Lívia
Se me dissessem meses atrás onde eu estaria agora eu daria uma boa gargalhada. Nunca imaginei que esse tipo de coisa era para mim. O mais próximo de relacionamento que já tive foi com Erick. E nem poderia classificar assim. E honestamente eu não me importava. Não estava disposta a toda a burocracia de me comprometer sem a menor certeza de que receberia algo em troca. O único exemplo de relação que tive foi o de Mônica e Walter e eu não classificaria aquilo como meta.
Além disso vi Sabrina sofrer por dois anos em uma relação abusiva e quase morrer por isso. E embora ela ainda acredite firmemente em viver seu conto de fadas eu não botava muita fé nisso. Não que eu fosse descente no amor ou algo do tipo. Apenas me convenci que para algumas pessoas ele simplesmente não viria. E me julgava uma dessas sorteadas. <
- Com fome? - se afastou ofegante e entrelaçou os dedos nos meus- Um banho me parece mais urgente... - suspirei e ajeitei os cabelos suados em um coque- Ótima ideia. - sorriu de lado e puxou meu corpo para frente do seuNós guiou abraçados até o banheiro. O deixei me levar até o box e ligar o chuveiro sobre nós. Ainda abraçados. Percebi enquanto suas mãos ensaboavam meu corpo que era tarde demais para mim. Eu estava me apaixonando por ele. Talvez eu não tivesse notado até aquele momento. Ou notei e não me importei em fazer parar. Na verdade eu não fazia ideia de como. Ou se queria que parasse. Era tão bom e tão certo. Estar com ele, ser dele. Eu não sabia que precisava tanto disso até estar presa em seu sorriso doce e olhar profundo.- Eu sei que combinamos não chamar aten&c
Cheguei em casa e Walter já estava lá. Estava pálido e abatido. Com olheiras de quem não dormia direito a dias. Derek também não estava com um semblante muito bom. Sua alegria e curiosidade haviam desaparecido. Andava cabisbaixo e desanimado. Pedi uma pizza e arrumei alguns jogos para tentar distrai-lo mas foi em vão. Tentei perguntar sobre o curso e sobre os bombeiros. Harvey me contou que o levou para dar uma volta no caminhão mas nem disso ele quis falar.- Papai e a mamãe vão se separar, não é? - questionou enquanto eu procurava um filme para assistirmos- É possível, Derek. Mas talvez seja o melhor para os dois. E pra você.- Você gosta de viver sem pai? - me olhou com o semblante pesado e irritado- Como? - indaguei confusa- Você acha que é melho
O olhar de Erick se fixou nas duas pessoas que atravessavam o salão. Harvey me encarou sério e arqueou a sombrancelha. Senti meu estômago borbulhar ao vê-lo. Ele vestia uma camisa branca de botões e calça social azul escura. Os cabelos perfeitamente alinhados. Trazia Donna segura em seu braço. Ela era uma mulher espetacular pele morena e lábios grossos, cabelos longos que na ocasião estavam amarrados para trás com uma tiara de tranças na lateral. Um vestido preto de mangas curtas e um detalhe de laço no pescoço, fendas nas pernas que evidenciava suas curvas. Seu olhar foi direto para Erick que notei corresponder. Diria até que o deixou nervoso.Eles passaram por nós e apenas acenaram com a cabeça. Harvey olhou para mim sobre os ombros mas manteve o semblante fechado. Foi como se um vazio tomasse conta de mim. Se aproximaram dos amigos e ficaram por l&aac
- Nunca me senti tão humilhado em toda a minha vida. Os vizinhos me olhavam como se eu fosse um criminoso. - suspirou com as mãos no rosto- Mas você foi preso? Autuado, por que ela te agrediu?- Eu expliquei a situação aos policiais, não havia marcas de agressão minha contra ela então eles não abriram um boletim. Nem contra mim, nem contra ela. - jogou a cabeça no encosto do sofá - Como eu não notei que ela era assim?- Ela fingia bem.- Ou eu preferi não enxergar. - se virou para mim. Seus olhos estavam vermelhos pelas lágrimas. Haviam arranhões no rosto e pescoço e um corte na boca - Eu me sentia responsável por cuidar de você. E dela. Pensei que o abandono pudesse tê-la feito ficar dessa forma e que talvez, com um pouco de carinho e paciência nós pud
