Depois de alguns segundos de silêncio, Zelda finalmente disse:— Por favor, me respeite. Em breve não seremos mais casados.Ela soltou um suspiro, tentando acalmar a respiração, e empurrou Vicente levemente, afastando-se em direção ao outro lado do quarto. Zelda só queria confirmar a presença das câmeras para forçar quem estava do outro lado a mostrar as garras. Não tinha a intenção de se colocar numa situação arriscada.E, sinceramente, o desejo súbito de Vicente por beijos era surpreendente, para dizer o mínimo....Do outro lado, Ada, observando pela tela, viu a proximidade crescente entre os dois e sua expressão mudou. Quando Zelda comentou que Vicente não queria assinar o divórcio, ela nunca acreditou de verdade. Agora, estava praticamente certa de que era verdade. O problema não era Zelda não querer se divorciar, era Vicente que se recusava a deixá-la.Ao perceber isso, Ada apertou as unhas nas palmas das mãos até quase perfurar a pele. "Zelda, eu mesma vou te mandar para o
— Não faça esse tipo de brincadeira. Não tem graça nenhuma. — Zelda ficou parada, mantendo o rosto sereno.Ela nunca imaginou que um dia ouviria Vicente dizer algo assim. Mas... e daí? O fato de ele se importar não significava que ela devesse aceitar. Com um leve sorriso, Zelda deu um passo para trás, afastando-o com a mão e estabelecendo uma distância segura entre os dois.A expressão fria dela, tão indiferente, perfurou o coração de Vicente como uma agulha, fazendo-o sentir uma dor profunda. Ele sabia que a razão da resistência dela era o peso das feridas que ele próprio havia causado. Ele mesmo tinha construído aquele abismo entre eles.Mas, mesmo assim, ele não estava disposto a desistir.— E se eu não sair? — Vicente deu mais um passo em direção a Zelda, seu olhar fixo e sombrio, cheio de determinação.Não sair? O que ele queria dizer com isso? Pretendia ficar no quarto dela?Tudo o que ela havia feito até então era uma encenação para testar Ada e Ester, mas será que ele ha
— Tão tarde assim, o que você e o Vicente estavam fazendo? — Ada se aproximou de Zelda, lançando-lhe um olhar furioso.“Acusando antes que eu pudesse falar qualquer coisa?” Zelda sorriu sem se abalar, acomodando-se de volta no sofá, cruzando as pernas com elegância.— Isso não te diz respeito — respondeu Zelfa calmamente.Ada apertou os dentes de raiva.— Não pense que pode seduzir o Vicente novamente. Ele vai se divorciar de você, é só uma questão de tempo.— Seduzir? — Zelda arqueou as sobrancelhas, os lábios curvando-se em um sorriso irônico. — Qual dos seus olhos viu eu tentando seduzir alguém? Esse é o meu quarto, ele veio até aqui por vontade própria… — Ela deu um sorriso de leve provocação. — E o que ele fez comigo, você não já sabe?Era uma provocação óbvia, e ao ver o fogo da raiva acender nos olhos de Ada, Zelda teve sua resposta. Era claro que Ada estava por trás de tudo, com Ester como cúmplice. E a pressa de Ada para chegar ali só confirmava suas suspeitas: ela provavelm
No entanto, a empolgação de Ester não durou muito. No segundo seguinte, Zelda simplesmente ignorou o copo e saiu do quarto.— Droga! — Ester murmurou frustrada. Se ela tomasse aquela água, ela teria Zelda sob meus pés para sempre! Por que ela ainda não bebeu?Exausta e frustrada, Ester desabou no sofá e, antes que percebesse, acabou adormecendo....Enquanto isso, Zelda foi diretamente para o restaurante e logo avistou Dália sentada num canto. Dália, que estava inquieta, ficou aliviada ao vê-la entrar e rapidamente a puxou para sentar.— E então? Descobriu alguma coisa? Eles... não fizeram nada contra você, né? — Dália perguntou, aflita.Zelda lançou um olhar ao redor, certificando-se de que Ada e Ester não estavam por perto, antes de responder:— Sim, eles tinham um plano, mas a aparição de Vicente acabou estragando tudo.— O quê? — Dália arregalou os olhos, incrédula. — Qual é o objetivo deles, afinal?Um leve sorriso curvou os lábios de Zelda, que compartilhou suas suspeitas com
— Estou falando sério. Não tenho intenção de brincar com o Sr. Bento. — Zelda manteve o tom firme.Ao ver a expressão decidida no rosto dela, Bento deixou de lado o tom de brincadeira e se aproximou, sentando-se ao lado dela.— Então, conte-me. O que precisa? — perguntou ele.Zelda respirou aliviada. Bento tinha uma seriedade natural, mas, por algum motivo, preferia esconder isso sob a máscara de conquistador. Por que será?A voz de Bento a tirou de seus pensamentos:— Está difícil falar sobre isso?Zelda sorriu, explicando:— Preciso que me ajude a montar uma grande cena. E tenho certeza de que vai adorar. — Seus olhos brilhavam com uma frieza afiada, já pensando no efeito que tudo teria.— Uma cena? — Bento a olhou intrigado, sem ainda dar uma resposta definitiva. — E por que eu?— Porque o Sr. Bento é o protagonista perfeito para esta peça. Alguém está esperando ver algo acontecer, então vamos dar a ela o que quer — respondeu Zelda, um sorriso misterioso dançando em seus lábios.E
Zelda Montenegro segurava a barriga e, com esforço palpável, saiu da cama. A luz da lua invadia a janela e lançava um brilho sobre o rosto extremamente pálido. Os passos conhecidos de Vicente ecoavam do lado de fora. Com um esforço notável, Zelda tentou girar a maçaneta e, após alguns instantes, conseguiu abrir a porta.— Vicente. — Sua voz quase se esgotou ao chamar o nome dele.Vicente Barros parou, virou-se e lançou um olhar gelado para a mulher de camisola.— Você voltou, conseguiu comer? — A voz dela estava cheia de uma cautela exagerada, quase uma adulação.Um brilho que misturava esperança e expectativa se acendeu em seus olhos. Impaciente, o homem se virou com intenção de partir, Esse gesto perfurou o coração de Zelda como uma punhalada. Ela correu até ele e agarrou sua manga enquanto o sangue escorria dos lábios mordidos e as dores agudas na barriga mal deixavam-na respirar.— Solta! — O olhar de Vicente se encheu de uma raiva mais intensa.Zelda afrouxou o aperto, ous
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor. O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.Logo, a ligação foi encerrada de imediato.Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio. O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração. Ele não disse que estava em uma reunião? M
Na mansão Barros, Zelda observava a escuridão do quarto durante a noite enquanto a última ponta de esperança se dissipava em seu coração. Ele na realidade não retornou. Durante os quatro anos de casamento, ele raramente voltava para casa, e as páginas de fofocas de Cidade Nuvemis nunca deixaram de mencionar seus romances. A coisa mais insultante ainda era o fato de que, como assistente de Vicente, ela tinha que estar sempre pronta com suas roupas limpas, levando-as todas as noites ao hotel onde ele mostrava sua gentileza com outras mulheres. Isso era cruel demais para ela.Por anos, ela suportou em silêncio, sempre esperando que um dia ele voltasse e visse sua espera. Mas naquele instante, ela entendia que não era uma questão de não ser boa o suficiente; tudo se resumia ao fato de que ele não a amava. A falta de amor era simplesmente isso, e nenhum esforço adicional valeria a pena. Em um relacionamento, a pessoa que não é amada, independentemente do que faça, sempre parecerá est