Uma batida firme na porta me arranca dos meus pensamentos. Respiro fundo antes de me levantar, ajeitando rapidamente minha postura. Ao abrir, encontro o camareiro acompanhado de uma mulher elegante, na casa dos cinquenta, vestida com um refinamento que equilibra perfeitamente sofisticação e modernidade. Seu perfume sutil, mas marcante, chega até mim antes mesmo de sua voz. — Senhorita, eis o seu compromisso. Lanço um olhar breve para a jornalista e forço um sorriso cordial. — Ah, sim. Obrigada. Dou um passo para trás, sinalizando para que ela entre. O alívio percorre meu corpo ao perceber que não se trata de um economista sisudo, do tipo que analisaria a economia global enquanto mastiga algo cru e sem graça. Mas minha tranquilidade dura pouco. — Bom dia, sou Stella Young, da Famous People. Sorrio ao apertar sua mão, mas uma pontada de decepção se instala em mim. Uma revista de celebridades? — Encantada. Katerina Martin, assistente do senhor Carter, das Empresas Carter.
Já estou até imaginando um título em letras garrafais no New York Times de amanhã: "Jovem assistente misteriosamente cai de um jatinho após entrevista polêmica".Quem sabe? Se Carter ler essa matéria antes de voltarmos, talvez eu nem chegue inteira em casa.Bem… pelo menos seria uma morte original.Decido ligar para Lisa, minha sábia conselheira pessoal. Se alguém pode me dar uma luz nessa bagunça, é ela.— Alô?— Sou eu… — digo, soltando um suspiro pesado.— Eita, que voz é essa?! A entrevista foi ruim?— Ruim? Isso seria um elogio! Eu acho que caguei em níveis astronômicos. Uma super-mega-catástrofe.— Sério?— Sim… A jornalista não parava de me fazer perguntas pessoais. Ela queria fofocas, Lisa. Fofocas!— E o que você respondeu?— Tentei me manter no discurso corporativo, juro! Mas… acabei soltando algo sobre o apelido dele.O silêncio do outro lado da linha dura meio segundo antes de Lisa explodir em uma gargalhada estrondosa.— Não, espera… Você não fez isso?!— Fiz…— Ai, meu D
Ryan respira fundo, desviando o olhar para a janela, encarando o céu como se buscasse paciência nas estrelas. Sei exatamente o que virá a seguir."Você está demitida."Mas, quando ele finalmente fala, sua voz não é carregada de fúria, e sim de algo pior: decepção.— Eu não deveria ter confiado em você tão rapidamente...Dessa vez, a indignação ferve dentro de mim. Eu cansei de levar pancadas sem revidar.Levanto-me bruscamente e caminho até ele, reduzindo a distância entre nós.— Talvez você devesse ter me preparado antes de me jogar na fossa dos leões!Minha respiração está acelerada. Meus punhos cerrados. O coração batendo forte contra minhas costelas.Ele é muito mais alto que eu, mas eu não recuo.— Fiz o que pude com essa jornalista! — minha voz sai afiada, carregada de frustração. — E, já que estamos no capítulo das broncas, saiba que eu esperava algo completamente diferente! Não uma maldita revistinha de fofoca!Seus olhos se estreitam. O músculo em seu maxilar salta. Ele está
Meus olhos não conseguem desviar de seus lábios, eles estão tão perto, quase a me desafiar a ceder. Tão carnudos, tão tentadores, como se me chamassem para ser explorados, para serem o meu próprio ponto de fuga, onde tudo se desfaz, onde a realidade se dissolve. Eu me vejo, completamente absorvida por essa visão de desejo.— Estou suficientemente perto de você agora…? — A voz dele é mais rouca agora, uma intensidade a mais que faz a minha espinha gelar. Seus olhos, um desafio silencioso, brilham com um mistério que só aumenta a pressão em meu peito, como se ele soubesse exatamente o que estou sentindo e quisesse brincar com isso.Meu coração dispara, batendo tão forte que sinto o sangue correr quente pelas minhas veias. Eu estou à beira de perder o controle. Não tenho certeza de que poderei resistir, não com ele tão perto, com esse olhar desafiador e essa presença tão esmagadora. Minha razão tenta se manter firme, gritando para empurrá-lo, para sair dali e me afastar da tentação. Mas
