— Isso foi algo que eu organizei para ela, então também tenho minha parcela de responsabilidade. Mas não esperava que você fosse substituir a Ester. Afinal, ela está em alta, com muito mais visibilidade que essa nova atriz. — Pedro deu de ombros, lançando um olhar para os documentos na mesa de Vicente e suspirando.Pedro tinha razão. Do ponto de vista empresarial, substituir Ester por uma novata não era a decisão mais lucrativa. — Ela mereceu. Quem quebra contratos e desrespeita as regras de negócio não merece trabalhar com o Grupo Barros. — Vicente falou de forma tranquila, mas seus olhos mostravam uma ponta de desdém.— É verdade, mas já investimos tempo e dinheiro promovendo a parceria de Ester com o Grupo Barros. Cancelar isso de repente certamente vai levantar suspeitas do público e pode prejudicar o lançamento do novo produto. Achei que você faria Zelda assumir a culpa. Seria a melhor forma de minimizar as perdas, afinal. — Pedro ajustou seus óculos dourados, seus olhos por trá
O carro desportivo fez um barulho estridente de travão e parou à porta da vivenda.Vicente correu para o quarto de Ada no andar de cima. No quarto, a empregada, desesperada, suplicava: — Por favor, abaixe a faca! — Não se aproxime! Eu já estou morrendo de qualquer jeito, por que vocês se importam? — Ada, com o rosto coberto de lágrimas, segurava a faca contra o pulso, completamente abalada.Quando Vicente abriu a porta e viu a cena, seu olhar ficou sério e tenso: — Ada, abaixe a faca! Ada ficou momentaneamente paralisada ao ver Vicente. Ela deu alguns passos vacilantes para trás e, com ressentimento, olhou para a empregada: — Por que vocês não seguiram minhas ordens? Por que chamaram o Vicente? — Ada, abaixe a faca e pare com essa loucura. Qualquer problema, fala comigo! — Vicente manteve os olhos fixos nela, sua voz cheia de urgência. O olhar desesperado de Ada encontrou o dele, cheio de apego e tristeza. Com a cabeça balançando, ela murmurou: — Vicente, me deixe mor
— Ada! Ada! — Vicente gritou enquanto parava o carro na frente do hospital. Ele pegou Ada em seus braços e correu para a sala de emergência.As luzes da sala de emergência se acenderam, depois apagaram.Ada foi levada para um quarto para descansar. Meia hora depois, ao acordar e ver Vicente ao seu lado, as lágrimas encheram seus olhos. Ela se jogou nos braços dele, chorando: — Vicente, achei que nunca mais iria te ver! — Eu te disse que não vou deixar nada acontecer com você. Não faça mais nenhuma besteira. — Vicente a confortou, acariciando suas costas, sua voz carregada de sentimentos confusos. — Mas minha doença... Como eu posso ficar com você assim? Eu... Eu não sou digna de você... — Ada disse, com os olhos cheios de tristeza, abaixando a cabeça, sem coragem de encará-lo. O movimento de Vicente em suas costas parou por um momento. Depois de um longo silêncio, ele finalmente disse, com uma voz rouca e suave: — Quando você melhorar, nós vamos nos casar. — Vicente... —
A porta se abriu suavemente, e o médico entrou com um sorriso educado: — Srta. Zelda, é hora da checagem de rotina. Ao ver quem era, os olhos de Zelda, antes cheios de esperança, escureceram. Não era ele. Ele não veio... …Na manhã seguinte. Ada, com relutância, se despediu de Vicente. Observando o Bentley preto dele deixar o hospital, um sorriso vitorioso surgiu em seu rosto. — Zelda, Vicente está destinado a ser meu. Ele só pode ser meu! Atrás dela, o som de passos ecoou, e Ada, alerta, olhou por cima do ombro. Ao reconhecer quem era, seu rosto se iluminou de alegria. — Marilia! Na porta, uma mulher de meia-idade, vestida em um elegante vestido de renda preta que destacava suas curvas sedutoras, com um rosto perfeitamente maquiado e bem cuidado, exalava um charme irresistível. Marilia se sentou no sofá, seus olhos sedutores, mas afiados, lançaram um olhar breve para Ada: — Sente-se. — Marilia, eu sabia que você viria. Você sempre se preocupa comigo. — Ada sento
