Sacudo esses pensamentos indecentes para longe no momento em que chego à recepção. Lisa já está terminando de organizar suas coisas. Assim que me vê, tira os fones e acena animadamente.Bebidas garantidas, noite garantida.— E então, garota? Como foi a entrevista? — pergunta Lisa, empolgada.— Mandei muito bem! Profissionalíssima!O som do nosso brinde ecoa antes de ser abafado pelas nossas risadas.No bar, percebo um grupo de três caras olhando na nossa direção. Não que seja algo incomum, mas Lisa nota e revira os olhos.— Deixa pra lá... WA à vista.— WA...?— Workaholic. Daquele tipo que se joga numa noite de sexo casual só para aliviar o estresse e depois some sem deixar rastros.Solto uma risada e arqueio uma sobrancelha.— E nós? O que parecemos para eles?— Nada a ver...— Ah, não? Porque, sinceramente, nos encontramos à noite para beber depois do trabalho e comemorar a entrevista. Eu não vejo muita diferença...Lisa suspira dramaticamente, analisando o grupo de homens com um o
Desvio o olhar e noto um grupo de homens nos observando com um interesse que já beira a insistência. Inclino a cabeça na direção deles e murmuro:— Não sei o que deu nos caras ultimamente. Deve ter alguma coisa no ar...Lisa me lança um olhar curioso, arqueando a sobrancelha.— Você acredita que o Jake e o Mark me chamaram para sair e beber alguma coisa?.— Katerina, arrasando corações! — Ela solta uma gargalhada, balançando a cabeça em diversão.Reviro os olhos, encostando-me na cadeira.— Até parece!— Ah, claro... Como se você não soubesse do seu poder.— Eu e o Jake conversamos outro dia. Ele até que é legal... e também um cara bem bonito.Lisa inclina a cabeça, avaliando minhas palavras com um sorriso malicioso.— Então me diga, coração grande! Vai precisar decidir!Ajeito minha postura, pegando o copo à minha frente e girando o líquido com os dedos.— Eu não sou uma instituição de caridade, Lisa.Ela me encara de lado, mordendo a ponta da língua de forma sugestiva.Solto um riso
Eu pisquei e ele leu meus pensamentos? Ou pior... ele sentiu que eu estava pensando nele?Por um segundo, encaro a mensagem como se ela fosse uma armadilha. Porque, de certa forma, é.Eu sei que é.Fora daquele prédio, eu não tenho mais obrigação alguma com ele. Não sou mais sua assistente, sua funcionária, sua peça no jogo corporativo.Meus dedos pairam sobre o teclado. Minha mente grita não, mas algo dentro de mim—um instinto primitivo, insaciável—já tomou a decisão por mim."Posso chegar em dez minutos."Merda, Katerina. O que você está fazendo?O celular parece queimar em minha mão. Meu peito sobe e desce em um ritmo que não consigo controlar. Eu me odeio por essa adrenalina, por essa expectativa absurda.E então, ele responde.Ryan Carter: "Estou esperando."Simples. Direto. Implacável.Seguro o telefone com força, como se isso pudesse impedir a onda de arrepios que percorre minha pele.Eu sei que estou brincando com fogo.Mas, no fundo, sei que venho esperando para me queimar há
Seu sorrisinho de triunfo me irrita. Quero apagar essa expressão convencida de seu rosto. Quero colocá-lo em seu devido lugar.— Sempre essa mania de brincar com as pessoas, não é?O sorriso desaparece. Seus olhos brilham com um desafio silencioso. O ar entre nós muda.— Pensa que estou brincando?— De novo essa sua mania de responder perguntas com outras perguntas… — murmuro, cruzando os braços. — Você deveria variar as técnicas, senhor. Está começando a ficar previsível.A provocação sai mais leve do que eu gostaria, porque ele se move. Um, dois passos em minha direção. Meu corpo, como um reflexo involuntário, recua. Meu coração dispara.— Eu não brinco com você.— Oh… e então por que me chamar ao seu escritório? Para brincar de gato e rato?Ele solta um suspiro, quase como se estivesse cansado da minha resistência. E então, avança mais uma vez. Desta vez, não recuo.Seus olhos descem até meus lábios. Sua mão toca meu rosto com uma firmeza delicada. Minha respiração falha.— Do que