— Ah não, estou sonhando! — As palavras saem quase em um suspiro, com uma incredulidade que me rasga por dentro. Ele está me fazendo sentir um mix de raiva e frustração de tal forma que não sei se quero rir ou gritar.Ele dá uma risadinha baixa, claramente satisfeito com o jogo que armou para mim, e se senta devagar, balançando a cabeça em um claro sinal de desaprovação, como se fosse natural ele brincar com minhas emoções, como se ele estivesse controlando tudo.— O que te diverte tanto? — Pergunto, a irritação se transbordando da minha voz.Seus olhos brilham, quase com uma malícia explícita, e ele me encara como se eu fosse uma peça em um jogo que ele controla com maestria. Ele apoia o cotovelo no braço da cadeira, relaxado, e passa os dedos pelo queixo, como se ponderasse a resposta.— Para começar, você acha que preciso comprar mulheres no leilão... E depois, que sou o tipo de homem que promove suas empregadas só para atacá-las quando quiser. Vamos ser um pouco mais sérios, senho
Por que eu me sinto assim? Por que essa atração por um homem que parece brincar comigo? Eu poderia me estapear por me sentir tão atraída por ele, sendo que há tantos outros homens por aí que cuidariam de mim como uma princesa. Homens que realmente seriam capazes de me dar a atenção que eu mereço... Mas, é claro, eles não seriam tão atraentes, tão enigmáticos quanto ele. Ele joga um jogo perigoso, mas o fato de estarmos jogando juntos, de estarmos nesse campo de tensão, de querer e resistir, é o que faz tudo isso tão excitante.Eu olho para a tela, as imagens se desfilando diante de mim, sem realmente prestar atenção. Economia nunca foi algo que me interessou. Meu olhar se volta para o céu, vasto e calmo, como um reflexo do turbilhão dentro de mim. Carter, ao meu lado, continua digitando no seu computador, e eu me pergunto até quando vou conseguir resistir ao magnetismo desse homem.A atmosfera na sala muda com a entrada da jovem. Seus saltos batem de maneira suave no carpete, abafados
Com o rosto enfiado nos documentos, estou completamente absorta em minha mesa quando um e-mail de Carter chega à minha caixa de entrada. Ele quer que eu cuide de um novo projeto. Nada de mais, certo? Mas para minha sorte – ou azar –, preciso buscar os arquivos em outro setor.Com a pilha de papéis nos braços, sigo pelo corredor, folheando algumas páginas enquanto caminho. E então—bam!Ai!Dou um passo em falso e esbarro em alguém. O impacto é suficiente para os documentos voarem como folhas ao vento, espalhando-se pelo chão como um desastre inevitável.Ótimo. Isso é exatamente o que eu precisava.Respiro fundo, tentando conter minha frustração. Não adianta reclamar, afinal, se eu estivesse prestando atenção no caminho, isso não teria acontecido.Levanto os olhos e encontro Jenny Carter, a irmã do meu chefe, bem na minha frente.— Ah, desculpe! Eu não te vi! — digo rapidamente, já me abaixando para recolher os papéis.Jenny suspira, mas se junta a mim para pegar algumas folhas que esca
Atravesso o salão cumprimentando meus antigos colegas e lanço um sorriso rápido para Matt antes de parar diante da sala do Gabriel. Respiro fundo. Agora é sua vez, Katerina.Bato três vezes na porta e ouço a voz familiar do meu antigo gerente do outro lado:— Entre.Ao abrir a porta, encontro Gabriel mergulhado em uma pilha de papéis, assinando documentos com a concentração de alguém que tem o destino da empresa nas mãos.— Bom dia, Katerina! — Ele levanta o olhar e acena para que eu me aproxime. — Venha, por gentileza, sente-se.Agradeço e me sento na cadeira à sua frente. Mas algo no ambiente me faz sentir como a Katerina do começo—e isso não é nada bom para o momento.Gabriel empurra algumas folhas para o lado e me lança um sorriso cordial.— A que devo a alegria dessa visita surpresa?— Vim falar sobre o projeto que mencionei na semana passada.— Oh…O sorriso dele desaparece no mesmo instante. Pronto, chegamos ao centro do problema.Agora, mais do que nunca, não posso perder a po