O tempo passou voando. Já são onze e meia, e a festa do escritório chegou ao fim. A música já parou, as conversas começam a murchar, mas eu ainda não estou pronta para que a noite termine. Guardo meu celular de volta no bolso e me viro para Lisa, que me observa com aquele brilho malicioso nos olhos, quase como se estivesse esperando por uma desculpa para continuar a diversão.
— Você está pronta para a parte dois dessa noite louca? — Ela pergunta, o sorriso já denunciando que tem algo ótimo em mente. — Eu nasci pronta! Eu poderia festejar a noite toda... bem, mais ou menos. — Respondo, tentando esconder o cansaço que começa a surgir, mas sem querer perder o ritmo. — Essa é a atitude! Mas vamos ser sensatas, né? Temos trabalho amanhã, lembra? — Ela dá uma olhada rápida ao redor, como se estivesse conferindo se a diversão ainda está nos eixos. — E cadê o Matt? — Vocês não vão embora sem o melhor do grupo, né? — Matt aparece no final do corredor, com um sorriso convencido nos lábios. Falando no diabo! — Para onde vamos então? — Pergunto, curiosa, já antecipando a diversão. — Em algum lugar onde possamos dançar até o amanhecer! — Responde Lisa, com entusiasmo. — Starlite, claro! Já faz um tempo desde a última vez que fomos lá, não? — Eu adoraria. Mas só se a música for boa! — Falo, já me imaginando dançando sem parar. — Toda vez que vou, nunca me decepciono. E posso garantir, os homens do Starlite são um espetáculo! — Ela diz, com um brilho nos olhos. — Desculpe, mas eu discordo. Nenhum desses caras é tão gostoso quanto eu. — Matt solta, com uma confiança de fazer inveja. Lisa, sem pensar duas vezes, dá um soco amigável no ombro dele. — Atrás desse rostinho angelical, tem um verdadeiro furacão. — Ela ri, e a gente sabe que ela está certa. Matt nunca perde uma oportunidade de ser o centro das atenções. Quando aceitei o cargo de assistente de comunicação na Carter Corp, nem imaginava que a rotina de trabalho fosse se transformar em algo tão imprevisível e divertido. Trabalho ao lado de Matt Ortega, o designer gráfico mais irreverente que eu já conheci. Ele tem um talento nato para transformar até o dia mais comum em algo memorável, sempre soltando piadas ou comentários hilários que conseguem fazer qualquer ambiente parecer mais leve. E não posso esquecer da Lisa Parker. Nossa recepcionista. Com seus cabelos loiros brilhantes e olhos azuis, ela poderia facilmente ser confundida com a típica loira burra, mas quem a conhece sabe o quão longe ela está disso. Lisa é uma verdadeira força da natureza. Lisa pega sua bolsa atrás da recepção, mexendo nas coisas com pressa. Droga, onde está a minha? — Espere! Deixei minha bolsa lá em cima! Tenho que ir buscar. — Digo, falando rápido enquanto me viro para correr até o elevador. — Bem, isso é uma novidade, hein? Vai lá, a gente te espera. Isso nos dá tempo para chamar o táxi. — Matt responde com aquele tom calmo, quase como se não houvesse nada mais urgente do que esperar por mim. — Mas seja rápida. Príncipes tendem a desaparecer à meia-noite e eu realmente não quero perder o meu. — Lisa brinca, seu sorriso travesso brilhando à luz baixa do hall. Ela parece realmente se divertir com a ideia de me deixar para trás. — Vai ter que se contentar com um sapo, então! — Matt solta, tirando sarro. Seu humor sempre é afiado, e nesse momento, ele é mais engraçado do que provocador. Eu rio de volta enquanto dou passos rápidos para o elevador, ansiosa para recuperar minha bolsa. Quando espero o elevador que começa a subir do estacionamento, pego meu celular para dar uma olhada rápida no meu blog de culinária. Eu sou uma influenciadora... do meu jeito. Gosto de deixar as pessoas