— Hmm… Então você está meio deslocado, né?— Nada pode substituir minha colega favorita que me abandonou para se juntar ao maioral.— Ah, menos, Matt! — balanço a cabeça, me divertindo com seu drama. — Se fosse uma loirona, você não estaria dizendo isso.— Preferia que fosse uma mulher, sim. Mas ainda assim… nunca seria você.Arqueio uma sobrancelha, desconfiada.— Que gracinha. Você quer alguma coisa, não é?Ele leva um gole do café, fingindo inocência.— Quero, sim. Que você me consiga um esquema com aquela secretária toda séria do seu andar.— O quê?!— Aposto que, quando ela se soltar, vai ser um Deus nos acuda.Dou uma risada incrédula antes de dar uma cotovelada leve nele.Ele finge um suspiro dramático, enquanto eu reviro os olhos.— Enfim… Nessa mudança, eu não levei vantagem alguma. — Matt solta um suspiro exagerado, apoiando-se na máquina de café. — Agora, divido meu box com um bigodudo. Preciso me acostumar.Levanto uma sobrancelha, intrigada.— Seu bigodudo tem nome?Ele d
Atravessamos as ruas de Nova York em um ritmo ágil, acompanhando o fluxo apressado de trabalhadores que se espalham pelas calçadas como um verdadeiro formigueiro humano. O burburinho incessante da cidade se mistura ao som de buzinas e conversas apressadas, mas Gabriel caminha ao meu lado como se estivesse imune ao caos ao redor. Ao chegarmos ao restaurante, ele segura a porta de vidro aberta para mim, um gesto que, vindo dele, parece tão natural quanto inesperado. Apesar de tudo que podemos dizer sobre Gabriel, ele tem um lado cavalheiro que, devo admitir, é bem atraente. Felipe, o garçom que já nos conhece, nos recebe com um sorriso caloroso e nos guia até uma mesa junto à janela. A vista dali é ótima — um espetáculo de concreto, luzes e pessoas correndo para lá e para cá. Assim que nos sentamos, Gabriel entrelaça os dedos sobre a mesa e me observa com aquele olhar que sempre parece analisar tudo ao redor. — Quer beber alguma coisa? — ele pergunta. — Vou no que você for. Se vou
— Até que esse baterista é um colírio para os olhos, hein… — Lisa comenta, observando o palco com interesse.— Adam? — Matt franze a testa.— Você o conhece?— Claro, ele é meu amigo.No mesmo instante, Lisa parece muito mais interessada. Ela se inclina ligeiramente para Matt, que, obviamente, entende muito bem o joguinho. Reviro os olhos. Essa Lisa não perde tempo!Dou uma olhada para Colin e seu grupo. Eu adoraria contar a ele sobre o enigmático Perséphone, mas claramente não é o melhor momento para encher sua cabeça com isso.— Você vai ter que nos apresentar ao Adam. — Digo a Matt, lançando-lhe um olhar significativo.Ele bufa, fingindo desinteresse.— Quer saber? Ele já tem fãs demais…Lisa faz uma carinha inocente que não engana ninguém e se aproxima ainda mais dele.— Não me venha com ciúmes agora, Matt! — Ela pisca, com um sorriso malicioso. — Você bem que poderia dar uma força para sua amiga, não acha?Matt suspira dramaticamente e sorri para nossa loirinha favorita. Ele ergu
Quando chegamos ao jatinho, o céu já começava a clarear, tingindo o horizonte com tons dourados. O comandante cumprimenta Carter calorosamente, como se fossem velhos conhecidos, e nós embarcamos sem cerimônias.Dou os primeiros passos para dentro da aeronave e, por um momento, fico sem palavras. Isso não tem nada a ver com os aviões que estou acostumada. Sempre me senti como uma sardinha enlatada em cada voo comercial que peguei, mas aqui… aqui é um outro mundo.Carpete impecável. Móveis de madeira maciça. Uma tela gigante. Cadeiras de couro que exalam luxo. Poltronas reclináveis. Um espaço de trabalho com duas cadeiras enormes.— Por gentileza, acomode-se, senhorita Martin.A voz de Carter me traz de volta à realidade. Ele faz um gesto para que eu me sente em uma das poltronas confortáveis. No instante em que sua mão roça levemente minhas costas, uma onda quente percorre minha pele, causando um arrepio involuntário.Ele se senta à minha frente, já abrindo o notebook com movimentos me