— Você faz ideia de quanto eu te desejo nesse momento? — Sua voz é um sussurro rouco, denso de desejo.Seus dedos deslizam pelos meus ombros, afastando lentamente meu terno. Meus lábios se entreabrem em um suspiro involuntário quando suas mãos traçam meu corpo através do tecido fino da minha camisa. Eu me entrego, permito que ele assuma o controle. O poder que ele exerce sobre mim, a maneira como seus olhos me devoram com pura luxúria, me embriagam.Ele se livra do próprio terno em um gesto rápido e descuidado, deixando-o cair ao chão sem sequer desviar o olhar de mim. Antes que eu consiga recuperar o fôlego, sua boca volta a tomar a minha, dessa vez com um ímpeto quase selvagem.Meu coração dispara, martelando contra o peito. O desejo e o medo se fundem em um coquetel explosivo dentro de mim.Ser tomada pelo meu chefe, aqui, em sua sala, onde qualquer um poderia entrar a qualquer momento, é tão insano quanto excitante.Mas minha razão já não tem espaço aqui.E eu me recuso a permitir
O tempo passou voando. Já são onze e meia, e a festa do escritório chegou ao fim. A música já parou, as conversas começam a murchar, mas eu ainda não estou pronta para que a noite termine. Guardo meu celular de volta no bolso e me viro para Lisa, que me observa com aquele brilho malicioso nos olhos, quase como se estivesse esperando por uma desculpa para continuar a diversão.— Você está pronta para a parte dois dessa noite louca? — Ela pergunta, o sorriso já denunciando que tem algo ótimo em mente.— Eu nasci pronta! Eu poderia festejar a noite toda... bem, mais ou menos. — Respondo, tentando esconder o cansaço que começa a surgir, mas sem querer perder o ritmo.— Essa é a atitude! Mas vamos ser sensatas, né? Temos trabalho amanhã, lembra? — Ela dá uma olhada rápida ao redor, como se estivesse conferindo se a diversão ainda está nos eixos. — E cadê o Matt?— Vocês não vão embora sem o melhor do grupo, né? — Matt aparece no final do corredor, com um sorriso convencido nos lábios.Fala
Minha palma encontra algo firme, quente. Os músculos sob meus dedos são rígidos, mas há uma certa maciez na textura da camisa bem alinhada. Pelo formato, acho que estou segurando o ombro dele. Ou talvez o peitoral? Meu cérebro, ainda confuso pelo escuro repentino, não tem certeza.Antes que eu consiga processar, sinto uma pressão sutil em meu antebraço. Ele me segurou de volta, a mão grande envolvendo minha pele com firmeza, mas sem agressividade. Apenas o suficiente para me manter estável.A tensão no elevador é quase palpável. O espaço já era pequeno, mas agora, com a cabine mergulhada na escuridão, a proximidade entre nós se torna ainda mais intensa. Meu coração martela contra as costelas, o sangue latejando em minhas têmporas.Por que eu não olhei direito para ele antes? Agora estou presa no escuro com um completo estranho... e não faço ideia de como ele é.— Está tudo bem? — A voz dele corta a escuridão, profunda e tranquila.— Bem... isso não é exatamente reconfortante, né? — Te
No dia seguinte, estou sentada no cubículo, a luz fluorescente iluminando as pilhas de papéis que se empilham sobre a mesa. Matt está ao meu lado, com os olhos fixos na tela do computador enquanto tentamos avançar em um arquivo designado pelo nosso gerente, Gabriel Simons. Já estamos há dias trabalhando nisso, e o prazo que nos foi dado para entregar o projeto parece apertado, quase sufocante.— Não sei... eu realmente acho que não vamos terminar o projeto da Nova Escola a tempo — meu parceiro solta uma reclamação, passando a mão pela testa em frustração. — Vai ser quase impossível dar conta disso tudo até o final da semana.Olho para a tela, meus dedos voando sobre o teclado enquanto tento processar as informações que ele me passou.— Nós vamos dar um jeito — respondo, tentando manter a calma. — E pense nisso, por nossa causa, escolas e universidades gigantes vão poder dizer que estão utilizando energia renovável. Já pensou? Nosso trabalho pode mudar o futuro de muitas instituições!