conhecerem minhas melhores receitas e parece que a comunidade que me segue adora tudo que compartilho! As portas do elevador se abrem, e eu entro, surpresa ao encontrar um homem de costas já lá dentro. Sem perder o ritmo, deslizo para a parte de trás, focada na tela do meu celular enquanto continuo lendo os comentários. Estou no modo piloto automático, digitando sem realmente pensar. Aperto o botão do 42º andar e, ao olhar para o painel, noto que o botão do 50º andar também está aceso. As portas se fecham com um suspiro metálico, e o elevador começa a subir lentamente. Tento manter a concentração para responder ao próximo comentário, mas a presença do homem ao meu lado começa a me incomodar. Algo no ar parece diferente. O espaço apertado entre nós torna tudo um pouco mais desconfortável. Enquanto continuo digitando, meus pensamentos se afastam das palavras. O cheiro dele é... impossível de ignorar. É um perfume marcante, envolvente, e de alguma forma, me sinto um pouco desorientada. Com um olhar de soslaio, noto que o homem ao meu lado veste um terno impecável, feito sob medida. O corte ajustado realça sua postura firme, exalando poder e sofisticação. Mas algo me chama a atenção... Eu nunca o vi por aqui. Ele selecionou o último andar. O setor dos executivos. Será que trabalha diretamente com o CEO? — Boa noite, senhorita. A voz dele me surpreende. Não é fria ou indiferente como eu esperava. Pelo contrário, tem um tom quente e envolvente, com uma suavidade que desliza pelos meus sentidos. Um arrepio involuntário percorre minha espinha, e meus dedos apertam levemente o celular. Tento manter a compostura, mas sinto um sorriso se formando em meus lábios antes mesmo de perceber. — Boa noite, senhor. — Esqueceu alguma coisa no escritório? — Sim! A festa foi tão animada que saí sem pegar minhas coisas. — Respondo, lançando um olhar rápido para seu corpo. — Entendo. Parece que não fui o único. Não respondo mais nada e finjo me concentrar na tela do celular. Subitamente, uma nova onda da fragrância dele me atinge, dessa vez mais intensa. É viciante. Um aroma amadeirado, com um toque de algo sofisticado, como couro e especiarias. E minha mente é invadida por pensamentos nada apropriados. Preciso olhar para ele. Só um pouquinho. Levanto o olhar para seu corpo com discrição. Seu porte é atlético, ombros largos e uma presença marcante. Ele parece feito para ocupar espaço, para ser notado. Mordo levemente o lábio inferior, tentando conter o sorriso que ameaça escapar. Não é o momento nem o lugar para me distrair com um completo estranho. De repente, um zumbido estranho ecoa pela cabine, seguido por um estalo seco. As luzes piscam e, num instante, tudo se apaga. O elevador dá um solavanco brusco, me fazendo perder o equilíbrio. — Ah! — Um grito abafado escapa dos meus lábios enquanto meus pés tropeçam no chão instável. Meu celular escorrega da minha mão e cai com um baque surdo. No mesmo instante, minhas mãos disparam para frente, tentando agarrar qualquer coisa que me impeça de cair. E qualquer coisa acaba sendo... ele.Minha palma encontra algo firme, quente. Os músculos sob meus dedos são rígidos, mas há uma certa maciez na textura da camisa bem alinhada. Pelo formato, acho que estou segurando o ombro dele. Ou talvez o peitoral? Meu cérebro, ainda confuso pelo escuro repentino, não tem certeza.Antes que eu consiga processar, sinto uma pressão sutil em meu antebraço. Ele me segurou de volta, a mão grande envolvendo minha pele com firmeza, mas sem agressividade. Apenas o suficiente para me manter estável.A tensão no elevador é quase palpável. O espaço já era pequeno, mas agora, com a cabine mergulhada na escuridão, a proximidade entre nós se torna ainda mais intensa. Meu coração martela contra as costelas, o sangue latejando em minhas têmporas.Por que eu não olhei direito para ele antes? Agora estou presa no escuro com um completo estranho... e não faço ideia de como ele é.— Está tudo bem? — A voz dele corta a escuridão, profunda e tranquila.— Bem... isso não é exatamente reconfortante, né? — Te
