Três anos se passaram.
Estou em frente ao espelho me encarando por um bom tempo já, é incrível como o tempo passa rápido né!? Hoje é o aniversário de 11 anos do Apolo, ou seja, amanhã é o meu. Estou na casa da tia cássia e do Apolo como sempre, minha mãe é enfermeira, e desde quando meu pai foi embora e nós abandonou, quando eu tinha dois anos de idade, minha mãe teve que arcar com todas as despesas sozinha, e para ajudar o desgraçado não se contentou apenas em abandonar a família sozinha, ele também perdeu todas as nossa economias em jogos de azar, além de ter hipotecado a nossa casa! Com isso minha mãe não teve escolha, ela teve que começar a trabalhar dobrado, pegando plantão extra um atrás do outro, sem parar! Por sorte ela sempre teve a vizinha, que vendo de perto toda a situação começou a apoiar e ajudar cada vez a minha mãe se tornando sua melhor amiga e também a minha baba! A dona Cássia me deu um vestido azul marinho, cheio de pequenas estrelas brancas que combinava com meu tênis também branco! Meu cabelo loiro dourado estava bem preso em uma trança, (e sim, esse era o meu penteado favorito, além de ser o único que a dona Cássia sabia fazer), tentei passar uma sombra azul, mas não gostei e acabei tirando ela toda, e optei apenas em passar um lápis de olho preto simples, que realçam meus olhos que são bem pretos, minha mãe sempre me diz que que eu tenho os olhos e o olhar do meu pai. Todas as meninas da minha idade já sabem se maquiar e se arrumar como princesinhas, menos eu claro, e claro que isso acaba me colocando como a esquisita da minha classe, mas tudo bem! Eu não ligo pra nenhum deles mesmo. A casa do Apolo não era luxuosa, mas era bem organizada e confortável, o pai dele era da Marinha, e infelizmente faleceu em um acidente logo após o Apolo nascer, ele não tinha uma fortuna para deixar de herança, mas deixou a família estabilizada e com uma boa pensão. A tia cássia decidiu fazer uma festinha para o Apolo hoje no fim da tarde, ela convidou todos os meninos chatos da escola e a Brenda, a garota mais chata e metida de todo o colégio, ela se achava melhor que todo mundo, a mais popular, a mais rica, e claro a mais bonita! Nós temos onze anos, ser a garota mais bonita e mais rica do colégio não era para ser a preocupação certo? Desci as escadas e já estavam todos na sala, a Brenda estava parada ao lado do Apolo conversando com ele enquanto os outros garotos estavam se revezando para jogar vídeo game, ela estava usando uma saia rosa, blusinha branca, uma bolsa pendurada no braço e seus cabelos castanhos estavam soltos, e claro, ela estava toda maquiada. Não posso negar que ela é bonita, mas o tanto que ela se acha é irritante. Apolo estava rindo como um adolescente, ele estava com uma calça preta e uma camisa polo vermelha, o cabelo dele estava um pouco grande, mas para quem conhece ele a vida toda, até que ele ta bonitinho. A Brenda se virou para mim, e o sorriso dela desapareceu enquanto ela me encarava de cima a baixo. -- Olha! A patinha feia chegou – Revirei os olhos pensando em por que a tia Cássia tinha convidado ela? - Ei! Não fala assim com ela!- Ei! – Não fala assim com ela! O Apolo gritou-me defendendo, e eu até parei no meio do caminho surpresa. – Só eu posso mexer com o meu pequeno pônei! – Todos começaram a rir de mim.- Aff!! Cala a boca Apolo! – Falei revirando os olhos e ele riu piscando um olho para mim, realmente seria impossível o Apolo me defender! Não seria ele! Logo ele voltou a conversar com a chata da Brenda que depois da resposta dele não tirou um sorriso do canto da boca. Apolo além de ser chato era bem sociável, acho que pra crianças extrovertidas como ele isso é bem comum.Rodeei a sala, comprimente um ou outro, essas crianças estudam comigo e com o Apolo, mas enquanto ele é sociável e extrovertido eu sou completamente o contrário, então fui para a cozinha ajudar a tia Cássia com os lanches. O restante da festa ocorreu bem, logo após os parabéns me juntei com as outras crianças para brincar de pique esconde, e logico oque com a minha sorte eu fiquei no pique!Eu acabei achando todas as crianças bem rápido