Eu o observo.Seus olhos correm rapidamente pela tela, absorvendo informações com precisão. Em alguns momentos, ele franze a testa, coça o queixo, balança a cabeça levemente para os lados, como se estivesse processando algo que não o agrada. Pequenos gestos que, em qualquer outra pessoa, passariam despercebidos.Mas nele, tudo tem um peso diferente.O modo como seus dedos longos deslizam pelo teclado, a forma como ele ajeita a postura, como se carregasse o peso de decisões importantes o tempo todo. Há algo magnético em vê-lo trabalhar, uma presença que domina até os momentos de silêncio.[...]Eu devo ter cochilado por um tempo. Meu corpo relaxado denuncia isso, e uma voz masculina me puxa de volta à realidade.— Senhorita Martin, vamos aterrissar em breve.Pisco algumas vezes, tentando afastar a névoa do sono. Carter já está me olhando.— Dormiu bem? — Sua voz soa casual, mas seus olhos carregam um brilho sutil de diversão.Eu me endireito rapidamente.— Desculpe... Eu acabei cochila
Uma batida firme na porta me arranca dos meus pensamentos. Respiro fundo antes de me levantar, ajeitando rapidamente minha postura. Ao abrir, encontro o camareiro acompanhado de uma mulher elegante, na casa dos cinquenta, vestida com um refinamento que equilibra perfeitamente sofisticação e modernidade. Seu perfume sutil, mas marcante, chega até mim antes mesmo de sua voz. — Senhorita, eis o seu compromisso. Lanço um olhar breve para a jornalista e forço um sorriso cordial. — Ah, sim. Obrigada. Dou um passo para trás, sinalizando para que ela entre. O alívio percorre meu corpo ao perceber que não se trata de um economista sisudo, do tipo que analisaria a economia global enquanto mastiga algo cru e sem graça. Mas minha tranquilidade dura pouco. — Bom dia, sou Stella Young, da Famous People. Sorrio ao apertar sua mão, mas uma pontada de decepção se instala em mim. Uma revista de celebridades? — Encantada. Katerina Martin, assistente do senhor Carter, das Empresas Carter.
Já estou até imaginando um título em letras garrafais no New York Times de amanhã: "Jovem assistente misteriosamente cai de um jatinho após entrevista polêmica".Quem sabe? Se Carter ler essa matéria antes de voltarmos, talvez eu nem chegue inteira em casa.Bem… pelo menos seria uma morte original.Decido ligar para Lisa, minha sábia conselheira pessoal. Se alguém pode me dar uma luz nessa bagunça, é ela.— Alô?— Sou eu… — digo, soltando um suspiro pesado.— Eita, que voz é essa?! A entrevista foi ruim?— Ruim? Isso seria um elogio! Eu acho que caguei em níveis astronômicos. Uma super-mega-catástrofe.— Sério?— Sim… A jornalista não parava de me fazer perguntas pessoais. Ela queria fofocas, Lisa. Fofocas!— E o que você respondeu?— Tentei me manter no discurso corporativo, juro! Mas… acabei soltando algo sobre o apelido dele.O silêncio do outro lado da linha dura meio segundo antes de Lisa explodir em uma gargalhada estrondosa.— Não, espera… Você não fez isso?!— Fiz…— Ai, meu D
Ryan respira fundo, desviando o olhar para a janela, encarando o céu como se buscasse paciência nas estrelas. Sei exatamente o que virá a seguir."Você está demitida."Mas, quando ele finalmente fala, sua voz não é carregada de fúria, e sim de algo pior: decepção.— Eu não deveria ter confiado em você tão rapidamente...Dessa vez, a indignação ferve dentro de mim. Eu cansei de levar pancadas sem revidar.Levanto-me bruscamente e caminho até ele, reduzindo a distância entre nós.— Talvez você devesse ter me preparado antes de me jogar na fossa dos leões!Minha respiração está acelerada. Meus punhos cerrados. O coração batendo forte contra minhas costelas.Ele é muito mais alto que eu, mas eu não recuo.— Fiz o que pude com essa jornalista! — minha voz sai afiada, carregada de frustração. — E, já que estamos no capítulo das broncas, saiba que eu esperava algo completamente diferente! Não uma maldita revistinha de fofoca!Seus olhos se estreitam. O músculo em seu maxilar salta. Ele está