Era tarde da noite.Depois de dispensar Vicente, Zelda fez uma última inspeção cuidadosa no quarto. Ao se certificar de que não havia nada fora do lugar, entrou no banheiro e se entregou a um banho quente e relaxante.Mais tarde, deitada na cama, Zelda fechou os olhos e deixou-se levar pelo sono. Mas, em seus sonhos, foi novamente transportada para aquela sala de cirurgia. Ela se via sendo imobilizada na mesa, com um bisturi frio e reluzente tremulando nas mãos do médico, antes de abrir-lhe cruelmente o abdômen.Não!Zelda acordou com um sobressalto, sentando-se na cama, ofegante. Anos haviam se passado, então por que, de repente, aquele pesadelo voltava, tão vívido e aterrorizante?Zelda ainda estava assustada, com uma fina camada de suor escorrendo pela testa, mostrando o pavor que sentia. Aqueles dias sombrios de quatro anos atrás a fizeram perder a vontade de viver, mergulhando-a em completo desespero.Fofinha… Foi ela quem trouxe de volta a esperança de viver.De repente, o t
Após desligar o celular, Zelda perdeu qualquer vestígio de sono. Pensar na esperança que a filha tinha de conhecer o pai fazia seu peito se apertar de tristeza.Ela não sabia como curar Fofinha.Anos atrás, forçada a dar à luz prematuramente em meio a uma situação de extremo perigo, e isso deixaria sequelas na saúde da filha. Desde então, ela e Jonas haviam feito de tudo para ajudar a menina, sem economizar nas medicações mais caras. Esses esforços haviam conseguido estabilizar a saúde frágil de Fofinha. Mas a talassemia maior… essa ainda era um obstáculo impossível de superar.Para curá-la, seria preciso um transplante de medula óssea compatível.E os culpados por tudo aquilo? Um era Ada, o outro, Vicente.Zelda apertou os punhos, sentindo a raiva borbulhar. Jamais permitiria que Vicente continuasse a prejudicar Fofinha! Mas…Ele era a única pessoa com chance de ser compatível para o transplante…Baixou o olhar, com o coração pesado. O que ela deveria fazer?Com a mente tomada po
Dália chegou cedo ao restaurante para se encontrar com Zelda. Quando avistou Zelda de longe, foi ao seu encontro.— Não dormiu bem, Srta. Zelda? Sua aparência está um pouco cansada. — Dália comentou, notando o semblante abatido dela e franzindo as sobrancelhas com preocupação.— Que tal adiarmos um pouco a inspeção? Você poderia descansar um pouco e à tarde continuamos… — sugeriu Dália, preocupada.— Não precisa. — Zelda a interrompeu, tirando um batom da bolsa e retocando a maquiagem. — Estou bem, só não dormi bem à noite. A inspeção não pode ser adiada novamente.— Mas… — Dália ainda tentou argumentar, mas Zelda já tinha aberto o tablet e estava conferindo as notícias, sinalizando o fim da conversa.Conhecendo bem Zelda, Dália soube que insistir só a deixaria irritada, então permaneceu em silêncio.Depois do café da manhã, Zelda retornou ao quarto e trocou a roupa por um conjunto esportivo azul. Para melhorar sua aparência, aplicou uma maquiagem leve, e, ao se ver pronta e sem deta
Na área de desenvolvimento, Zelda e Dália concentravam-se intensamente nos cálculos e medições. Dália, acompanhando Zelda de perto, suspirou ao ver a dedicação da chefe.Será que ela não se cansa?De repente, ouviram uma voz masculina à distância.— Srta. Zelda...Um homem em uniforme de trabalho aproximava-se, correndo de longe. Zelda, distraída com a análise do ambiente, havia se afastado um pouco e não ouviu o chamado. Dália, notando que se tratava de um funcionário, respondeu.O homem, com postura respeitosa, aproximou-se de Dália.— Olá, sou Nico, assistente do Sr. Xavier. Conheço muito bem esta área e posso guiá-las pelo local. — disse ele, com um sorriso, embora um brilho momentâneo e estranho passasse por seus olhos ao encarar Dália.Objetivo identificado, é hora de agir.Zelda voltou naquele momento, observando rapidamente o crachá de Nico, que indicava "Assistente do Gerente Geral".— Há quanto tempo trabalha aqui? — perguntou Zelda.— Sou nascido e criado nesta região, co
