— Sr. Vicente, ela está esperando por você. — A frase de Jonas soou como uma faísca, acendendo uma chama de negação no coração de Vicente.Ele se virou abruptamente e agarrou Jonas pela gola, os olhos negros faiscando de raiva.— Que jogo você acha que está jogando, Jonas? Acha que me trazer aqui vai me fazer acreditar que ela está morta? — Sua voz era gélida.— Quer saber que jogo estou jogando? Entre e veja por si mesmo. — Jonas disse, com um sorriso irônico surgindo no canto dos lábios. Ele encarou Vicente sem medo.— Ou será que... o Sr. Vicente simplesmente não tem coragem de olhar? — Ele provocou, cada palavra dita com cuidado.O rosto de Vicente escureceu imediatamente, e Higor sentiu o estômago apertar. Sabia que o chefe estava realmente furioso.Mesmo assim, Jonas continuou a desafiar:— Está com medo, Vicente? Um covarde, sempre foi e sempre será!— Dr. Jonas, vamos sair daqui! — Higor rapidamente tentou evitar o pior, puxando Jonas para fora, antes que a situação saísse ain
Vicente fixou os olhos no rosto sereno de Zelda e, de repente, levantou-se, saindo com rapidez. Sua figura alta irrompeu do necrotério, com os olhos vermelhos de raiva, a fúria brilhando em suas pupilas.Como uma pantera enfurecida, ele agarrou Jonas com força, empurrando-o contra a parede, sua voz fria e ameaçadora:— O que aconteceu com ela, Jonas?!— O que aconteceu? Você não viu? Zelda está morta! Morta por causa da sua estupidez, do seu egoísmo! — A raiva contida de Jonas explodiu de uma vez. As veias saltaram em seu pescoço, e ele gritou com todas as forças contra Vicente, acertando-o com um soco no peito.Um baque surdo. Vicente, pego de surpresa, soltou Jonas por um momento. Mas Jonas, tomado pela fúria, não parou. Seus punhos continuaram a acertar Vicente, enquanto ele gritava em agonia, toda a dor reprimida se derramando num surto de violência.— Maldito!Vicente foi atingido por mais dois socos, e a raiva dentro dele também atingiu o ápice. Sem pensar duas vezes, ele se
— Ela foi mal compreendida, humilhada. Aguentou todas as lágrimas e dores, tudo por ter amado o homem errado! Ela deu tudo de si, até a própria vida, por te amar! E o que você deu a ela? Só insultos, dor, tormento e desconfiança! — Jonas encarou Vicente com frieza.— O filho que ela carregava era seu, e o coração dela sempre foi só seu! Você a empurrou com as próprias mãos para a morte, a mulher que te amava mais que a própria vida! — As palavras de Jonas atingiam Vicente como socos, um após o outro.Vicente cambaleou para trás, incrédulo.Câncer...Como ela poderia ter tido câncer?Jonas observou o olhar atordoado de Vicente e soltou uma risada amarga:— Se não acredita, pode fazer um teste de DNA. Veja se estou mentindo. Ou talvez… você simplesmente não se importe. Talvez nunca tenha se importado se o filho era seu ou não.Com isso, Jonas se afastou, sem olhar mais para Vicente, e desabou no chão, exausto.Higor olhou para Jonas e depois, preocupado, voltou-se para Vicente.O corpo i
Vicente deu um passo para trás de imediato, ele odiava qualquer criatura com bico.Zelda levantou a cabeça e viu um garoto bonito, que olhava para o corpo da pequena ave com uma expressão de desgosto. Ela soltou um "ai" e, apressadamente, pegou o lenço para embrulhar a ave com cuidado, dizendo:— Você foi tão bruto que machucou o Neve.Vicente, ao ouvir isso, desviou o olhar para ela. Ao ver seu rosto sujo, não conseguiu evitar a expressão de desagrado.— Seu rosto está imundo.Zelda passou a mão no rosto, mas acabou deixando-o ainda mais sujo, o que fez Vicente rir.— Sujo ou não, vou primeiro enterrar o Neve e depois lavo o rosto — disse Zelda, piscando seus grandes olhos, sem se importar.Ela puxou Vicente para se agachar ao seu lado e continuou:— Você ainda não pediu desculpas por ter machucado o Neve.— Eu? Pedir desculpas? — Vicente parecia ter ouvido a coisa mais absurda do mundo, respondendo com desdém: — É só um pássaro morto, joga fora e pronto.Zelda, ao ouvir isso, deu-lh