Na manhã seguinte, Zelda seguiu o conselho de Jonas e fez o exame. Ao sair da sala, seus lábios traziam um sorriso suave. As palavras do médico ainda ecoavam em seus ouvidos: — Parabéns, você está grávida. Ela realmente estava grávida. Com a mão levemente trêmula, tocou o abdômen, onde agora crescia uma nova vida. Um misto de alegria e surpresa invadiu seu coração. Jonas a esperava na porta e, ao vê-lo, Zelda, radiante, disse: — Jonas, estou realmente grávida. Em contraste com a felicidade dela, Jonas mantinha as sobrancelhas franzidas. — Lembra do que te falei ontem? Zelda parou por um momento, confusa. Jonas, em um tom sério, repetiu: — Esse bebê não pode nascer. — Não! Ele é uma vida, não posso ser tão cruel. — Zelda balançou a cabeça com firmeza, protegendo a barriga. — Zelda, escute. Esse bebê é uma bomba-relógio para você. Mantê-lo não traz benefício algum. Sei que é difícil, mas o mais importante agora é a sua vida. Sua vida... Zelda levantou os olhos e
Zelda estava à beira de um colapso.Ela ficou pálida, com o olhar perdido por alguns segundos antes de recobrar a consciência. Ela imaginou centenas de reações de Vicente ao saber de sua gravidez, mas nunca esperou a mais cruel e impiedosa delas. Não queria mais ficar ali. Não queria mais ficar perto dele. — Quero sair daqui! — Zelda disse, com os olhos cheios de decepção, enquanto apertava a barra da roupa com tanta força que seus dedos ficaram brancos. — Não. — Com que direito você limita minha liberdade? — A voz de Zelda soava fria enquanto ela se dirigia à cama para pegar suas coisas. Antes que pudesse se aproximar, uma mão firme a segurou bruscamente. Vicente, com a testa franzida de desagrado, falou em um tom gélido: — Eu sou seu... — Marido, é isso que você quer dizer? Que tipo de marido você acha que é? O que entrega a esposa para outros homens se divertirem? O que trai com a cunhada? Ou o que suspeita que o filho da esposa é de outro? — Zelda o interrompeu.E
O celular de Vicente tocou. Ele olhou para a tela, depois lançou um olhar sombrio para Zelda: — Não pense em fugir, tenho muitas formas de lidar com você.Após aquele dia, Vicente não apareceu mais diante de Zelda. Naquela mesma tarde, Zelda deixou o hospital e voltou para a mansão dos Borros....No dia seguinte, enquanto Vicente voltava para casa, o celular tocou. Era Pedro. — Vicente, encontramos o rim que você precisava. Dentro de uma semana, ele estará no país. As sobrancelhas de Vicente se arquearam ligeiramente, sentindo um breve alívio. — Entendido. — Pensou que o prazo seria suficiente para o transplante de Ada.No entanto, ao estacionar o carro, o celular tocou novamente. À medida que ouvia a voz do outro lado da linha, seu semblante ficou ainda mais pesado, com uma sombra escura tomando conta de sua expressão. — Protejam ela! — Ele ordenou antes de ligar o motor novamente e dirigir rapidamente em direção ao hospital.No quarto, Ada, com seu corpo frágil, estava
Mansão dos Barros, de manhã.Zelda acordou, olhando para o quarto frio, perdida em seus pensamentos. Vicente havia concordado em deixá-la voltar para casa, mas não apareceu durante toda a noite. Ela passou as horas em um ciclo inquieto de acordar e adormecer. Mesmo no calor do quarto, uma sensação gélida tomava conta de seu corpo. Aquele lugar nunca lhe trouxe conforto, suas lembranças eram apenas de dor e sofrimento. Levantou-se lentamente e puxou sua mala. Nos últimos momentos da sua vida, ela queria voltar para casa, para ficar ao lado de seu pai. Seus pertences eram tão poucos que parecia ser apenas uma passageira temporária naquela casa. Enquanto arrumava suas coisas, Zelda encontrou, sem querer, um delicado bordado. Seus olhos logo se encheram de lágrimas.Era uma lembrança deixada por sua mãe quando ainda estava viva. O bordado vivo e vibrante trouxe à tona memórias da infância. — Mamãe, o que você está bordando? — a jovem Zelda perguntava curiosa.Sua mãe, Isadora