No dia seguinte, estou sentada no cubículo, a luz fluorescente iluminando as pilhas de papéis que se empilham sobre a mesa. Matt está ao meu lado, com os olhos fixos na tela do computador enquanto tentamos avançar em um arquivo designado pelo nosso gerente, Gabriel Simons. Já estamos há dias trabalhando nisso, e o prazo que nos foi dado para entregar o projeto parece apertado, quase sufocante.— Não sei... eu realmente acho que não vamos terminar o projeto da Nova Escola a tempo — meu parceiro solta uma reclamação, passando a mão pela testa em frustração. — Vai ser quase impossível dar conta disso tudo até o final da semana.Olho para a tela, meus dedos voando sobre o teclado enquanto tento processar as informações que ele me passou.— Nós vamos dar um jeito — respondo, tentando manter a calma. — E pense nisso, por nossa causa, escolas e universidades gigantes vão poder dizer que estão utilizando energia renovável. Já pensou? Nosso trabalho pode mudar o futuro de muitas instituições!
Quando chego em casa, largo minha bolsa no sofá e solto um suspiro longo. O dia foi cansativo, mas minha mente não está exatamente no trabalho. Desde o momento em que deixei o escritório, só consigo pensar no homem do elevador. O mistério em torno dele me atormenta como um enigma que preciso desesperadamente resolver.Sacudo a cabeça, tentando afastar a lembrança de seu toque, e pego meu laptop. Antes que Matt e Lisa cheguem, quero interagir com meus seguidores.Hoje, "Pequenas Delícias da Kat" recebeu centenas de visitas. Sempre fico animada em ver tanta gente interessada nas minhas receitas. Desde que publiquei a resenha do "bolo de aniversário perfeito", minha pequena comunidade culinária só cresceu, e faço questão de responder a cada comentário.Maduh09: "Esse prato é um verdadeiro afrodisíaco! Você precisa me contar de onde tirou essa inspiração!"Meu dedo paira sobre o teclado, e um som de arranhar me distrai. Olho para o lado e vejo Candy, minha hamster, escalando a grade da ga
Assim que chego ao último andar, sou recebida por um saguão espaçoso, iluminado por janelas imensas que oferecem uma vista deslumbrante da cidade. Uma fileira de portas se estende à minha frente, cada uma provavelmente levando a um escritório onde decisões importantes são tomadas.E então, o pior acontece.Esbarro, sem querer, na diretora de Recursos Humanos.— Bom dia, Srta. Sparke — digo, tentando soar profissional.Cassidy Sparke me avalia com um olhar impassível, seus olhos percorrendo meu corpo de cima a baixo como se estivesse analisando um inseto em sua mesa de trabalho. Então, sem nem um aceno de cabeça, ela simplesmente segue em frente, me ignorando como se eu fosse invisível.Que vagabunda!Respiro fundo e volto minha atenção para o que realmente importa. O problema agora é encontrar Mark. Diante das inúmeras portas à minha frente, a ideia de ter que bater em cada uma delas é frustrante. Mas então, algo chama minha atenção.Vozes. Baixas, mas distintas.Uma delas é a de Mark
