Minha palma encontra algo firme, quente. Os músculos sob meus dedos são rígidos, mas há uma certa maciez na textura da camisa bem alinhada. Pelo formato, acho que estou segurando o ombro dele. Ou talvez o peitoral? Meu cérebro, ainda confuso pelo escuro repentino, não tem certeza.
Antes que eu consiga processar, sinto uma pressão sutil em meu antebraço. Ele me segurou de volta, a mão grande envolvendo minha pele com firmeza, mas sem agressividade. Apenas o suficiente para me manter estável. A tensão no elevador é quase palpável. O espaço já era pequeno, mas agora, com a cabine mergulhada na escuridão, a proximidade entre nós se torna ainda mais intensa. Meu coração martela contra as costelas, o sangue latejando em minhas têmporas. Por que eu não olhei direito para ele antes? Agora estou presa no escuro com um completo estranho... e não faço ideia de como ele é. — Está tudo bem? — A voz dele corta a escuridão, profunda e tranquila. — Bem... isso não é exatamente reconfortante, né? — Tento soar leve, mas minha própria respiração me denuncia. — Espero que você não esteja com medo. — Não. Só não gosto da ideia de ficar presa nesse elevador. Quero dizer... está escuro como breu aqui. — Não se preocupe. Tenho certeza de que é temporário. E, em situações como essa, é melhor não estar sozinha, certo? Meu coração, que até então estava acelerado, começa a se acalmar. Há algo na maneira como ele fala... um calor na voz, uma firmeza tranquilizadora que me faz querer acreditar em cada palavra. A escuridão ao nosso redor ainda é sufocante, mas, por algum motivo, minha atenção está completamente nele. O espaço apertado torna tudo ainda mais intenso. Posso sentir o calor que emana de seu corpo, irradiando contra mim, como se a própria proximidade dele fosse suficiente para me envolver. O perfume amadeirado e sofisticado continua impregnando o ar, e agora, sem distrações visuais, parece ainda mais viciante. E então, percebo algo que me faz prender a respiração: seu hálito quente roça minha pele. Ele não recua. Não imediatamente. Por um momento, ele simplesmente fica ali, imóvel, como se estivesse avaliando a situação... ou me avaliando. Droga! Minha mão ainda está em seu ombro. Forte, quente, sólido. Mas ele não disse nada. Não pediu para que eu me afastasse. Para minha surpresa, ele move a mão até a minha, tocando-a com uma leveza que me faz prender a respiração. O contato inesperado envia um arrepio pela minha espinha, fazendo meu corpo estremecer quase imperceptivelmente. Há algo na maneira como seus dedos roçam os meus... como se estivéssemos em perfeita sintonia, mesmo sem trocar palavras. — Sua mão é... tão macia. — A voz dele sai baixa, quase um sussurro, carregada de algo indefinível. — A sua também... — murmuro, minha própria voz mais fraca do que gostaria. Ele começa a deslizar a ponta dos dedos ao longo dos meus, um toque suave, quase provocador. Um pequeno choque percorre minha pele, como eletricidade estática, mas muito mais intensa. A atmosfera no elevador muda. O ar parece mais denso, carregado de uma tensão que pulsa entre nós. Nossas respirações se tornam mais pesadas, e agora consigo distinguir melhor seus traços na penumbra. O contorno do rosto é definido, forte. Seu pescoço largo e imponente leva a um cabelo impecavelmente penteado, sugerindo uma atenção quase meticulosa aos detalhes. Os segundos passam arrastados, e, ainda assim, nossas mãos permanecem entrelaçadas, se conhecendo, se explorando de maneira sutil. Cada pequeno toque, cada deslizar de pele contra pele, intensifica algo dentro de mim—um desejo crescente, insidioso. — Eles estão demorando, não acha? — Minha voz sai um pouco trêmula, mas finjo indiferença. — Você acha? — Ele inclina levemente a cabeça, como se refletisse sobre a pergunta. E então, sem aviso, ele se aproxima. Não muito. Apenas o suficiente para que o calor dele se torne ainda mais perceptível, para que sua presença pareça ainda mais dominante dentro desse espaço claustrofóbico. Seu aperto na minha mão suaviza, mas seus dedos continuam lá, roçando os meus em um jogo silencioso. Meu polegar desliza pela lateral dos seus dedos, explorando sua textura, sentindo a combinação intrigante entre força e delicadeza. Grossos, firmes, mas macios ao toque. Uma mistura sutil de elegância e força. E então percebo algo curioso. Não há um anel de compromisso. Interessante... Estou a poucos centímetros dele. O espaço entre nós parece desaparecer, sugado pela atração intensa que me puxa para mais perto. Fecho os olhos, tomada pelo magnetismo desse estranho que, de repente, se tornou tudo que consigo sentir. Dentro deste elevador escuro, somos só nós dois. Como se estivéssemos isolados do mundo, presos em uma bolha