Capítulo II

Minha palma encontra algo firme, quente. Os músculos sob meus dedos são rígidos, mas há uma certa maciez na textura da camisa bem alinhada. Pelo formato, acho que estou segurando o ombro dele. Ou talvez o peitoral? Meu cérebro, ainda confuso pelo escuro repentino, não tem certeza.

Antes que eu consiga processar, sinto uma pressão sutil em meu antebraço. Ele me segurou de volta, a mão grande envolvendo minha pele com firmeza, mas sem agressividade. Apenas o suficiente para me manter estável.

A tensão no elevador é quase palpável. O espaço já era pequeno, mas agora, com a cabine mergulhada na escuridão, a proximidade entre nós se torna ainda mais intensa. Meu coração martela contra as costelas, o sangue latejando em minhas têmporas.

Por que eu não olhei direito para ele antes? Agora estou presa no escuro com um completo estranho... e não faço ideia de como ele é.

— Está tudo bem? — A voz dele corta a escuridão, profunda e tranquila.

— Bem... isso não é exatamente reconfortante, né? — Tento soar leve, mas minha própria respiração me denuncia.

— Espero que você não esteja com medo.

— Não. Só não gosto da ideia de ficar presa nesse elevador. Quero dizer... está escuro como breu aqui.

— Não se preocupe. Tenho certeza de que é temporário. E, em situações como essa, é melhor não estar sozinha, certo?

Meu coração, que até então estava acelerado, começa a se acalmar. Há algo na maneira como ele fala... um calor na voz, uma firmeza tranquilizadora que me faz querer acreditar em cada palavra.

A escuridão ao nosso redor ainda é sufocante, mas, por algum motivo, minha atenção está completamente nele.

O espaço apertado torna tudo ainda mais intenso. Posso sentir o calor que emana de seu corpo, irradiando contra mim, como se a própria proximidade dele fosse suficiente para me envolver. O perfume amadeirado e sofisticado continua impregnando o ar, e agora, sem distrações visuais, parece ainda mais viciante.

E então, percebo algo que me faz prender a respiração: seu hálito quente roça minha pele.

Ele não recua. Não imediatamente.

Por um momento, ele simplesmente fica ali, imóvel, como se estivesse avaliando a situação... ou me avaliando.

Droga! Minha mão ainda está em seu ombro. Forte, quente, sólido. Mas ele não disse nada. Não pediu para que eu me afastasse.

Para minha surpresa, ele move a mão até a minha, tocando-a com uma leveza que me faz prender a respiração. O contato inesperado envia um arrepio pela minha espinha, fazendo meu corpo estremecer quase imperceptivelmente. Há algo na maneira como seus dedos roçam os meus... como se estivéssemos em perfeita sintonia, mesmo sem trocar palavras.

— Sua mão é... tão macia. — A voz dele sai baixa, quase um sussurro, carregada de algo indefinível.

— A sua também... — murmuro, minha própria voz mais fraca do que gostaria.

Ele começa a deslizar a ponta dos dedos ao longo dos meus, um toque suave, quase provocador. Um pequeno choque percorre minha pele, como eletricidade estática, mas muito mais intensa.

A atmosfera no elevador muda. O ar parece mais denso, carregado de uma tensão que pulsa entre nós. Nossas respirações se tornam mais pesadas, e agora consigo distinguir melhor seus traços na penumbra. O contorno do rosto é definido, forte. Seu pescoço largo e imponente leva a um cabelo impecavelmente penteado, sugerindo uma atenção quase meticulosa aos detalhes.

Os segundos passam arrastados, e, ainda assim, nossas mãos permanecem entrelaçadas, se conhecendo, se explorando de maneira sutil. Cada pequeno toque, cada deslizar de pele contra pele, intensifica algo dentro de mim—um desejo crescente, insidioso.

— Eles estão demorando, não acha? — Minha voz sai um pouco trêmula, mas finjo indiferença.

— Você acha? — Ele inclina levemente a cabeça, como se refletisse sobre a pergunta.

E então, sem aviso, ele se aproxima.

Não muito. Apenas o suficiente para que o calor dele se torne ainda mais perceptível, para que sua presença pareça ainda mais dominante dentro desse espaço claustrofóbico. Seu aperto na minha mão suaviza, mas seus dedos continuam lá, roçando os meus em um jogo silencioso.

Meu polegar desliza pela lateral dos seus dedos, explorando sua textura, sentindo a combinação intrigante entre força e delicadeza. Grossos, firmes, mas macios ao toque. Uma mistura sutil de elegância e força.

