João Paulo
O dia não poderia amanhecer mais bonito. Acordar com Dorotéia só não me deixava mais feliz porque, daqui a pouco, voltaríamos para nossa vida. Nossa rotina corrida de preocupações e trabalhos exaustivo.
Minha vontade neste momento, era arrumar nossas malas — a minha pelo menos, já que ela está aqui desde a sexta à noite —, e viajarmos para longe. Ficarmos reclusos de tudo. Só nós dois, vivendo intensamente o amor que nos uniu.
— Eu sei que você é lindo com essa cara de bobo apaixonado quando acorda, mas, infelizmente, temos que nos levantar — Dorotéia me tira da ilusão fantástica de uma viagem a uma ilha paradisíaca, com sua voz rouca e sexy.
Rolo na cama para cima dela, apoio o peso do corpo nos braços enquanto admiro a mulher mais linda de tod
Dorotéia— João, o que está acontecendo? Quem são essas pessoas? — Grito até mesmo antes dele dizer alguma coisa, expressando todo o meu medo.— Vai ficar tudo bem — afirma, tentando me tranquilizar, mas, tudo vem por água abaixo quando o pneu do carro é furado por causa dos tiros — a polícia já está vindo e... — Derrapamos pela pista assim que sofremos com mais uma chuva de tiros. Abro a boca para dizer a João que amo ele, que sempre estarei ao seu lado mesmo depois que partir. Que eu farei questão de assombrar sua vida se ele se casar com a Renata. Entretanto, o ar foge de meus pulmões quando sinto uma dor excruciante em minha barriga, deixo o aparelho cair, olho para baixo e vejo o sangue brotar do meu corpo preso pelo cinto de segurança.— Geraldo — chamo num sussurro.
João PauloPaz. Enfim, paz.Os últimos vinte e cinco dias foram de puro desgaste físico e mental. Na verdade, foram desesperadores. Eu fui testado de todas as formas possíveis.Por pouco, não vi a mulher da minha vida morrer em meus braços. Depois, com intenção de saber o que tinha realmente acontecido, deixei Maria com Henrique no hospital onde Doti se encontrava na UTI e me encaminhei até a delegacia onde já tínhamos ido antes. Lembrei-me com perfeição o delegado nos afirmando que Renata não nos faria mal. Entretanto, bastou três dias para ela passar por cima das determinações judiciais e tentar matar Dorotéia. Como se já não bastasse a barra que ela tinha que enfrentar por causas das revelações de sua família, ainda tinha que ficar numa cama por conta da louca da
DorotéiaEm algum momento vou me reerguer emocionalmente. Sei que não seria fácil, mas conseguirei. Esse era o mantra que eu repetia todos os dias para mim quando acordava, me olhava no espelho ou lembrava de tudo o que me esconderam.Já passou um mês e quinze dias do acidente e nada de explicações. Nem Maria, meu pai, Henrique ou Maribel. Nada. Também não posso reclamar, afinal eu resolvi ficar reclusa no apartamento do João para me recuperar totalmente. Fui em minha casa uma única vez e, essa vez, não me fez bem. No fundo, eu estou muito machucada, me sentindo enganada.Eu só precisava de mais uns dias lambendo minhas feridas. Literalmente.— Você está bem? — João pergunta baixinho, enquanto ainda estamos deitados.Esse tempo todo ele foi meu pilar. Me apoia em tudo. Desde o banho, comid
DorotéiaEspero pacientemente meu pai se acomodar. Eu também procuro um lugar confortável e acabo optando pelo sofá à sua frente. Coloco os envelopes do lado e falo:— Pode começar, senhor Alfredo.Ele anui, engole e faz careta diante a minha frieza quando falo seu nome. Pigarreia e começar a contar o que tanto quero saber.— Tudo que falei da outra vez, é verdade. — Levanto a sobrancelha para ele em um gesto debochado. — Na verdade, eu me senti tão traído quanto você. Não é fácil para um pai saber que sua filha amada não é dele, e sim, sua irmã.— Olhando por esse lado, eu entendo, mas não justifica muitas coisas.— Pense comigo, Dorotéia. Eu estava esperando uma menina, muito amada, e embora sua mãe estivesse doente, sempre fize
DorotéiaJoão espera ansiosamente minha resposta, eu, no entanto, não pensei que ele fosse me pedir em casamento tão repentinamente.Para não o deixar parecendo idiota — que no caso, só faltou a aliança e ele estar de joelhos em um restaurante cheio de gente —, resolvo brincar e desfazer a tensão entre nós.— O quê? Você já disse o eu te amo, só falta o jantar romântico. — Arqueio a sobrancelha dando ênfase ao meu ponto.Ele ri, provavelmente lembrando da mesma situação em que tivemos há alguns meses.— Ok, ok! Isso foi só um teste — põe o carro em movimento tentando disfarçar a decepção por eu não ter dito sim imediatamente.— Claro que foi.— Você não perde por esperar, Do
João PauloUm mês depois...— Tudo pronto? — pergunto para Dorotéia e ela assente enquanto põe mais uma bolsa dentro do porta-malas do carro.Desde o dia que dei a ideia de morarmos juntos, ela está eufórica por essa possibilidade e eu também. Mas eu queria mesmo era levá-la nem que fosse à força para a frente de um juiz, padre ou qualquer pessoa que pudesse nos casar. Infelizmente, minha noiva hipotética tem seus próprios planos e pelo que vejo, não inclui um casamento tão cedo. Sendo assim, não adianta pressioná-la e continuo fazendo o que ela me pediu antes de voltarmos.— Tudo sim! — Ela sorri, seca o suor que desce da testa com o dorso da mão, dá a volta no carro e me abraça. A aconchego em meus braços s
DorotéiaHá grandes vantagens em morar junto, uma delas, sempre será ser acordada com um pau duro pressionando sua bunda. Podem me chamar de safada, mas é isso mesmo. Não há nada melhor do que dormir e acordar com quem a gente ama. Ser cuidada, mimada, estimada de todas as formas possíveis e ainda, ter um corpo gostoso para você desfrutar quando e onde quiser. E quando eu digo quando e onde quiser, eu digo em cima da mesa da cozinha, escritório, beco escuro atrás de um restaurante, dentro do carro, enfim, as opções são infinitas.Definitivamente eu vivo diariamente esse sonho. Há uma semana eu e João juntamos os “panos de bunda” e de lá para cá, estamos grudadinhos. Maria, como gosta de rogar praga, diz que daqui há uns anos, eu e João não vamos aguentar olhar para cara um do outro
DorotéiaCinco anos depois...Termino mais uma reunião, cansada, mas satisfeita por ter fechado mais um negócio grande e lucrativo para a Arrais.Nesses cinco anos, expandimos nossos horizontes levando mais filiais pelo mundo, capacitando funcionários de várias camadas da sociedade, sem preconceito com raça, cor, escolha sexual e todas essas babaquices que muitos empregadores olham no currículo.Graças ao Henrique, consegui dividir o trabalho na empresa entre ele, João e Carmem que, há alguns anos se tornou minha cunhada depois de muita briga com o idiota do meu irmão.Agora, estou aqui, mais rica, cercada das pessoas que eu amo, um marido carinhoso e gostoso, mãe de dois pestinhas gêmeos, ou como João gosta de dizer, apenas pimentinha já que Caio é quietinho e Catarina