A figura imponente de Vicente bloqueou seu caminho. Zelda segurava firmemente a mala e, com a voz baixa, disse: — Quero passar alguns dias com meu pai.Vicente, com o rosto inexpressivo, lançou um olhar sombrio para a bagagem dela. Sem dizer uma palavra, avançou e agarrou seu pulso, puxando-a para fora. — O que você está fazendo? — Zelda tentou se soltar, mas a mão dele, firme como uma pinça, a arrastava em direção ao carro. — Vicente, o que você quer afinal? — Zelda foi empurrada para dentro do carro, sua mala caindo ao chão. As roupas e objetos se espalharam, e o bordado de sua mãe ficou exposto ao sol. Zelda, furiosa, tentou abrir a porta para recolher suas coisas, mas Vicente entrou e trancou as portas. O coração de Zelda batia acelerado, ela tentou novamente abrir a porta, mas foi contida por ele, que a segurou firmemente no banco. Seus olhos frios, sem qualquer traço de emoção, a fitaram. — Fica quieta. — Não, minhas coisas… — Zelda começou a protestar, mas o motor
— Socorro... Alguém me ajude... Zelda se debatia desesperadamente, lançando olhares suplicantes aos transeuntes, mas ninguém ousava intervir. A indiferença das pessoas ao redor a fez sentir um frio cortante. Suas forças eram insuficientes para competir com a força de Vicente, que a arrastava sem piedade para dentro do hospital.— Vicente, me solta! Eu estou grávida, não posso doar um rim! — A voz de Zelda estava embargada pelo pânico e a sensação de impotência a dominava.Ela olhou para Vicente com os olhos cheios de lágrimas, implorando por um mínimo de compaixão. Mas Vicente não parecia se abalar. Ele a observava de cima, a voz fria e impassível: — Zelda, para com esse teatro.Ele acreditava que ela estava usando a gravidez como desculpa.— Vicente, você não tem coração? O bebê que estou esperando é seu! — Zelda continuou lutando com todas as forças. Pelo chão do hospital, ficou um rastro de lágrimas e desespero, enquanto seus gritos de dor e medo ecoavam pelo saguão.— Vicen
A sala de cirurgia estava iluminada como se fosse pleno dia. Zelda, depois de receber o sedativo, jazia impotente na mesa, os olhos incapazes de abrir-se completamente sob o brilho intenso das luzes. Na mente dela, a imagem fria e impassível de Vicente não parava de surgir. Ele estava do lado de fora, observando enquanto os médicos e enfermeiras a levavam, sem demonstrar qualquer emoção.Ela lançou um olhar desesperado para ele, mas tudo que encontrou foi indiferença, como se estivesse sendo empurrada diretamente para o abismo.O silêncio na sala era tão profundo que os sons de sua respiração e batimentos cardíacos soavam altos e claros. De repente, ela ouviu uma respiração ao lado. Virou a cabeça e encontrou um olhar venenoso cravado nela.— Irmãzinha... — Ada sussurrou, um sorriso cruel, semelhante ao de uma serpente, se espalhando por seu rosto radiante, cheio de maldade.— Ada! — Zelda murmurou com ódio, os dentes cerrados. Se ainda tivesse forças, sem dúvida, teria saltado d
— Vocês estão todos juntos nisso! — Zelda gritou, incrédula, com os olhos arregalados de choque. Mas ninguém ao redor reagiu. Todos estavam ocupados com os preparativos da cirurgia, como se não tivessem ouvido.Diante dessa cena, a última fagulha de esperança dentro de Zelda se apagou.— Olha só para você agora, que patética! Sabe o que isso significa? Esse é o preço de disputar um homem comigo. A vida é o custo! — Ada deu leves tapinhas no rosto de Zelda, rindo suavemente.— Ada... matar é crime... — Zelda balbuciou, com a respiração acelerada, pálida de pavor.— E daí? Ninguém jamais vai descobrir! — Ada respondeu com um sorriso venenoso.Zelda, sufocada pelo medo, tentou apelar para o último resquício de humanidade. — Minha mãe salvou sua vida... pelo amor que ela teve por você...— Não me fale daquela vadia! — Ada interrompeu, com os olhos brilhando de ódio.Zelda ficou paralisada, incapaz de acreditar no que acabara de ouvir. Ada havia insultado sua mãe...— Não ouse falar assi
