Capítulo 3

Dorotéia

Hoje o dia está corrido — como sempre nos últimos três meses. Olho o relógio pela centésima vez e percebo que está na hora de ir. Uma das minhas peculiaridades é acordar cedo. Razão, pela qual, Fabi me chama de “galinha velha” quando está irritada. Mas, ao contrário do que ela pensa ser só uma mania besta, esse é o horário que vejo o mais belo espetáculo da mãe natureza. Hábito que aprendi com meu avô — que Deus o tenha em paz. O nascer do Sol é a prova viva que nós, meros mortais, podemos e precisamos começar de novo. Nos dar uma segunda chance, não só a nós mesmos, mas ao próximo também. Parece sentimental até para mim, porém, no fundo, todos sabem que sou assim. Uma fortaleza por fora e manteiga derretida por dentro.

Respiro fundo ao sair do meu estado contemplativo. Visto uma roupa que Fabi escolheu quando fomos às compras, após muita insistência dela. Devo confessar que ela fez um bom trabalho na escolha de várias peças bonitas, estilosas e confortáveis.

Falando nisso, minha amiga deve estar precisando de ajuda para fazer o café da manhã. Infelizmente, não poderei ajudá-la.

 Como disse antes, minha vida profissional está corrida, enquanto a amorosa encontra-se parada há centenas de anos. Minha “cretina” já tem teia de aranha nas paredes internas por conta disso.

Para falar a verdade não me importo muito, a não ser quando eu estou disponível e com vontade de ter uma transa sem compromisso, apenas isso. Desde cedo coloquei em minha cabeça que homens são problemas.

Deixá-los entrar em sua vida? Problema.

Tiro isso pela minha amiga que segue apaixonada pelo seu companheiro de trabalho. Um médico lindo, destruidor de calcinhas, mas com um histórico de problemas familiares aos quais, Fabi já havia se afastado uma vez.

No entanto, como eu sempre digo que a vida gosta de foder com nossa existência, Doutor Daniel está de volta, e pelo visto, é para ficar. Ele voltou e com ele veio as confusões... Problema triplo para ser mais exata, já que ex-mulher dele e sua filha mimada vieram como bagagem. Fabi e Daniel possuem uma diferença de idade gritante, além de conviverem constantemente sob uma hierarquia rigorosa no trabalho e fazem questão de ressaltar isso. Não sei quem eles querem enganar impondo essas regras antiquadas no relacionamento deles. Os observando bem, é nítida a paixão e desejo vibrando entre eles.

West Coast do Imagine Dragons toca no sistema de som da cozinha, enquanto Fabi canta a plenos pulmões, deixando queimar o que me parece ser os ovos. Nem quero ver a situação do fogão, que com certeza, deve estar com café derramado por toda parte.

— Deus fez bem em lhe dar o dom de salvar vidas, Fabi. Já pensou? Se você fosse cozinheira ou cantora, morreria de fome — comento em tom de brincadeira. Fabi tem muitos atributos: excelente amiga, uma profissional dedicada e responsável. No entanto, em serviços domésticos é uma negação.

— Pobre doutor Daniel! — Balanço a cabeça em negativa.

— Pelo menos alguém está fazendo o que comer. Já você, minha querida, por que não vem ajudar? — retruca irritada, com as mãos na cintura.

— Adoraria, Fabi! — Aponto para o relógio em cima do balcão de granito escuro. — Mas tá na minha hora. — Pego uma maçã e dou uma mordida — Vou passar na oficina e depois fazer uma surpresa ao Henrique na empresa.

Ela apaga o fogo do fogão, abaixa o som, depois caminha com graça e leveza em minha direção.

Lá vem uma reprimenda.

— Sabe, Doti, o que eu falei lá no quarto no outro dia é sério. Está na hora de você parar, respirar, se divertir, encontrar um amor. — Pega minhas mãos e me analisa. — Amiga, você não tem necessidade de trabalhar tanto. Você já nada em dinheiro, graças a Deus.

Recolho minhas mãos de dentro das suas. Sei que ela pensa no meu bem-estar, mas eu gosto do que faço.  Amo minha profissão. A mecânica em si, é minha paixão. Engenharia mecânica, na verdade, mas diminui esse status.

Ela dá um suspiro entristecido.

— Fabi, um dia isso tem fim. Por enquanto, você, como minha amiga e irmã, pode me suportar mais um pouquinho com toda essa minha bagagem.

— Tá, tá. Farei isso, mas só porque te amo. — Sorri.

— Você sabe que adoro meu trabalho — tento não demonstrar minha chateação quando explico — a profissão do meu avô e do meu pai. Não quero ser exemplo, quero apenas respeito e que acatem minhas escolhas acima de tudo.

— Seu pai! — Ela força um sorriso desgostoso. — Seu pai é o responsável por você viver essa loucura, Dorotéia. Você não vê?

