— Coli... você sabe se é possível rastrear a identidade de quem postou um comentário no meu blog? — perguntei, o peso da dúvida ainda rondando minha mente.Ele ficou em silêncio por um instante, os olhos fixos no horizonte, como se estivesse calculando a melhor maneira de me responder. O Matt, ao meu lado, me observava com uma expressão intrigada. Colin, sempre misterioso, parecia um daqueles agentes secretos, o tipo de cara que provavelmente seria capaz de hackear a CIA em uma tarde de tédio. Na verdade, ele era apenas um cara da informática, mas isso não diminuía o ar de enigma que o cercava.— Bem... é complicado. Mas não é impossível. A menos que o cara tenha usado um proxy, aí as coisas ficam bem mais difíceis. — Ele disse, com a calma característica de quem tem um domínio absoluto sobre o que está falando.Aquele jargão de programador... acredite, me senti como se ele estivesse falando em mandarim. Minha mente tentou acompanhar, mas logo se perdeu no labirinto de termos técnicos
Foi aí que Matt, nosso elemento perturbador, decidiu interromper o momento com seu típico entusiasmo.— Ah, minha nossa!! Vocês viram isso?!— O quê? — Perguntei, quase sem paciência para o que já sabia que viria.Ele apontou para nós com os olhos arregalados, a expressão exagerada, o tipo de olhar que faria qualquer um pensar que ele tinha acabado de testemunhar algo histórico.— O Colin e a Kat... Conversando como dois camaradas! Esse momento precisa ser imortalizado, gente! — Ele estufou o peito, digno de um fotógrafo de paparazzi.Eu olhei para Colin, meu olhar exasperado, e respirei fundo.— É inacreditável! Você está perto e já vira piada. — Respondi, sem esconder a irritação. — Não é possível ter uma conversa séria contigo, Matt.Matt fez uma careta de quem ficou ofendido, mas logo soltou aquela risadinha de quem sabe que está se saindo vitorioso.— Desculpa, mas eu posso ser muito sério quando quero... — Ele deu de ombros, como se isso fosse uma grande revelação. — Só que agor
Ao entrar, deixo Carter se ocupar com a bebida enquanto me aproximo da imensa parede de vidro que dá vista para a cidade. O horizonte é um espetáculo à parte. As luzes de Nova York piscam como pequenas estrelas urbanas, enquanto o pôr do sol se dissolve no céu tingido de laranja e roxo.A sensação de estar ali, acima de tudo e todos, é quase inebriante. Como se, por um instante, o mundo inteiro estivesse ao alcance da minha mão.Carter abre uma portinha discreta em um de seus armários e retira dois copos de cristal, junto com uma garrafa elegante e refinada. O líquido âmbar brilha sob a luz suave do escritório.— Um Havana Club Máximo. Você tem bom gosto. — comento, observando a garrafa.Ele sorri, e meu coração dá um salto involuntário. É um daqueles sorrisos lentos, cheios de uma confiança perigosa, que fazem qualquer um perder a linha por alguns segundos. Ele derrama o rum nos copos com precisão, sem pressa, como se fosse parte de um ritual.Os runs cubanos são os melhores do mundo
Um jatinho particular?! Seguro um riso nervoso. Eu nunca pisei em um jatinho antes. Ok, sejamos francos, minha única experiência com algo vagamente parecido foi assistir filmes de bilionários arrogantes. Mas pensando bem, deve ser uma forma bem conveniente de evitar o trânsito.Percebo que Carter me observa, um sorrisinho divertido nos lábios. Ele definitivamente notou minha reação.Meu copo ainda está quase cheio sobre a mesa. Ele desliza o olhar até a bebida intocada e ergue uma sobrancelha.— Não gostou?— É... Bebidas fortes não são meu ponto forte. — Admito, um tanto constrangida.Ele sorri de lado, aquele maldito sorriso presunçoso que me dá nos nervos... E, ao mesmo tempo, me deixa inquieta.— Tem mais alguma coisa que gostaria de tratar comigo? — pergunto, lutando para manter o tom profissional.Carter se levanta devagar, ajeitando os punhos da camisa sob o paletó. Seu olhar me percorre com uma intensidade que me faz prender a respiração. É praticamente malicioso.— Não neste