Baby BabyQuando nos vimos pela primeira vez, nunca senti nada tão forteVocê era como meu amante e meu melhor amigoTudo embrulhado e com uma fitaE de repente você foiComo um choque mudeiE agora meu coraçâo está mortoEu o sinto vazio e oco" - Rehab _Rihanna"Me apaixonar por você foi fácil. Foi instantâneo. Você salvou minha vida... Duas vezes. Foi mais gentil em segundos que algumas pessoas foram comigo uma vida inteira.Fazer você se apaixonar por mim foi... Doce. A conquista mais saborosa da minha vida. A cada encontro. Cada momento eu sabia que queria estar com você até o fim dos meus dias e podia ver nos seus olhos que sen
Lívia:As pessoas têm a estranha mania de fazer promessas quando estão à beira da morte. É engraçado que são promessas tão estúpidas feitas sem a menor intenção de cumprir. E não fariam a menor diferença ao redor. "Vou parar de beber" "Vou levar uma vida mais saudável" "Vou ser mais grato". Salvo algumas excessões. Não muda em nada se cumprir ou não. São coisas que faria, se quisesse e não precisa estar cara a cara com a morte para pensar nisso. É só fazer.Eu pensava assim. Até estar presa em uma gruta, com a maré alta prestes a me engolir. E meu irmãozinho nos braços. Até ver o pavor em seus olhos e não poder fazer nada a não ser implorar a seja lá o que for que o poupe. Que envie um milagre e o deixe vivo. E prometer. Sim! Prometer ao vento ou ao plano maior que se ele sair dessa. E caso eu tiver a mesma sorte que eu me esforçaria para ser uma irmã melhor.Que não seria tão desprezível e tentaria parar de projetar todas as minhas frustrações nele e no seu pai
— Lívia... — sua voz surgiu para mim como em um sonhoA dormência já tomava todo meu corpo. Meus sentidos já estavam deturpados e eu já tinha dificuldade em me lembrar como se respira. Seus sussurros com meu nome estavam distantes e mesmo que eu quisesse muito abrir os olhos era extremamente difícil.— Esse é seu nome, certo? — ele insistia e o senti mais perto — Lívia. Seu irmãozinho corajoso me disse... — senti seus dedos tocarem os meus sob a água — Ele está bem, a propósito! Com seus pais... — ouvir aquilo fez meu coração bombear novamente e com força. Alguém me ouviu — Ele me fez prometer que levaria você para ele. Sã e salva... — abri os olhos e encontrei suas íris azuis me encarando cobertas de determi
A sorte não me abandonou desde que meu anjo me resgatou. Apesar das escoriações e cortes um pouco profundos minha perna não quebrou. Doía um pouco mas nada insuportável. Derek também não teve complicações e pôde voltar para casa. Walter fez questão de me acompanhar até meu apartamento. Me ajudou a subir as escadas, pediu comida e aguardou que eu tomasse um banho para enfim poder relaxar.— Como se sente? — questionou ao me entregar uma xícara de cháMe ajudou a sentar e ajeitou uma almofada sob minha perna. O cuidado que Walter teve comigo desde que se casou com Mônica não difere em nada do que tem com Derek. Desde que me mudei daquele inferno ele sempre me visita. Trás minhas comidas favoritas e conversamos muito. Na verdade, nossa relação melhorou longe da influência da megera. Ele me incentivou a fazer terapia e confesso que foi a melhor decisão que tomei. Ainda tenho meus momentos, mas têm sido mais fácil lidar com meus demônios.<