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CAPÍTULO 04 - NOAH GREEN

Heros revelou a obsessão de Luther por Feyra, uma garota que lembra Alicia, sua antiga paixão cuja morte o destruiu. Após investigações, descobrimos mais sobre Alicia, um assunto antes restrito a Luther, e entendemos por que ele criou a Lei da Irmandade, que considera sentimentos além dos carnais como fraqueza. Agora, com Feyra tão parecida com Alicia, a obsessão de Luther envolve todos nós, pois ele busca uma conexão que pode colocar a irmandade em risco.

O código da Irmandade exige que todos estejam cientes e de acordo, mas a presença de Feyra causa tensão. Sua beleza e inocência despertam curiosidade em mim, lembrando Alicia. Lohan e Zedekiah também aceitam a situação, embora constrangidos, enquanto Heros se preocupa com a ameaça que ela representa ao seu controle. A grande questão agora é se Feyra aceitará nossa proposta, algo que não parece vantajoso para ela.

Com tudo isso, não podíamos simplesmente deixar a garota trancada naquele porão para sempre. A ideia de que suas forças estavam se esvaindo devido à nossa tentativa de descobrir seus segredos me incomoda.

A aplicação de um sedativo pesado, juntamente com o produto químico que a fizemos cheirar para apagar sua consciência temporariamente, foi uma medida extrema que Heros ordenou como nosso Capo. Por isso, faz apenas um pouco mais de 24h que ela acordou e, desde então, não tem comido nada e sua condição letárgica me deixa inquieto.

Deixei os meus irmãos discutindo os próximos passos no escritório e me afastei da atmosfera pesada daquele espaço, esperando que um pouco de ar fresco me fizesse ver a situação com clareza.

A Feyra precisa comer alguma coisa. Vou descer e fazer algo para ela. — Todos olham para mim, e a tensão momentânea se dissolve, substituída por uma expectativa inquieta.

Os olhares dos meus irmãos se cruzam, e percebo a surpresa na expressão de Heros, mas logo a frieza no olhar dele substitui qualquer hesitação. Ele arqueia uma sobrancelha, um sorriso sardônico nos lábios.

Eu estava prestes a me esquecer disso. O que você sugere? — Heros diz, com desprezo.

O tom de sarcasmo na voz dele é difícil de ignorar, como se a ideia de cuidar daquela garota fosse uma perda de tempo para ele.

Se ela vai ser nossa, precisa estar em condições de falar e se mover — retruco, a pressão aumentando dentro da minha cabeça. A imagem de Feyra, com os traços de desespero e fome, aperta meu coração de uma maneira que mal posso descrever.

Enquanto procuro algo para preparar, uma onda de lembranças invade minha mente, levando-me de volta a um passado sombrio que eu desejaria esquecer.

Faço a mesma comida que papai fez para mim pela primeira vez, quando me trouxe para morar com ele e os meus irmãos. E com um copo de suco de frutas frescas nas mãos, entro no porão. A porta se fecha atrás de mim com um estalo, e o ambiente imediatamente se torna mais sombrio e opressivo. O cheiro de mofo e umidade impregna o ar, misturando-se com algo indefinido e desagradável. As paredes de tijolos expostos parecem se aproximar, criando uma sensação de claustrofobia. A luz fraca de uma lâmpada pendurada no teto falha em iluminar adequadamente o espaço, apenas jogando sombras dançantes ao meu redor.

Olá, Feyra — digo, tentando soar calmo. A tensão é palpável no ar enquanto observo a menina amarrada. — Eu trouxe algo para você.

Segurando o prato de comida e o copo de suco, sinto que uma parte de mim deseja que isso faça a situação parecer menos aterradora. Ela gira a cabeça, ignorando o alimento, e vejo a luta em seu rosto.

Estou amarrada — ela responde, a voz tremendo. — Não posso pegar. Encaro Feyra, observando a apreensão em seu olhar.

Eu sei. Mas você precisa se alimentar — digo, dando um passo à frente, quase hesitante. O peso da responsabilidade aperta meu peito. — Por favor, confie em mim.

Vejo seu corpo ficar tenso, a guarda alta, e isso me faz sentir um aperto no coração. Ela está presa, e a dor em seu olhar me lembra do peso da situação em que nos encontramos.

Você vai me soltar? — ela pergunta, a esperança quase escapando em um sussurro.

Balanço a cabeça lentamente, sentindo o peso das minhas palavras.

Não posso fazer isso agora. Mas prometo que não quero te machucar. Apenas coma.

Encaro os olhos dela, que refletem um misto de medo e desconfiança.

E se eu não quiser? — ela responde, tentando manter a bravura, mas a voz vacila.

Suspirando, a tensão entre nós parece quase palpável. Um nó se apertando em meu peito, ao perceber as emoções conflitantes dentro dela.

Então, eu terei que fazer isso de outra maneira — digo, me inclinando um pouco mais perto.

Levo uma colherada de comida até os lábios dela, enquanto o aroma da refeição preenche o espaço entre nós. A combinação de raiva e fragilidade é quase tangível. Com hesitação, ela abre a boca e aceita a comida. Essa cena provoca em mim uma emoção peculiar — uma fusão de alívio e melancolia.

Veja? Não é tão ruim assim — digo, tentando quebrar a barreira, mas noto que há uma tristeza nos olhos dela que não passa despercebida para mim.

Você não entende — ela responde, a boca ainda cheia de comida. — Não sei se posso confiar em você. Quem me garante que não estou cometendo o erro de comer isso e morrer envenenada depois?

Posso ser mafioso e tão perigoso quanto os meus irmãos, mas se quisesse te matar, não seria por envenenamento — digo, oferecendo um gole do suco. Ela hesita, mas acaba aceitando, seduzida pela frescura. — E não é isso que queremos de você.

Enquanto ela mastiga, sinto a desconfiança dela ainda rondando o ar. Ela hesita, e a tensão aumenta.

O que você quer dizer com isso? — pergunta, seu tom desafiador se firmando na voz.

Eu hesito. A pergunta deles é séria, e a expressão dela mostra que preciso ser claro.

Meu irmão está um pouco obcecado por você — finalmente digo, a intensidade do meu olhar se encontrando com o dela. O silêncio se estende, e a pressão nos envolve.

As paredes do porão parecem se contrair, e o odor do mofo é acentuado pela culpa que sinto.

Existem maneiras de conseguir a sua liberdade deste porão, uma delas beneficiará todos nós, e a outra, bem…

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