Sammy
Entrei em casa uma hora e meia depois com os pés acabados de tanto correr. Eu corri por um bom tempo e quando cansei, peguei um táxi. Eu estava com o rosto inchado de tanto chorar e quis me bater. Meu pai estava sentado na poltrona quando eu entrei e levantou os olhos pra me observar.
— Você contou. — ele disse sorrindo de leve, se levantou vindo pro meu lado e me abraçando.
— Contei... — sussurrei contra seu peito. — E não dei tempo para ele falar. Eu fiquei assustada e saí correndo. Fui uma idiota, pai.
— Tudo bem, querida. É normal. — ele disse acariciando meu cabelo. — Vai ficar tudo bem.
Fiquei um tempo abraçada com ele, desejando apenas o calor de seus braços e me acalmei. Conversamos por um bom tempo antes de eu decidir que estava na hora de dormir. Tomei banho e vesti meu pijama azul claro com meias rosas. Me deitei na cama e pela primeira vez desde que entrei em casa, peguei meu celular. Haviam três ligações e duas mensagens de Marcus. Respirei fundo e abri as mensagens hesitante.
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Marcus:Onde você se meteu?___Marcus:Temos que conversar, Samantha.___Mordi o lábio e amarrei os cabelos em um rabo de cavalo. Digitei uma mensagem, mas acabei não enviando e mandei outra em seu lugar.
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Sammy:Suponho que sim.___Desliguei o abajur ao lado da cama e fui pra debaixo das cobertas. As noites em Manassas eram um pouco frias, mas em Chicago era quase congelante. Um minuto depois meu celular tremeu e eu li a mensagem.
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Marcus:Você “supõe ”?? Sério? Você diz que está grávida e depois sai correndo. Que tipo de pessoa maluca faz isso? Onde você está? Eu estou indo até você.___Sammy:Em casa.___Marcus não mandou mensagem de volta e eu bufei irritada. Ele estava com raiva, isso era certo. Me levantei da cama e pensei em trocar de roupa, mas desisti e desci as escadas. A casa já estava escura e eu ascendia as luzes de baixo. Era uma boa coisa estarem todos dormindo. Coloquei água pra mim e bebi tudo. Eu estava tremendo levente e precisava me acalmar. Abri a geladeira e passei uns instantes olhando pra ela pensando no que pegar. Sorri de lado para a tigela de sorvete caseiro e a peguei. Me sentei no sofá com uma colher na mão e a tigela de porcelana azul no colo. Quase trinta colheradas cheias de sorvete depois, ouvi um carro estacionando e uma porta batendo com força. Engoli o sorvete rapidamente e pulei pra fora do sofá. Eu estava parecendo uma coisa horrível de pijama largo e uma tigela nas mãos, sentia minha boca suja e sabia que tinha sorteve no meu queixo. Marcus bateu com força na porta e eu corri pra abrir com a tigela na mão.
Eu abri e olhei pra ele. Marcus estava vermelho e me olhava com os olhos azuis brilhando. Ele me olhava do alto e me senti como uma criança que acabara de fazer uma coisa bem ruim. Virei as costas e fui pra cozinha. Coloquei a tigela no balcão e me sentei no banco. Marcus entrou devagar na casa e fechou a porta atrás de si. Ele ficou encarando a porta por um tempo, colocou as mãos nos bolsos e respirou fundo várias e várias vezes antes de me seguir calado pra cozinha. Ele se sentou no banco à minha frente e ficou de braços cruzados me vendo comer o sorvete. Eu não conseguia parar de comer, estava nervosa com o olhar dele sobre mim e comer estava me ajudando.
— Você está grávida? — ele me perguntou.
Afirmei com a cabeça e peguei um guardanapo pra limpar a boca.
— Eu descobri há uns dias atrás. — disse. — Esse foi um dos motivos da nossa mudança pra Chicago.
Marcus fechou os olhos e respirou fundo.
— Samantha...
— Eu vou ter o bebê. — disse apressada. — Minha mãe cogitou o aborto assim que descobrimos e eu mandei ela se danar por isso. Não cogite, Mar.
