— Ela foi mal compreendida, humilhada. Aguentou todas as lágrimas e dores, tudo por ter amado o homem errado! Ela deu tudo de si, até a própria vida, por te amar! E o que você deu a ela? Só insultos, dor, tormento e desconfiança! — Jonas encarou Vicente com frieza.— O filho que ela carregava era seu, e o coração dela sempre foi só seu! Você a empurrou com as próprias mãos para a morte, a mulher que te amava mais que a própria vida! — As palavras de Jonas atingiam Vicente como socos, um após o outro.Vicente cambaleou para trás, incrédulo.Câncer...Como ela poderia ter tido câncer?Jonas observou o olhar atordoado de Vicente e soltou uma risada amarga:— Se não acredita, pode fazer um teste de DNA. Veja se estou mentindo. Ou talvez… você simplesmente não se importe. Talvez nunca tenha se importado se o filho era seu ou não.Com isso, Jonas se afastou, sem olhar mais para Vicente, e desabou no chão, exausto.Higor olhou para Jonas e depois, preocupado, voltou-se para Vicente.O corpo i
Vicente deu um passo para trás de imediato, ele odiava qualquer criatura com bico.Zelda levantou a cabeça e viu um garoto bonito, que olhava para o corpo da pequena ave com uma expressão de desgosto. Ela soltou um "ai" e, apressadamente, pegou o lenço para embrulhar a ave com cuidado, dizendo:— Você foi tão bruto que machucou o Neve.Vicente, ao ouvir isso, desviou o olhar para ela. Ao ver seu rosto sujo, não conseguiu evitar a expressão de desagrado.— Seu rosto está imundo.Zelda passou a mão no rosto, mas acabou deixando-o ainda mais sujo, o que fez Vicente rir.— Sujo ou não, vou primeiro enterrar o Neve e depois lavo o rosto — disse Zelda, piscando seus grandes olhos, sem se importar.Ela puxou Vicente para se agachar ao seu lado e continuou:— Você ainda não pediu desculpas por ter machucado o Neve.— Eu? Pedir desculpas? — Vicente parecia ter ouvido a coisa mais absurda do mundo, respondendo com desdém: — É só um pássaro morto, joga fora e pronto.Zelda, ao ouvir isso, deu-lh
Vicente mal havia saído do necrotério quando ouviu passos apressados se aproximando. Ele levantou a cabeça e, de repente, seus olhos se estreitaram.— Pai... — Antes que pudesse terminar a frase, um tapa forte atingiu seu rosto, virando sua cabeça para o lado, tamanha a força do golpe.— Não me chame de pai! Eu não tenho um genro como você! — Filippo, com o rosto vermelho de raiva, gritou furiosamente para Vicente. Seu corpo tremia incontrolavelmente devido à fúria e ao esforço de respirar, parecendo a ponto de desabar a qualquer momento.Higor, assustado, correu para amparar Filippo, enquanto olhava preocupado para o seu chefe. Surpreendentemente, Vicente, após o tapa, não reagiu com raiva.Ele tentou se aproximar para ajudar Filippo, mas o velho o empurrou com força.Filippo, com lágrimas escorrendo pelo rosto, olhou para ele com um ódio profundo e dor insuportável.— Não encoste em mim! — gritou o velho, afastando-o.Lídia, que havia chegado logo atrás, correu para ajudar, afasta
Vicente ainda não teve tempo de dizer nada quando Filippo desabou no chão. Vicente foi rápido o suficiente para segurá-lo antes que caísse completamente.Nesse exato momento, Vanessa e Jonas chegaram. Vanessa correu até eles, empurrando Vicente com expressão irritada.— O que você pensa que está fazendo? — ela perguntou, furiosa.Vicente apenas lançou um olhar frio e não respondeu.Jonas se aproximou, ajudou Filippo a sentar em uma cadeira e, após uma rápida avaliação, disse:— Não foi nada grave, ele só desmaiou de estresse.— Vicente, você...Antes que Vanessa pudesse terminar, Jonas a interrompeu com um olhar e um leve aceno de cabeça. Relutante, ela desviou o olhar, claramente incomodada.Vicente permaneceu em silêncio por alguns momentos e depois disse:— Higor, providencie alguém para cuidar do Sr. Filippo.— Sim, senhor.Antes que a conversa terminasse, Vanessa interveio, com os olhos furiosos:— Não precisamos da sua falsa preocupação! Nós cuidamos do Sr. Filippo.Ela estava
