- Falando sozinha pequeno pônei? – O Apolo estava parado atrás da porta e me encarava de um jeito estranho, ele me olhava como nunca havia feito antes, e um arrepio passou por todo o meu corpo. Ele estava com uma regata branca, as mãos nos bolsos da calça de moletom, o seu cabelo preto estava todo bagunçado e os olhos dele estavam fixos nos meus.
Eu engoli em seco, a temperatura que antes estava agradável agora parecia subir de repente muito rápido. - Que, que susto menino! – Por que eu estava gaguejando? – Quer me matar do coração? – Dei um tapa no peito dele e ele segurou minha mão. – Você está engraçadinho Apolo, agora para de fazer graça. – Ele não se moveu e continuo pressionando minha mão contra seu peito. Vai mesmo ficar me segurando agora Apolo? Aposto que você está querendo me irritar. – Ele continuou segurando minha mão e me encarando em silencio, o jeito como ele me olhava parecia que iria me atravessar, ele me deu um meio sorriso, levantou uma das mãos e passou pelo meu cabelo que estava solto. - Sabe pequeno pônei – ele agora falava encarando meus cabelos, mas sem soltar minha mão, eu conseguia sentir o coração dele bater rápido e forte, e por algum motivo acho que o meu estava igual. – Sinto falta de ver você de tranças! – Eu havia parado de usar tranças aos treze anos quando não aguentava mais ser zoada na escola. - Eu, eu não gosto mais. – Por deus, por que eu ainda estava gaguejando? - Mas eu gosto! – Ele deu um passo à frente em minha direção. – Usa para mim? - O que você está falando Apolo? – Eu dei um passo para trás e ele como em um reflexo deu dois passos à frente em minha direção, deixando seu corpo ainda mais próximo do meu. - Sinto falta do seu cabelo trançado como sempre foi, como eu sempre gostei! - Apolo? – Os olhos dele penetraram nos meus e quando me dei conta ele passou uma mão pela minha cintura me puxando contra seu corpo. – Apolo? Oque você está fazendo? – Tentei empurrar ele, mas quanto mais eu tentava mais ele me apertava. Eu nunca tinha imaginado que o Apolo, o meu Apolo seria tão forte. – Apolo, me fala, o que você está fazendo Apolo? – Ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha sem desviar os olhos dos meus, eu não entendia o que ele estava fazendo, nem o motivo por trás de tudo isso, eu na verdade não conseguia entender nem mesmo o que eu estava sentindo. Ele apertou a mão que estava na minha cintura, pressionou ainda mais o meu corpo contra o dele e eu pude sentir o calor da sua pele, nesse momento eu parei de revidar e apenas deixei que ele me conduzisse, o por que eu não sei, eu apenas deixei. Senti rua respiração quente na minha pele e instintivamente fechei meus olhos, senti ele deslizar sua outra mão até minha nuca e então... ouvimos a campainha tocar! - Merda!- Merda! – O Apolo falou assustado, e por algum motivo seu estava me sentindo decepcionada. Abri os olhos e o Apolo ainda me segurava enquanto me encarava. Ele seu um sorriso travesso para mim e só então reparei que eu estava mordendo meu lábio. – Isso não acaba aqui pequeno pônei! – Ele piscou para mim e então saiu, eu fiquei ali paralisada, sem reação, sem palavras. Esperei um tempo, tentei me recompor, os últimos minutos rodeando na minha cabeça.- O que aconteceu aqui? – Ouvi alguns barulhos e voltei para a sala, Apolo estava parado em frente a porta sussurrando, e do lado de fora esperando para entrar ninguém menos que a Brenda!- Vamos lá amor, me deixa entrar, eu vim passar a tarde com você! – Ela falava com uma vozinha irritante, como se estivesse falando com uma criança e fazendo biquinho.- Não é hora Brenda! Vai embora! – Apolo falava baixo e firme como se quisesse expulsá-la dali a chutes. – Vai para casa!- Ai amor! – É sério isso? Ela está mesmo chamando ele de amor? – V
O dia seguinte ao episódio na casa do Apolo se arrastou, eu como sempre estava sozinha em casa, minha mãe mais uma vez pegou um turno dobrado, e as férias já estavam a uma semana de terminar, resolvi que nessa última semana eu não iria para a casa da tia Cássia, afinal, diferente do que aquela vaca falou eu tenho sim uma casa, e no mais também prefiro evitar ao máximo ter que lidar com o Apolo.Ouvi várias vezes a campainha aqui de casa tocar, e como eu sei bem quem é resolvi não atender em nenhuma delas. O Apolo sempre teve a liberdade de entrar e sair da minha casa, mas dessa vez eu tranquei a porta e fechei as janelas como se não tivesse ninguém. Ele me mandou várias mensagens e eu ignorei todas.No outro dia mais uma vez ouvi a campainha tocar, e como novamente estava sozinha eu apenas ignorei, continuei me fingindo de morta, não atendia ligações, não atendia a porta, não respondia mensagens, nada!O terceiro dia amanheceu chovendo, o céu estava cinza e a chuva caia sem parar, olh
- Então fala porra – em um instante de coragem gritei com ele de volta, eu não sabia de onde ela vinha, mas eu ia usar a meu favor, eu não aguentava aquela situação, eu nunca tinha falado assim com ninguém na minha vida, e nunca pensei que o Apolo seria esse alguém! – Fala logo Apolo! Fala logo o que eu fiz? – Ele me pressionou ainda mais contra a parede e aproximou o seu rosto do meu.- Você não vai sair da minha vida nunca! – A voz dele saiu como um rosnado. – Nunca!- Oque você está... – antes que eu pudesse terminar a frase ele me beijou. O beijo era cheio de raiva e ao mesmo tempo desejo, abri minha boca e deixei a língua dele tomar toda a minha boca, as mãos dele que estavam nos meus pulsos desceram até minha cintura e ele me levantou me pegando no colo, passei minhas pernas no corpo molhado dele sem soltar e meus braços passaram pelo seu pescoço. O beijo do Apolo era quente e cheio de urgência, ele caminhou em direção ao sofá sem me soltar, senti os dentes dele mordendo meu láb
