Por que eu me sinto assim? Por que essa atração por um homem que parece brincar comigo? Eu poderia me estapear por me sentir tão atraída por ele, sendo que há tantos outros homens por aí que cuidariam de mim como uma princesa. Homens que realmente seriam capazes de me dar a atenção que eu mereço... Mas, é claro, eles não seriam tão atraentes, tão enigmáticos quanto ele. Ele joga um jogo perigoso, mas o fato de estarmos jogando juntos, de estarmos nesse campo de tensão, de querer e resistir, é o que faz tudo isso tão excitante.Eu olho para a tela, as imagens se desfilando diante de mim, sem realmente prestar atenção. Economia nunca foi algo que me interessou. Meu olhar se volta para o céu, vasto e calmo, como um reflexo do turbilhão dentro de mim. Carter, ao meu lado, continua digitando no seu computador, e eu me pergunto até quando vou conseguir resistir ao magnetismo desse homem.A atmosfera na sala muda com a entrada da jovem. Seus saltos batem de maneira suave no carpete, abafados
Com o rosto enfiado nos documentos, estou completamente absorta em minha mesa quando um e-mail de Carter chega à minha caixa de entrada. Ele quer que eu cuide de um novo projeto. Nada de mais, certo? Mas para minha sorte – ou azar –, preciso buscar os arquivos em outro setor.Com a pilha de papéis nos braços, sigo pelo corredor, folheando algumas páginas enquanto caminho. E então—bam!Ai!Dou um passo em falso e esbarro em alguém. O impacto é suficiente para os documentos voarem como folhas ao vento, espalhando-se pelo chão como um desastre inevitável.Ótimo. Isso é exatamente o que eu precisava.Respiro fundo, tentando conter minha frustração. Não adianta reclamar, afinal, se eu estivesse prestando atenção no caminho, isso não teria acontecido.Levanto os olhos e encontro Jenny Carter, a irmã do meu chefe, bem na minha frente.— Ah, desculpe! Eu não te vi! — digo rapidamente, já me abaixando para recolher os papéis.Jenny suspira, mas se junta a mim para pegar algumas folhas que esca
Atravesso o salão cumprimentando meus antigos colegas e lanço um sorriso rápido para Matt antes de parar diante da sala do Gabriel. Respiro fundo. Agora é sua vez, Katerina.Bato três vezes na porta e ouço a voz familiar do meu antigo gerente do outro lado:— Entre.Ao abrir a porta, encontro Gabriel mergulhado em uma pilha de papéis, assinando documentos com a concentração de alguém que tem o destino da empresa nas mãos.— Bom dia, Katerina! — Ele levanta o olhar e acena para que eu me aproxime. — Venha, por gentileza, sente-se.Agradeço e me sento na cadeira à sua frente. Mas algo no ambiente me faz sentir como a Katerina do começo—e isso não é nada bom para o momento.Gabriel empurra algumas folhas para o lado e me lança um sorriso cordial.— A que devo a alegria dessa visita surpresa?— Vim falar sobre o projeto que mencionei na semana passada.— Oh…O sorriso dele desaparece no mesmo instante. Pronto, chegamos ao centro do problema.Agora, mais do que nunca, não posso perder a po
Ele só pode estar brincando. Eu coloquei minha relação com Gabriel em risco… por nada?!— Era, acima de tudo, um teste. — Carter declara com sua calma habitual, como se não tivesse acabado de jogar minha paciência no lixo. — Eu precisava saber se você era capaz de obter resultados dos seus colegas, mesmo sob pressão. Quis colocá-la em uma situação delicada para que tanto você quanto eles compreendessem a extensão das suas novas responsabilidades. E, devo admitir, você se saiu muito bem. Sabia que encontraria em você os meios necessários.Sua voz permanece neutra, impassível, enquanto minha raiva cresce a níveis alarmantes. Eu estreito os olhos, tentando processar o que acabei de ouvir.— Espere… Você está me dizendo que eu pressionei o senhor Simons apenas para passar no seu teste?— Foi um mal necessário.Necessário?! Para quem?! Gabriel nunca mais vai me olhar da mesma forma! E tudo isso por causa do joguinho de poder de Carter?— Eu não consigo entender…Ele se inclina ligeiramente
