— Ah não, estou sonhando! — As palavras saem quase em um suspiro, com uma incredulidade que me rasga por dentro. Ele está me fazendo sentir um mix de raiva e frustração de tal forma que não sei se quero rir ou gritar.Ele dá uma risadinha baixa, claramente satisfeito com o jogo que armou para mim, e se senta devagar, balançando a cabeça em um claro sinal de desaprovação, como se fosse natural ele brincar com minhas emoções, como se ele estivesse controlando tudo.— O que te diverte tanto? — Pergunto, a irritação se transbordando da minha voz.Seus olhos brilham, quase com uma malícia explícita, e ele me encara como se eu fosse uma peça em um jogo que ele controla com maestria. Ele apoia o cotovelo no braço da cadeira, relaxado, e passa os dedos pelo queixo, como se ponderasse a resposta.— Para começar, você acha que preciso comprar mulheres no leilão... E depois, que sou o tipo de homem que promove suas empregadas só para atacá-las quando quiser. Vamos ser um pouco mais sérios, senho
Por que eu me sinto assim? Por que essa atração por um homem que parece brincar comigo? Eu poderia me estapear por me sentir tão atraída por ele, sendo que há tantos outros homens por aí que cuidariam de mim como uma princesa. Homens que realmente seriam capazes de me dar a atenção que eu mereço... Mas, é claro, eles não seriam tão atraentes, tão enigmáticos quanto ele. Ele joga um jogo perigoso, mas o fato de estarmos jogando juntos, de estarmos nesse campo de tensão, de querer e resistir, é o que faz tudo isso tão excitante.Eu olho para a tela, as imagens se desfilando diante de mim, sem realmente prestar atenção. Economia nunca foi algo que me interessou. Meu olhar se volta para o céu, vasto e calmo, como um reflexo do turbilhão dentro de mim. Carter, ao meu lado, continua digitando no seu computador, e eu me pergunto até quando vou conseguir resistir ao magnetismo desse homem.A atmosfera na sala muda com a entrada da jovem. Seus saltos batem de maneira suave no carpete, abafados
Com o rosto enfiado nos documentos, estou completamente absorta em minha mesa quando um e-mail de Carter chega à minha caixa de entrada. Ele quer que eu cuide de um novo projeto. Nada de mais, certo? Mas para minha sorte – ou azar –, preciso buscar os arquivos em outro setor.Com a pilha de papéis nos braços, sigo pelo corredor, folheando algumas páginas enquanto caminho. E então—bam!Ai!Dou um passo em falso e esbarro em alguém. O impacto é suficiente para os documentos voarem como folhas ao vento, espalhando-se pelo chão como um desastre inevitável.Ótimo. Isso é exatamente o que eu precisava.Respiro fundo, tentando conter minha frustração. Não adianta reclamar, afinal, se eu estivesse prestando atenção no caminho, isso não teria acontecido.Levanto os olhos e encontro Jenny Carter, a irmã do meu chefe, bem na minha frente.— Ah, desculpe! Eu não te vi! — digo rapidamente, já me abaixando para recolher os papéis.Jenny suspira, mas se junta a mim para pegar algumas folhas que esca
Atravesso o salão cumprimentando meus antigos colegas e lanço um sorriso rápido para Matt antes de parar diante da sala do Gabriel. Respiro fundo. Agora é sua vez, Katerina.Bato três vezes na porta e ouço a voz familiar do meu antigo gerente do outro lado:— Entre.Ao abrir a porta, encontro Gabriel mergulhado em uma pilha de papéis, assinando documentos com a concentração de alguém que tem o destino da empresa nas mãos.— Bom dia, Katerina! — Ele levanta o olhar e acena para que eu me aproxime. — Venha, por gentileza, sente-se.Agradeço e me sento na cadeira à sua frente. Mas algo no ambiente me faz sentir como a Katerina do começo—e isso não é nada bom para o momento.Gabriel empurra algumas folhas para o lado e me lança um sorriso cordial.— A que devo a alegria dessa visita surpresa?— Vim falar sobre o projeto que mencionei na semana passada.— Oh…O sorriso dele desaparece no mesmo instante. Pronto, chegamos ao centro do problema.Agora, mais do que nunca, não posso perder a po