E não é Carter.Mark entra na sala. O olhar afiado pousa primeiro em Lisa, depois em mim, e então… um sorriso discreto, carregado de "peguei vocês no flagra", brinca nos cantos dos lábios dele.— Bom dia, senhoritas. Vejo que estão se divertindo bastante.Ops...— Senhor Leviels! — Eu e Lisa dissemos em uníssono, saltando da cadeira como recrutas diante de um general.Mark ajeita os óculos com calma, analisando a cena diante dele com uma expressão claramente divertida.Lisa me lança um último olhar de "boa sorte, soldado" antes de escapar pela porta.Mark espera que ela feche a porta atrás de si. Então, seus olhos voltam para mim.— Como está indo sua nova função...? — A voz de Mark soa firme e profissional, mas com um leve interesse genuíno.— Muito bem! O trabalho é interessante. Você tinha razão!Ele assente com um pequeno sorriso no canto dos lábios, aquele típico sorriso de quem já sabia a resposta antes mesmo de perguntar.— A mudança sempre dá um pouco de medo no início, mas, n
O tempo passou voando. Já são onze e meia, e a festa do escritório chegou ao fim. A música já parou, as conversas começam a murchar, mas eu ainda não estou pronta para que a noite termine. Guardo meu celular de volta no bolso e me viro para Lisa, que me observa com aquele brilho malicioso nos olhos, quase como se estivesse esperando por uma desculpa para continuar a diversão.— Você está pronta para a parte dois dessa noite louca? — Ela pergunta, o sorriso já denunciando que tem algo ótimo em mente.— Eu nasci pronta! Eu poderia festejar a noite toda... bem, mais ou menos. — Respondo, tentando esconder o cansaço que começa a surgir, mas sem querer perder o ritmo.— Essa é a atitude! Mas vamos ser sensatas, né? Temos trabalho amanhã, lembra? — Ela dá uma olhada rápida ao redor, como se estivesse conferindo se a diversão ainda está nos eixos. — E cadê o Matt?— Vocês não vão embora sem o melhor do grupo, né? — Matt aparece no final do corredor, com um sorriso convencido nos lábios.Fala
Minha palma encontra algo firme, quente. Os músculos sob meus dedos são rígidos, mas há uma certa maciez na textura da camisa bem alinhada. Pelo formato, acho que estou segurando o ombro dele. Ou talvez o peitoral? Meu cérebro, ainda confuso pelo escuro repentino, não tem certeza.Antes que eu consiga processar, sinto uma pressão sutil em meu antebraço. Ele me segurou de volta, a mão grande envolvendo minha pele com firmeza, mas sem agressividade. Apenas o suficiente para me manter estável.A tensão no elevador é quase palpável. O espaço já era pequeno, mas agora, com a cabine mergulhada na escuridão, a proximidade entre nós se torna ainda mais intensa. Meu coração martela contra as costelas, o sangue latejando em minhas têmporas.Por que eu não olhei direito para ele antes? Agora estou presa no escuro com um completo estranho... e não faço ideia de como ele é.— Está tudo bem? — A voz dele corta a escuridão, profunda e tranquila.— Bem... isso não é exatamente reconfortante, né? — Te
No dia seguinte, estou sentada no cubículo, a luz fluorescente iluminando as pilhas de papéis que se empilham sobre a mesa. Matt está ao meu lado, com os olhos fixos na tela do computador enquanto tentamos avançar em um arquivo designado pelo nosso gerente, Gabriel Simons. Já estamos há dias trabalhando nisso, e o prazo que nos foi dado para entregar o projeto parece apertado, quase sufocante.— Não sei... eu realmente acho que não vamos terminar o projeto da Nova Escola a tempo — meu parceiro solta uma reclamação, passando a mão pela testa em frustração. — Vai ser quase impossível dar conta disso tudo até o final da semana.Olho para a tela, meus dedos voando sobre o teclado enquanto tento processar as informações que ele me passou.— Nós vamos dar um jeito — respondo, tentando manter a calma. — E pense nisso, por nossa causa, escolas e universidades gigantes vão poder dizer que estão utilizando energia renovável. Já pensou? Nosso trabalho pode mudar o futuro de muitas instituições!