Na manhã seguinte, Zelda seguiu o conselho de Jonas e fez o exame. Ao sair da sala, seus lábios traziam um sorriso suave. As palavras do médico ainda ecoavam em seus ouvidos: — Parabéns, você está grávida. Ela realmente estava grávida. Com a mão levemente trêmula, tocou o abdômen, onde agora crescia uma nova vida. Um misto de alegria e surpresa invadiu seu coração. Jonas a esperava na porta e, ao vê-lo, Zelda, radiante, disse: — Jonas, estou realmente grávida. Em contraste com a felicidade dela, Jonas mantinha as sobrancelhas franzidas. — Lembra do que te falei ontem? Zelda parou por um momento, confusa. Jonas, em um tom sério, repetiu: — Esse bebê não pode nascer. — Não! Ele é uma vida, não posso ser tão cruel. — Zelda balançou a cabeça com firmeza, protegendo a barriga. — Zelda, escute. Esse bebê é uma bomba-relógio para você. Mantê-lo não traz benefício algum. Sei que é difícil, mas o mais importante agora é a sua vida. Sua vida... Zelda levantou os olhos e
Zelda estava à beira de um colapso.Ela ficou pálida, com o olhar perdido por alguns segundos antes de recobrar a consciência. Ela imaginou centenas de reações de Vicente ao saber de sua gravidez, mas nunca esperou a mais cruel e impiedosa delas. Não queria mais ficar ali. Não queria mais ficar perto dele. — Quero sair daqui! — Zelda disse, com os olhos cheios de decepção, enquanto apertava a barra da roupa com tanta força que seus dedos ficaram brancos. — Não. — Com que direito você limita minha liberdade? — A voz de Zelda soava fria enquanto ela se dirigia à cama para pegar suas coisas. Antes que pudesse se aproximar, uma mão firme a segurou bruscamente. Vicente, com a testa franzida de desagrado, falou em um tom gélido: — Eu sou seu... — Marido, é isso que você quer dizer? Que tipo de marido você acha que é? O que entrega a esposa para outros homens se divertirem? O que trai com a cunhada? Ou o que suspeita que o filho da esposa é de outro? — Zelda o interrompeu.E
O celular de Vicente tocou. Ele olhou para a tela, depois lançou um olhar sombrio para Zelda: — Não pense em fugir, tenho muitas formas de lidar com você.Após aquele dia, Vicente não apareceu mais diante de Zelda. Naquela mesma tarde, Zelda deixou o hospital e voltou para a mansão dos Borros....No dia seguinte, enquanto Vicente voltava para casa, o celular tocou. Era Pedro. — Vicente, encontramos o rim que você precisava. Dentro de uma semana, ele estará no país. As sobrancelhas de Vicente se arquearam ligeiramente, sentindo um breve alívio. — Entendido. — Pensou que o prazo seria suficiente para o transplante de Ada.No entanto, ao estacionar o carro, o celular tocou novamente. À medida que ouvia a voz do outro lado da linha, seu semblante ficou ainda mais pesado, com uma sombra escura tomando conta de sua expressão. — Protejam ela! — Ele ordenou antes de ligar o motor novamente e dirigir rapidamente em direção ao hospital.No quarto, Ada, com seu corpo frágil, estava
Mansão dos Barros, de manhã.Zelda acordou, olhando para o quarto frio, perdida em seus pensamentos. Vicente havia concordado em deixá-la voltar para casa, mas não apareceu durante toda a noite. Ela passou as horas em um ciclo inquieto de acordar e adormecer. Mesmo no calor do quarto, uma sensação gélida tomava conta de seu corpo. Aquele lugar nunca lhe trouxe conforto, suas lembranças eram apenas de dor e sofrimento. Levantou-se lentamente e puxou sua mala. Nos últimos momentos da sua vida, ela queria voltar para casa, para ficar ao lado de seu pai. Seus pertences eram tão poucos que parecia ser apenas uma passageira temporária naquela casa. Enquanto arrumava suas coisas, Zelda encontrou, sem querer, um delicado bordado. Seus olhos logo se encheram de lágrimas.Era uma lembrança deixada por sua mãe quando ainda estava viva. O bordado vivo e vibrante trouxe à tona memórias da infância. — Mamãe, o que você está bordando? — a jovem Zelda perguntava curiosa.Sua mãe, Isadora
