Dorotéia
João espera ansiosamente minha resposta, eu, no entanto, não pensei que ele fosse me pedir em casamento tão repentinamente.
Para não o deixar parecendo idiota — que no caso, só faltou a aliança e ele estar de joelhos em um restaurante cheio de gente —, resolvo brincar e desfazer a tensão entre nós.
— O quê? Você já disse o eu te amo, só falta o jantar romântico. — Arqueio a sobrancelha dando ênfase ao meu ponto.
Ele ri, provavelmente lembrando da mesma situação em que tivemos há alguns meses.
— Ok, ok! Isso foi só um teste — põe o carro em movimento tentando disfarçar a decepção por eu não ter dito sim imediatamente.
— Claro que foi.
— Você não perde por esperar, Do
João PauloUm mês depois...— Tudo pronto? — pergunto para Dorotéia e ela assente enquanto põe mais uma bolsa dentro do porta-malas do carro.Desde o dia que dei a ideia de morarmos juntos, ela está eufórica por essa possibilidade e eu também. Mas eu queria mesmo era levá-la nem que fosse à força para a frente de um juiz, padre ou qualquer pessoa que pudesse nos casar. Infelizmente, minha noiva hipotética tem seus próprios planos e pelo que vejo, não inclui um casamento tão cedo. Sendo assim, não adianta pressioná-la e continuo fazendo o que ela me pediu antes de voltarmos.— Tudo sim! — Ela sorri, seca o suor que desce da testa com o dorso da mão, dá a volta no carro e me abraça. A aconchego em meus braços s
DorotéiaHá grandes vantagens em morar junto, uma delas, sempre será ser acordada com um pau duro pressionando sua bunda. Podem me chamar de safada, mas é isso mesmo. Não há nada melhor do que dormir e acordar com quem a gente ama. Ser cuidada, mimada, estimada de todas as formas possíveis e ainda, ter um corpo gostoso para você desfrutar quando e onde quiser. E quando eu digo quando e onde quiser, eu digo em cima da mesa da cozinha, escritório, beco escuro atrás de um restaurante, dentro do carro, enfim, as opções são infinitas.Definitivamente eu vivo diariamente esse sonho. Há uma semana eu e João juntamos os “panos de bunda” e de lá para cá, estamos grudadinhos. Maria, como gosta de rogar praga, diz que daqui há uns anos, eu e João não vamos aguentar olhar para cara um do outro
DorotéiaCinco anos depois...Termino mais uma reunião, cansada, mas satisfeita por ter fechado mais um negócio grande e lucrativo para a Arrais.Nesses cinco anos, expandimos nossos horizontes levando mais filiais pelo mundo, capacitando funcionários de várias camadas da sociedade, sem preconceito com raça, cor, escolha sexual e todas essas babaquices que muitos empregadores olham no currículo.Graças ao Henrique, consegui dividir o trabalho na empresa entre ele, João e Carmem que, há alguns anos se tornou minha cunhada depois de muita briga com o idiota do meu irmão.Agora, estou aqui, mais rica, cercada das pessoas que eu amo, um marido carinhoso e gostoso, mãe de dois pestinhas gêmeos, ou como João gosta de dizer, apenas pimentinha já que Caio é quietinho e Catarina
Dorotéia Espreguiço-me na cama e a maciez dela é um apelo para que eu permaneça mais um pouco. Infelizmente, dormir até tarde não está em meus planos. Não hoje. Passo a mão na minha cabeleira desgrenhada tentando me lembrar quando foi a última vez que fui ao cabeleireiro. E isso deve-se ao fato de que o professional hair — como Tadeu gosta de ser chamado —, ter uma fixação pelo meu cabelo que não passa do meio das costas. O único pretexto que ainda me faz frequentar seu estabelecimento, é que além se ser um ótimo profissional na área da beleza, eu sou uma “nada humilde” investidora que apostou nos produtos naturais e manipulados que aquele gato afeminado de roupas extravagantes faz. Uma pena ele gostar da mesma fruta que eu. Pena mesmo. Uma das coisas que pensei naquela festa que ele também estava, era que nós dois terminaríamos a noite se comendo por alguma parede da boate, em um motel ou na casa dele.