Cinco anos depois!Eu estava como sempre na casa do Apolo e da tia Cássia, eu e ele estávamos jogando vídeo game sentados no sofá, as implicâncias entre nós dois nunca acabou, mas com o passar do tempo nos dois acabamos nos tornando cada vez mais próximos e mais companheiros.Eu continuo sendo a excluída da turma, sem amigos além do Apolo, sem colegas, sem festas sem nada, minha vida basicamente se resume em ir para a escola, ajudar minha mãe e a tia Cássia com as funções de casa, estudar e claro ler também, uma das minhas poucas paixões é a leitura, meu hobby favorito. E também tenho momentos como esse, onde o mundo lá fora não existisse, onde eu não era estranha, feia ou rejeitada! Onde eu era apenas eu, somente eu!E momentos assim só existiam com ele!- Ei! Você está roubando – falei dando nele uma cotovelada. – Para de roubar na cara dura Apolo!- Eu não estou roubando! – Ele falou com aquele sorrisinho no rosto que ele só faz quando está mentindo. – Você que é uma péssima perded
- Falando sozinha pequeno pônei? – O Apolo estava parado atrás da porta e me encarava de um jeito estranho, ele me olhava como nunca havia feito antes, e um arrepio passou por todo o meu corpo. Ele estava com uma regata branca, as mãos nos bolsos da calça de moletom, o seu cabelo preto estava todo bagunçado e os olhos dele estavam fixos nos meus.Eu engoli em seco, a temperatura que antes estava agradável agora parecia subir de repente muito rápido.- Que, que susto menino! – Por que eu estava gaguejando? – Quer me matar do coração? – Dei um tapa no peito dele e ele segurou minha mão. – Você está engraçadinho Apolo, agora para de fazer graça. – Ele não se moveu e continuo pressionando minha mão contra seu peito. Vai mesmo ficar me segurando agora Apolo? Aposto que você está querendo me irritar. – Ele continuou segurando minha mão e me encarando em silencio, o jeito como ele me olhava parecia que iria me atravessar, ele me deu um meio sorriso, levantou uma das mãos e passou pelo meu ca
- Merda! – O Apolo falou assustado, e por algum motivo seu estava me sentindo decepcionada. Abri os olhos e o Apolo ainda me segurava enquanto me encarava. Ele seu um sorriso travesso para mim e só então reparei que eu estava mordendo meu lábio. – Isso não acaba aqui pequeno pônei! – Ele piscou para mim e então saiu, eu fiquei ali paralisada, sem reação, sem palavras. Esperei um tempo, tentei me recompor, os últimos minutos rodeando na minha cabeça.- O que aconteceu aqui? – Ouvi alguns barulhos e voltei para a sala, Apolo estava parado em frente a porta sussurrando, e do lado de fora esperando para entrar ninguém menos que a Brenda!- Vamos lá amor, me deixa entrar, eu vim passar a tarde com você! – Ela falava com uma vozinha irritante, como se estivesse falando com uma criança e fazendo biquinho.- Não é hora Brenda! Vai embora! – Apolo falava baixo e firme como se quisesse expulsá-la dali a chutes. – Vai para casa!- Ai amor! – É sério isso? Ela está mesmo chamando ele de amor? – V
