Eu pisquei e ele leu meus pensamentos? Ou pior... ele sentiu que eu estava pensando nele?Por um segundo, encaro a mensagem como se ela fosse uma armadilha. Porque, de certa forma, é.Eu sei que é.Fora daquele prédio, eu não tenho mais obrigação alguma com ele. Não sou mais sua assistente, sua funcionária, sua peça no jogo corporativo.Meus dedos pairam sobre o teclado. Minha mente grita não, mas algo dentro de mim—um instinto primitivo, insaciável—já tomou a decisão por mim."Posso chegar em dez minutos."Merda, Katerina. O que você está fazendo?O celular parece queimar em minha mão. Meu peito sobe e desce em um ritmo que não consigo controlar. Eu me odeio por essa adrenalina, por essa expectativa absurda.E então, ele responde.Ryan Carter: "Estou esperando."Simples. Direto. Implacável.Seguro o telefone com força, como se isso pudesse impedir a onda de arrepios que percorre minha pele.Eu sei que estou brincando com fogo.Mas, no fundo, sei que venho esperando para me queimar há
Seu sorrisinho de triunfo me irrita. Quero apagar essa expressão convencida de seu rosto. Quero colocá-lo em seu devido lugar.— Sempre essa mania de brincar com as pessoas, não é?O sorriso desaparece. Seus olhos brilham com um desafio silencioso. O ar entre nós muda.— Pensa que estou brincando?— De novo essa sua mania de responder perguntas com outras perguntas… — murmuro, cruzando os braços. — Você deveria variar as técnicas, senhor. Está começando a ficar previsível.A provocação sai mais leve do que eu gostaria, porque ele se move. Um, dois passos em minha direção. Meu corpo, como um reflexo involuntário, recua. Meu coração dispara.— Eu não brinco com você.— Oh… e então por que me chamar ao seu escritório? Para brincar de gato e rato?Ele solta um suspiro, quase como se estivesse cansado da minha resistência. E então, avança mais uma vez. Desta vez, não recuo.Seus olhos descem até meus lábios. Sua mão toca meu rosto com uma firmeza delicada. Minha respiração falha.— Do que
— Você faz ideia de quanto eu te desejo nesse momento? — Sua voz é um sussurro rouco, denso de desejo.Seus dedos deslizam pelos meus ombros, afastando lentamente meu terno. Meus lábios se entreabrem em um suspiro involuntário quando suas mãos traçam meu corpo através do tecido fino da minha camisa. Eu me entrego, permito que ele assuma o controle. O poder que ele exerce sobre mim, a maneira como seus olhos me devoram com pura luxúria, me embriagam.Ele se livra do próprio terno em um gesto rápido e descuidado, deixando-o cair ao chão sem sequer desviar o olhar de mim. Antes que eu consiga recuperar o fôlego, sua boca volta a tomar a minha, dessa vez com um ímpeto quase selvagem.Meu coração dispara, martelando contra o peito. O desejo e o medo se fundem em um coquetel explosivo dentro de mim.Ser tomada pelo meu chefe, aqui, em sua sala, onde qualquer um poderia entrar a qualquer momento, é tão insano quanto excitante.Mas minha razão já não tem espaço aqui.E eu me recuso a permitir
O tempo passou voando. Já são onze e meia, e a festa do escritório chegou ao fim. A música já parou, as conversas começam a murchar, mas eu ainda não estou pronta para que a noite termine. Guardo meu celular de volta no bolso e me viro para Lisa, que me observa com aquele brilho malicioso nos olhos, quase como se estivesse esperando por uma desculpa para continuar a diversão.— Você está pronta para a parte dois dessa noite louca? — Ela pergunta, o sorriso já denunciando que tem algo ótimo em mente.— Eu nasci pronta! Eu poderia festejar a noite toda... bem, mais ou menos. — Respondo, tentando esconder o cansaço que começa a surgir, mas sem querer perder o ritmo.— Essa é a atitude! Mas vamos ser sensatas, né? Temos trabalho amanhã, lembra? — Ela dá uma olhada rápida ao redor, como se estivesse conferindo se a diversão ainda está nos eixos. — E cadê o Matt?— Vocês não vão embora sem o melhor do grupo, né? — Matt aparece no final do corredor, com um sorriso convencido nos lábios.Fala