secreta onde o tempo não existe. Meu coração martela no peito, cada batida mais frenética que a anterior. Então, ele quebra o silêncio, sua voz baixa e carregada de desejo: — Eu quero provar seus lábios. Um arrepio percorre minha pele. Meu corpo age antes da minha mente, inclinando-se instintivamente para ele. Devagar, como se estivéssemos saboreando a tensão do momento, nossos lábios finalmente se encontram. O primeiro toque é eletrizante. Um choque quente que se espalha pelo meu corpo, fazendo cada centímetro de mim ansiar por mais. O beijo é faminto, profundo, e eu sei que ele sente o mesmo. Seus braços me envolvem, fortes e protetores, me puxando para mais perto. O calor do seu corpo se funde ao meu, e de repente, não há mais barreiras entre nós. Ele assume o controle com uma intensidade avassaladora, dominando cada movimento. Eu me perco no gosto dele, na forma como sua boca se molda perfeitamente à minha. Retribuo com igual fervor, saboreando cada segundo, cada respiração entrecortada. Um som baixo e rouco escapa de sua garganta—um grunhido satisfeito que faz meu estômago revirar de excitação. Meus dedos deslizam por seus ombros, exploram seu peito firme, e antes que perceba, estou tirando seu paletó, deixando-o cair sem cerimônia. Ele sorri contra meus lábios, suas mãos traçando um caminho tortuosamente lento pela minha cintura. Então, em um sussurro carregado de desejo, ele murmura: — Seus lábios são tão deliciosos... Repentinamente, o elevador volta a se mover com um solavanco, e uma luz intensa invade o espaço escuro. Instintivamente, fecho os olhos, ofuscada, mas antes que possa reagir, sinto a mão dele sobre meu rosto, protegendo-me da claridade com um gesto inesperadamente terno. E então, ele se afasta. O vazio deixado entre nós me faz ansiar desesperadamente pelo toque de seus lábios outra vez. Ainda sinto o calor de sua respiração na minha pele, o eco da sua presença. Mas a magia daquele momento se desfaz quando as portas do elevador se abrem, arrastando-me de volta à realidade. Antes que eu possa dar um passo, ele me surpreende mais uma vez. Com a outra mão, me gira suavemente e me puxa contra seu peito. Meu corpo se encaixa no dele como se já pertencesse ali. — É aqui que você fica. A decepção pulsa em minha garganta. Eu não quero que isso termine. Não assim. — Eu quero te ver de novo. — minha voz sai como um sussurro. Ele hesita por um segundo antes de responder, sua voz grave e envolvente. — Não... Vamos guardar este momento em segredo. Por enquanto, pelo menos. Eu considero me virar para finalmente encará-lo, gravar seu rosto na minha mente, mas há algo na firmeza de seu tom que me impede. Como se quebrar esse mistério pudesse estragar tudo. Dou um passo à frente, relutante, e é quando sinto sua mão segurar a minha. Meus sentidos se acendem mais uma vez. Ele desliza algo em meus dedos antes de falar: — Não esqueça seu celular. O choque me desperta. Como pude simplesmente esquecer? — O que eu estava pensando? Ele solta um riso baixo, quase indulgente. — Quero que saiba que isso foi uma das coisas mais estranhas que já experimentei. Sua voz quente ressoa dentro de mim, provocando arrepios que se espalham pelo meu corpo. Eu sorrio, sem conseguir evitar. — Eu quero te ver de novo. Quem é você? Ele se inclina levemente para mim, e por um momento, acho que vai ceder. Mas então, com um toque de provocação, ele apenas responde: — Isso você terá que descobrir. As portas do elevador se fecham diante dos meus olhos, levando-o para longe. E eu fico ali, parada, tentando entender o que diabos acabou de acontecer. Estou em outro mundo. Demoro alguns segundos para perceber que estou realmente no meu andar... e que estou aqui para pegar minha bolsa.No dia seguinte, estou sentada no cubículo, a luz fluorescente iluminando as pilhas de papéis que se empilham sobre a mesa. Matt está ao meu lado, com os olhos fixos na tela do computador enquanto tentamos avançar em um arquivo designado pelo nosso gerente, Gabriel Simons. Já estamos há dias trabalhando nisso, e o prazo que nos foi dado para entregar o projeto parece apertado, quase sufocante.— Não sei... eu realmente acho que não vamos terminar o projeto da Nova Escola a tempo — meu parceiro solta uma reclamação, passando a mão pela testa em frustração. — Vai ser quase impossível dar conta disso tudo até o final da semana.Olho para a tela, meus dedos voando sobre o teclado enquanto tento processar as informações que ele me passou.— Nós vamos dar um jeito — respondo, tentando manter a calma. — E pense nisso, por nossa causa, escolas e universidades gigantes vão poder dizer que estão utilizando energia renovável. Já pensou? Nosso trabalho pode mudar o futuro de muitas instituições!
