Capítulo 3

A sorte não me abandonou desde que meu anjo me resgatou. Apesar das escoriações e cortes um pouco profundos minha perna não quebrou. Doía um pouco mas nada insuportável. Derek também não teve complicações e pôde voltar para casa. Walter fez questão de me acompanhar até meu apartamento. Me ajudou a subir as escadas, pediu comida e aguardou que eu tomasse um banho para enfim poder relaxar. 

— Como se sente? — questionou ao me entregar uma xícara de chá

Me ajudou a sentar e ajeitou uma almofada sob minha perna. O cuidado que Walter teve comigo desde que se casou com Mônica não difere em nada do que tem com Derek. Desde que me mudei daquele inferno ele sempre me visita. Trás minhas comidas favoritas e conversamos muito. Na verdade, nossa relação melhorou longe da influência da megera. Ele me incentivou a fazer terapia e confesso que foi a melhor decisão que tomei. Ainda tenho meus momentos, mas têm sido mais fácil lidar com meus demônios.

— Cansada. Dolorida. Culpada. — fitei Derek sentado no sofá vidrado no celular

— Você ouviu o bombeiro. Não foi culpa sua.

— Ele foi atrás de mim. Se eu não tivesse saído daquele jeito ele..

— Se Mônica não tivesse te ofendido não precisaria sair.

— Como você aguenta ela? — essa pergunta sempre habita minha mente

— Fiz uma promessa no altar.

— Walter Días nunca quebra uma promessa. — revirei os olhos e o vi sorrir

— Bom. Você precisa descansar e eu preciso amansar a fera. — se preparou para sair e sacudiu as pernas de Derek no sofá — Vamos campeão.

— Deixa eu dormir aqui pai? A Liv precisa de alguém pra cuidar dela. — seu olhar para mim foi de legítima preocupação e carinho

— Eu iria adorar um enfermeiro particular pirralho. — brinquei e o vi sorrir — Mas não quero mais problemas com a Mônica. Ela já não está feliz comigo. Se você ficar aqui ela mesma vem e me mata.

— Papai conversa com ela... Como você vai fazer as coisas com a perna assim?

— Isso aqui não é nada. Eu consigo me virar.

— Lívia tem razão. Não vamos contrariar sua mãe. Ela deve estar preocupada. — Walter reforça — Trago você aqui amanhã e bancamos a babá.

— Perfeito. — me levantei devagar — Podemos jogar alguma coisa ou assistir um filme. A pipoca é por sua conta.

— Ou podemos ir no quartel dos bombeiros visitar o Harvey! — sugeriu animado

— Harvey? — Walter e eu indagamos juntos

— O cara que salvou a gente! — se aproxima com o celular na mão — Nome dele é Harvey Prescott. Ele é tenente dos bombeiros. — rola o feed do i*******m — Ele é tão maneiro. Posta muitos vídeos legais sobre primeiros socorros, resgates, contenção de incêndio.

Enquanto meu irmão dissertou sobre sua nova paixão, os bombeiros. E o quanto Harvey é incrível. Sim, meu anjo agora tem nome. Harvey Prescott. Analisei suas fotos sérias no trabalho. Vídeos educativos e stories com seu cachorro. O quão perfeito esse homem pode ser?

— Podemos ir amanhã? Conhecer o quartel? — Derek insistia

— Eu não sei se é só chegar lá e dizer que quer visitar Derek. — informei e ele suspirou inconformado

— O Harvey disse que eu podia ir quando quisesse... — protestou impaciente

— E quando o Harvey te disse isso? — caçoei da intimidade instantânea dos dois

— Agora no direct! — o pequeno me mostrou satisfeito uma mensagem onde Harvey dizia que ficaria honrado em recebê-lo qualquer dia no quartel

Obviamente ele só quis ser educado. Mas não seria eu a dizer isso a ele. Estava disposta em ser uma irmã melhor como prometi. E fazer suas vontades inocentes sem questionar estavam inclusas no pacote. Além disso, o desejo de ver meu anjo salvador novamente gritava dentro de mim.

Derek foi embora satisfeito com a promessa de que iríamos ao quartel no dia seguinte. Fiz um pequeno lanche que Walter pediu e finalmente fui para a cama. Meu corpo pedia ardentemente por um pouco de inércia. Tomei um remédio para dor antes que minha perna voltasse a latejar. Alcancei meu celular antes de me deitar confortável e quentinha. Procurei no I*******m o perfil que anotei mentalmente @harveyprince. Achei engraçado, mas depois de alguns minutos stalkeando percebi que o Prince era do cachorro. Um lindo husky de olhos tão azuis quanto os do dono e pelo mesclado entre branco e chocolate. Impecável assim como o dono.

Prince dominava o feed juntamente com os vídeos e fotos sobre o trabalho que Derek tanto amou. Algumas fotos de família e amigos. Nada de garotas. Não hesitei em espalhar curtidas em suas fotos e seguir o perfil. Curiosamente minutos depois ele seguiu de volta. Mas não curtiu nada. Meus olhos pesados e corpo dolorido começaram a reclamar. Coloquei o celular na mesinha de cabeceira e me entreguei ao sono mais profundo que já tive em anos.

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