No quarto de Zelda, a porta já estava fechada. Bento franziu o cenho ao se aproximar dela, tocando sua testa com expressão de preocupação.— Ouvi dizer que você não estava se sentindo bem. Vim ver como você está.A mão de Bento parecia um pouco fria, e Zelda sentiu um leve arrepio. Em seguida, seus olhos brilharam com um toque de provocação. Ela deu um passo à frente, passando os braços ao redor do pescoço dele e esboçando um sorriso cheio de charme.— Ah… eu estou tão mal…Pelo monitor, Ester acompanhava cada movimento, praticamente prendendo a respiração. Quando viu Bento ajudar Zelda a deitar-se no sofá, ela engoliu em seco, o coração disparando. Aos olhos de Ester, a cena parecia incrivelmente íntima, embora Bento e Zelda soubessem que mantinham uma distância calculada, criando apenas uma ilusão.Com um sussurro, Bento murmurou no ouvido de Zelda:— É isso que você chamou de “bom espetáculo”?Zelda lançou um sorriso discreto e deu uma olhada no relógio na parede.— Acredito qu
Ester olhou para ele, seu olhar carregado de sedução, sem se importar nem um pouco com a fúria dele.— Sr. Vicente, eu... estou tão mal... — disse ela, com a voz suave e provocante, ignorando completamente que a porta estava escancarada.— Sai daqui! — A voz dele soou sombria, como vinda das profundezas do inferno, carregada de ódio. Empurrou-a com força, fazendo-a rolar pelo chão.Mas Ester, dominada pelo efeito das drogas, parecia não ouvir. Ela Levantou-se e, como uma obsessão, atirou-se novamente sobre ele. Droga.Vicente sentia-se tomado por uma vontade de matar.Os lábios vermelhos de Ester chegaram bem perto do ouvido de Vicente:— Sr. Vicente, eu fico tão entediada sozinha no quarto. Não vá embora, por favor... — A mulher, sensual e cheia de curvas, contorcia o corpo, com um único objetivo: fazer Vicente... perder o controle.Afinal, homem é tudo igual, nunca resiste. Ela não podia acreditar que, com seu corpo de modelo, não conseguiria domar Vicente.— O que vocês estão faz
No instante seguinte, todos os olhares se voltaram para Ada. O coração dela deu um salto. Ao ver o sorriso no rosto de Zelda, teve a nítida sensação de que cada passo seu estava sob o controle de Zelda. Agora, sentia-se como uma palhaça, exposta. Maldita Ester, idiota, praguejou Ada em silêncio, enquanto tentava manter no rosto uma expressão de indignação.Com um ar choroso e manhoso, ela se aproximou de Vicente.— Vicente, eu juro, eu não sei o que está acontecendo. Eu... eu trouxe Ester aqui porque... bem, ela disse que nunca tinha visto uma ilha e implorou tanto para vir... só por isso eu a trouxe.Os olhos de Ada se encheram de lágrimas, brilhando com uma falsa tristeza. No entanto, Vicente permaneceu imperturbável, seu olhar profundo e frio como sempre, exalando uma frieza que cortava o ambiente.Ester, por sua vez, estava desconfortável, amedrontada demais para tentar se defender. Aproveitando-se disso, Ada estendeu o dedo acusador em sua direção.— Ester, por que você estav
— Eu… — Ester hesitou, como se fosse falar algo, mas logo abaixou a cabeça, ficando em silêncio.Zelda esperou um momento, mas ao perceber que nenhuma resposta viria, desistiu. Até agora, ainda protegendo Ada. Era difícil dizer se aquilo era lealdade ou apenas pura tolice.— Não quero continuar num quarto onde sou espionada a cada instante. Vou mudar de quarto. Sr. Vicente, estou cansada, estou indo. — disse Zelda, antes de se virar e deixar o ambiente.Os seguranças aproveitaram o momento para retirar Ester do quarto. Ester lançou vários olhares desesperados para Ada, mas Ada permaneceu inabalável.Um cão precisa ser obediente, pensou Ada, com desdém. Mesmo que ela tente me trair, sempre há uma maneira de me livrar. Bem-feito. Quem mandou tentar seduzir meu homem?— Parece que o único quarto disponível agora é o ao lado do meu. — Bento comentou de forma casual, mas seu tom carregava uma clara provocação.O olhar de Vicente se encheu de uma tempestade contida. Bento, no entanto, o e
