimos em dois carros separados, mas como temos a Feyra conosco, Heros achou melhor que seguíssemos no mesmo carro, com nossos soldados formando um cordão de segurança, um carro na frente e outro atrás, como um muro protetor ao nosso redor.
Vejo os carros inimigos avançando, sua confiança irrompendo como uma onda de destruição. Mas essa visão logo se transforma em desespero quando um dos meus disparos encontra o alvo. O som abafado do tiro ecoa na noite, e em um instante, um pneu explode, o barulho retumbante reverberando como um trovão.No mesmo segundo, a cena se transforma em um caos voraz. O veículo perde o controle, balançando-se com
MOSCOU ULITSA ARBAT (ARBAT STREET)Fico parada no portão da escola por mais de duas horas, tentando ligar para Mackenzie — minha mãe — que não atende a droga do telefone e deixa todas as minhas chamadas irem para a caixa de mensagens, já são vinte e três até agora!As sombras começam a se alongar, e a luz dourada do crepúsculo parece escorregar entre os edifícios enferrujados, arrastando consigo os últimos vestígios da esperança. Um vento gelado sussurra pelas árvores ao longo da calçada, as folhas dançando suavemente antes de se renderem ao chão, como sussurros de um passado esquecido. Cansada de esperar, opto por ir para casa a pé, sabendo que o caminho será longo e cansativo. É melhor do que permanecer aqui, aprisionada ao sabor cruel da incerteza, à espera de minha mãe. E, se ela se esqueceu de mim mais uma vez?Meus pés começam a latejar, o tecido dos meus tênis fazendo fricção nas costas dos meus calcanhares, e, ao longo do caminho, a cidade se transforma. As vozes distantes e o
A noite parece se fechar ao meu redor, como se as sombras conspirassem para me engolir. O riso dos homens ao meu lado ecoa como um som distante, quase irreal, mas o cheiro de sangue e pólvora me traz de volta à realidade crua. Cada respiração que dou parece carregar o peso da morte, como se o ar estivesse impregnado de culpa e desespero.Meus olhos se fixam nas poças de sangue que se espalham pela calçada, cada uma delas um testemunho mudo de vidas que foram ceifadas sem piedade. A luz dos postes oscila, criando sombras dançantes que parecem sussurrar segredos sombrios. Sinto um frio que não vem do vento, mas de dentro, como se minha própria essência estivesse se desintegrando.O Capo ergue sua garrafa em um brinde macabro, sua voz rouca cortando o silêncio da noite.Eu me pergunto como cheguei a este ponto. Como minha vida se tornou isso: um pesadelo do qual não consigo escapar. Lembro-me de tempos mais simples, de dias em que o sol parecia brilhar mais forte e o futuro era uma prome
A tensão no escritório é quase insuportável, como se o ar estivesse carregado de uma eletricidade silenciosa, pronta para explodir a qualquer momento. Luther continua a andar de um lado para o outro, seus passos pesados ecoando no chão de madeira escura. Seus olhos estão distantes, mas há algo neles que me preocupa — uma centelha de obsessão, de desespero. Ele está lutando contra algo que eu não consigo ver, algo que só ele conhece. E Feyra, essa garota que trouxemos para cá, parece o catalisador de tudo isso.Zedekiah permanece imóvel, seu rosto impassível, como sempre. Ele é como uma estátua, frio e calculista, mas hoje até ele parece sentir o peso da situação. Suas palavras são precisas, como sempre, mas há uma hesitação sutil em sua voz quando menciona Feyra. Ele sabe que isso é diferente. Ele sabe que isso pode ser perigoso.— Feyra Yelena Smirnov — ele repete, como se o nome tivesse um significado maior do que qualquer um de nós poderia entender. — Filha de Mackenzie Ekaterina S
Desperto mais uma vez com o som da água pingando, um ritmo monótono que ecoa nas paredes frias e úmidas do porão. O cheiro de mofo invade minhas narinas e a escuridão me envolve como um manto pesado, quase palpável. Meus olhos, acostumados à luz, têm dificuldade em focar, mas logo percebo as sombras que se contorcem ao meu redor, revelando o espaço claustrofóbico em que estou presa.Minhas mãos continuam amarradas a um cano velho e enferrujado, a corda apertando meu pulso e fazendo minha pele arder. A sensação de impotência me gela por dentro. O chão, coberto por um material que prefiro não identificar, adere aos meus pés descalços e expostos. É um poço de desespero, uma sepultura à meia-luz, e não faço ideia de como cheguei aqui.Cada palavra que chega até mim me machuca mais profundamente. Como se pudessem sentir meu medo, uma risada alta fura o ar pesado. O que eles querem? O que farão comigo? Minha mente corre, buscando uma saída, um motivo para acreditar que posso escapar daquela