Quando chego em casa, largo minha bolsa no sofá e solto um suspiro longo. O dia foi cansativo, mas minha mente não está exatamente no trabalho. Desde o momento em que deixei o escritório, só consigo pensar no homem do elevador. O mistério em torno dele me atormenta como um enigma que preciso desesperadamente resolver.Sacudo a cabeça, tentando afastar a lembrança de seu toque, e pego meu laptop. Antes que Matt e Lisa cheguem, quero interagir com meus seguidores.Hoje, "Pequenas Delícias da Kat" recebeu centenas de visitas. Sempre fico animada em ver tanta gente interessada nas minhas receitas. Desde que publiquei a resenha do "bolo de aniversário perfeito", minha pequena comunidade culinária só cresceu, e faço questão de responder a cada comentário.Maduh09: "Esse prato é um verdadeiro afrodisíaco! Você precisa me contar de onde tirou essa inspiração!"Meu dedo paira sobre o teclado, e um som de arranhar me distrai. Olho para o lado e vejo Candy, minha hamster, escalando a grade da ga
Assim que chego ao último andar, sou recebida por um saguão espaçoso, iluminado por janelas imensas que oferecem uma vista deslumbrante da cidade. Uma fileira de portas se estende à minha frente, cada uma provavelmente levando a um escritório onde decisões importantes são tomadas.E então, o pior acontece.Esbarro, sem querer, na diretora de Recursos Humanos.— Bom dia, Srta. Sparke — digo, tentando soar profissional.Cassidy Sparke me avalia com um olhar impassível, seus olhos percorrendo meu corpo de cima a baixo como se estivesse analisando um inseto em sua mesa de trabalho. Então, sem nem um aceno de cabeça, ela simplesmente segue em frente, me ignorando como se eu fosse invisível.Que vagabunda!Respiro fundo e volto minha atenção para o que realmente importa. O problema agora é encontrar Mark. Diante das inúmeras portas à minha frente, a ideia de ter que bater em cada uma delas é frustrante. Mas então, algo chama minha atenção.Vozes. Baixas, mas distintas.Uma delas é a de Mark
Eu não posso acreditar que, por um segundo, achei que ele era o meu estranho do elevador!— Pelo contrário. Ela expressou uma opinião que estou ansioso para ouvir mais. Srta. Martin, por favor, sente-se conosco. — A voz de Carter é baixa e carregada de algo indecifrável, quase um convite velado.A maneira como ele pronuncia meu nome... é quase um crime. Há uma sensualidade natural em sua entonação que faz minha pele arrepiar. Meu corpo reage antes mesmo que minha mente processe.Eu realmente acabei de criticar o trabalho de Mark Leviels... e, de quebra, flertar indiretamente com o chefão?Engulo em seco e me sento, mantendo o arquivo do projeto Nova Escola firme no colo, como se fosse um escudo. Tento focar na tela à minha frente, mas não posso ignorar a presença intensa do Sr. Carter ao meu lado. Ele me observa, intrigado. Sua fragrância amadeirada invade meus sentidos novamente, e eu me pergunto que tipo de feitiço esse homem carrega consigo.Preciso me recompor. Se quero manter meu