A figura imponente de Vicente bloqueou seu caminho. Zelda segurava firmemente a mala e, com a voz baixa, disse: — Quero passar alguns dias com meu pai.Vicente, com o rosto inexpressivo, lançou um olhar sombrio para a bagagem dela. Sem dizer uma palavra, avançou e agarrou seu pulso, puxando-a para fora. — O que você está fazendo? — Zelda tentou se soltar, mas a mão dele, firme como uma pinça, a arrastava em direção ao carro. — Vicente, o que você quer afinal? — Zelda foi empurrada para dentro do carro, sua mala caindo ao chão. As roupas e objetos se espalharam, e o bordado de sua mãe ficou exposto ao sol. Zelda, furiosa, tentou abrir a porta para recolher suas coisas, mas Vicente entrou e trancou as portas. O coração de Zelda batia acelerado, ela tentou novamente abrir a porta, mas foi contida por ele, que a segurou firmemente no banco. Seus olhos frios, sem qualquer traço de emoção, a fitaram. — Fica quieta. — Não, minhas coisas… — Zelda começou a protestar, mas o motor
— Socorro... Alguém me ajude... Zelda se debatia desesperadamente, lançando olhares suplicantes aos transeuntes, mas ninguém ousava intervir. A indiferença das pessoas ao redor a fez sentir um frio cortante. Suas forças eram insuficientes para competir com a força de Vicente, que a arrastava sem piedade para dentro do hospital.— Vicente, me solta! Eu estou grávida, não posso doar um rim! — A voz de Zelda estava embargada pelo pânico e a sensação de impotência a dominava.Ela olhou para Vicente com os olhos cheios de lágrimas, implorando por um mínimo de compaixão. Mas Vicente não parecia se abalar. Ele a observava de cima, a voz fria e impassível: — Zelda, para com esse teatro.Ele acreditava que ela estava usando a gravidez como desculpa.— Vicente, você não tem coração? O bebê que estou esperando é seu! — Zelda continuou lutando com todas as forças. Pelo chão do hospital, ficou um rastro de lágrimas e desespero, enquanto seus gritos de dor e medo ecoavam pelo saguão.— Vicen
A sala de cirurgia estava iluminada como se fosse pleno dia. Zelda, depois de receber o sedativo, jazia impotente na mesa, os olhos incapazes de abrir-se completamente sob o brilho intenso das luzes. Na mente dela, a imagem fria e impassível de Vicente não parava de surgir. Ele estava do lado de fora, observando enquanto os médicos e enfermeiras a levavam, sem demonstrar qualquer emoção.Ela lançou um olhar desesperado para ele, mas tudo que encontrou foi indiferença, como se estivesse sendo empurrada diretamente para o abismo.O silêncio na sala era tão profundo que os sons de sua respiração e batimentos cardíacos soavam altos e claros. De repente, ela ouviu uma respiração ao lado. Virou a cabeça e encontrou um olhar venenoso cravado nela.— Irmãzinha... — Ada sussurrou, um sorriso cruel, semelhante ao de uma serpente, se espalhando por seu rosto radiante, cheio de maldade.— Ada! — Zelda murmurou com ódio, os dentes cerrados. Se ainda tivesse forças, sem dúvida, teria saltado d
— Vocês estão todos juntos nisso! — Zelda gritou, incrédula, com os olhos arregalados de choque. Mas ninguém ao redor reagiu. Todos estavam ocupados com os preparativos da cirurgia, como se não tivessem ouvido.Diante dessa cena, a última fagulha de esperança dentro de Zelda se apagou.— Olha só para você agora, que patética! Sabe o que isso significa? Esse é o preço de disputar um homem comigo. A vida é o custo! — Ada deu leves tapinhas no rosto de Zelda, rindo suavemente.— Ada... matar é crime... — Zelda balbuciou, com a respiração acelerada, pálida de pavor.— E daí? Ninguém jamais vai descobrir! — Ada respondeu com um sorriso venenoso.Zelda, sufocada pelo medo, tentou apelar para o último resquício de humanidade. — Minha mãe salvou sua vida... pelo amor que ela teve por você...— Não me fale daquela vadia! — Ada interrompeu, com os olhos brilhando de ódio.Zelda ficou paralisada, incapaz de acreditar no que acabara de ouvir. Ada havia insultado sua mãe...— Não ouse falar assi