— Sabrina! Que surpresa... Surpresa! — ele me encarou confuso e encabulado — Devon. — cumprimentou o rapaz que apesar do olhar devorador sobre ele manteve a compostura — Nós combinamos de ir até o quartel hoje, certo? — me indagou
— Não vai dizer que esqueceu, Liv? — Derek adentrou o cômodo e parou na minha frente
— Cumprimente as pessoas moleque. Tua mãe não te deu educação não? — cruzei os braços e o repreendi
— Oi Sabrina. Oi Devon. — balançou as mãos para os dois que riram disfarçadamente — Você prometeu! — voltou para mim com o semblante manhoso
— E eu vou cumprir. Sabrina e Devon só vieram saber como eu estou...
— Então vai se trocar. Ainda está de pijamas e temos que fazer biscoitos.
— E vamos sujar a minha cozinha?
— A mamãe disse que não queria confusão na cozinha dela por bobagem.
Desviei o olhar para Walter que suspi
Ola ola. Obrigada por terem acompanhado Lívia e Harvey até aqui. Garanto fortes emoções nos próximos capítulos ❤
Chegamos ao quartel por volta das onze da manhã. Por ser do outro lado da cidade e Walter dirigir como uma lesma. Conversamos pouco, com exceção de Derek que falava animado algo sobre técnicas de salvamento e um curso mirim de primeiros socorros oferecido no quartel.O garoto olhava encantado para as paredes do lugar como se fossem feitas de ouro. Sua admiração era tanta que ele mal conseguia falar. Nos aproximamos do balcão de informações e questionamos sobre visitas. A animação do meu irmãozinho foi por água abaixo quando ele ouviu que as visitas deveriam ser previamente agendadas.— Moça.... — encarei a loira de olhos castanhos na intenção de comovê-la com meu melhor sorriso — Eu entendo que existam regras. Mas meu irmão e eu sofremos um acidente ontem e o que impediu ele de viver um trauma terrível foi o apago instantâneo aos bombeiros que ele desenvolveu e em especial ao que nos salvou. Ele passou a manhã fazendo bis
Um detalhe sobre mim é que, tirando aquele momento e o que os precederam, não sou de me envergonhar com facilidade. Falo por impulso e as vezes solto frases constrangedoras completamente no automático. Ouvi o risinho satisfeito da moça acompanhar a risada anasalada do rapaz. Vi os braços de Harvey tensionados a minha frente e só então percebi que o chamei de gatinho. Eu não menti. Mas com certeza foi uma fala um tanto inoportuna. Não tanto quanto seu colega tentar me cantar, mas foi.- Aqui. - alcancei o bloquinho e retirei um cartão com o nome de Erick, meu tatuador. Além de grande amigo e dono do Starstruck - Ele é ótimo. Garanto que vai gostar. - o entreguei o cartão- Valeu. - ele olhou para Harvey e riu insinuativo - Donna, vamos mostrar o helicóptero pro garoto... - puxou a garota pelo braço. Ela também sorriu para o homem ao meu lado ainda imóvel, com minha bolsa nos braços- Obrigada. - fechei a bolsa e a peguei de vol
HarveyGosto de manter certa rotina embora meu trabalho não seja o mais estável. Plantões não programados, emergências de última hora, mudanças constantes de escalas. Mas minhas folgas eu gosto de programar. Já me acostumei a acordar cedo e levar Prince para passear no parque. Ele adora correr na grama e nadar no lago. Como passa muito tempo sozinho e longe de mim. Acho importante manter essa tradição.Sempre que pode, Donna vai comigo e leva as crianças. Prince os ama e os três se divertem muito. Ela faz um ótimo trabalho como mãe. Diana e Arthur são crianças adoráveis e muito educadas. Gosto de passar tempo com eles. Ouvir os fatos curiosos que a garota tem a contar que eu não faço ideia de como ela descobriu isso. Como o tempo de gestação de um elefante ou quantas estrelas tem a constelação de Orion. A menina é a própria Wikipédia.Já Arthur, como um bebê de três anos não faz tantas perguntas ou tem tantas informações