Do outro lado, Zelda já havia se acomodado em seu novo quarto. Dália a acompanhava, descrevendo, animada, o estado patético de Ester momentos atrás.— Ainda bem que o plano delas não deu certo. Foi perigoso demais. — Dália comentou, ainda com um frio na espinha ao imaginar o que poderia ter acontecido se Zelda tivesse caído na armadilha. — Ester é cruel demais, tentar destruir a reputação de uma mulher assim!Zelda relaxou no sofá, um sorriso tranquilo curvando seus lábios.— Não se preocupe, Dália. Coisas assim não acontecem comigo.Antes mesmo que terminasse de falar, Bento entrou no quarto, percebendo o bom humor de Zelda. Sem cerimônia, sentou-se ao lado dela, com um leve sorriso de decepção.— E eu que achei que teria uma lembrança inesquecível ao lado da encantadora Zelda — disse ele, com um tom provocativo e cheio de malícia.Dália ficou rígida ao ouvir a insinuação. Olhou de um para o outro, engolindo em seco. Esses dois… será que realmente têm algo entre eles?Zelda notou a
Jogada para fora da mansão pelos seguranças, Ester estava em um estado lastimável. Vestida com roupas leves, tremia de frio, enquanto seu rosto, com a maquiagem destruída pelo tapa de Ada, ardia de dor.Ela queria voltar, mas não havia barco para levá-la de volta, o que a deixou sem escolha senão se encolher junto à margem, desamparada. Pensar na frieza de Ada, nos olhares de aviso, fazia Ester ranger os dentes de raiva. “Quando eu me reerguer,” prometeu a si mesma, “farei essa mulher pagar.”Porém, ela sabia que essa oportunidade parecia mais distante do que nunca…De repente, viu uma silhueta ao longe e ficou surpresa. Ada! Será que essa mulher tinha voltado para ajudá-la?Animada com a possibilidade, um sorriso surgiu em seu rosto. Ester levantou-se rapidamente e correu em direção a Ada, agarrando sua mão.— Me leve de volta, por favor. Estou com tanto frio… tudo o que quero é um banho quente. Vamos, me deixe voltar para o quarto, eu… estou faminta e congelando, não aguento mais
Era tarde da noite.Depois de dispensar Vicente, Zelda fez uma última inspeção cuidadosa no quarto. Ao se certificar de que não havia nada fora do lugar, entrou no banheiro e se entregou a um banho quente e relaxante.Mais tarde, deitada na cama, Zelda fechou os olhos e deixou-se levar pelo sono. Mas, em seus sonhos, foi novamente transportada para aquela sala de cirurgia. Ela se via sendo imobilizada na mesa, com um bisturi frio e reluzente tremulando nas mãos do médico, antes de abrir-lhe cruelmente o abdômen.Não!Zelda acordou com um sobressalto, sentando-se na cama, ofegante. Anos haviam se passado, então por que, de repente, aquele pesadelo voltava, tão vívido e aterrorizante?Zelda ainda estava assustada, com uma fina camada de suor escorrendo pela testa, mostrando o pavor que sentia. Aqueles dias sombrios de quatro anos atrás a fizeram perder a vontade de viver, mergulhando-a em completo desespero.Fofinha… Foi ela quem trouxe de volta a esperança de viver.De repente, o t
Após desligar o celular, Zelda perdeu qualquer vestígio de sono. Pensar na esperança que a filha tinha de conhecer o pai fazia seu peito se apertar de tristeza.Ela não sabia como curar Fofinha.Anos atrás, forçada a dar à luz prematuramente em meio a uma situação de extremo perigo, e isso deixaria sequelas na saúde da filha. Desde então, ela e Jonas haviam feito de tudo para ajudar a menina, sem economizar nas medicações mais caras. Esses esforços haviam conseguido estabilizar a saúde frágil de Fofinha. Mas a talassemia maior… essa ainda era um obstáculo impossível de superar.Para curá-la, seria preciso um transplante de medula óssea compatível.E os culpados por tudo aquilo? Um era Ada, o outro, Vicente.Zelda apertou os punhos, sentindo a raiva borbulhar. Jamais permitiria que Vicente continuasse a prejudicar Fofinha! Mas…Ele era a única pessoa com chance de ser compatível para o transplante…Baixou o olhar, com o coração pesado. O que ela deveria fazer?Com a mente tomada po