— Por quê…? — Zelda sussurrou. Por que a família Montenegro permitiu que um demônio como Ada se infiltrasse? Como ninguém enxergou a verdadeira face dela? Como uma pessoa podia ser tão cruel e sem coração?— Por quê? Porque a família Montenegro me deve. Cada passo que dou é para destruí-los. Primeiro, sua mãe. Depois você. E por fim, seu pai. Eu quero assistir à destruição completa dessa família! — A risada cruel de Ada ecoou pela sala de cirurgia, arrepios percorrendo a espinha de todos ali. Ninguém podia imaginar que por trás daquela aparência bela, escondia-se um coração tão sujo e cheio de veneno.— Tudo pronto? Vamos logo com isso. — Ada, satisfeita ao ver Zelda completamente destruída, virou-se para o cirurgião, sua voz carregada de uma excitação sádica.O médico assentiu e o anestesista se aproximou de Zelda, injetando a medicação com uma expressão apática. — Não... por favor, não... — Zelda tentou gritar, sua voz rouca e entrecortada. Seu olhar, cheio de súplica, implorava e
O céu estava carregado, como se um manto negro o envolvesse, prenunciando uma tempestade iminente. O ar abafado e pesado tornava difícil respirar. O ponteiro do relógio tremia, avançando lentamente em direção à noite. Jonas, imerso no trabalho, deu um sobressalto quando um colega tocou seu ombro:— Já deu o horário, vamos embora.Ele levantou a cabeça, olhou para o céu lá fora e, sentindo um incômodo no peito, respondeu:— Vou sair primeiro, tchau.Após tirar o jaleco, um sorriso suave apareceu em seu rosto gentil. Com o presente em mãos, ele se dirigiu ao quarto de Zelda. Ao abrir a porta, encontrou o quarto vazio, o ar frio, como se a paciente tivesse partido há muito tempo.— Enfermeira, e a paciente deste quarto? — Jonas perguntou, vendo uma enfermeira passar.— A paciente foi para a cirurgia esta tarde.— Que cirurgia?— Não sei...Ao ouvir a resposta, um mau pressentimento tomou conta de Jonas. Sem pensar, ele empurrou a enfermeira e correu em direção à sala de cirurgia.Do l
A primeira luz da manhã entrou no quarto. Vicente abriu os olhos de imediato, sem sinal de cansaço. Ada ainda dormia. Ao olhar para o rosto sereno dela, outra face passou brevemente por sua mente. O som suave de batidas na porta o interrompeu. Vicente se virou e viu Higor na entrada, com uma expressão um pouco tensa. — Como ela está? — perguntou, referindo-se a Zelda. Higor entendeu: — Sr. Vicente, a Srta. Zelda não está no quarto. Ela ainda doente, e já saindo por aí? Vicente franziu o cenho e, visivelmente irritado, foi em direção à porta. — Vicente. — A voz suave de Ada o fez parar. Ela havia acordado. — Vá procurá-la — ordenou ele. Higor assentiu e saiu. — Você cuidou de mim a noite toda? — Ada perguntou, seus olhos brilhando de felicidade. — Sim. — Vicente respondeu de forma simples. — Você é tão bom para mim — Ada sorriu, satisfeita, apertando a mão dele com firmeza. "Zelda, a partir de agora, tudo que era seu é meu!"Pouco depois, Higor voltou. — Onde
— Sr. Vicente, ela está esperando por você. — A frase de Jonas soou como uma faísca, acendendo uma chama de negação no coração de Vicente.Ele se virou abruptamente e agarrou Jonas pela gola, os olhos negros faiscando de raiva.— Que jogo você acha que está jogando, Jonas? Acha que me trazer aqui vai me fazer acreditar que ela está morta? — Sua voz era gélida.— Quer saber que jogo estou jogando? Entre e veja por si mesmo. — Jonas disse, com um sorriso irônico surgindo no canto dos lábios. Ele encarou Vicente sem medo.— Ou será que... o Sr. Vicente simplesmente não tem coragem de olhar? — Ele provocou, cada palavra dita com cuidado.O rosto de Vicente escureceu imediatamente, e Higor sentiu o estômago apertar. Sabia que o chefe estava realmente furioso.Mesmo assim, Jonas continuou a desafiar:— Está com medo, Vicente? Um covarde, sempre foi e sempre será!— Dr. Jonas, vamos sair daqui! — Higor rapidamente tentou evitar o pior, puxando Jonas para fora, antes que a situação saísse ain