João PauloViver na maior capital do país é uma maravilha.Muitas mulheres, agitação, oportunidades e abundância. No entanto, tudo tem seu preço. São Paulo dá oportunidades a alguns, tira de outros, e ainda tem os que não se esforçam para fazer sua vida acontecer.Com tanta movimentação na maior cidade do país, o tráfego de automóveis continua em sua frequência lenta e passiva. Hoje, de acordo com as estimativas que o radialista faz questão de noticiar a cada quinze minutos através do sistema de som do carro, o engarrafamento chegará a dez quilômetros. Não deveria me importar se fosse um dia qualquer, todavia, é impossível não ficar entediado quando se tem uma reunião importante e o trânsito não ajuda em nada.Através do
Dorotéia Hoje o dia está corrido — como sempre nos últimos três meses. Olho o relógio pela centésima vez e percebo que está na hora de ir. Uma das minhas peculiaridades é acordar cedo. Razão, pela qual, Fabi me chama de “galinha velha” quando está irritada. Mas, ao contrário do que ela pensa ser só uma mania besta, esse é o horário que vejo o mais belo espetáculo da mãe natureza. Hábito que aprendi com meu avô — que Deus o tenha em paz. O nascer do Sol é a prova viva que nós, meros mortais, podemos e precisamos começar de novo. Nos dar uma segunda chance, não só a nós mesmos, mas ao próximo também. Parece sentimental até para mim, porém, no fundo, todos sabem que sou assim. Uma fortaleza por fora e manteiga derretida por dentro. Respiro fundo ao sair do meu estado contemplativo. Visto uma roupa que Fabi escolheu quando fomos às compras, após muita insistência dela. Devo confessar que ela fez um bom trabalho na escolha de vária
João Paulo Para o bem da minha própria sanidade, a senhorita casca-grossa sai pisando duro, balançando a bunda grande e empinada que busca espaço dentro do macacão que, notavelmente, não é seu número. Inclino para trás, vendo-a rebolando e solto um gemido ajustando a virilha. — O senhor está bem? — alguém pergunta. Solto lentamente o ar que preenche meus pulmões. De uma hora para outra, ele havia se tornado rarefeito e quente. Não sei o que fazer, se continuo a olhar o gingado do quadril largo e perfeito da senhorita língua afiada, ou entro de uma vez no elevador que se tornou pouco interessante agora. Nunca havia me divertido tanto em provocar uma mulher brava, mas essa me deu vontade de instigá-la mais um pouquinho. Tirar seu prumo. Me fez até esquecer da outra gostosa da moto. Não me passou despercebido que suas feições mostravam o quanto estava excitada. Porra! — Sim,
Dorotéia Já são duas da tarde e ainda não almocei. Minha barriga ronca só em imaginar uma bela refeição, no entanto, a imagem da comida fantasiosa se desfaz quando a porta se abre e meu irmão passa por ela com uma expressão nada boa depois de... uma semana!? — O que você acha que está fazendo, Dorotéia? — Ele puxa a cadeira em frente da mesa e se senta logo em seguida. Paro a análise das projeções de vendas dos últimos meses e o encaro. — Se você disser ao que se refere, eu poderia responder — falo, cruzando as pernas por baixo da mesa e encosto em minha poltrona macia. Embora me faça de tonta, sei perfeitamente que ela se refere ao fato de eu ter barrado novamente a entrada de seu amigo preconceituoso do outro dia. Ele balança a cabeça negativamente e sorri, daquele jeito incrédulo, o jeito que só ele sabe. Ao mesmo tempo, me encara com os olhos quase iguais aos meus. — Por que você vei