Vicente ainda não teve tempo de dizer nada quando Filippo desabou no chão. Vicente foi rápido o suficiente para segurá-lo antes que caísse completamente.Nesse exato momento, Vanessa e Jonas chegaram. Vanessa correu até eles, empurrando Vicente com expressão irritada.— O que você pensa que está fazendo? — ela perguntou, furiosa.Vicente apenas lançou um olhar frio e não respondeu.Jonas se aproximou, ajudou Filippo a sentar em uma cadeira e, após uma rápida avaliação, disse:— Não foi nada grave, ele só desmaiou de estresse.— Vicente, você...Antes que Vanessa pudesse terminar, Jonas a interrompeu com um olhar e um leve aceno de cabeça. Relutante, ela desviou o olhar, claramente incomodada.Vicente permaneceu em silêncio por alguns momentos e depois disse:— Higor, providencie alguém para cuidar do Sr. Filippo.— Sim, senhor.Antes que a conversa terminasse, Vanessa interveio, com os olhos furiosos:— Não precisamos da sua falsa preocupação! Nós cuidamos do Sr. Filippo.Ela estava
A primeira luz da manhã surgia enquanto as luzes da cidade se apagavam, marcando o fim de mais uma noite sem dormir. A luz do sol entrava pelas janelas, iluminando o perfil afilado de Vicente. Ele parecia mais magro, com as linhas do maxilar ainda mais marcadas e frias.Higor estava parado na porta do escritório, respirando fundo para se preparar mentalmente. Só de pensar na aura gelada que cercava Vicente ultimamente, suas pernas tremiam. Desde a morte de Zelda, o chefe havia trabalhado por três noites seguidas sem descanso. A carga de trabalho insuportável já deixava todos os funcionários exaustos, mas Vicente, sempre impassível, mantinha seu olhar gélido, sem pronunciar uma palavra.Ele estava apavorado.Com um último suspiro profundo, Higor invocou seu profissionalismo e entrou no escritório.— Sr. Vicente, aqui está o material que pediu.— Hum. — Vicente, sem levantar a cabeça, lançou um olhar rápido aos documentos. Suas sobrancelhas franziram com desgosto, e ele atirou os pa
O carro esportivo preto acelerava pela estrada ao amanhecer, indo em direção ao hospital. Vicente, com o rosto marcado pela fúria, chutou a porta do consultório do médico e entrou. O escritório vazio fez seus olhos escuros ficarem ainda mais frios. Quando ele se virou para sair, uma figura apareceu na sua frente, estendendo um documento diante dele. — Este é o acordo de divórcio da Zelda. Por favor, Sr. Vicente, assine — disse Vanessa, firme. Vicente estreitou os olhos, jogou o acordo no chão sem nem olhar, e tentou sair. Vanessa correu atrás dele e bloqueou seu caminho: — Você não vai embora. Só depois de assinar isso! — Ela queria que Zelda e Vicente cortassem os laços de uma vez por todas. — Saia da frente! — Vicente disse friamente. — Não! Hoje você vai assinar ou não sairá daqui! — Vanessa, mesmo com as pernas trêmulas, continuava firme. Segurava o documento com força, seus olhos arregalados de determinação, mesmo com a presença intimidadora de Vicente. — Zelda
Jonas desapareceu. Como se tivesse evaporado no ar, desde que pediu demissão do hospital, não houve mais notícias dele. E junto com ele, o corpo de Zelda também sumiu. Vicente enviou pessoas para procurá-los por todos os lados, mas até agora, nenhum sinal.— Sr. Vicente, está na hora da reunião — disse Higor, batendo à porta do escritório, o coração batendo acelerado.Vicente levantou o olhar, seus olhos vermelhos fixaram-se em Higor por alguns segundos antes de ele se levantar e ir para a sala de reuniões.Higor quase desmoronou de alívio, apoiando-se na porta enquanto tentava acalmar seu coração. Que vida difícil.Na sala de reuniões, o ambiente era tenso, o ar gelado e carregado pela presença sombria de Vicente na cabeceira da mesa. Ele ouvia os relatórios com um semblante pesado, os olhos cansados e as sobrancelhas cerradas, como um barril de pólvora prestes a explodir.Os gerentes, nervosos, faziam suas apresentações com cuidado.A cada hesitação ou resposta errada, o clima f