Pedi a ele quase sussurrando e ele abriu os olhos para me olhar. Eu não tinha ideia do que se passava nos olhos dele, só podia ver confusão clara neles.
— E não vou. Mas o que vamos fazer, Samantha?
— Não sei, mas se você não... — eu olhei pra baixo enquanto falava. — Se não quiser se envolver, tudo bem. Ele vai ser feliz comigo e com minha família. Não vai faltar nada.
— É meu filho, minha responsabilidade. Eu não vou fugir como um adolescente idiota. — ele disse insultado e eu dei um suspiro de alívio que disfarcei com um bocejo. — Está com sono?
— Talvez.
Marcus tirou a colher de mim, a enfiou na tigela e pegou uma colher gorda de sorvete. Levou até a boca e comeu. Lambi os lábios sem ter ideia do que fazia e fuzilava os lábios dele. Marcus limpou a garganta atraindo minha atenção para longe de seus lábios.
— Gostoso. — disse sobre o sorvete.
Você é mais, disse mentalmente.
— Sorvete caseiro. — respondi engolindo em seco. — Sean e eu adoramos fazer.
Ele concordou e passamos um tempo em silêncio olhando pra tigela de sorvete. Olhei para o relógio no meu celular e estava marcando dez e quarenta da noite. Marcus se levantou.
— Tenho que ir. — disse me olhando como se esperasse que eu disse algo.
— Okay. — disse e devolvi a tigela a geladeira.
A paguei as luzes da cozinha e o acompanhei até a porta. Marcus se virou pra mim quando estava lá fora.
— Você quer que eu venha amanhã? Pra conversarmos?
— Amanhã eu tenho aula e depois vou pra casa da Branna. — respondi querendo dizer sim imediatamente. — Talvez terça?
— Claro. — ele sorriu minimamente e foi pro carro.
Fechei a porta e desliguei a luz quando ele se foi. Não dormi bem, como era de se esperar. Eu não tirava da cabeça os olhos dele, os lábios, o corpo sob o meu enquanto ele fazia movimentos pra dentro e fora de mim. Acordei respirando com dificuldade e suada. Me sentei na cama e ouvi meu celular apitando. Marcus havia me mandando uma mensagem vinte minutos atrás.
___Marcus:Não consigo dormir.___Sorri um pouco. Somos dois, grandão.
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Sammy:
Também não.___Marcus:Qual o seu motivo?___Sammy:Tesão e você?___Eu ri baixinho no escuro com minha brincadeira 99% verdadeira e quase dois minutos depois ele me respondeu.
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Marcus:Não pode me dizer essas coisas, Samantha. Por favor, não diga.___Meu sorriso morreu nos lábios e engoli minha raiva ao ler sua mensagem.
— É assim que vai ser não é, seu filho da mãe escroto? — falei pro celular e o desliguei. — Então vá se danar!
Me forcei a dormir, mas eu estava tão cheia de sentimentos idiotas que passei a noite toda me virando de um lado pro outro na cama até o dia amanhecer.
* * * * * *
Branna e eu estavamos jogadas no chão da casa com Snow no nosso meio. Nos comiamos uma salada de frutas que Matilde nos fez enquanto conversavamos sobre meu primeiro dia de aula. Não foi dos melhores já que a puta da Elizabeth apareceu para nos encher e perguntar sobre o garoto Dane. Rosie e Lexie eram um amor, Thomas era ainda melhor. Mas eu quase bati a cabeça dele na calçada várias vezes por ficar se humilhando por uma faísca de carinho da parte de Rosie. Ele passava minutos inteiros olhando pra ela de queixo caído e a garota nem se importava. Branna me disse que com o tempo eu iria me acostumar com eles, mas eu duvidei.
John e Dean estavam na cozinha com Matilde e Tiago. Catarina estava fora fazendo alguma coisa que segundo Branna era idiotice, e Daphne estava dormindo no quarto. A casa estava silenciosa e era preenchida pelos nossos risos e brincadeiras. Snow estava enorme e linda, muito hiperativa e inteligente.