Chego à minha mesa com o coração acelerado, ainda processando tudo o que acabou de acontecer. A adrenalina pulsa em minhas veias, e a única coisa que consigo pensar é: eu preciso contar isso para alguém!Sento-me apressadamente e abro o bate-papo em grupo com Lisa e Matt. Meus dedos voam pelo teclado."Eu tenho uma coisa louca para contar!!!"A resposta vem quase instantaneamente.Lisa♡: "ME CONTA TUDO! QUERO SABER!""Aqui não! Quero contar pessoalmente!"Lisa♡: "Ok! Conselho de guerra no refeitório! Matt está com você?""Não sei onde ele está..., mas não importa! Eu PRECISO te contar isso agora!"Lisa♡: "Ok, vejo você em um minuto!"Levanto-me de um salto, pego minha pasta e sigo para o elevador. Meu corpo ainda está em alerta, como se tentasse se recuperar da tensão daquele encontro. Quando a porta do elevador se abre, dou de cara com Mark.Ele me olha surpreso, mas logo seu rosto assume uma expressão mais neutra.— Você de novo? Na verdade, eu queria falar com você. — Ele diz, incl
— Intenso como? — Minha amiga estreita os olhos, com um sorriso sugestivo.— Sei lá, foi… eletrizante. Tipo… quando você encosta em algo e sente um choque leve, mas que percorre seu corpo inteiro. — Tento explicar, mas a verdade é que nem eu mesma consigo entender completamente.Matt estala a língua e sacode a cabeça.— Ah, entendi. Então o cara é um eletricista agora.Reviro os olhos, jogando um guardanapo nele.— Eu duvido que ele faria alguma coisa por você, Matt.— Mas um eletricista desses pode vir me ligar a qualquer hora. — A loira pisca, segurando o riso.Caímos na gargalhada, e Matt faz uma careta exagerada.— Eu tenho tantas imagens na minha cabeça agora… e nenhuma delas é apropriada.Lisa ainda ri, mas então sua expressão muda repentinamente.— Peraí! Você tem noção do que aconteceu? Você conheceu Ryan Carter! Ele é o solteiro bilionário mais cobiçado de Nova York! Eu quase nunca vejo ele na recepção.Ela bate palmas animada, claramente empolgada.— Ah! E falando no Carter…
Por um instante, sinto meu corpo congelar. A vergonha ameaça me engolir inteira.Se vou ser pega procurando informações sobre meu CEO gostoso, pelo menos não vou negar.Levanto o olhar, endireito os ombros e dou de ombros.— Eu te disse. Estou investindo no meu trabalho.Silêncio.E então…O sorrisinho discreto de Ryan Carter se expande um pouco mais, como se ele estivesse se divertindo com isso.Meu Deus.— Espero que tenha gostado do que viu. Mas eu tomaria cuidado com essas revistas de fofocas. — Carter comenta sua voz carregada de ironia e um leve sorriso no canto dos lábios.O tom descontraído dele me pega de surpresa. Ele realmente não parece incomodado com o fato de que eu estava, tecnicamente, lendo fofocas sobre ele.Cruzo os braços e levanto o queixo, tentando parecer inabalável.— Depois de conhecê-lo, achei que seria interessante saber mais sobre você. — Digo, mantendo meu tom profissional. — É importante conhecer quem está acima de nós na hierarquia. Quem está no topo.Ma
Caminho direto para a sala de Gabriel, sentindo a tensão aumentar a cada passo. Assim que entro, encontro meu gerente esperando por mim, impaciente. Ele se levanta no instante em que me vê, como se estivesse prestes a vir atrás de mim caso eu demorasse mais alguns segundos.Ótimo. Isso definitivamente não parece bom.— Katerina, obrigado por vir tão rápido. — Gabriel me cumprimenta com um aceno de cabeça. — Tenho algumas informações importantes para compartilhar com você.Ele aponta para a cadeira à sua frente.— Sente-se. O Mark deve estar chegando a qualquer momento.Obedeço, cruzando as pernas e tentando parecer mais calma do que realmente estou.— Certo… por onde começamos? — pergunto.Gabriel respira fundo, como se estivesse organizando os pensamentos antes de falar.— Primeiro, eu revisei sua apresentação e sua análise final sobre o projeto da Nova Escola. Também dei uma olhada no evento de caridade que você propôs. E tenho boas e más notícias.Cruzo os braços, tentando decifrar