Já no térreo, avisto Jake encostado em um canto, os dedos ágeis deslizando pelo celular. Ele parece concentrado, mas ao perceber minha aproximação, levanta o olhar.— Oi, Jake.Ele me analisa por um breve instante antes de responder com aquele tom sempre educado.— Senhorita. Como vai?Solto um suspiro exagerado, cruzando os braços.— Bem… Considerando que estou proibida de falar mal do nosso chefe, acho que estou bem.Um sorriso divertido aparece em seu rosto.— Dia difícil?— Aff… Na verdade, só mais um dia normal.Ele me encara com uma expressão carregada de paciência e compreensão, como se eu fosse uma criança que faz birra sem motivo.— O que foi? — pergunto, desconfiada.— Nada… — Ele dá de ombros, mas ainda mantém aquele olhar meio condescendente.Reviro os olhos, mas antes que eu possa responder, ele continua:— O senhor Carter ainda vai estar ocupado por um tempo. Não tenho nada programado agora. Que tal bebermos alguma coisa?Eu pisco, surpresa. Essa é a primeira vez que Jak
Ele força um sorriso, tentando aliviar o clima.— Desculpe. Não queria jogar essa carga em você. Eu não deveria ter contado tudo isso…— Não… — murmuro, desviando o olhar para minha bebida. — É só que… — Suspiro, sentindo a garganta apertar. — Meus pais e meu irmãozinho morreram em um acidente de avião quando eu tinha 17 anos. Então… Eu sei como é.Jake me encara em silêncio, absorvendo minhas palavras.— É diferente, claro… Mas foi tão brutal. Tão repentino. — Minha voz sai em um fio. — É algo que me acompanha até hoje. — Respiro fundo e tomo um gole da bebida. — Não sei por que estou te contando isso, Jake… Eu nunca falo sobre isso. Nem para os meus amigos…Ele estende a mão devagar e pousa sobre a minha. O toque é firme, mas cheio de delicadeza.— Fico lisonjeado por ter confiado em mim.A suavidade desse gesto me desconcerta. Sempre tive dificuldade em falar sobre o passado, mas com Jake… É diferente. Como se compartilhássemos uma dor que não precisa de explicação.— Jake.— Sim?
Depois de alguns dias, meu contato com Carter foi surpreendentemente breve. Desde nossa última conversa, essa distância me inquieta mais do que estou disposta a admitir. Será que passei dos limites? Será que, dessa vez, ele simplesmente desistiu de mim?Nenhuma discussão intensa, nenhuma bronca desproporcional, nenhum momento em que ele me colocasse—mesmo que indiretamente—em perigo. E, ironicamente, eu sentia falta disso. Gosto da pimenta, do excesso, da eletricidade que ele traz para minha vida.Toda noite, me pegava esperando vê-lo em sua sala. Por quê? Nem eu sei explicar. Talvez porque, no fundo, eu já tivesse me acostumado ao caos que ele provoca em mim.No meio de uma pausa rápida para ler notícias, um novo e-mail surge na tela.E-mail de Ryan Carter:"Poderia preparar os documentos dos investidores coreanos para amanhã?Encontre um restaurante que os faça sentir-se em casa.RC."Hmm... Um restaurante que sirva pratos coreanos tradicionais. Bato a caneta contra o lábio inferior
Carter chegou à sua sala no fim da tarde. Nossa conversa sobre a sabotagem no Congo foi breve, sem rodeios—ele estava apressado. Nenhuma menção à nossa última troca de farpas, como se o embate tivesse se dissipado no ar, sem deixar vestígios.Mas algo muito mais intrigante pairava na minha mente.Quase 19h, e minha curiosidade latejava. Aquele encontro misterioso, sempre no mesmo horário, me provocava como um segredo ao alcance das mãos. Eu poderia simplesmente ignorar? Poderia. Mas onde estaria a graça nisso?Afinal, um pouco de investigação não faz mal a ninguém... Certo?Desligo meu computador, guardo meus pertences e deixo a sala com passos leves, discreta como uma sombra.No elevador, encaro meu reflexo por um instante. Ergo a gola do casaco, oculto parte do rosto e estreito os olhos. Um disfarce improvisado, mas eficaz para minha pequena missão.A adrenalina pulsa. Meu coração bate em expectativa.Do lado de fora, a cidade se agita, transbordando energia noturna. São 18h45, Cart