Minha palma encontra algo firme, quente. Os músculos sob meus dedos são rígidos, mas há uma certa maciez na textura da camisa bem alinhada. Pelo formato, acho que estou segurando o ombro dele. Ou talvez o peitoral? Meu cérebro, ainda confuso pelo escuro repentino, não tem certeza.Antes que eu consiga processar, sinto uma pressão sutil em meu antebraço. Ele me segurou de volta, a mão grande envolvendo minha pele com firmeza, mas sem agressividade. Apenas o suficiente para me manter estável.A tensão no elevador é quase palpável. O espaço já era pequeno, mas agora, com a cabine mergulhada na escuridão, a proximidade entre nós se torna ainda mais intensa. Meu coração martela contra as costelas, o sangue latejando em minhas têmporas.Por que eu não olhei direito para ele antes? Agora estou presa no escuro com um completo estranho... e não faço ideia de como ele é.— Está tudo bem? — A voz dele corta a escuridão, profunda e tranquila.— Bem... isso não é exatamente reconfortante, né? — Te
No dia seguinte, estou sentada no cubículo, a luz fluorescente iluminando as pilhas de papéis que se empilham sobre a mesa. Matt está ao meu lado, com os olhos fixos na tela do computador enquanto tentamos avançar em um arquivo designado pelo nosso gerente, Gabriel Simons. Já estamos há dias trabalhando nisso, e o prazo que nos foi dado para entregar o projeto parece apertado, quase sufocante.— Não sei... eu realmente acho que não vamos terminar o projeto da Nova Escola a tempo — meu parceiro solta uma reclamação, passando a mão pela testa em frustração. — Vai ser quase impossível dar conta disso tudo até o final da semana.Olho para a tela, meus dedos voando sobre o teclado enquanto tento processar as informações que ele me passou.— Nós vamos dar um jeito — respondo, tentando manter a calma. — E pense nisso, por nossa causa, escolas e universidades gigantes vão poder dizer que estão utilizando energia renovável. Já pensou? Nosso trabalho pode mudar o futuro de muitas instituições!
Quando chego em casa, largo minha bolsa no sofá e solto um suspiro longo. O dia foi cansativo, mas minha mente não está exatamente no trabalho. Desde o momento em que deixei o escritório, só consigo pensar no homem do elevador. O mistério em torno dele me atormenta como um enigma que preciso desesperadamente resolver.Sacudo a cabeça, tentando afastar a lembrança de seu toque, e pego meu laptop. Antes que Matt e Lisa cheguem, quero interagir com meus seguidores.Hoje, "Pequenas Delícias da Kat" recebeu centenas de visitas. Sempre fico animada em ver tanta gente interessada nas minhas receitas. Desde que publiquei a resenha do "bolo de aniversário perfeito", minha pequena comunidade culinária só cresceu, e faço questão de responder a cada comentário.Maduh09: "Esse prato é um verdadeiro afrodisíaco! Você precisa me contar de onde tirou essa inspiração!"Meu dedo paira sobre o teclado, e um som de arranhar me distrai. Olho para o lado e vejo Candy, minha hamster, escalando a grade da ga
Assim que chego ao último andar, sou recebida por um saguão espaçoso, iluminado por janelas imensas que oferecem uma vista deslumbrante da cidade. Uma fileira de portas se estende à minha frente, cada uma provavelmente levando a um escritório onde decisões importantes são tomadas.E então, o pior acontece.Esbarro, sem querer, na diretora de Recursos Humanos.— Bom dia, Srta. Sparke — digo, tentando soar profissional.Cassidy Sparke me avalia com um olhar impassível, seus olhos percorrendo meu corpo de cima a baixo como se estivesse analisando um inseto em sua mesa de trabalho. Então, sem nem um aceno de cabeça, ela simplesmente segue em frente, me ignorando como se eu fosse invisível.Que vagabunda!Respiro fundo e volto minha atenção para o que realmente importa. O problema agora é encontrar Mark. Diante das inúmeras portas à minha frente, a ideia de ter que bater em cada uma delas é frustrante. Mas então, algo chama minha atenção.Vozes. Baixas, mas distintas.Uma delas é a de Mark