- Então Luiza? Tem algo a me dizer? – Ela estava com os braços cruzados, me encarando. Eu não consigo me lembrar da última vez que tomei uma bronca da minha mãe, se é que isso já aconteceu.- Mãe eu queria te explicar! Juro que eu queria! – Isso era verdade, mas como eu ia explicar ela se nem eu estava entendendo? – Mas eu não sei nem o que te dizer, ele simplesmente chegou aqui como se fosse um furacão! Estava me acusando de abandoná-lo, gritando que eu não podia deixar ele, que era para eu ter contado...- Ai não! – Ela levou a mão na boca.- Aí não oque mãe? – Nunca nessa minha vida toda eu me senti tão perdida e confusa quanto hoje. – O que o Apolo descobriu?- Nada! – Ela falou enquanto começou a andar de um lado para o outro. – Não é nada!- como você está falando que não e nada mãe? Olha só o seu estado? Olha o estado que o Apolo estava? Eu quero saber o que está acontecendo! Eu tenho esse direito! – Hoje o dia estava mesmo difícil, essa foi a primeira vez na minha vida que lev
- Eu tenho câncer Luiza! – Meu coração pareceu parar de bater quando ouvi ela dizer isso, meus olhos se encheram de lagrimas no mesmo instante. Me virei em direção a ela e a observei, seu rosto estava realmente mais magro, ela parecia mais cansada e abatida, mas eu sempre pensei que era por conta de tantas horas trabalhadas, caminhei até ela devagar e me sentei ao seu lado, minhas mãos estavam tremulas, eu não sabia o que dizer então continuei em silencio, ela suspirou fundo, vi como ela também estava nervosa. – Eu também estou perdida filha, eu também não quero ir embora daqui eu juro que não queria, mas aqui não tem o tratamento que eu preciso e mesmo que tivesse o meu plano não iria cobrir. – Senti um pouco de decepção e desapontamento em sua voz, tanto tempo trabalhando em um único hospital, tantos anos se dedicando, e agora justo quando ela mais precisa eles não podem fazer nada para ajudá-la. – Desculpa filha, eu não sabia como te contar. - Onde? – Um milhão de questionamentos
Um dia antes da viagem.Acordei cedo hoje, na verdade eu nem posso dizer que cheguei a dormir, a ansiedade pela viagem, pela nova vida, e claro a tristeza pela despedida e pela doença da minha mãe, tudo isso ficou rondando minha cabeça a noite toda, fiquei pensando em como tudo pode acontecer em um tempo tão curto, minha vida estava simplesmente desmoronando, tudo que eu conhecia, tudo que eu sabia e tudo que era certo, tudo simplesmente acabou de uma hora para outra. Finalmente tudo estava embalado, minha mãe conseguiu uma casinha para a gente morar assim que chegarmos ao nosso destino, nosso novo lar, tudo estava encaminhado, como o imaginado nos não iriamos conseguir manter a nossa então depois de muita conversa entre mim e minha mãe decidimos vender a casa junto a dívida da hipoteca, não ia dar muito dinheiro por conta da hipoteca, mas, qualquer quantia no momento já iria nos ajudar, além de que iremos finalmente nos livrar da dívida que o meu pai fez. Eu estou a uma semana sem
- Aiii! Para seu idiota! – Eu gritava com o Apolo enquanto ele puxava minha trança e imitava um cavalo. Ele era um chato! Meu nome é Luiza, meus amigos me chamam de Lú, e o Apolo me chama de pequeno pônei, isso só por que ele é um dia mais velho que eu, um único dia e ele se acha muito mais velho e maduro que eu, ele sempre é um caso à parte. - Por que você grita tanto pequeno pônei? Nossa como você é barulhenta! - Para de me chamar assim seu chato! -Me respeita que eu sou mais velha que você poneizinha. – Ele ria enquanto ainda puxava minha trança! - Um dia! Você é mais velho que eu um único dia Apolo!! – Nos dois tínhamos oito anos, o Apolo era um garotinho baixinho, mais baixo que eu, aliás, gordinho, seu cabelo era totalmente negro, seus olhos eram um tom azul gelo e a pele era tão branca que só de encostar de leve nele ele já ficava todo marcado. - Não importa pequeno pônei! Eu sou mais velho e para mim é isso que importa! – Minha vontade era de dar um soco na cara dele. –
Três anos se passaram.Estou em frente ao espelho me encarando por um bom tempo já, é incrível como o tempo passa rápido né!? Hoje é o aniversário de 11 anos do Apolo, ou seja, amanhã é o meu. Estou na casa da tia cássia e do Apolo como sempre, minha mãe é enfermeira, e desde quando meu pai foi embora e nós abandonou, quando eu tinha dois anos de idade, minha mãe teve que arcar com todas as despesas sozinha, e para ajudar o desgraçado não se contentou apenas em abandonar a família sozinha, ele também perdeu todas as nossa economias em jogos de azar, além de ter hipotecado a nossa casa! Com isso minha mãe não teve escolha, ela teve que começar a trabalhar dobrado, pegando plantão extra um atrás do outro, sem parar! Por sorte ela sempre teve a vizinha, que vendo de perto toda a situação começou a apoiar e ajudar cada vez a minha mãe se tornando sua melhor amiga e também a minha baba!A dona Cássia me deu um vestido azul marinho, cheio de pequenas estrelas brancas que combinava com meu t