— Então... — Branna disse se sentando no chão. — Você e o Marcus vão ficar juntos?
Eu revirei os olhos e me sentei.
— Não. Só vamos ter um filho juntos e nada mais. Nem conversamos sobre isso ainda. Eu contei pra ele ontem. Ainda deve estar se acostumando.
— É. — ela concordou fazendo carinho na barriga de Snow. — Mas você quer?
— É como perguntar para um viciado se ele quer droga. — ironizei. — Claro que eu quero, mas não quero que ele fique comigo porque vou ter um bebê. Quero que ele fique comigo por me amar. É pedir muito?
— Não. — Branna sorriu. — Você sabia que sua vida ia virar de cabeça pra baixo quando o conheceu não é?
Sorri me lembrando do dia.
— Eu sabia que iria se eu permitisse e quando vi ele no seu aniversário, nunca quis nada na vida como quis ele. — abaixei a cabeça e acariciei o focinho de Snow. — Eu queria ficar com ele pra sempre. E agora estou grávida dele e isso é surreal.
— Nossa vida é tão maluca. — Branna disse sorrindo e perdida nos próprios pensamentos. Ela me olhou e segurou minha mão firmemente. — Eu te amo, Sammy. E estou tão feliz por você estar aqui.
— Também te amo, Branna. — disse e me aproximei para lhe beijar na bochecha com carinho. — E eu também estou feliz.
Sammy — Dois meses depois.Eu estava há mais de vinte minutos atrasada pra escola. Eu simplesmente não iria conseguir sair de casa com as duas espinhas enormes que haviam aparecido em ambas as bochechas. Eu sabia que espinhas iriam aparecer futuramente graças aos hormônios da gravidez, mas eu não sabia como iria me sentir. Meu rosto estava mais oleoso, com duas espinhas, eu estava sentindo minha barriga inchada e meus pés também. Minhas costas estavam doendo, os enjôos matinais estavam piores e as dores de cabeça também. Eu não era uma pessoa vaidosa, mas eu gostava sempre de estar me sentindo bem com minha aparência. E devo dizer, as malditas espinhas me tiraram esse bem estar.Dois meses e alguns dias haviam se passado desde que me mudei para Chicago. Marcus e eu haviamos conversado pouco sobre nossa relação e mais sobr
SammyMarcus estava ao celular falando com Cam. O cadáver daquele homem estava no quarto destinado ao meu filho e eu andava de um lado pro outro pela sala pensando em Benjamin. Meu pai estava no trabalho e Sean estava voltando pra casa. Marcus havia colocado Evil e alguns caras procurando por Benjamin, mas eu não conseguia controlar minha mente de pensar o pior. Eu não estava tão abalada por ter visto um homem se matar e sim pelo fato de não saber onde meu irmão estava. Eu podia lidar com a morte de um estranho, ainda mais um que não era bom, mas meu irmão? Não, isso não.— Samantha, sente um pouco, okay? Evil e os outros vão achar seu irmão. — Marcus disse ao desligar.— Você não entende. — eu disse andando com as mãos na cintura. — Ele não vai se sentir bem com estranho
SammyEram onze e meia da noite e estavam todos dormindo. Bem, não todos. Eu não conseguia mais dormir. Marcus estava lá em baixo, dormindo no sofá e eu estava inquieta na cama. Eu havia cochilado e sonhei que estavamos no apartamento dele fazendo amor. Acordei suada de novo e não consegui mais pregar o olho. Eu queria ir até lá, me deitar com ele e talvez fazer amor com ele de novo. Mas eu não sabia se ele iria ou não me rejeitar. Então aguentei firme e fiquei deitada.Branna e John haviam vindo me ver às quatro da tarde e conversamos muito sobre o que aconteceu. Contei a eles e a Marcus sobre o taxista, Branna e Marcus ficaram com raiva de mim por não ter contado, mas eu os dobrei fazendo biquinho.Comecei a sentir sede e saí da cama. Caminhei rapidamente pelo corredor,
SammyAquele sem sombra de dúvidas foi o melhor encontro que tive desde sempre. Foi leve, divertido, cheio de flerte e de sinceridade. Nada de capa, apenas duas pessoas tentando se conhecer. Finn era lindo, tanto por dentro quanto por fora. E passar um tempo longe de casa, de Marcus ou de qualquer pensamento relacionado à ele, me fez bem.Finn estacionou o carro na frente da minha casa falatava seis minutos pras onze da noite. Eu tirei o cinto e me virei pra ele.- Obrigada. Esse foi o melhor encontro. - disse sorrindo.Finn riu.- Eu espero repetir qualquer dia desses.- Quando você quiser.