— Sim, eu vejo — controlo minha irritação para não explodir, enquanto discorro sobre os motivos que ainda me fazem trabalhar feito louca, mesmo que não seja dentro do escritório onde é meu lugar. — Mas nem por isso vou dar as costas para o que sou. Ele errou muito, eu não nego. Apesar disso, é minha obrigação seguir em frente com os negócios da família. E você sabe que vovô confiou a mim essa carga.

Fabi se afasta com as mãos na frente do corpo e conclui seu discurso.

— Tudo bem. É sua família — A olho feio. — Nossa família — emenda —, mas saiba que de lá só tiro seu irmão. O resto, o resto para mim não prestam — Dá com os ombros como se realmente não se importasse. — Ah! A Maria também, ela é ótima cozinheira. — Aponta o dedo esguio adornado por um anel diferente. — Traz ela para morar com a gente.

Solto uma risada com sua declaração. Suas frequentes reclamações de revolta aos meus familiares não me incomodam mais. No fundo, sei que ela tem razão. Eles parecem um bando de sanguessugas, aguardando o momento para sugar o sangue e vitalidade da próxima vítima. No caso, eu. E embora esteja falando da minha família, entendo sua preocupação comigo. Também, minha amiga não perde a oportunidade de me persuadir a trazer Maria para morar conosco. Uma cozinheira de mão-cheia, mas uma fofoqueira de porta de rua.

A puxo pelo braço e dou-lhe um abraço apertado.

— Não precisa gostar deles. Me amando é suficiente. — A Solto depois de um tapa na bunda. — E a Maria ... — faço uma pausa dramática. — Vai continuar onde sempre esteve, na casa do meu pai.

— Convencida! Vai lá cuidar do império Arrais. E não esqueça que seu aniversário está chegando — Acrescenta.

— Não vai ter festa de aniversário, Fabiana. Esqueça.

Ela estreita os olhos verdes delineados por uma maquiagem bem-feita.

— Você que diz, Dorotéia. — Dessa vez, eu estreito os olhos.

— Até mais! Não me espera para o jantar. — Pisco o olho. — Eu vou ser o jantar. — Me afasto dando gargalhadas da sua cara descrente.

Nem mesmo o trânsito caótico me faz desistir de ir à Arrais. Há alguma coisa errada e preciso descobrir o que é. Henrique, há alguns dias não me dá notícias, sempre desconversa e insiste para eu vá à sede.

É exatamente isso que estou fazendo nesse momento, contudo, antes passei em uma das oficinas para finalizar alguns serviços. Como diz o ditado: "olho do dono que engorda o gado". E faço isso constantemente, pelo menos onde trabalho ativamente. Sempre me preocupo com a excelência, tanto dos funcionários quantos da satisfação do cliente.

Eu tenho confiança nos meus funcionários, mas é sempre bom estar de olho. Ainda mais, quando as pessoas da sua família estão na folha de pagamento.

Por isso, liguei para Carmem, secretária do Henrique. Que imediatamente me atendeu.

— Sim, senhora! Deixarei os relatórios prontos para sua supervisão — afirma.

— E, Carmem. Faz um favor para mim?

— Pois não, senhora?

Meu Deus, por que tanta formalidade?

— Primeiro, para de me chamar de senhora.

— Sim, senhora! — ela insiste.

Só rindo mesmo.

— Primeiro. — Enumero. — Não me chama de senhora, segundo e não menos importante, não fala para o Henrique que estou indo.

— Tudo bem, senhora!

Não é possível.

— Perdão, senhora! Quer dizer, Dorotéia.

— Ufa! Finalmente, Carmem.

No trânsito, os carros percorrem o asfalto em marcha lenta.

Odeio coisas lentas, pessoas lentas, vida lenta. Entretanto, paro e respiro.  

Eles não têm culpa do congestionamento ou têm? Todos eu não sei, mas esse cara que dirige à minha frente só pode estar dormindo.

Acelero a Khamelion, uma Harley Davidson 883R, para que fique emparelhada ao carro luxuoso. Acelero ainda mais chamando a atenção para mim.

Usando meu jeans surrado com uma blusa da banda Rolling Stones, coloquei minha jaqueta de couro por cima e nos pés coturnos pretos — escondida de Fabi, é claro. Ela me mataria se visse eu destruindo seu look perfeito com essa bota horripilante, segundo ela.

Às vezes, meus looks parecem de uma motoqueira profissional. Se eu fosse do sexo oposto, só precisava de mais tatuagens e odor pungente de cigarro e álcool.

E, Deus me livre, viu? Se você se ilude achando que os homens que fazem parte dos clubes de motocicletas são lindos, musculosos, gostosos e fodões: sinto em informar que você é uma iludida sem precedentes, porque a maioria, é pançudo, feio e peludo.