Eu não posso acreditar que, por um segundo, achei que ele era o meu estranho do elevador!— Pelo contrário. Ela expressou uma opinião que estou ansioso para ouvir mais. Srta. Martin, por favor, sente-se conosco. — A voz de Carter é baixa e carregada de algo indecifrável, quase um convite velado.A maneira como ele pronuncia meu nome... é quase um crime. Há uma sensualidade natural em sua entonação que faz minha pele arrepiar. Meu corpo reage antes mesmo que minha mente processe.Eu realmente acabei de criticar o trabalho de Mark Leviels... e, de quebra, flertar indiretamente com o chefão?Engulo em seco e me sento, mantendo o arquivo do projeto Nova Escola firme no colo, como se fosse um escudo. Tento focar na tela à minha frente, mas não posso ignorar a presença intensa do Sr. Carter ao meu lado. Ele me observa, intrigado. Sua fragrância amadeirada invade meus sentidos novamente, e eu me pergunto que tipo de feitiço esse homem carrega consigo.Preciso me recompor. Se quero manter meu
Chego à minha mesa com o coração acelerado, ainda processando tudo o que acabou de acontecer. A adrenalina pulsa em minhas veias, e a única coisa que consigo pensar é: eu preciso contar isso para alguém!Sento-me apressadamente e abro o bate-papo em grupo com Lisa e Matt. Meus dedos voam pelo teclado."Eu tenho uma coisa louca para contar!!!"A resposta vem quase instantaneamente.Lisa♡: "ME CONTA TUDO! QUERO SABER!""Aqui não! Quero contar pessoalmente!"Lisa♡: "Ok! Conselho de guerra no refeitório! Matt está com você?""Não sei onde ele está..., mas não importa! Eu PRECISO te contar isso agora!"Lisa♡: "Ok, vejo você em um minuto!"Levanto-me de um salto, pego minha pasta e sigo para o elevador. Meu corpo ainda está em alerta, como se tentasse se recuperar da tensão daquele encontro. Quando a porta do elevador se abre, dou de cara com Mark.Ele me olha surpreso, mas logo seu rosto assume uma expressão mais neutra.— Você de novo? Na verdade, eu queria falar com você. — Ele diz, incl
— Intenso como? — Minha amiga estreita os olhos, com um sorriso sugestivo.— Sei lá, foi… eletrizante. Tipo… quando você encosta em algo e sente um choque leve, mas que percorre seu corpo inteiro. — Tento explicar, mas a verdade é que nem eu mesma consigo entender completamente.Matt estala a língua e sacode a cabeça.— Ah, entendi. Então o cara é um eletricista agora.Reviro os olhos, jogando um guardanapo nele.— Eu duvido que ele faria alguma coisa por você, Matt.— Mas um eletricista desses pode vir me ligar a qualquer hora. — A loira pisca, segurando o riso.Caímos na gargalhada, e Matt faz uma careta exagerada.— Eu tenho tantas imagens na minha cabeça agora… e nenhuma delas é apropriada.Lisa ainda ri, mas então sua expressão muda repentinamente.— Peraí! Você tem noção do que aconteceu? Você conheceu Ryan Carter! Ele é o solteiro bilionário mais cobiçado de Nova York! Eu quase nunca vejo ele na recepção.Ela bate palmas animada, claramente empolgada.— Ah! E falando no Carter…
Por um instante, sinto meu corpo congelar. A vergonha ameaça me engolir inteira.Se vou ser pega procurando informações sobre meu CEO gostoso, pelo menos não vou negar.Levanto o olhar, endireito os ombros e dou de ombros.— Eu te disse. Estou investindo no meu trabalho.Silêncio.E então…O sorrisinho discreto de Ryan Carter se expande um pouco mais, como se ele estivesse se divertindo com isso.Meu Deus.— Espero que tenha gostado do que viu. Mas eu tomaria cuidado com essas revistas de fofocas. — Carter comenta sua voz carregada de ironia e um leve sorriso no canto dos lábios.O tom descontraído dele me pega de surpresa. Ele realmente não parece incomodado com o fato de que eu estava, tecnicamente, lendo fofocas sobre ele.Cruzo os braços e levanto o queixo, tentando parecer inabalável.— Depois de conhecê-lo, achei que seria interessante saber mais sobre você. — Digo, mantendo meu tom profissional. — É importante conhecer quem está acima de nós na hierarquia. Quem está no topo.Ma