Na floresta, Zelda e Dália avançavam, sentindo uma crescente inquietação, mas Nico mantinha-se calmo, descrevendo detalhes sobre a área.De repente, Dália tropeçou em uma pedra e soltou um grito de surpresa.— Srta. Zelda, cuidado! — disse Nico, segurando-a para evitar uma queda.Srta. Zelda? Dália franziu as sobrancelhas, sentindo que algo estava errado.Será que ele confundiu as pessoas?Antes que pudesse questionar, uma dor aguda atingiu seu tornozelo, e ela soltou um gemido, esquecendo-se de suas dúvidas. Zelda ajudou-a a sentar-se numa pedra próxima enquanto Dália fazia uma careta de dor.— Desculpe por atrasar você. Talvez devêssemos voltar… — Dália sugeriu, a voz hesitante.Zelda olhou ao redor, observando a densa vegetação que cercava a área, e franziu o cenho, ponderando sobre o próximo passo.Nico percebeu que a situação estava saindo de controle, mas rapidamente manteve a calma e tentou convencê-las:— Falta pouco, só mais quatrocentos metros. Estamos quase lá.Zelda e Dáli
— Zelda… — Vicente chamava enquanto atravessava o centro de pesquisa, seguindo as imagens das câmeras até chegar na floresta densa. O ambiente era bem mais complexo do que ele imaginava.Para encontrar Zelda e Dália o mais rápido possível, Vicente começou a gritar os nomes delas repetidamente, mas tudo o que ouvia era o eco de sua própria voz. Não havia resposta. Isso só aumentava sua preocupação, e ele apressou o passo.O caminho era difícil, com a terra fofa em muitos pontos. Seu jeans estava coberto de barro, mas ele mal percebeu. Até que, finalmente, viu uma sequência de pegadas adiante, e seus punhos, até então cerrados, relaxaram um pouco.— Zelda, você está aí? — A voz grave e levemente aflita do homem ecoou, despertando Zelda, que estava escondida em uma caverna próxima. Ela rapidamente se apoiou nas paredes para se levantar.— Estou aqui, dentro de uma caverna! — A voz de Zelda estava rouca, desgastada de tanto gritar por socorro.Vicente seguiu o som imediatamente. Quando
O efeito do sedativo era fraco, e não demorou muito para que Dália acordasse, sendo forçada para dentro de um carro. Ela se debateu sem parar.— Me soltem! Quem são vocês? O que querem?Nico segurou-a com força, a expressão amistosa de antes sumira completamente.— Não posso te contar. Só te digo que você mexeu com quem não devia. Estamos sendo bem pagos, então nada pessoal, só estamos fazendo nosso trabalho.Dizendo isso, ele arrancou um pedaço de pano e o enfiou na boca de Dália para silenciá-la. Ela continuou a se debater, mas em vão. Pouco depois, o carro parou, e Nico a puxou para fora de forma grosseira.O lugar era estranho e desconhecido. Dália engoliu em seco, o medo subindo pelo peito ao perceber que tudo aquilo era uma armadilha. Quem poderia estar por trás disso?Nico arrancou o pano de sua boca e o jogou no chão com desdém.— Você disse que mexi com alguém… quem? Quem te mandou fazer isso? — Dália questionou, a raiva evidente em sua voz.— Logo você saberá.Nico seguro
Na sala de monitoramento, Xavier rapidamente localizou informações sobre o carro branco e reportou a Bento.— O homem é um morador local. Já conseguimos rastrear a localização atual do veículo — informou Xavier, com a voz trêmula.Morador local? Isso explicava por que ele conhecia bem a área. Os olhos normalmente gentis de Bento agora estavam tomados por uma frieza incomum.— Vamos para lá imediatamente.Xavier entendeu a urgência e rapidamente providenciou o carro....Enquanto isso, Ester, ainda furiosa após a bronca de Ada ao celular, olhou para Dália, desmaiada no chão, e não conseguiu conter a irritação, dando-lhe dois chutes com força. Os dois homens, que ainda não haviam recebido seu pagamento, lançaram olhares hostis para Ester.— Vigiem essa desgraçada e garantam que ela continue apagada — ordenou Ester antes de sair da cabana.Para garantir que receberiam seu dinheiro, os homens engoliram o orgulho e arrastaram Dália para um galpão ao lado, como Ester havia pedido.Preocupa