Um conselho de quem sempre está nesse meio... fique com os boys dos livros que é mais lucrativo.

Respiro fundo, impaciente pelo trânsito caótico. Além do mais, as constantes conversas com a Fabi sempre me deixam instáveis. Apesar disso, não posso deixar de notar o idiota do carro ao lado, me secando sem um pingo de vergonha.

Homens... definitivamente, alguns pensam com a cabeça de baixo.  

 Para dar voz à minha razão e motivos para ele continuar achando que estou gostando, empino-me ainda mais sobre a moto, fazendo com que a jaqueta suba e mostre o cós da minha calcinha vermelha.

Se ele quer ver, nada mais justo do que mostrar.

Por meio do retrovisor, seus olhos parecem iluminar-se em apreciação aos meus movimentos.

Felizmente, o trânsito segue seu fluxo e tão rápido dei atenção ao lindo do carro, levanto a viseira do capacete, pisco para o gato de olhos exóticos e sigo meu caminho.

Sorrio por dentro ao notar sua falha tentativa de não me perder de vista. Suspiro alto e digo para ninguém além de mim: — boa sorte para ele!

Meus minúsculos se soltam assim que eu paro bruscamente a Khamelion em frente ao prédio da Arrais.

Desço da moto e coloco o capacete em cima do tanque. Como um mantra, elevo o braço um pouco acima da cabeça para que a minha mão cubra o sol forte que bate diretamente sobre meu rosto, para poder apreciar a vista do prédio daqui de baixo.

É lindo e reconfortante ver que a empresa ainda se mantém em pé. O prédio em si, tem uma estrutura bem trabalhada por um arquiteto e engenheiro da minha confiança. Eles fizeram com que reforma mantivesse o conservadorismo do prédio antigo com toques de modernidade refletidos nos seus adornos de vidros escuro e metais.

Meu pai e irmão foram contra a reforma, segundo eles, seria uma loucura fazer uma reconstrução desse tipo em um prédio histórico. Mas, felizmente, com os contatos certos se adquire muitas coisas. E não estou falando de propinas ou favores escusos, e sim de pessoas que realmente estão dispostas a ajudar.

Depois de admirar o céu azul acima do prédio, sigo para entrada da edificação, entrego as chaves a um dos funcionários e me dirijo ao local que por muitos são esquecidos, mas para mim, é um lugar de recordações.

Ao longe, avisto Seu Valdir saindo do vestiário dos funcionários, com seu carrinho de limpeza sortido de toda parafernália que mantém isso aqui limpíssimo.

Seu Valdir ou Valdo, como eu chamo, é um dos empregados mais antigos da Arrais. Já dei várias oportunidades de afastamento do serviço, mas ele é daquelas pessoas que não conseguem ficar parado e continua aqui, limpando o chão com a mesma vitalidade de outrora.

— O senhor vai parar quando mesmo? — Chego de mansinho, lhe assustando no processo.

— Nossa, menina! Desse jeito eu paro mesmo — fala colocando a mão no peito — e não é porque eu quero não, é susto!

O senhor gargalha, e seu sorriso falho de dentes, mostra-me o quanto de vivência ele possui.

— Vamos, seu Valdir. Vim aqui lhe dá um oi e já vou, preciso dar um susto no Henrique — confidencio, fazendo-o sorrir ainda mais.

— Você vai vestir o uniforme?

— É claro, Valdo! Qual a graça de vir aqui e não fazer uma pegadinha com os desavisados?

— Você gosta de encrenca, Doti — ele diz, balançando a cabeça.

— Me espera aí que já volto. — Corro de volta para o vestiário e me enfio rapidamente no primeiro macacão azul que vejo na frente.

Mal, visto a parte de baixo e volto igualmente rápida para onde Valdo me espera, escorado em uma das paredes.

— Prontinho. — Dou um giro mostrando o macacão e ele coça a cabeça sem graça.

— O que foi?

Valdo tempera a garganta antes de falar:

— É que esse macacão é um tanto apertado. — Olha para telhado menos para mim.

— E qual o problema disso? — Sorrio para ele que está levemente corado.

Uma graça.

— Nada, né! — responde — Você não tem jeito mesmo.

De braços dados, seguimos para os elevadores conversando amenidades, mas principalmente, ele me fez dar risadas como nunca. Ainda mais agora, que estou vestida como qualquer outro funcionário da empresa só para irritar o Henrique ou enganar os idiotas.

Sempre me diverti com seu Valdir. Quando vovô era vivo e eu não passava de uma pirralha encrenqueira, Seu Antônio me deixava aos cuidados do velho senhor para ir importunar as funcionárias.

Ao chegar nos elevadores, peço para pessoa que acabou de entrar, que o segure aberto para mim.

— Segura o elevador, por favor! — grito e trato de me despedir do seu Valdir.