SammyMeu segundo encontro com Finn foi ótimo. Ele me levou ao parque, depois para almoçar e depois pra casa. Ele foi um perfeito cavalheiro e eu amei cada segundo. Finn foi romântico, educado e engraçado. Me fez rir e eu gostei mais do que o primeiro. Ele era uma ótima pessoa e eu estava gostando dele, gostando de passar o tempo com ele. Mas tinha um problema que Branna fez questão de esfregar na minha cara; ele não era Marcus.Todo o tempo que passei com Finn não afugentou meu sentimento por Marcus. Fazia um mês que eu saía com ele direto e Marcus estava cada vez mais afastado de mim, o que só me fez pensar mais nele. Ele mandava mensagens para perguntar como eu estava, mas eram curtas. As visitas dele estavam cada vez mais raras e até Benjamin sentiu falta dele. Toda vez que eu o convidava pro jantar ele dizia que esta
Grandes garotas choram quando seus corações estão quebrados.- Big Girls Cry, Sia.___SammyEu não conseguia olhar pra ele.Eu estava de costas pra ele encarando o armário branco enquanto eu sentia e ouvia os cacos do meu coração cair.Fechei os olhos com força e mordi o lábio inferior.Essa droga não tá acontecendo,bem, mas estava. Sally estava grávida dele, assim como eu.Eu não sabia se tinha motivos para me sentir como estava me sentindo. Como uma esposa traída. Ele não era meu, sempre deixou isso claro. O que houve entre nós foi apenas sexo. Um sexo selvagem e delicioso que nos levou ao Oliver.Meu Ollie,pensar no meu filho só fazia a dor au
SammyEu queria muito não estar enjoada, mas eu não podia fazer muito contra isso. Oliver parecia que não queria me dar uma folga. Acariciei minha barriga depois de tomar meu segundo banho e me vesti. Eu havia prometido ao meu pai e ao Sean que iria encontrar com Marcus, mas eu não estava disposta.Hoje é dia de ficar na cama, pensei me deitando na cama e fechando os olhos enquanto ouvia a chuva cair do lado de fora. Chicago estava do jeitinho que eu gostava, chuvosa e silenciosa. Branna havia ligado mais cedo me convidando pra ir no cinema com ela, então eu já tinha planos pra noite. Pensei em mandar uma mensagem pro Marcus e convidá-lo a vir pro almoço, mas desisti no momento em que peguei o celular. Eu ainda estava hesitante.Dei de ombros não querendo pensar nisso e peguei meu novo notebook. Me escondi d
SammyEu não saí com Branna como havia prometido porque estava deprimida demais. Não contei a ela o que aconteceu, prometi contar depois. O dia foi pesado para todos nós. Depois do ocorrido, nós conversamos pouco. Benjamin e Sean passaram o resto do dia trancados, Papai foi ver como andava a obra e eu fiquei na sala olhando fixamente pra TV. Finn havia mandando dez mensagens e eu não via nenhuma, apesar de estar com o celular na mão o tempo todo. Eu não queria falar com ele. Nem com ninguém pra ser sincera. Eu queria... sorvete caseiro.Me levantei do sofá e peguei a tigela da geladeira. Me sentei no chão da cozinha, ao lado do fogão e comi o quanto consegui de sorvete. Meu celular vibrou ao meu lado e vi uma mensagem do Finn.Décima primeira... décima segunda... Ah, por favor não chegue na décima terceira... déc