E então percebo algo curioso.

Não há um anel de compromisso. Interessante...

Estou a poucos centímetros dele. O espaço entre nós parece desaparecer, sugado pela atração intensa que me puxa para mais perto. Fecho os olhos, tomada pelo magnetismo desse estranho que, de repente, se tornou tudo que consigo sentir.

Dentro deste elevador escuro, somos só nós dois. Como se estivéssemos isolados do mundo, presos em uma bolha secreta onde o tempo não existe. Meu coração martela no peito, cada batida mais frenética que a anterior.

Então, ele quebra o silêncio, sua voz baixa e carregada de desejo:

— Eu quero provar seus lábios.

Um arrepio percorre minha pele. Meu corpo age antes da minha mente, inclinando-se instintivamente para ele. Devagar, como se estivéssemos saboreando a tensão do momento, nossos lábios finalmente se encontram.

O primeiro toque é eletrizante. Um choque quente que se espalha pelo meu corpo, fazendo cada centímetro de mim ansiar por mais. O beijo é faminto, profundo, e eu sei que ele sente o mesmo. Seus braços me envolvem, fortes e protetores, me puxando para mais perto. O calor do seu corpo se funde ao meu, e de repente, não há mais barreiras entre nós.

Ele assume o controle com uma intensidade avassaladora, dominando cada movimento. Eu me perco no gosto dele, na forma como sua boca se molda perfeitamente à minha. Retribuo com igual fervor, saboreando cada segundo, cada respiração entrecortada.

Um som baixo e rouco escapa de sua garganta—um grunhido satisfeito que faz meu estômago revirar de excitação. Meus dedos deslizam por seus ombros, exploram seu peito firme, e antes que perceba, estou tirando seu paletó, deixando-o cair sem cerimônia.

Ele sorri contra meus lábios, suas mãos traçando um caminho tortuosamente lento pela minha cintura. Então, em um sussurro carregado de desejo, ele murmura:

— Seus lábios são tão deliciosos...

Repentinamente, o elevador volta a se mover com um solavanco, e uma luz intensa invade o espaço escuro. Instintivamente, fecho os olhos, ofuscada, mas antes que possa reagir, sinto a mão dele sobre meu rosto, protegendo-me da claridade com um gesto inesperadamente terno.

E então, ele se afasta.

O vazio deixado entre nós me faz ansiar desesperadamente pelo toque de seus lábios outra vez. Ainda sinto o calor de sua respiração na minha pele, o eco da sua presença. Mas a magia daquele momento se desfaz quando as portas do elevador se abrem, arrastando-me de volta à realidade.

Antes que eu possa dar um passo, ele me surpreende mais uma vez. Com a outra mão, me gira suavemente e me puxa contra seu peito. Meu corpo se encaixa no dele como se já pertencesse ali.

— É aqui que você fica.

A decepção pulsa em minha garganta. Eu não quero que isso termine. Não assim.

— Eu quero te ver de novo. — minha voz sai como um sussurro.

Ele hesita por um segundo antes de responder, sua voz grave e envolvente.

— Não... Vamos guardar este momento em segredo. Por enquanto, pelo menos.

Eu considero me virar para finalmente encará-lo, gravar seu rosto na minha mente, mas há algo na firmeza de seu tom que me impede. Como se quebrar esse mistério pudesse estragar tudo.

Dou um passo à frente, relutante, e é quando sinto sua mão segurar a minha. Meus sentidos se acendem mais uma vez. Ele desliza algo em meus dedos antes de falar:

— Não esqueça seu celular.

O choque me desperta. Como pude simplesmente esquecer?

— O que eu estava pensando?

Ele solta um riso baixo, quase indulgente.

— Quero que saiba que isso foi uma das coisas mais estranhas que já experimentei.

Sua voz quente ressoa dentro de mim, provocando arrepios que se espalham pelo meu corpo.

Eu sorrio, sem conseguir evitar.

— Eu quero te ver de novo. Quem é você?

Ele se inclina levemente para mim, e por um momento, acho que vai ceder. Mas então, com um toque de provocação, ele apenas responde:

— Isso você terá que descobrir.

As portas do elevador se fecham diante dos meus olhos, levando-o para longe.

E eu fico ali, parada, tentando entender o que diabos acabou de acontecer.

Estou em outro mundo. Demoro alguns segundos para perceber que estou realmente no meu andar... e que estou aqui para pegar minha bolsa.

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