Vicente mal havia saído do necrotério quando ouviu passos apressados se aproximando. Ele levantou a cabeça e, de repente, seus olhos se estreitaram.— Pai... — Antes que pudesse terminar a frase, um tapa forte atingiu seu rosto, virando sua cabeça para o lado, tamanha a força do golpe.— Não me chame de pai! Eu não tenho um genro como você! — Filippo, com o rosto vermelho de raiva, gritou furiosamente para Vicente. Seu corpo tremia incontrolavelmente devido à fúria e ao esforço de respirar, parecendo a ponto de desabar a qualquer momento.Higor, assustado, correu para amparar Filippo, enquanto olhava preocupado para o seu chefe. Surpreendentemente, Vicente, após o tapa, não reagiu com raiva.Ele tentou se aproximar para ajudar Filippo, mas o velho o empurrou com força.Filippo, com lágrimas escorrendo pelo rosto, olhou para ele com um ódio profundo e dor insuportável.— Não encoste em mim! — gritou o velho, afastando-o.Lídia, que havia chegado logo atrás, correu para ajudar, afasta
Vicente ainda não teve tempo de dizer nada quando Filippo desabou no chão. Vicente foi rápido o suficiente para segurá-lo antes que caísse completamente.Nesse exato momento, Vanessa e Jonas chegaram. Vanessa correu até eles, empurrando Vicente com expressão irritada.— O que você pensa que está fazendo? — ela perguntou, furiosa.Vicente apenas lançou um olhar frio e não respondeu.Jonas se aproximou, ajudou Filippo a sentar em uma cadeira e, após uma rápida avaliação, disse:— Não foi nada grave, ele só desmaiou de estresse.— Vicente, você...Antes que Vanessa pudesse terminar, Jonas a interrompeu com um olhar e um leve aceno de cabeça. Relutante, ela desviou o olhar, claramente incomodada.Vicente permaneceu em silêncio por alguns momentos e depois disse:— Higor, providencie alguém para cuidar do Sr. Filippo.— Sim, senhor.Antes que a conversa terminasse, Vanessa interveio, com os olhos furiosos:— Não precisamos da sua falsa preocupação! Nós cuidamos do Sr. Filippo.Ela estava
A primeira luz da manhã surgia enquanto as luzes da cidade se apagavam, marcando o fim de mais uma noite sem dormir. A luz do sol entrava pelas janelas, iluminando o perfil afilado de Vicente. Ele parecia mais magro, com as linhas do maxilar ainda mais marcadas e frias.Higor estava parado na porta do escritório, respirando fundo para se preparar mentalmente. Só de pensar na aura gelada que cercava Vicente ultimamente, suas pernas tremiam. Desde a morte de Zelda, o chefe havia trabalhado por três noites seguidas sem descanso. A carga de trabalho insuportável já deixava todos os funcionários exaustos, mas Vicente, sempre impassível, mantinha seu olhar gélido, sem pronunciar uma palavra.Ele estava apavorado.Com um último suspiro profundo, Higor invocou seu profissionalismo e entrou no escritório.— Sr. Vicente, aqui está o material que pediu.— Hum. — Vicente, sem levantar a cabeça, lançou um olhar rápido aos documentos. Suas sobrancelhas franziram com desgosto, e ele atirou os pa
O carro esportivo preto acelerava pela estrada ao amanhecer, indo em direção ao hospital. Vicente, com o rosto marcado pela fúria, chutou a porta do consultório do médico e entrou. O escritório vazio fez seus olhos escuros ficarem ainda mais frios. Quando ele se virou para sair, uma figura apareceu na sua frente, estendendo um documento diante dele. — Este é o acordo de divórcio da Zelda. Por favor, Sr. Vicente, assine — disse Vanessa, firme. Vicente estreitou os olhos, jogou o acordo no chão sem nem olhar, e tentou sair. Vanessa correu atrás dele e bloqueou seu caminho: — Você não vai embora. Só depois de assinar isso! — Ela queria que Zelda e Vicente cortassem os laços de uma vez por todas. — Saia da frente! — Vicente disse friamente. — Não! Hoje você vai assinar ou não sairá daqui! — Vanessa, mesmo com as pernas trêmulas, continuava firme. Segurava o documento com força, seus olhos arregalados de determinação, mesmo com a presença intimidadora de Vicente. — Zelda