Ele só pode estar brincando. Eu coloquei minha relação com Gabriel em risco… por nada?!— Era, acima de tudo, um teste. — Carter declara com sua calma habitual, como se não tivesse acabado de jogar minha paciência no lixo. — Eu precisava saber se você era capaz de obter resultados dos seus colegas, mesmo sob pressão. Quis colocá-la em uma situação delicada para que tanto você quanto eles compreendessem a extensão das suas novas responsabilidades. E, devo admitir, você se saiu muito bem. Sabia que encontraria em você os meios necessários.Sua voz permanece neutra, impassível, enquanto minha raiva cresce a níveis alarmantes. Eu estreito os olhos, tentando processar o que acabei de ouvir.— Espere… Você está me dizendo que eu pressionei o senhor Simons apenas para passar no seu teste?— Foi um mal necessário.Necessário?! Para quem?! Gabriel nunca mais vai me olhar da mesma forma! E tudo isso por causa do joguinho de poder de Carter?— Eu não consigo entender…Ele se inclina ligeiramente
Já no térreo, avisto Jake encostado em um canto, os dedos ágeis deslizando pelo celular. Ele parece concentrado, mas ao perceber minha aproximação, levanta o olhar.— Oi, Jake.Ele me analisa por um breve instante antes de responder com aquele tom sempre educado.— Senhorita. Como vai?Solto um suspiro exagerado, cruzando os braços.— Bem… Considerando que estou proibida de falar mal do nosso chefe, acho que estou bem.Um sorriso divertido aparece em seu rosto.— Dia difícil?— Aff… Na verdade, só mais um dia normal.Ele me encara com uma expressão carregada de paciência e compreensão, como se eu fosse uma criança que faz birra sem motivo.— O que foi? — pergunto, desconfiada.— Nada… — Ele dá de ombros, mas ainda mantém aquele olhar meio condescendente.Reviro os olhos, mas antes que eu possa responder, ele continua:— O senhor Carter ainda vai estar ocupado por um tempo. Não tenho nada programado agora. Que tal bebermos alguma coisa?Eu pisco, surpresa. Essa é a primeira vez que Jak
O tempo passou voando. Já são onze e meia, e a festa do escritório chegou ao fim. A música já parou, as conversas começam a murchar, mas eu ainda não estou pronta para que a noite termine. Guardo meu celular de volta no bolso e me viro para Lisa, que me observa com aquele brilho malicioso nos olhos, quase como se estivesse esperando por uma desculpa para continuar a diversão.— Você está pronta para a parte dois dessa noite louca? — Ela pergunta, o sorriso já denunciando que tem algo ótimo em mente.— Eu nasci pronta! Eu poderia festejar a noite toda... bem, mais ou menos. — Respondo, tentando esconder o cansaço que começa a surgir, mas sem querer perder o ritmo.— Essa é a atitude! Mas vamos ser sensatas, né? Temos trabalho amanhã, lembra? — Ela dá uma olhada rápida ao redor, como se estivesse conferindo se a diversão ainda está nos eixos. — E cadê o Matt?— Vocês não vão embora sem o melhor do grupo, né? — Matt aparece no final do corredor, com um sorriso convencido nos lábios.Fala
Minha palma encontra algo firme, quente. Os músculos sob meus dedos são rígidos, mas há uma certa maciez na textura da camisa bem alinhada. Pelo formato, acho que estou segurando o ombro dele. Ou talvez o peitoral? Meu cérebro, ainda confuso pelo escuro repentino, não tem certeza.Antes que eu consiga processar, sinto uma pressão sutil em meu antebraço. Ele me segurou de volta, a mão grande envolvendo minha pele com firmeza, mas sem agressividade. Apenas o suficiente para me manter estável.A tensão no elevador é quase palpável. O espaço já era pequeno, mas agora, com a cabine mergulhada na escuridão, a proximidade entre nós se torna ainda mais intensa. Meu coração martela contra as costelas, o sangue latejando em minhas têmporas.Por que eu não olhei direito para ele antes? Agora estou presa no escuro com um completo estranho... e não faço ideia de como ele é.— Está tudo bem? — A voz dele corta a escuridão, profunda e tranquila.— Bem... isso não é exatamente reconfortante, né? — Te