Pouco depois da saída de Vicente, Jonas entrou.— Zelda, por que você faz isso? Por que até agora não contou para ele? — Ele se aproximou com um olhar cheio de compaixão e suspirou. — Não, nunca vou contar para ele. Por favor, Jonas, você tem que me prometer que vai manter isso em segredo. — Zelda respondeu, com o olhar vazio fixo no teto branco, mas sua voz era firme. — Eu prometo. Mas você também precisa prometer que vai se internar e começar o tratamento o quanto antes. Não dá mais para adiar! — Jonas suspirou profundamente, toda a raiva que sentia se dissipando ao encontrar os olhos suplicantes de Zelda. — Será que ainda tenho alguma chance? Eu nem sei por quanto tempo mais vou aguentar. Zelda soltou um sorriso amargo e perguntou. — Zelda, não fala assim... Antes que Jonas pudesse terminar, Vanessa entrou correndo no quarto, agarrando a mão de Zelda com o rosto aflito e corado. — Eu ouvi tudo que vocês disseram! Que doença você tem? Por que não me contou? Jonas, ao ver
No quarto, Zelda franziu levemente as sobrancelhas, forçando-se a engolir a comida, apesar do desconforto. Logo sentiu o estômago se revoltar e correu para o banheiro, vomitando o pouco que havia conseguido ingerir. No espelho, viu o reflexo de seu rosto pálido, os lábios sem cor, e um sorriso irônico apareceu. Murmurou para si mesma: — Zelda, você está quase morrendo, e ele nem sabe disso... Mal havia voltado para a cama quando ouviu passos do lado de fora. Ada, com sua aparência impecável e o semblante de uma vencedora, entrou no quarto. — O que você está encenando agora? Tentando se matar para ganhar a piedade dos outros? Ela não sabia o verdadeiro motivo da internação de Zelda, achando que tudo não passava de uma tentativa de chamar atenção. Zelda, indiferente às provocações, respondeu friamente: — O que você quer aqui? — Vim visitar minha querida irmã, claro. Afinal, se você morrer, não poderei ver a cena de tirarem o seu rim, e você não vai poder descansar em paz.
— Zelda, hoje você vai ver o quanto Vicente me ama. — Ada, após desligar o telefone, olhou para Zelda com um sorriso de triunfo, provocando-a.Em seguida, rasgou sua roupa cara, de milhares de reais, bagunçou seus longos cachos perfeitamente arrumados, e pegou uma faca de frutas que estava na mesa, pressionando-a contra o próprio pulso.— Ada, solta essa faca... — Zelda arregalou os olhos, sentindo um arrepio profundo. O que estava diante dela era uma mulher disposta a fazer qualquer coisa para destruí-la.Tentou avançar para impedir, mas uma dor forte no estômago a fez cair ao lado da cama.— Soltar? E por que eu ouviria você? Mas, se você se ajoelhar e implorar agora, talvez eu seja menos cruel. Afinal, sua mãe idiota me salvou uma vez... Essas palavras enfureceram Zelda. O acidente em que sua mãe se feriu para salvar Ada sempre foi uma cicatriz dolorosa. Agora, Ada havia arrancado essa ferida com uma faca quente.— Cala a boca! Você não tem o direito de falar da minha mãe! — Zelda
Após a confusão, Zelda, exausta, deitou-se na cama, seus pensamentos vagando até adormecer. Quando acordou, a lua já estava alta no céu. O quarto estava escuro, com a luz prateada da lua entrando pela janela. As estrelas brilhavam no céu claro. Sem sono, Zelda caminhou até a janela, e a luz da lua iluminava o amplo pijama do hospital, destacando sua silhueta delicada.Quando Vicente abriu a porta, viu exatamente essa cena. Ele percebeu o perfil puro da mulher, o leve sorriso nos lábios, e ficou surpreso com o quão encantadora ela parecia. Seus olhos ficaram perdidos por um momento, até que notou que ela estava de pé ao lado da janela. Seu coração quase parou por um instante. “Será que ela estava pensando em pular?”— Zelda, venha aqui! A voz de Vicente fez Zelda se sobressaltar, ela não esperava que ele viesse. Virou-se para encará-lo, com uma expressão de surpresa. Vicente prendeu a respiração e, com passos largos, aproximou-se dela. Ele a pegou pela cintura, afastando-a da