O dia seguinte ao episódio na casa do Apolo se arrastou, eu como sempre estava sozinha em casa, minha mãe mais uma vez pegou um turno dobrado, e as férias já estavam a uma semana de terminar, resolvi que nessa última semana eu não iria para a casa da tia Cássia, afinal, diferente do que aquela vaca falou eu tenho sim uma casa, e no mais também prefiro evitar ao máximo ter que lidar com o Apolo.Ouvi várias vezes a campainha aqui de casa tocar, e como eu sei bem quem é resolvi não atender em nenhuma delas. O Apolo sempre teve a liberdade de entrar e sair da minha casa, mas dessa vez eu tranquei a porta e fechei as janelas como se não tivesse ninguém. Ele me mandou várias mensagens e eu ignorei todas.No outro dia mais uma vez ouvi a campainha tocar, e como novamente estava sozinha eu apenas ignorei, continuei me fingindo de morta, não atendia ligações, não atendia a porta, não respondia mensagens, nada!O terceiro dia amanheceu chovendo, o céu estava cinza e a chuva caia sem parar, olh
- Então fala porra – em um instante de coragem gritei com ele de volta, eu não sabia de onde ela vinha, mas eu ia usar a meu favor, eu não aguentava aquela situação, eu nunca tinha falado assim com ninguém na minha vida, e nunca pensei que o Apolo seria esse alguém! – Fala logo Apolo! Fala logo o que eu fiz? – Ele me pressionou ainda mais contra a parede e aproximou o seu rosto do meu.- Você não vai sair da minha vida nunca! – A voz dele saiu como um rosnado. – Nunca!- Oque você está... – antes que eu pudesse terminar a frase ele me beijou. O beijo era cheio de raiva e ao mesmo tempo desejo, abri minha boca e deixei a língua dele tomar toda a minha boca, as mãos dele que estavam nos meus pulsos desceram até minha cintura e ele me levantou me pegando no colo, passei minhas pernas no corpo molhado dele sem soltar e meus braços passaram pelo seu pescoço. O beijo do Apolo era quente e cheio de urgência, ele caminhou em direção ao sofá sem me soltar, senti os dentes dele mordendo meu láb
- Então Luiza? Tem algo a me dizer? – Ela estava com os braços cruzados, me encarando. Eu não consigo me lembrar da última vez que tomei uma bronca da minha mãe, se é que isso já aconteceu.- Mãe eu queria te explicar! Juro que eu queria! – Isso era verdade, mas como eu ia explicar ela se nem eu estava entendendo? – Mas eu não sei nem o que te dizer, ele simplesmente chegou aqui como se fosse um furacão! Estava me acusando de abandoná-lo, gritando que eu não podia deixar ele, que era para eu ter contado...- Ai não! – Ela levou a mão na boca.- Aí não oque mãe? – Nunca nessa minha vida toda eu me senti tão perdida e confusa quanto hoje. – O que o Apolo descobriu?- Nada! – Ela falou enquanto começou a andar de um lado para o outro. – Não é nada!- como você está falando que não e nada mãe? Olha só o seu estado? Olha o estado que o Apolo estava? Eu quero saber o que está acontecendo! Eu tenho esse direito! – Hoje o dia estava mesmo difícil, essa foi a primeira vez na minha vida que lev
- Eu tenho câncer Luiza! – Meu coração pareceu parar de bater quando ouvi ela dizer isso, meus olhos se encheram de lagrimas no mesmo instante. Me virei em direção a ela e a observei, seu rosto estava realmente mais magro, ela parecia mais cansada e abatida, mas eu sempre pensei que era por conta de tantas horas trabalhadas, caminhei até ela devagar e me sentei ao seu lado, minhas mãos estavam tremulas, eu não sabia o que dizer então continuei em silencio, ela suspirou fundo, vi como ela também estava nervosa. – Eu também estou perdida filha, eu também não quero ir embora daqui eu juro que não queria, mas aqui não tem o tratamento que eu preciso e mesmo que tivesse o meu plano não iria cobrir. – Senti um pouco de decepção e desapontamento em sua voz, tanto tempo trabalhando em um único hospital, tantos anos se dedicando, e agora justo quando ela mais precisa eles não podem fazer nada para ajudá-la. – Desculpa filha, eu não sabia como te contar. - Onde? – Um milhão de questionamentos