— Até logo, seu Valdir. Foi um prazer rever o senhor. — O velhinho me beija na bochecha e aperta-me em um abraço cheio de carinho.

— Até mais, menina! Se cuida — acrescenta e se vai com a sua fiel companheira em mãos.

Adentro ao elevador com um sorriso nos lábios.

É incrível o que determinadas pessoas podem fazer por você apenas com sua simplicidade e gestos de carinho.

— Bom dia! — cumprimento a todos que me respondem por meu apelido.

Uma figura alta se coloca atrás de mim. Faço questão de não o encarar, mas pude sentir seus olhos avaliando minhas curvas o que me fez sentir desnuda durante sua análise.

Incomodada, olho enviesado para o homem por cima do ombro, entretanto, tiro a vista rapidamente ao sentir os pelos da minha nuca ficarem eriçados com o brilho pervertido expresso em seus olhos.

Fito os números luminosos que indicam os andares percorridos, tentando não encarar o macho escroto atrás de mim.

Será que ele não sabe que isso pode ser considerado assédio?

 Retiro-me do meu transe unilateral quando o desconhecido toca meu ombro, viro-me devagar para logo em seguida, me deparar com um par de olhos verde-amendoados. Esses mesmos olhos possuem certa diversão, o que contrasta com o homem que exala arrogância.

Devo ressaltar que, depois de algumas troca de farpas com ele, eu não me enganei quanto a isso!

— Moça, me desculpe, mas você não está no elevador errado? — comenta como se isso fosse uma coisa óbvia.

Arqueio a sobrancelha em uma pergunta silenciosa.

— E por que acha isso? — interrogo irritada.

Com a ameaça de um sorriso por baixo do dedo grosso que ele levou até a boca, frisa: — para mim, está claro que você deveria estar no elevador de serviços.

Quem esse idiota acha que é? Só porque estou vestida assim não lhe dá o direito de ser desrespeitoso. Isso significa que ele é um tremendo preconceituoso. Mal sabe que, são essas pessoas, vítimas de seu maldito preconceito, que fazem sua vida mais confortável.

— Me diga, senhor...

— João Paulo Dantas — profere com a voz grossa me causando arrepios.

— Que seja! Me diga, o que o senhor é? O que faz na empresa? — pergunto da forma mais despretensiosa possível.

— Sou advogado. — Deito a cabeça levemente para a direita em um tique ridículo, me perguntando quando Henrique me falaria que a empresa teria outro advogato, digo, advogado.

— Então, João Paulo Dantas, você é advogado desta empresa, portanto, não passa de um funcionário, assim como eu — retruco à altura do seu preconceito e continuo — dividiremos o mesmo elevador, ou o senhor pode ir pelas escadas, ou pelo elevador de serviços.

Indico a saída do elevador que já está com as portas abertas.

Fitamo-nos atentamente, cada um querendo ter razão nessa batalha silenciosa enquanto o ar parece vibrar de tanta tensão, no entanto, a boca do infeliz se curva em um sorriso apetitoso demais para resistir — O idiota está se divertindo — Me perco mais alguns segundos em seus olhos que se tornam mais ferozes, prometendo realizar seus desejos mais insanos, ou seriam meus desejos?

Observo os músculos dos seus braços flexionarem quando ele os cruza na frente do tronco largo e atlético, enquanto se apoia na lateral do elevador. Um gesto que definitivamente confirma para mim que ele não cederia o elevador.

Sinto uma onda de excitação formigar por meu corpo que ficou atraído por esse, esse, esse...

Mas o que diabos estou fazendo? Acorda!

Belisco a palma da mão e saio do estado de excitação descabida para o momento.

Isso tudo é culpa desse corpo traidor, afinal, nunca que eu iria ficar fascinada com esse ser arrogante na minha frente.

Depois de analisá-lo de cima a baixo, e como ele já havia dito que é advogado, chego à conclusão de que provavelmente ele irá ao escritório do Henrique. Sendo assim, mesmo sem querer, me vejo abrindo mão do elevador, pois será lá, na presidência, que o farei engolir essa sua atitude de todo-poderoso arrogante.

— O senhor pode ficar com o elevador, não faço questão de dividi-lo com uma pessoa tão ordinária — rosno entredentes, sem um pingo de remorso quando ponho todo meu desprezo em cada palavra.

Seu sorriso expande-se, mostrando os dentes alinhados e a porra de uma covinha no queixo.

Nossa Senhora das pepecas latejantes, ele tem covinha.

— Eu que agradeço... Senhorita? — pergunta ao mesmo tempo, que se inclina um pouco para frente.

— Não te interessa. Não quero ter o desprazer de lhe falar meu nome. — Saio, deixando-o sozinho naquela merda de elevador.

Mal sabe ele que farei engolir suas palavras preconceituosas.

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