O som de suspiros percorreu o salão, e todos os olhares se voltaram para Zelda, surpresos. Alguns a achavam louca, outros imprudente.Vicente a encarava com olhos afiados, mas seu rosto não revelava nada.A apresentadora, surpreendida, gaguejou:— N-não vai vender?— Isso mesmo! — Respondeu Zelda, firme, encarando Vicente sem desviar o olhar.— Cada uma das minhas obras tem alma, são como meus filhos. Eu espero que quem as adquira as valorize de verdade. Claramente, o Sr. Vicente não é a pessoa adequada. Portanto, meus bordados são apenas para aqueles que realmente entendem o valor das obras. Para aqueles que só sabem usar dinheiro sem significado... desculpe, mas eu não vendo.As palavras de Zelda foram como uma pedra jogada em um lago, causando ondas de choque entre os presentes. As conversas aumentaram em intensidade, e todos olhavam com mais curiosidade e interesse.A coragem de criticar Vicente, insinuando que ele só "usar dinheiro sem significado", deixou muitos boquiabertos. Em
No corredor que levava ao salão, Zelda esfregou a testa, e o sorriso em seu rosto desapareceu. Sua sombra, alongada pelas luzes, movendo-se com uma leveza etérea, como se pudesse desaparecer a qualquer momento, tal qual uma névoa.O som abafado de seus saltos sobre o tapete se misturava com uma voz urgente atrás dela:— Zelda!Num instante, suas costas bateram contra a parede, enquanto alguém segurava seus ombros com força. Zelda levantou o olhar e se deparou com os olhos frios e penetrantes de Vicente.— Solte-me — sua voz era fria.Vicente não se moveu, o peito subindo e descendo com a respiração acelerada, sua voz rouca:— Quando você voltou? Onde esteve todos esses anos?O calor de sua respiração atingia o rosto dela, e Zelda franziu levemente o cenho.— Sr. Vicente, esse tipo de abordagem já está ultrapassado. Solte-me.— Zelda, vai fingir que não me conhece? — Vicente apertou ainda mais, seus olhos fixos nela. Quatro anos... ela estava viva. Por que não voltou?Zelda arqueou um
A voz de Zelda era fria, sem qualquer emoção aparente, mas sua mão, escondida atrás do corpo, estava firmemente cerrada em um punho. A dor aguda que ela sentia era a única coisa que a ajudava a conter a raiva intensa que fervia dentro de si.— Eu... — Vicente tentou falar, mas vasculhando todas as suas memórias, percebeu que não encontrava uma única coisa que tivesse feito por Zelda. Na verdade, o que mais encontrava eram momentos em que a machucou.A expressão de Vicente se fechou, e uma dor profunda o atingiu.Vendo-o em silêncio, o sorriso sarcástico de Zelda desapareceu.— Vicente, é verdade, eu fui tola e me deixei iludir pela sua aparência. Mas agora... — Zelda parou por um momento, olhando-o fixamente, palavra por palavra, clara como cristal:— Eu acordei. Não conte mais comigo.Dito isso, ela o empurrou com força, ajeitou as roupas e se virou para ir embora.Vicente não tentou impedi-la. Ele ficou parado, observando-a se afastar, os lábios cerrados em silêncio....No salão,
Sob a luz brilhante, Zelda, com seu longo vestido, irradiava uma aura poderosa, quase como uma rainha. Ada entrou em pânico.Com as mãos cerradas em punhos, ela ameaçou:— Eu sei que você se importa com aquele velho. Se chegar perto do Vicente de novo, eu o mando direto para o céu!— Você não ousaria! — Os olhos de Zelda brilharam com uma fúria contida, mas ao perceber Vicente se aproximando, ela parou. Com um sorriso suave nos lábios, respondeu:— Ada, você tentou por anos se tornar Sra. Barros, mas talvez já devesse ter percebido que ele nunca se importou tanto assim com você.Cada palavra de Zelda, pronunciada com uma delicadeza afiada, cortava Ada onde mais doía.— Sua...! — Ada, furiosa e humilhada, perdeu toda a compostura que sempre tentou manter. Seu rosto alternava entre o pálido e o roxo, e, cega de raiva, levantou a mão para dar um tapa em Zelda.Zelda viu o movimento, mas permaneceu imóvel, sem tentar se esquivar.Vicente chegou exatamente nesse momento, e seus olhos frio