No caminho para o Cemitério Rio Sereno, o carro esportivo de Vicente cortava a estrada com velocidade, esmagando as folhas secas no chão. O som era como o suspiro doloroso das folhas em seus momentos finais.Vicente segurava o volante com força, os olhos negros fixos na estrada à frente, enquanto as palavras de Jonas ecoavam em sua mente.O último desejo de Zelda foi ser cremada, algo que Jonas ajudou a realizar. Ela não queria mais ter nenhuma ligação com Vicente, nem em vida, nem na morte. Até o divórcio ela já havia preparado, e agora nem queria que ele tivesse suas cinzas.Ela o odiava tanto assim?Um percurso de meia hora foi feito em apenas quinze minutos.O carro parou na entrada do cemitério. O local estava quieto, sereno, com várias lápides brancas espalhadas entre os arbustos verdes. Tudo parecia pálido e desolado.O canto distante dos pássaros soava melancólico, aumentando o peso no coração de Vicente.Ao olhar para as fileiras de túmulos, suas pernas vacilaram. Ela... real
Cinco meses se passaram. Em Cidade Luminar, em um hospital particular.— Sr. Jonas, veio ver sua namorada de novo? — A enfermeira disse com um sorriso.Jonas respondeu com um sorriso discreto e empurrou a porta do quarto. Na cama limpa e arrumada, deitava-se uma mulher de rosto sereno. Sua pele estava tão pálida que parecia quase translúcida, imóvel, como uma Bela Adormecida.Jonas se aproximou, colocou cuidadosamente as flores de hibisco recém-compradas no vaso e, sorrindo, disse:— Bom dia, Zelda.A Bela Adormecida era ninguém menos que Zelda, que o mundo acreditava estar morta. Mas agora, ela estava em um estado vegetativo, presa em um sono profundo, sem consciência.Jonas voltou em pensamento ao dia da cirurgia. Quando invadiu a sala de operações e viu Zelda à beira da morte, ele quase enlouqueceu. Enquanto a chamava desesperadamente, vendo seus olhos perderem o brilho e seu corpo ficando cada vez mais frio, tomou uma decisão ousada.Ele aplicou em Zelda uma dose de hidr
Quatro anos depois, Aeroporto de Cidade Nuvemis.No movimentado saguão de desembarque, uma multidão de jornalistas estava em posição, prontos para capturar o momento.Alguns ajustavam seus equipamentos, outros checavam a maquiagem, e todos olhavam ansiosos para a saída, esperando por algo grandioso.Era o tipo de recepção que geralmente acontecia apenas quando uma grande estrela internacional chegava ao país.As pessoas no saguão começaram a cochichar, curiosas para descobrir quem seria a celebridade que estava para chegar. De repente, o som de passos e malas rolando ecoou pelo local. Imediatamente, os jornalistas se agitaram, prontos para capturar o momento e garantir os melhores ângulos para as manchetes.Uma apresentadora bem-vestida se posicionou diante da câmera, com o rosto radiante de excitação, segurando o microfone e anunciando:— Prezados telespectadores, recebemos a informação de que a renomada artista de bordado internacional, a senhorita Violeta, chegará hoje ao Aeroport
Perdida em seus pensamentos, o carro parou em frente ao hotel.— Srta. Zelda, chegamos — a voz de Dália a trouxe de volta de suas lembranças. Zelda sorriu suavemente e entrou no hotel.No quarto, Zelda ficou parada em frente à janela panorâmica, olhando distraída para a vista.Atrás dela, Dália arrumava as malas enquanto perguntava:— Srta. Zelda, Cidade Nuvemis mudou muito?— Mudou bastante — respondeu Zelda.Tudo parecia ao mesmo tempo estranho e familiar. Ela nunca imaginou que, após quatro anos, voltaria a pisar nessa terra que tanto a machucou.— Pois é, a cidade muda, as pessoas também. Toda vez que volto para casa, tudo parece diferente, sejam pessoas ou lugares. A única coisa que não muda são as broncas dos meus pais — comentou Dália, distraidamente.As palavras de Dália atingiram algo no coração de Zelda. Seus olhos se abaixaram levemente, pensando em como estaria seu pai agora.— Srta. Zelda, já terminei de arrumar tudo. Não se esqueça de tomar os remédios — disse Dália, sem