O beijo de Vicente era como ele: forte, arrogante, cheio de intensidade. Zelda ficou paralisada, os olhos arregalados, encarando o rosto bonito que se aproximava. Quando finalmente se deu conta do que estava acontecendo, começou a empurrá-lo, mas ele a segurou firme, apertando-a ainda mais contra si.Ele a deitou na cama, e o sabor suave dos lábios dela parecia dissipar toda a raiva e frustração acumuladas nos últimos dias. Por um momento, Zelda se perdeu naquela sensação, seus olhos se fechando enquanto Vicente a dominava com seu beijo.De repente, as palavras de Ada ecoaram em sua mente: Seu marido é muito gentil comigo...Uma onda de nojo atravessou Zelda, arrancando-a do transe. Ela começou a lutar, a empurrá-lo desesperadamente, mas não conseguia escapar. Com um gesto decisivo, mordeu o lábio dele.A dor inesperada fez Vicente recuar, seus olhos escurecendo de raiva ao encontrar o olhar desafiador de Zelda. Sua voz grave, cheia de fúria, soou: — Zelda, você teve a audácia
— Grávida? — Zelda arregalou os olhos. — Você está dizendo que eu posso estar grávida? Ela levou a mão ao abdômen. Sua barriga ainda estava plana, sem qualquer sinal visível. Pensando nas recentes náuseas e calculando o tempo, ela percebeu que já fazia dois meses que sua menstruação não vinha. De repente, um misto de surpresa e alegria tomou conta dela, e seus olhos se encheram de lágrimas. Com um sorriso suave nos lábios, ela sussurrou com esperança: — Eu tenho um bebê... Jonas, no entanto, não parecia tão otimista. — Precisamos fazer exames para confirmar, mas... Zelda, preciso ser honesto. Mesmo que você esteja grávida, não pode ter esse bebê. A voz de Jonas estava cheia de seriedade, e o rosto de Zelda empalideceu. — Não posso ter o bebê? Por quê? — Sua condição exige tratamento imediato. Durante o processo, os medicamentos vão afetar o bebê, e seu corpo já está fraco demais. A gravidez vai sobrecarregar ainda mais seu organismo, encurtando sua vida. Zelda ficou em
— Isso foi algo que eu organizei para ela, então também tenho minha parcela de responsabilidade. Mas não esperava que você fosse substituir a Ester. Afinal, ela está em alta, com muito mais visibilidade que essa nova atriz. — Pedro deu de ombros, lançando um olhar para os documentos na mesa de Vicente e suspirando.Pedro tinha razão. Do ponto de vista empresarial, substituir Ester por uma novata não era a decisão mais lucrativa. — Ela mereceu. Quem quebra contratos e desrespeita as regras de negócio não merece trabalhar com o Grupo Barros. — Vicente falou de forma tranquila, mas seus olhos mostravam uma ponta de desdém.— É verdade, mas já investimos tempo e dinheiro promovendo a parceria de Ester com o Grupo Barros. Cancelar isso de repente certamente vai levantar suspeitas do público e pode prejudicar o lançamento do novo produto. Achei que você faria Zelda assumir a culpa. Seria a melhor forma de minimizar as perdas, afinal. — Pedro ajustou seus óculos dourados, seus olhos por trá
O carro desportivo fez um barulho estridente de travão e parou à porta da vivenda.Vicente correu para o quarto de Ada no andar de cima. No quarto, a empregada, desesperada, suplicava: — Por favor, abaixe a faca! — Não se aproxime! Eu já estou morrendo de qualquer jeito, por que vocês se importam? — Ada, com o rosto coberto de lágrimas, segurava a faca contra o pulso, completamente abalada.Quando Vicente abriu a porta e viu a cena, seu olhar ficou sério e tenso: — Ada, abaixe a faca! Ada ficou momentaneamente paralisada ao ver Vicente. Ela deu alguns passos vacilantes para trás e, com ressentimento, olhou para a empregada: — Por que vocês não seguiram minhas ordens? Por que chamaram o Vicente? — Ada, abaixe a faca e pare com essa loucura. Qualquer problema, fala comigo! — Vicente manteve os olhos fixos nela, sua voz cheia de urgência. O olhar desesperado de Ada encontrou o dele, cheio de apego e tristeza. Com a cabeça balançando, ela murmurou: — Vicente, me deixe mor