Ela faz tudo ao som de música e eu acho isso lindo. É como se sua vida tivesse uma trilha sonora. E é do tipo que documenta tudo na redes. Algo compreensível já que precisa construir uma imagem. Trabalha com público e pelo que vejo sabe muito bem cativa-lo. Eu não deveria saber tanto sobre ela, mas não posso evitar. Me sinto um tipo de perseguidor maluco. A ponto de me preocupar pelo fato de não haver atualizações essa manhã.Tentei dissipar esses pensamentos com um banho quente. Me arrumei mais cedo para a consulta e decidi sair com calma. Geralmente minhas consultas são terças a noite mas aproveitei a folga para antecipar. Comecei a terapia assim que cheguei na cidade por orientação do meu tenente. Ele faz questão que todos tenhamos acompanhamento psicólogo por lidar com muita pressão. Não era algo que estava acostumado. Me abrir com um perfeito estranho. Mas com o tempo comecei a gostar. Suzana me ajudou a identificar questões que eu nem fazia ideia do quanto me incomodava
- Como está, Harvey?- Bem. - respondi prontamente, quatro anos de terapia e ainda tenho a sensação de que ela está julgando- Alguma razão para ter adiantado sua consulta?- Eu tive uma folga extra e achei que seria melhor vir hoje que amanhã a noite.- Certo. - arqueou a sobrancelha - como foi a semana? Muito trabalho?- Foi uma semana agitada. - cruzei as mãos e as repousei sobre a perna, Suzana analisava cada movimento atenta - Dois incêndios, um soterramento, uma garotinha perdida no bosque, um afogamento e uma queda de um penhasco.- Algum desses acontecimentos mexeu com você de forma mais intensa?- A queda do penhasco. - suspirei e apertei as mãos - Foi ontem pela manhã. Um garotinho estava acampando com a família e acabou caindo. O pai tentou pegá-lo e caiu também.- Você conseguiu resgata-los? Ficaram bem?<
Saí do consultório ao meio dia e decidi almoçar na rua mesmo. Caminhei até um restaurante na baía, ali perto mesmo. Me sentei em uma cadeira com vista para o mar e pedi uma torta de carne com purê de batatas e um suco de frutas vermelhas para acompanhar. A praia estava cheia para o horário. Crianças brincando na areia. Jovens jogando e tomando sol. Entre a multidão identifiquei Romeo fotografando algumas turistas de biquíni. Ele é um ótimo fotógrafo e algumas vezes se aproveita de seu talento para flertar. Alcancei meu telefone no bolso e lhe enviei uma mensagem."Crie vergonha e pare de assediar turistas"Romeo demorou alguns instantes para checar a mensagem. Após ler ele correu os olhos pela praia a minha procura. Acenei algumas vezes até ser notado. Ele guardou os equipamentos, se despediu das garotas e veio até mim.- E aí cara? - puxou uma cadeira e se sentou - Como vai a folga merecida?- Esta ótima. L
Um rapaz bem vestido subiu no palco acompanhado da moça que nos recebeu. Ele assumiu seu lugar em uma mesa de som ao fundo e ela em um dos microfones ao centro. Algumas garotas e rapazes com roupas padronizadas se posicionaram entre ela. As pessoas em volta começaram a aplaudir e o homem saiu do palco. Mas antes a ajudou a subir.Lívia estava linda, como sempre. Cabelos soltos em ondas que caíam sobre seus ombros. Usava um vestido curto rodado acima das coxas. Deslumbrante. Se posicionou no centro do palco e pegou o microfone. Eu simplesmente não conseguia tirar os olhos dela. Nossa mesa era a mais próxima ao palco e eu podia até sentir seu cheiro.- Perai... - Zac foi o primeiro a se pronunciar - Essa daí não é a...- Lívia. O nome dela é Lívia. - Donna informouSenti os olhares dos três em minha direção mas ainda mantinha o foco nela. Que sorria e brincava com o público.
Livia- Como você se sente, Lívia? Em relação a esse acidente? Como têm sido seus dias? - o questionamento de Karen ecoou em meus ouvidosEu não estava no meu melhor estado naquele momento. Uma noite mal dormida, meia garrafa de vinho, estômago vazio. Tudo o que ela dizia soava longe e eu levava alguns segundos para processar. Até aquele instante todos me fizeram essa pergunta mas não senti a necessidade tão intensa de avaliar e responder com sinceridade. É esse o intuito da terapia, não é?- Eu tive pesadelos essa noite. Sonhei com um caixão. Estava fechado, eu não conseguia ver que estava lá dentro. Só consigo lembrar do vazio que eu senti, do peso, da dor. Eu estava sozinha, aos pés do caixão e... Não conseguia chorar, era como se estivesse seca por dentro.- Você tinha a impressão de conhecer quem estava no caixão?- Acho que... Era eu... - encarei a expressão firme de Karen aguardando que eu prosseguisse - Em um momento, Mônica apareceu. Coloc