Ada não se conformava e, ignorando Marilia, foi até Vicente. Pedro, ao notar o olhar de adoração nos olhos de Ada, suspirou. Ele tomou um gole de sua bebida e se afastou. Nem precisava olhar para saber: Ada, mais uma vez, seria rejeitada por Vicente."Ele não gosto de mulheres tolas." Pensou Pedro. Anos se passaram, e ainda assim, ela não conseguiu conquistá-lo. Insistir era inútil.Mais uma vez, Ada foi afastada por Vicente sem que ele dissesse uma palavra. Esse silêncio a assustou como nunca antes. "Será que todos esses anos de esforço seriam em vão?""Não, isso não pode acontecer. Zelda, você voltou, mas eu posso te fazer desaparecer de novo, como fiz antes."Ada, mantendo o sorriso, permaneceu ao lado de Vicente, enquanto observava Zelda ao longe, radiante. Ela abaixou os olhos, escondendo o ódio em seu olhar....Zelda, alheia a tudo isso, estava rodeada de admiração. Como a mais misteriosa bordadeira do mundo, era o centro das atenções. O tempo lhe trouxe uma leveza no s
A resposta de Zelda foi firme e implacável, como um golpe no rosto de Vicente e Ada. — Maldita Zelda, o que você quer dizer com isso? — Ada, inconformada, puxou o braço de Vicente, tentando chamar sua atenção.— Vicente, essa mulher está passando dos limites! — Ada, em tom manhoso, olhou para ele, esperando ser defendida.Mas Vicente, com seus olhos escuros e profundos, não desviava o olhar de Zelda, analisando cada detalhe. A mulher tímida de antes, que evitava jornalistas, agora encarava a todos com determinação e força. — Zelda, você realmente mudou.Havia uma leve curva nos lábios de Vicente, quase imperceptível. Vendo isso, Ada, frustrada por ser ignorada, quase perdeu a paciência. Seus olhos faiscavam de raiva, o rosto alternando entre tons de roxo e pálido. Se não fosse pelos jornalistas ali presentes, ela já teria confrontado Zelda.“Maldita Zelda, vou fazer você se arrepender dessas palavras. Você vai desaparecer deste mundo!” Ada alimentava, cada vez mais, seu desejo de
Só quando a silhueta de Zelda desapareceu completamente de sua visão, Vicente finalmente arrastou as pernas pesadas e se afastou. O assistente o levou de volta à mansão dos Barros.Ao ver o normalmente altivo Sr. Barros com o rosto pálido e uma expressão sombria de arrependimento, os empregados ficaram visivelmente assustados. Vicente foi direto para o escritório. Precisava admitir: o encontro com Zelda naquele dia havia destruído todas as suas convicções. A culpa e o arrependimento, que ele havia enterrado no fundo do coração, agora ressurgiam com força.Recostado na cadeira, ele se afundou em uma batalha interna dolorosa. No escuro, a brasa de um cigarro iluminava brevemente o ambiente. Depois de anos sem fumar, Vicente tragou com força, deixando que a fumaça o envolvesse.Ele não conseguia esquecer o olhar de dor nos olhos de Zelda.— Vicente, você matou seu próprio filho com as próprias mãos!As palavras ecoavam em sua mente, fazendo seu peito se apertar, o rosto ficando ainda mais
No camarote, Bento estava largado no sofá, um braço envolvendo a cintura da mulher ao seu lado, balançando distraidamente o copo na outra mão, bebendo sem pressa.— Essa mulher parece muito com a ex-esposa do presidente do Grupo Barros! — a mulher exclamou, surpresa, segurando o celular.Bento pausou por um instante, depois riu com desprezo, balançando a cabeça. — Esses títulos chamativos nunca acabam. Ela morreu faz tempo, mas continuam explorando essa história. Nenhum desses boatos é verdadeiro. — Disse com desdém. — Me passa o vinho.A mulher deixou o celular de lado e pegou a garrafa de vinho, mas Bento, mesmo sem querer, lançou um olhar para a tela do telefone.Seu corpo enrijeceu.No noticiário, ele viu claramente Zelda, a mulher "morta", de pé no palco, falando com confiança sobre suas criações de bordado. — Ela está viva? — Murmurou, incrédulo.Os olhos de Bento se estreitaram, a imagem de Zelda na tela se sobrepondo à memória que ele guardava dela. Só então percebeu que hav