A primeira luz da manhã surgia enquanto as luzes da cidade se apagavam, marcando o fim de mais uma noite sem dormir. A luz do sol entrava pelas janelas, iluminando o perfil afilado de Vicente. Ele parecia mais magro, com as linhas do maxilar ainda mais marcadas e frias.Higor estava parado na porta do escritório, respirando fundo para se preparar mentalmente. Só de pensar na aura gelada que cercava Vicente ultimamente, suas pernas tremiam. Desde a morte de Zelda, o chefe havia trabalhado por três noites seguidas sem descanso. A carga de trabalho insuportável já deixava todos os funcionários exaustos, mas Vicente, sempre impassível, mantinha seu olhar gélido, sem pronunciar uma palavra.Ele estava apavorado.Com um último suspiro profundo, Higor invocou seu profissionalismo e entrou no escritório.— Sr. Vicente, aqui está o material que pediu.— Hum. — Vicente, sem levantar a cabeça, lançou um olhar rápido aos documentos. Suas sobrancelhas franziram com desgosto, e ele atirou os pa
O carro esportivo preto acelerava pela estrada ao amanhecer, indo em direção ao hospital. Vicente, com o rosto marcado pela fúria, chutou a porta do consultório do médico e entrou. O escritório vazio fez seus olhos escuros ficarem ainda mais frios. Quando ele se virou para sair, uma figura apareceu na sua frente, estendendo um documento diante dele. — Este é o acordo de divórcio da Zelda. Por favor, Sr. Vicente, assine — disse Vanessa, firme. Vicente estreitou os olhos, jogou o acordo no chão sem nem olhar, e tentou sair. Vanessa correu atrás dele e bloqueou seu caminho: — Você não vai embora. Só depois de assinar isso! — Ela queria que Zelda e Vicente cortassem os laços de uma vez por todas. — Saia da frente! — Vicente disse friamente. — Não! Hoje você vai assinar ou não sairá daqui! — Vanessa, mesmo com as pernas trêmulas, continuava firme. Segurava o documento com força, seus olhos arregalados de determinação, mesmo com a presença intimidadora de Vicente. — Zelda
Jonas desapareceu. Como se tivesse evaporado no ar, desde que pediu demissão do hospital, não houve mais notícias dele. E junto com ele, o corpo de Zelda também sumiu. Vicente enviou pessoas para procurá-los por todos os lados, mas até agora, nenhum sinal.— Sr. Vicente, está na hora da reunião — disse Higor, batendo à porta do escritório, o coração batendo acelerado.Vicente levantou o olhar, seus olhos vermelhos fixaram-se em Higor por alguns segundos antes de ele se levantar e ir para a sala de reuniões.Higor quase desmoronou de alívio, apoiando-se na porta enquanto tentava acalmar seu coração. Que vida difícil.Na sala de reuniões, o ambiente era tenso, o ar gelado e carregado pela presença sombria de Vicente na cabeceira da mesa. Ele ouvia os relatórios com um semblante pesado, os olhos cansados e as sobrancelhas cerradas, como um barril de pólvora prestes a explodir.Os gerentes, nervosos, faziam suas apresentações com cuidado.A cada hesitação ou resposta errada, o clima f
No caminho para o Cemitério Rio Sereno, o carro esportivo de Vicente cortava a estrada com velocidade, esmagando as folhas secas no chão. O som era como o suspiro doloroso das folhas em seus momentos finais.Vicente segurava o volante com força, os olhos negros fixos na estrada à frente, enquanto as palavras de Jonas ecoavam em sua mente.O último desejo de Zelda foi ser cremada, algo que Jonas ajudou a realizar. Ela não queria mais ter nenhuma ligação com Vicente, nem em vida, nem na morte. Até o divórcio ela já havia preparado, e agora nem queria que ele tivesse suas cinzas.Ela o odiava tanto assim?Um percurso de meia hora foi feito em apenas quinze minutos.O carro parou na entrada do cemitério. O local estava quieto, sereno, com várias lápides brancas espalhadas entre os arbustos verdes. Tudo parecia pálido e desolado.O canto distante dos pássaros soava melancólico, aumentando o peso no coração de Vicente.Ao olhar para as fileiras de túmulos, suas pernas vacilaram. Ela... real